30/11/2012

Árvore de Natal no Terreiro do Paço custa ao município 230 mil euros


Árvore de Natal no Terreiro do Paço custa ao município 230 mil euros

Por Ana Henriques e Marisa Soares in Público
 A autarquia e a empresa municipal que gere os equipamentos culturais da capital têm versões contraditórias sobre quem paga a factura da árvore "interactiva", que vai ser inaugurada amanhã à tarde
Afinal, o investimento da Câmara de Lisboa nos festejos natalícios não se fica pelos 250 mil euros atribuídos à União de Associações de Comércio e Serviços (UACS) para iluminar as ruas da capital, conforme foi anunciado. Sem o conhecimento dos vereadores da oposição, a autarquia contratou bens e serviços, sem concurso público e através de uma empresa municipal, no valor de 229.637 euros para a execução da árvore de Natal que é inaugurada amanhã no Terreiro do Paço - o que faz disparar os gastos totais com a quadra festiva para cerca de 479 mil euros. Os contornos da despesa, porém, não são claros.
As explicações sobre o assunto, pedidas pelo PÚBLICO à Câmara de Lisboa e à empresa que gere os equipamentos culturais da cidade, a Egeac, foram escassas e contraditórias. Se por um lado a autarquia diz que a responsabilidade do projecto é da Egeac, entidade que procedeu a nove ajustes directos com empresas privadas relacionados com a árvore, por outro a empresa municipal devolve a bola à câmara.
Segundo o seu presidente, Miguel Honrado, a Egeac "não tem a ver directamente com o projecto", no qual desempenha um papel "puramente administrativo" que consiste na adjudicação dos contratos. "A árvore está inserida nas comemorações natalícias da câmara", afirma. Questionado sobre quem paga a factura, refere que as verbas vêm do "orçamento municipal", sem adiantar pormenores. Já para o assessor de imprensa do vereador Sá Fernandes, "a Egeac é a responsável pela árvore" e esta não integra a lista das iniciativas patrocinadas por privados. Uma pista de gelo no Parque Eduardo VII e um parque infantil no Rossio serão algumas das iniciativas que Sá Fernandes, responsável pelos festejos, garante não irem custar um tostão ao erário municipal.
O dinheiro gasto pela autarquia com a época festiva foi anteontem discutido na reunião de câmara, mas nem Sá Fernandes nem qualquer outro responsável aludiram aos gastos suplementares com a árvore. Pelo contrário: questionado pelo vereador comunista Ruben de Carvalho sobre se os 250 mil euros entregues à UACS chegavam para pagar tantas iniciativas e respectivos seguros, Sá Fernandes respondeu que os privados iriam financiar tudo, através de parcerias com o município.
"Se a Egeac tem patrocínios e com isso suporta os custos, está tudo certo, mas se espera que a câmara faça uma transferência para pagar a árvore, não está", observa o vereador do CDS-PP António Carlos Monteiro. Já o social-democrata Vítor Gonçalves diz-se surpreendido, mas refere que o vereador Sá Fernandes lhe garantiu que a árvore está inserida "nas comemorações do fim do ano", a cargo da Egeac.
O preço total da árvore, descrita como sendo "interactiva", é a soma do valor dos nove ajustes directos, feitos durante Novembro. A maior parcela, 74 mil euros, vai para a conceptualização do projecto, a cargo da empresa Robotarium, do artista plástico Leonel Moura. Para não abrir concurso público, a Egeac socorreu-se da excepção legal relacionada com a exclusividade dos serviços prestados pelo artista.
A este montante somam-se 59.500 euros pagos pelo aluguer de equipamento de projecção de vídeo, luz e som. A montagem da estrutura tubular fica em 47.372 euros, aos quais se somam 4226 euros para a montagem e desmontagem da iluminação, e 7500 para o revestimento da estrutura em madeira. A produção dos vídeos que serão projectados na árvore custa 7000 euros, a impressão de uma tela 10.430 euros, a produção de telas e vinis 8450 e a "obtenção de um sistema de aplicação para a projecção de vídeo" 9785 euros. Como nenhum destes contratos excede os 75 mil euros, foi também aqui dispensado o concurso.

11 comentários:

Anónimo disse...

E disto não saímos: "Para não abrir concurso público, a Egeac socorreu-se da excepção legal relacionada com a exclusividade dos serviços prestados pelo artista."

Talvez o dinheiro deitado directamente ao rio tivesse sido preferível. Sempre se poupava o consumo de electricidade durante um mês e tal.

Anónimo disse...

Este jogo de pingue-pongue é uma autêntica garotice que tem todos os ingredientes para acabar mal...

Anónimo disse...

Desde que o dinheiro seja gasto com empresas portuguesas e que traga "riqueza" e negócio a essas empresas não vejo qq problema! Além disso levanta a moral dos portugueses que bem precisam!

Anónimo disse...

o que não levanta moral nenhum é ver presidentes de empresas a sacudir a água do capote... que falta de rigor e ética! afinal a árvore é paga por quem e com que dinheiros?

Anónimo disse...

Pois. Desde que o dinheiro seja dado a empresas dos amigos portugueses todos têm a ganhar com isso.

Ele há cada um...

Anónimo disse...

E o dinheirinho que o Costa vai gastando em almoços e jantares na sua promoção politico-partidária? E a oposição (o Santana já está no bolso do Costa) anda a ver navios...

Anónimo disse...

Isto não levanta a moral a ninguém. É uma obra feia e deprimente.

Anónimo disse...

Já tou como alguém disse aqui, se for para empresas portuguesas (não empresas de amigos mas merecedoras), de preferência pequenas, ainda vá lá, sempre combate, muito pouco, o desemprego e "cria riqueza nacional". Pelo menos durante 1 mês...

Paulo Nunes disse...

Esta CML tornou-se especialista em inutilidades ... depois de 500k no apocalipse da Rotunda do Marquês (por falar nisso quando é que acabam com a brincadeira?) juntam-se agora 230k deste fantástico mono de Natal... e que falta ele fazia! Quando é que são mesmo as eleições?

Anónimo disse...

Tive um acidente de trabalho em Fevereiro de 2005, necessito de duas cirurgias, será que não dá para cortar na decoração da árvore e ter um pouco de dignidade para com quem já sofreu tanto?? As minhas cirurgias não custam tanto!!! Certamente os Lisboetas e os seus turistas ficariam enaltecidos em tomar conhecimento do porquê da inexistência de tal árvore... A reparação do dano é uma obrigação, não é um favor! Mas, afinal o Natal não é para todos, e para mim não vai ser certamente, pois à a quem lhe tenha sido roubado o subsidio, como eu, mas eu perdi mais, pois roubaram-me o que tinha de mais precioso a minha saúde...

Anónimo disse...

Paulo Nunes misturar a rotunda do Marques com isto nada tem a ver.

Essa obra era necessária, porque se nada fizesse a CML arriscava-se a uma multa de milhoes da UE por termos a Avenida da europa com mais poluição e não tomarmos medidas nenhumas para reduzir isso.

Já este desmazelo económico é preocupante... Ou tudo o que se faz é muito lento, ou quando se faz há sempre "malandrice". Que haja rigor e sentido prático, é o que se pede.