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21/11/2014

Sem dúvida o melhor que se fez em Benfica em 50 anos....









Escolheram materiais errados....e isso acontece. Mas é favor assumir as consequências e não deixar abandalhar um dos poucos espaços de jeito que temos em Benfica !!

25/06/2014

À volta do Campo Pequeno, as hortas estão a nascer de mãos dadas com a arte

Projecto artístico de Vera Mantero e convidados abre esta quarta-feira, em Lisboa. Visa promover uma maior aproximação entre as pessoas e os produtos agrícolas.

Por Sara Ruas, Público de 25 Junho 2014 | Imagem de Sandra Ribeiro

Haverá desde performances artísticas até debates sobre agricultura

“Uma horta em cada esquina” é o objectivo do projecto artístico “Mais pra menos que pra mais” de Vera Mantero, Rui Santos e Elisabete Francisca, em colaboração com a Culturgest e o Teatro Maria Matos. Iniciado em Dezembro de 2013, na altura da celebração dos 20 anos da Culturgest, o projecto promove uma agricultura sustentável promotora da arte e da cultura em harmonia com o ritmo urbano.
O projecto envolveu a criação de quatro hortas “e meia” – quatro dos terrenos dispensados foram plantados ou tiveram algum tipo de intervenção, enquanto um outro terreno, devido a certas normas que não foi possível cumprir, será espaço de uma intervenção artística efémera, a “horta súbita”, que será ocupada por plantas durante cerca de duas horas, num cruzamento entre a arte e a agricultura.
A instalação final será apresentada ao público a partir desta quarta-feira e prolongar-se-á até domingo à noite. Além das performances artísticas nos espaços das hortas, haverá também uma série de conferências e debates sobre agricultura e sustentabilidade sob o nome “Circuito Curto – Curto Circuito”, esta quarta e quinta-feira no Maria Matos.
A iniciativa prevê ainda a realização de workshops para crianças, visitas guiadas aos espaços hortícolas, concertos, uma marcha do orgulho hortícola, dança, oficinas de desenho e ainda uma instalação de cinema nas montras e lojas do movimento dos comerciantes da Avenida Guerra Junqueiro, Londres e Roma, entre outros que podem ser consultados em http://www.culturgest.pt/arquivo/2014/docs/programa-veramantero.pdf
Durante a duração do projecto, o público poderá visitar os espaços das hortas – dois na Culturgest, um no jardim da Biblioteca Municipal Palácio Galveias e ainda um terreno baldio ao pé da Praça de Touros do Campo Pequeno.
O projecto das hortas urbanas foi organizado a partir de um apelo a todos os que quisessem aprender a cultivar e praticar agricultura. Conseguiram mais de 100 voluntários para as hortas, desde pessoas que viviam perto dos espaços até às que tinham de atravessar a ponte sobre o Tejo para ir ajudar.
As hortas foram feitas em regime de permacultura, um cultivo sustentável de plantas que se entreajudam e protegem e que ajudam à fertilidade do solo, com a ajuda de hortelões profissionais da UrbanGrow, WAKESEED, Horta do Mundo e da Horta da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
As culturas plantadas vão desde as alfaces e agriões às plantas aromáticas e pepinos. No último dia do projecto haverá um piquenique com os vários voluntários e hortelões, para o qual o público em geral também está convidado. Serão usados os vegetais cultivados nos últimos dois meses.
“Queríamos criar uma experiência única, criar espaços e recuperar formas de socialização sem que fosse o regresso ao primitivo” comenta Rui Santos, arquitecto e um dos autores e promotores do projecto. “Queríamos criar uma urbanidade preocupada com questões ambientais.” Rui refere que parte do objectivo foi também combater a solidão, especialmente entre a população idosa.
O projecto foi baseado na campanha Incredible Edible, iniciada por duas mulheres de Todmorden, Reino Unido, em 2007. A campanha promovia o cultivo de vegetais e plantas em jardins e espaços públicos e ajudou imensamente a economia local. A campanha britânica conta neste momento com mais de 50 cidades aderentes em todo o país.
Vera Mantero, cenógrafa e dançarina foi a principal impulsionadora do projecto. Quando inquirida sobre o objectivo principal, responde com a expressão “cenografias comestíveis”. “Para além de espaço de cultivo, as hortas serão também palcos de performance, dança, recitais de poesia.”
A iniciativa surge também como uma continuação de uma instalação artística em Montemor-o-Novo organizada pelos mesmos artistas, chamada “Oferecem-se Sombras”.
Luísa Sousa, 63, é uma das voluntárias do projecto. Enquanto corta arames para poder pendurar os vasos das plantas aromáticas na horta vertical no Jardim do Palácio das Galveias recorda como se envolveu: “Vinha para a biblioteca com a minha filha quando reparei num canteiro muito maltratado e voluntariei-me para tratar dele. Foi quando me falaram desta iniciativa e resolvi aderir.” Ajudou um pouco em todas as hortas, e da experiência só tem a dizer o melhor “Neste último mês aprendi mais que nos últimos dez anos da minha vida.”
Após a conclusão do projecto artístico, a organização espera que os voluntários possam continuar o agrícola. No terreno baldio foi assegurada uma renda a ser renovada anualmente, e nos outros espaços, como na Culturgest e na Biblioteca, os artistas estão a contar com a ajuda dos funcionários.
Texto editado por Ana Fernandes


24/02/2014

Crescem couves e plantas medicinais entre prédios e estradas

Hortas comunitárias, clandestinas, sociais, espontâneas. Existem pelo menos 70.235 hortas urbanas na Grande Lisboa. Uma dúzia de horticultores mostram os seus quintais ao ar livre da cidade. O local onde passam mais tempo do que a cozinhar ou a comer aquilo que plantam.
Por AlexandraGuerreiro, Público de 24 Fev 2014 | Fotos de Oxana Ianin
Com um gorro branco a cobrir as orelhas, Mariama conta que, mesmo com este frio, Malam Baldé se levanta às 6h, só algumas vezes por volta das 7h, para trabalhar no talhão. “Fui trocada por uma horta!” Esta é a frase que Mariama Camara, a sorrir mas não a brincar, usa para exemplificar a dedicação que o marido tem nos seus 30m2 na Adroana. Junto a este bairro social da freguesia de Alcabideche, a Câmara de Cascais inaugurou, em Janeiro, o mais recente parque hortícola do concelho.
Estes talhões fazem parte do programa Hortas de Cascais. As primeiras hortas comunitárias da Área Metropolitana de Lisboa nasceram em 2009, no Parque Urbano do Alto dos Gaios, na freguesia do Estoril. Agora já existem 1372 talhões apoiados pelas câmaras em 11 concelhos da Grande Lisboa.


Com uma enxada portátil com uma lâmina de dez centímetros, José Fernandes empurra a terra das laterais dos alhos para os cobrir. “Cresceram bem e já estavam de orelhas de fora”, diz, fixando o chão. Tem a horta na Quinta dos Lombos, na freguesia de Carcavelos, desde finais de Setembro. A plantação de José está um pouco atrasada. Nem todas as sementes plantadas dão frutos e legumes, justifica.
Ao lado, está outro talhão, mas bastante recheado. “Em casa, ele tem uma planta da horta onde estão as indicações sobre cada cultura, desde o tempo de vida ao espaço que ocupa”, diz Teresa Matos sobre o marido. “Ele passa aqui três, quatro vezes por dia”, continua. Viciado na sua horta que tanto trabalho deu, Sérgio diz que gosta de a vigiar para que nada se estrague.  
André Miguel, responsável pelo projecto Hortas de Cascais, explica que a agricultura urbana tem uma grande importância para a comunidade. Inspirados por aquilo que já se fazia no Grande Porto e perante o número de hortas clandestinas, de uso espontâneo, a Câmara de Cascais percebeu que as pessoas queriam ter a sua horta, uns por necessidade, outros por lazer, conta.
Horta comunitária na Quinta dos Lombos, Carcavelos, Cascais
Ana Sofia deseja plantar uma farmácia natural no cantinho que tem na Quinta dos Lombos. Tem o seu talhão desde Setembro, mas, devido a um braço engessado, a terra permanece castanha, inviolada. A farmacêutica, agora desempregada, expressa o plano: “Quero só flores e ervas aromáticas para ter plantas medicinais”.
Perto do Colombo, em Lisboa, Patrocínia Sabugueiro levanta a foice pela antepenúltima vez no dia, enquanto passa atrás de si um jovem a correr na ciclovia. Há dois anos que tem uma horta comunitária. Já era horticultora, mas o espaço diminuiu. “Antes tinha aqui uma de 1000m2, agora tenho 150”, lamenta, encolhendo os ombros. Mas não se aborrece e continua a trabalhar a terra com a mesma vontade de há 27 anos, quando começou a sua horta clandestinamente naquele local.
Mais abaixo, neste parque hortícola da Quinta da Granja, em Benfica, Maria, João e Mug, a cadela com pêlo castanho-claro e de olhos azuis, têm um talhão pela primeira vez. O casal diz que tudo foi cultivado por eles. “Já temos morangos, uma laranjeira com uma laranja, couve, alface, tomate, cebola e ervas aromáticas.” Inexperiente, o casal frisa que a interajuda entre os horticultores foi fundamental. “A formação [dada pelas câmaras] é apenas um começo.”
António Furtado já tem “muita experiência”. De enxada na mão, enquanto arranca as ervas secas espalhadas pela terra ainda húmida, explica, gesticulando com a mão livre do cabo, como é que se faz uma boa horta. “Primeiro é preciso limpar o terreno tirando a palha. Depois cerca-se. Solta-se o terreno porque está rijo. E põe-se as sementes. Mais tarde, quando a terra estiver seca, tira-se a água da ribeira e rega-se”. Está a começar uma, ao lado de um espaço verde com caminhos pedestres e com um riacho, junto do Dolce Vita Tejo, na Amadora. António está desempregado e não quer ficar em casa de braços cruzados. Não sabe se o solo que cava é bom. Mas do outro lado da ribeira, ao estilo dos socalcos do Douro, couves e favas crescem como se estivessem num dúplex hortícola.
Necessidade versus lazer
No concelho de Loures, num vale verde com vista para a estrada onde passa o 313, o único autocarro de acesso ao Bairro da Apelação, estão centenas de hortas espontâneas. Ao lado deste bairro social da freguesia de Frielas os moradores da povoação começaram, há cerca de um ano, a cultivar neste espaço.
Hortas clandestinas no Bairro da Apelação, Loures
A madeira no chão que traça o apertado carreiro entre estas hortas está encharcada. O caminho está coberto de lama e água. Mas Orlando Mendes consegue chegar ao seu espaço. Com um casaco cor de vinho de flanela quadriculada, de calças de ganga escuras e botas pretas, não está ali para cavar a terra. Com o mau tempo dos últimos dias, não era possível fazê-lo. “Vim só ver se não se estragou nada.”
Nas tábuas que improvisam os caminhos, cruzou-se com Augusto Pontes, o autor da ideia. “Este era um espaço sem nada. Por que não poderia ser usado?” Mãos à obra. Juntou portas de madeira, cabeceiras de cama, tábuas, canas, e cercou uma grande área para si. Tem plantado favas, couves, ervilhas, batatas. Augusto explica que começou a fazer a horta porque não tinha o que comer. Desempregado, aquilo que consegue produzir é o alimento da sua família. Mas no Verão torna-se mais complicado porque a água já não cai do céu.  
Mais a norte, na Póvoa de Santa Iria, ouvem-se crianças a rir e a falar alto perto de Mário Caceres. Estavam a jogar à bola na escola paralela às hortas. Mário tem um talhão de 40m2 com duas portinhas de canas onde se lê “entrada proibida” e uma cerca com uma altura desencorajadora para intrusos. Fica grande parte do dia ali. Reformado, gosta de estar atento e há sempre algo para fazer. Uma folha seca de couve tem de ser tirada ou umas malaguetas apanhadas.
Ter uma horta requer dedicação e tempo. Mesmo assim, as hortas urbanas proliferam. Agora com uma vertente cada vez mais comum: as câmaras criam-nas para reabilitar os espaços verdes. A maioria dos projectos começou em 2011. E o ano passado houve um aumento significativo: 654 hortas comunitárias foram criadas só na Grande Lisboa. “Fica mais barato construir um parque hortícola do que construir um espaço verde”, diz André Miguel. Apesar disso, ainda se multiplicam hortas espontâneas. A maioria daqueles que as têm, tanto as usam para se manterem ocupados como para terem um meio de subsistência. Por sua vez, as hortas comunitárias são mais uma actividade de lazer.
Malam e um vizinho na horta na Adroana
Hortas no Bairro da Adroana, pertencem à autarquia de Cascais
Contudo, a necessidade também está presente nestas. Do talhão em Alcabideche de Malam para a mesa da cozinha, nada é desperdiçado. Mariama explica que “corta o ramo da cebola, parte aos pedacinhos, esmaga com pimentão e azeite e junta com arroz branco. Fica uma delícia!” O casal da Guiné-Bissau tem cinco filhos, ele está desempregado e ela tem um trabalho de apenas quatro horas. Retiram da terra uma grande ajuda.
As hortas servem como um complemento económico porque a maioria dos frescos podem ser colhidos. “Normalmente existe uma relação entre a necessidade e a quantidade: quanto maior a abundância de alimentos num talhão, maior o grau de necessidade”, explica André Miguel.
Por outro lado, a qualidade dos produtos é sempre um factor defendido pelos orgulhosos horticultores. Em Carcavelos, Isabel Campos, vizinha de José Fernandes e Sérgio Matos, tem a horta mais crescida. Ressalva que o sabor é totalmente diferente. “O gosto dos produtos muda, não só porque são biológicos, mas também porque dá um enorme gozo colher aquilo que se plantou”. No seu talhão, a organização prima. Canas ao alto a fazer um triângulo, presas por um fio branco de croché, demonstram-no. A professora reformada explica: “Uma horta inserida junto a um bairro deve ter uma certa estética. Devemos preservá-la porque ninguém gosta de ter uma vista para um jardim que parece uma barraca”.
Brincar aos agricultores
Apenas um dos filhos de Malam, com dois anos, gosta de brincar aos agricultores quando tenta arrancar folhas de couves. Mas as hortas comunitárias pretendem também contribuir para o desenvolvimento das relações interpessoais e intergeracionais. Inseridas numa comunidade, ao ar livre, podem ser uma alternativa de ocupação de tempos livres e uma oportunidade para os mais jovens de adquirirem competências agrícolas.
Na Apelação, Orlando conta que apenas um jovem aderiu à ideia das hortas, ficando com uma. Depois desistiu. “Não queria ter trabalho e vendeu-a a um vizinho por 20 euros. Gastou-os de seguida ali no café”.
Por sua vez, Mário está sozinho na sua horta em Vila Franca de Xira. Conta que “há quem só passa lá uma vez por mês, apanha umas couves e vai embora”. Dos 84 horticultores, apenas oito se juntam para conversar no banco de madeira que fizeram em cima do tronco de uma árvore encurralada entre dois talhões.
Em Lisboa, Maria, João e Mug continuam o seu passeio. No Verão costumam ficar mais tempo. “É mais agradável porque os dias longos trazem mais disponibilidade para quem trabalha”, explica Maria, enquanto fecha a porta feita de painéis de madeira que isola o seu talhão. Mais acima, Patrocínia arranja-se para ir embora. “Uma mulher tem sempre muito que fazer”, diz.
Em Cascais, Mariama também vai para casa, mas Malam vai ficar a colher umas alfaces. Em Carcavelos, José e Sérgio ficam a trabalhar a terra, apesar de não estar tão agradável, como há uns dias, quando estavam mais colegas nas hortas.
Distintas, as hortas espalhadas pelo distrito de Lisboa estão tanto à beira de estradas, como no meio de um espaço verde ou no centro de uma povoação. Uma horta passa a ser vista como um jardim de alfaces, cebolas, morangos, couves, e CD, pendurados para espantar os pássaros comilões de legumes, fruta e sementes.
Augusto Pontes já limpou a terra e vai agora procurar algo abandonado em descampados ou perto de caixotes do lixo para vedar o espaço que acabou de arranjar. Ali crescerá a única alternativa que tem ao subsídio de desemprego que não recebe.
Grande Porto inaugurou 85 talhões só este ano
A Lipor – Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto – em parceria com oito municípios da região inaugurou este ano mais 85 talhões no âmbito do projecto Hortas à Porta. Os últimos 49 talhões foram abertos no início deste mês em Valongo.
Benedita Chaves, responsável pelo projecto, diz ao PÚBLICO que esperam “abrir mais cinco parques hortícolas este ano”. Em 2013 conseguiram distribuir 217 talhões. O projecto Hortas à Porta, criado em 2004, abrange os municípios de Vila do Conde, Valongo, Póvoa de Varzim, Porto, Espinho, Gondomar, Maia e Matosinhos. Foi pioneiro em Portugal e nasceu a partir de um projecto que visava sensibilizar a população para a compostagem caseira e a agricultura biológica no Grande Porto.
Benedita Chaves afirma que surgiu na Maia há quase dez anos porque os munícipes queriam ter um espaço para praticar agricultura biológica. “Tiravam cursos connosco e gostavam de plantar produtos, mas não tinham um local.” Dois dias depois de divulgarem o concurso para distribuírem 74 talhões, já tinham recebido 200 candidaturas. Hoje as Hortas à Porta já têm 966 talhões nos oito municípios.


25/06/2013

Dois detidos e três feridos em desocupação de horta comunitária em Lisboa

In Público Online (25/6/2013)
Por Inês Boaventura

«Os apoiantes da Horta do Monte queixam-se de agressão policial. Polícia Municipal de Lisboa diz que desconhece a existência de feridos.

Duas pessoas foram detidas nesta terça-feira de manhã pela Polícia Municipal de Lisboa na Graça, quando tentavam impedir que a autarquia limpasse o terreno ocupado há vários anos por uma horta comunitária.

A coordenadora da Horta do Monte afirma que houve três feridos na sequência de agressões de agentes da autoridade, mas o comandante daquela força policial desmente essa versão dos factos.

Inês Clematis conta que pouco depois das 7h00, quando os primeiros apoiantes do projecto chegaram ao terreno, entre a Rua Damasceno Monteiro e a Calçada do Monte, “já estavam com as máquinas a destruir tudo”. “Os polícias não nos deixaram entrar, foram violentos”, descreve a coordenadora da horta, lamentando que a autarquia tenha optado por uma “desocupação forçada, em total desrespeito pelas pessoas envolvidas e pela comunidade”...»

...

NOTA DA CML:


«CONSTRUÇÃO DO PARQUE HORTÍCOLA DA GRAÇA Junho 25, 2013 A Câmara Municipal de Lisboa iniciou, dia 25 de junho, a obra de requalificação no morro da rua Damasceno Monteiro, onde será criado um novo espaço verde, com hortas urbanas e um miradouro.

No local, onde foram encontradas grandes quantidades de lixo, a prática hortícola era inexistente, sendo todos os pertences dos hortelãos preservados.

Esta intervenção estava prevista há vários anos e era do conhecimento dos cinco hortelãos que ocupavam o espaço. À semelhança de outros processos de requalificação de parque hortícolas existentes em Lisboa, como na Quinta da Granja ou no Vale de Chelas, a CML reuniu por mais do que uma vez com os hortelãos e posteriormente notificou-os para limpeza e desocupação do local (até 14 de Junho) de modo a proceder à requalificação.

Dos cinco hortelãos, quatro vão voltar a ocupar talhões no futuro parque hortícola e apenas o Grupo Comunitário da Horta do Monte não aceitou o desafio da autarquia.

A construção deste espaço verde tem o apoio da população da Graça e da Mouraria, pois vai permitir abrir este espaço a todos através da construção de caminhos, vedações, colocação de abrigos e água para rega, além de um miradouro e uma área verde que no futuro será dinamizada.»

...

TEXTO EDITADO

15/02/2013

Cursos Livres de Jardinagem

«Inscrições abertas até 8 de março de 2013

Hortas Urbanas
Datas | 6, 13, 20 abril, 11, 18 maio
Horário | sábados das 10h00 às 13h00
Total de horas de formação | 15h
Preços | 60,75€

Conteúdos Programáticos
Contextualização das hortas urbanas; Equipamentos e ferramentas; Rotação das culturas, Técnicas de Compostagem (estrumes e fertilizantes); Preparação do solo; Construção dos canteiros; Operações culturais (cavar, repicar, desbastar, plantar, abacelar, regar, sachar, mondar, retanchar), Sementeiras / plantações; Calendário da horta (o que deve semear, plantar ou colher); Pormenores sobre o cultivo de cada planta...»

Mais dados, AQUI.

31/10/2011

Abriu primeiro parque hortícola

In Diário de Notícias (31/10/2011)
Por Inês Banha


«Parque junto ao Colombo tem 38 talhões com 150 metros quadrados. Seguem-se os Jardins de Campolide

"Está muito melhor." Moisés Soares, morador em Carnide, não esconde a satisfação ao olhar para o parque hortícola ontem inaugurado na freguesia vizinha de Benfica. O espaço, às portas do Centro Comercial Colombo, é o primeiro da capital e tem 38 talhões com 150 metros quadrados, 20 dos quais atribuídos num concurso que contou com cerca de 350 participantes. Os restantes 18 talhões foram distribuídos por hortelões que cultivavam aquele terreno há vários anos - então sem condições. Um cenário bem diferente do actual, no qual todos os agricultores têm acesso a água potável e casas de arrumos, paredes meias com o resultado da primeira fase da intervenção no Parque da Quinta da Granja, que dotou a área de uma ciclovia, um quiosque e várias áreas ajardinadas. Inaugurados vão ser ainda um parque infantil (Março) e uma cafetaria instalada numa casa do século XVIII que está neste momento a ser recuperada (Agosto).

"Este bocado foi arrumado", sintetizou na cerimónia de inauguração José Sá Fernandes (na foto), vereador do Ambiente Urbano e Espaços Verdes, sem esconder a sua satisfação por ver em funcionamento o primeiro parque hortícola da Lisboa. A este, seguir-se-á outro nos Jardins de Campolide a inaugurar ainda este ano e cujas candidaturas aos 22 talhões (com áreas entre os 80 e os 100 metros quadrados) também já decorreram. Os candidatos foram mais de 150, o que significa um total de mais de 500 lisboetas a quererem cultivar os seus próprios alimentos nas duas primeiras zonas criadas para o efeito. "Isso demonstra bem a apetência que as pessoas têm e como, nesta época de crise, para muitas famílias a questão da sustentabilidade não é só teórica", considerou António Costa, presidente da Câmara de Lisboa, frisando que "não há cidade sem alimentação e não há alimentação sem produção". Já Gonçalo Ribeiro Telles, arquitecto paisagista e um dos maiores defensores, há já várias décadas, da existência de parques hortícolas em cidades, afirmou que a capital é agora "uma boa referência para o futuro" da área metropolitana que integra.

De acordo com a autarquia, em 2011 e 2012 vão ser inaugurados, ao todo, 11 novos terrenos de cultivo, sendo os parques do Vale de Cheias e de Telheiras Nascente aqueles que estão em fase mais adiantada. Há ainda outras cinco localizações em estudo.»

05/09/2011

Urban Farms: NY, Osaka, Londres, Chicago

Londres, Chicago, Osaka e Nova Iorque:


E Lisboa? Qual a produção agricola da nossa cidade?

Foto: Borough Market, Londres

29/08/2011

Hortas mais caras e com menos área na Quinta da Granja

In Público (29/8/2011)
Por Marisa Soares

«Câmara de Lisboa espera concluir intervenção nos terrenos em Outubro. Gabinete do vereador José Sá Fernandes prepara proposta para baixar preços da renda definidos na nova tabela municipal


Nas mãos calejadas, João dos Santos leva os pimentos - viçosos, verdes e vermelhos - acabados de colher. Às 11 da manhã já este agricultor de 73 anos cumpriu duas horas de trabalho, debaixo de sol, na horta da Quinta da Granja de Baixo, em Benfica, Lisboa. Num terreno com cerca de 80 metros quadrados cultiva uma lista imensa de hortaliças e tem árvores de fruto carregadas. Está ali há quase 40 anos e até hoje nunca pagou nada por isso. A partir de Outubro, porém, o septuagenário e os vizinhos vão ter de pagar uma renda anual por cada parcela de terra, cujo valor ainda não está definido. Na horta já se ouvem as críticas e teme-se pelo futuro.

A Câmara de Lisboa está desde Maio a remodelar as hortas da Quinta da Granja de Baixo e a refazer a divisão das parcelas. No final serão 38, cada uma com 175 metros quadrados e com acesso a pontos de água. Quem já ocupa os terrenos tem lugar garantido e a autarquia pretende abrir concursos para quem quiser cultivar os espaços livres. Mas o que mais preocupa os agricultores são os preços que poderão ter de pagar pelos terrenos, cuja ocupação era até agora gratuita.

Em princípio, os hortelões estarão sujeitos à nova Tabela de Preços e Outras Receitas Municipais, em vigor desde Julho, que estabelece o pagamento de 1,50 euros por metro quadrado em terrenos com menos de 200 metros quadrados. Se assim for, João dos Santos terá de desembolsar uma renda anual de mais de 100 euros.

Mas no gabinete do vereador dos Espaços Verdes, José Sá Fernandes, está "em estudo" a possibilidade de alterar os preços.

Segundo a adjunta do vereador, Rita Folgosa, aquelas hortas vão ser classificadas como sociais, ou seja, reservadas a pessoas carenciadas que se dedicam ao cultivo para subsistência, o que justifica a aplicação de preços mais baixos. No entanto, a proposta tem antes de ser aprovada em reunião de câmara.

Ao "senhor João" - é assim que é cumprimentado pelos vizinhos - uma técnica municipal disse já que a renda ia ser de 50 euros por ano, mas não deu certezas. "Acho muito caro, são dez contos. Ainda por cima, se não fôssemos nós, os terrenos estavam ao abandono", critica.

Um abrigo para quatro

Uma grande parte das pessoas que cultivam a Quinta da Granja de Baixo está reformada, em situação de pré-reforma ou desempregada. "Ao todo somos uns 12 e pelo menos seis trabalharam na polícia", conta João dos Santos, que é também reformado da polícia municipal. É natural de Almeida, do distrito da Guarda. Foi daí que transportou o "bichinho" da horta para Lisboa, onde se casou.

Como nas aldeias, na quinta quase todos se conhecem. João dos Santos sabe de cor o nome dos vizinhos, sobretudo dos que estão ali desde o 25 de Abril de 1974, a convite do antigo proprietário da quinta, da família Canas da Silva, que mantém a Quinta da Granja de Cima. "O antigo dono é que pediu para ocuparmos isto, para não se encher de barracas", afirma. Em vez de barracas, o terreno com mais de um hectare foi-se enchendo de couves, batatas, abóboras, cebolas, tomates, feijões, ervas aromáticas e girassóis altos que se destacam no meio do verde.

Aqui e ali, erguem-se pequenos barracões onde os hortelões guardam ferramentas e algumas colheitas. Há até uma casa de banho improvisada.

O barracão que João dos Santos construiu é que já não existe. "Deitaram tudo abaixo, até as minhas figueiras, para fazer um jardim", lamenta. Mas as cedências que teve de fazer à câmara por causa das obras não ficam por aqui. Há cerca de dois meses, as retroescavadoras avançaram sobre um bocado sua parcela.

"Tive de arrancar as batatas todas para poderem passar", recorda com mágoa. As máquinas abriram caminhos, remexeram nas terras da colina que fica por detrás e substituíram o muro, que tinha sido arranjado no ano passado, por uma parede de pedras envoltas em arame.

A autarquia pretende construir pequenos abrigos de madeira, destinando um para cada quatro agricultores. No caminho junto à parede de pedras já foi instalado um abrigo, que não tem mais do que seis metros quadrados.

"Estamos todos contra, porque não chega para quatro pessoas. Eu tenho muitas batatas e abóboras. E agora, levo tudo para casa?", questiona João dos Santos. "Isto é para quatro?", diz João Conceição, outro agricultor, de 58 anos, reformado da polícia. Aponta para o abrigo e ri-se, com ironia. João Conceição não estava em Lisboa quando a câmara municipal começou as obras. "Quando cá cheguei, o senhor João é que me disse que eles já tinham andado aí e que deitaram tudo abaixo.

Disseram que vinham depois falar comigo, mas ainda não vi ninguém", reclama.

O terreno que João Conceição cultivava há mais de 15 anos está lavrado, as hortaliças desapareceram e ninguém o avisou. Espera agora pela reunião marcada para Setembro, entre os hortelões e os responsáveis da câmara, para saber o seu futuro.

Enérgico, João Conceição gesticula e continua com as críticas. "Então e se vem para aqui uma pessoa de que a gente não gosta, como é que se faz? Olhe que às vezes há aqui desavenças", avisa, dando como exemplo algumas lutas pela água do poço e da mina que abastece os terrenos. "Isto tem água que chegue, mas no Verão alguns abusam." Na semana passada, seis mangueiras ligavam os terrenos à mina, que estava praticamente sem água. "Antes, só cá estavam três mangueiras", nota.

Ao lado do Colombo

As ferramentas de João Conceição ainda estão guardadas na casa de tijolo construída ao pé do poço. "Fui eu que lhe pus o telhado, quando para cá vim", sublinha. Não quer largar a quinta por nada e nem se importa de pagar. Até prefere que a câmara ponha ordem na ocupação. Mas vaticina: "Quando for para pagar, alguns vão sair, isso é certinho."

Joaquim Nabais, de 61 anos, é outro dos agricultores resistentes. Cultivava há dez anos uma parcela da quinta que teve de abandonar em Maio, a mando da câmara. "Enviaram-me uma carta para casa a dizer que tinha de sair." Acatou a ordem e foi-se instalar num bocado de terra "emprestado pelo senhor Carvalho". É carpinteiro, mas está desempregado e as hortaliças que cultiva fazem a diferença na factura mensal da alimentação. "Quando estiver tudo pronto, volto para o meu lugar", afirma.

Por agora, ainda andam por lá as máquinas a remexer a terra. Além de requalificar as hortas, a autarquia está a acabar o parque urbano da Quinta da Granja, que fica paredes-meias. Tem já um quiosque com esplanada, é atravessado por uma ciclovia e por um passeio pedonal, pontuado por bancos de madeira.

Quem aproveita o dia de Verão para passear no parque com vista para as hortaliças até esquece que do outro lado das pequenas colinas que ladeiam o jardim está o centro comercial Colombo. Na terra de João dos Santos, ninguém acredita. "Como é que tens uma horta no meio da cidade?", perguntam-lhe. "Lisboa não é só betão", responde.»

23/08/2011

Hortas sobem até 3 mil euros.(??)

Hortas sobem até 3 mil euros

Adriano Alves, reformado, de 81 anos, cultiva uma horta num terreno municipal há mais de 40 anos na Calçada de Santo Amaro, em Lisboa, tendo pago, no ano passado, 108,30 euros. No entanto, este valor vai subir para 3687,50 euros em 2014, de acordo com uma carta enviada pela Câmara de Lisboa no início do mês.

"Comecei a pagar 10 escudos por ano para manter aqui a horta. Todos os anos, o valor sobe um bocadinho por causa da inflação, mas isto não é inflação", argumenta Adriano Alves. O terreno, de 1475 metros quadrados, está visivelmente bem tratado e tem plantações de nabos, nabiças, pimentos, e de outros vegetais, que servem exclusivamente para consumo próprio. "Se tiver de pagar os 3687 euros, vou deixar de ter a horta, vai ficar tudo cheio de silvas", lamenta.
No terreno ao lado, é José Ferreira, de 72 anos, quem se queixa. "Recebi uma carta da Câmara a dizer que ia deixar de pagar 80,30 euros por ano para passar a pagar 3200 euros", revela, preocupado. Contactada pelo CM, a autarquia remete os aumentos para a Nova Tabela de Preços e Outras Receitas Municipais, que indica o valor de 2,5 euros por metro quadrado para terrenos privados municipais com mais de 500 metros quadrados.

Por:Inês Braizinha "Correio da  Manhã"


18/06/2011

Sugestão à CML: hortas urbanas no Parque

Aproveitando o ensejo da aceitação por parte da Câmara Municipal de Lisboa da campanha “O campo faz a festa na cidade” do Continente proponho que "O Campo se mude para a cidade". De vez. Mas com iniciativa e benefícios e participação do público.


Cara CML, porque não tornar a zona central do Parque Eduardo VII em hortas urbanas? A sério, porque não? Aquela zona central do jardim é um deserto de relva e buxo. Seria muito mais interessante ter couves e courgetes, beringelas e tomilho. Teria uma enorme mais valia, aumentando a segurança do Parque e a sustentabilidade da cidade. E incorporando o campo definitivamente no coração da cidade, numa altura em que o custo com a comida aumenta, e bem.

Aquele espaço até já está dividido em talhões geométricos, fáceis de dividir em talhões ainda mais pequenos, para utilização dos munícipes. Porque levar as hortas urbanas para espaços menos nobres, porque não avançar com uma iniciativa assim em pleno centro de Lisboa?
Foto de Osvaldo Gago.
Já imaginaram o que se podia ter ali? Campos de aveia ou girassois, favas e feijões. E muita gente a trabalhar a terra não por obrigação mas por prazer e a ganhar benefícios físicos e mentais com isso.

Não é uma boa ideia?

08/02/2011

Morango, maracujá e groselha nas hortas do Museu do Traje


In Jornal de Notícias (8/2/2011)
Telma Roque
foto rodrigo cabrita/global imagens

«Espaço de hortas aberto à comunidade conquista cada vez mais adeptos

Isabel Santos há muito que tinha o "bichinho da terra, mas confessa que ser "agricultora" é um trabalho mais duro do que pensava


A nova vaga de jovens agricultores que cultiva as hortas do Museu do Traje está a dar um novo colorido aos talhões. Há morangos, maracujás, groselhas e ervas aromáticas. E os espantalhos de trapos, para afugentar as aves, foram trocados por dezenas de CD"s.

É a irreverência de que pouco ou nunca pegou numa enxada, mas que, pelo prazer de mexer na terra numa cidade cada vez mais betonizada , escolheu ser agricultor nos tempos livres e não tem medo de experimentar, errar e de voltar a tentar até acertar. São recém-aposentados, professores universitários, arquitectos, famílias inteiras.

Onde antes só havia batatas, cenouras, couves, cebolas e alfaces, há agora uma variedade de espécies novas nas hortas do Museu. Há morangos, maracujás, groselhas, cebolinho, manjericão e muitas outras ervas aromáticas.

Mas há outras marcam que atestam a presença de sangue novo a amanhar a terra. Entre os espantalhos, os trapos pendurados em paus ou os sacos de plástico para manter os pássaros ao largo, existem também talhões com CD"s a rodopiar ao vento. E, à primeira vista, os reflexos criados pelo sol, parecem resultar mais do que o boneco de palha, estático, de braços abertos e vestido com roupas XXL.

Isabel Santos faz parte da nova vaga de agricultores inexperientes, mas com muita vontade de proporcionar a si própria alguns momentos ao ar livre, dentro da capital, mas sem sentir uma ponta sequer do bulício normal - e tantas vezes infernal - de uma cidade.

"Nasci e cresci no campo, mas nunca cheguei a colocar as mãos na terra. Mas o bichinho ficou cá", confessa Isabel Santos, natural de Penamacor, na Beira Baixa. O pequeno talhão no Museu do Traje pertence a uma amiga, mas Isabel ajuda sempre que pode.»

13/01/2011

Crise fez aumentar hortelões no jardim do Museu do Traje


In Diário de Notícias (13/1/2011)


«A situação de crise económica actual fez disparar o número de pessoas interessadas em adquirir talhões do jardim do Museu Nacional do Traje, no Lumiar, em Lisboa, para ali cultivarem couves e outras variedades hortícolas destinadas à alimentação. A informação foi fornecida por Rui Costa, o arquitecto responsável pelos jardins do museu, referindo, no entanto, que outras pessoas cultivam ali apenas por prazer. Todos os 30 talhões, que abrangem uma área total de 3000 metros quadrados, foram adquiridos por um ano e perante licitações, a mais baixa de 80 cêntimos e a mais elevada de 2,50 euros por metro quadrado. Ao longo daqueles terrenos encontram-se muitas culturas diferentes e são variados os métodos utilizados por estes hortelões amadores. As couves marcam presença em quase todos os talhões, mas também há feijão, alface, ervas aromáticas, favas, alhos ou brócolos. Nesta horta, que não pode estar vedada e é visitável por quem passeia nos jardins do Museu do Traje, os hortelões têm de seguir determinadas normas e obedecer a regras predefinidas. »

29/11/2010

Parque hortícola urbano avança no Vale de Chelas

In Público (29/11/2010)


«A autarquia lisboeta já iniciou no Vale de Chelas a construção de um espaço urbano criado para albergar hortas, um projecto que contempla acções de formação para munícipes sobre horticultura, incluindo agricultura biológica.

Segundo o gabinete do vereador do Ambiente Urbano e Espaços Verdes na Câmara de Lisboa, José Sá Fernandes, citado pela Lusa, o parque hortícola terá cerca de 15 hectares, dos quais 6,5 serão destinados às hortas. Para já, serão criados cerca de 400 talhões, cada um com 150 m2 de área. Uma parte deles será atribuída directamente aos cerca de 100 hortelãos que já ocupavam o local, ficando os restantes reservados para um concurso público, a realizar no próximo ano.

No segundo semestre de 2011 a autarquia conta ter concluída a primeira fase do projecto - a obra iniciou-se há dias e inclui a modelação do terreno, reforço e protecção das encostas, abertura de caminhos e uma rede com bocas de rega. "O fornecimento de água adequada à rega dos produtos hortícolas é a acção primordial deste projecto, pois vem acabar com as situações graves de saúde pública provocadas pela rega das culturas com águas do saneamento público em épocas de seca", refere o gabinete camarário. A autarquia vai disponibilizar alfaias e casas de arrumo e, posteriormente, instalar "um equipamento infantil e um quiosque com esplanada".»

12/08/2010

Estacionamento ameaça liquidar horta popular

In Jornal de Notícias (12/8/2010)
Cristiano Pereira


«Há mais de dez anos que um terreno camarário no bairro da Graça, em Lisboa, tem sido aproveitado por alguns populares para plantação de legumes. Mas há quem queira deitar tudo abaixo e construir ali um parque de estacionamento. A polémica está instalada.

O terreno em causa situa-se numa encosta junto ao cruzamento da Calçada do Monte com a rua Damasceno Monteiro, a cerca de uma centena de metros do Largo da Graça. É uma encosta onde o sol bate várias horas por dia, com três pinheiros mansos e duas oliveiras.

Há mais de uma década que idosos do bairro da Mouraria – ali a poucos metros – aproveitam o pedaço de terra para fazerem uma pequena horta. Mais recentemente, jovens do Grupo de Acção e Intervenção Ambiental (Gaia), tomaram a iniciativa de colaborar com os populares e começaram, também eles, a plantar legumes vários.

Alguns moradores, todavia, parecem não gostar da ideia. “Aquilo é um mictório para levarem os cães”, diz José António, aposentado de 60 anos, que se mostrou bastante céptico com a utilidade da horta. “É uma brincadeira de meia dúzia de putos”, defendeu José António, comentando que “não se faz um cozido à portuguesa com as couves que lá estão”. Na sua óptica, o terreno devia ser utilizado para “um parque de estacionamento”. Tal opinião é corroborada pela proprietária de uma loja de têxteis situada a escassos metros do terreno.

Maria de Fátima, 51 anos, admite que costuma lá ver “jovens que limpam o lixo que as pessoas lá metem” mas também defende a reconversão do espaço em estacionamento.

Já Gualter Baptista, investigador em Economia Ecológica na Faculdade de Ciências e Tecnologia, solta uma gargalhada quando ouve falar em parque de estacionamento no local, um espaço verde com magnífica uma vista panorâmica para a Baixa e o Tejo.“Naturalmente há pessoas que tem um sentido mais utilitarista e que querem estacionar o carro à porta de casa mas penso que Lisboa tem muitos mais lugares de estacionamento do que espaços verdes para os seus cidadãos”, afirma.

O investigador em economia ecológica admite que a horta nem sempre tem o melhor aspecto mas lembra que “somos um país com um défice hídrico muito elevado no Verão e é normal que a paisagem agora fique amarela”.

Ressalva, porém, que há alturas do ano em que naquela horta “está tudo verde e arranjado”. "É um espaço que é dado aos cidadãos do bairro para que possam usufruir de forma activa”, afirma, sublinhando que ali existem casos de pessoas “necessitam da agricultura para sustentar as suas necessidades mais básicas e em tempos de crise, isso é importante”.

A opinião é confirmada por uma moradora da zona, Cátia Fernandes, de 33 anos. “Os agricultores são idosos da Mouraria que por vezes tem na horta a única fonte de legumes frescos, a par de jovens ambientalistas”, diz ao JN. Aliás, segundo este testemunho, “a horta devia ser incentivada pela própria Câmara e pelas Juntas de Freguesia”.»

...

Essa ideia do estacionamento nesse local lá vem à baila de tempos em tempos, sobretudo em "silly season", não fora ela tão tonta quanto quem dela se lembrou há 3 mandatos de CML. Já podiam ter feito estacionamento por debaixo de um novo mercado de Sapadores, mas antes preferiram remodelar o execrável mercado do que demoli-lo e construir novo. Mesmo assim, há outras hipóteses para o famigerado silo nesse lado da encosta. Aguardemos.

08/02/2010

Gado e hortas essenciais nas cidades

In Diário de Notícias (8/2/2010)
por ROBERTO DORES


«Cidades, agricultura e pastorícia não são uma antítese. Mas o betão e o alcatrão estão a ganhar terreno

Criação de cavalos no centro de Lisboa - mesmo que um dos animais fuja, como aconteceu na madrugada da passada terça-feira - ou o rebanho que cruza uma aldeia entre o redil e a pastagem, passando pelo meio dos moradores, têm um significado muito semelhante para o arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles: "São as nossas origens agrícolas, que, infelizmente, estão tão esquecidas. A agricultura urbana deveria ter integração obrigatória no planeamento urbano, e o gado e a pastorícia são peças fundamentais nesse processo", alerta.

Segundo Ribeiro Telles, Portugal regista um "atraso secular" nesta matéria, o que está a provocar, garante, o despovoamento das aldeias e consequente procura dos subúrbios das grandes cidades, com elevadas concentrações humanas. Loures e Estoril, onde ainda resistem alguns pastores, depois de debandada geral das últimas décadas, são exemplos de desertificação apontados pelo arquitecto às portas de Lisboa. "Embebedamo-nos com problemas como o TGV, sem nos apercebermos da gravidade em que caiu o nosso abastecimento", insiste, defendendo que os animais domésticos "têm de ter cabimento nas nossas cidades, vilas e aldeias".

E não interessa se são "cavalos, ovelhas, galinhas ou porcos". Nem tão-pouco se atravessam aldeias, estradas ou cidades. "Os animais dão vida, porque uma terra que tenha animais, tem pastoreio, tem casas habitadas, tem escolas e futuro. Hoje só vemos velhos nas aldeias, escolas fechadas e os caminhos por onde o gado passa totalmente destruídos. Estamos a criar um deserto para viabilizar a monocultura industrial do eucalipto e do pinheiro", lamenta.

Para Ribeiro Telles, não é por acaso que as universidades americanas há muito que debatem o problema da agricultura urbana, que começou a disseminar-se por toda a parte. "É triste, mas nós não conhecemos nada desta realidade. Há quem defenda que a cidade e Lisboa não comporta vegetação e agora até há o perigo de aparecerem as casas ecológicas com telhados cobertos de plantas para haver mais espaço para construção em massa", diz o especialista.

O arquitecto admite que o debate em Portugal sobre a recuperação do pastoreio nas cidades "está mais do que feito". Porém, dá um exemplo de como todos os argumentos têm caído em saco roto: "Quando se quer promover uma parcela de terreno, põe-se uma menina bonita ao lado", refere, lamentando que ninguém invista num outdoor com os utilizadores da paisagem, que seriam os pastores. Chegámos ao cúmulo de ver placas à beira da estrada afixadas nas melhores várzeas do país", aponta.»

14/09/2009

A "Nova" Quinta da Granja







A notícia já corria há algum tempo, mas ainda eram muitos os habitantes que duvidavam da mesma!...







Fotografias de Tiago Carvalho



Afinal, as obras na Quinta da Granja começaram mesmo (os primeiros tapumes apareceram logo depois da repavimentação da estrada na Av. do Colégio Militar e, desde então, o processo tem sido célere), para dar origem ao Parque Urbano da Quinta da Granja.





Fotografias disponíveis em
Câmara Municipal de Lisboa



Nos terrenos da Quinta da Granja de Baixo, propriedade municipal, vai nascer, até ao final de 2009, um Parque Urbano destinado ao lazer e às práticas de ar livre, dotado de uma ampla área verde e mobiliário urbano adequado. Deste Parque partirá um corredor pedo-velocipédico, que atravessará uma zona de hortas no fundo do vale (que serão mantidas e requalificadas), permitindo a peões e ciclistas a ligação a outros espaços verdes do Parque Periférico, nas zonas de Carnide e do Lumiar.

Como em tudo na vida, já existem alguns moradores descontentes com o facto de os montes que ali "nasceram" (ver fotos nº 5 e 6) irem permanecer mesmo assim (altos e junto aos prédios), invocando que quem estiver em cima deles conseguirá ver tudo para dentro das suas casas (no 1º andar).
Mas, sinceramente, perante a hipótese de ter ali mesmo à porta de casa um espaço verde, há coisas às quais nem se devia ligar (só mesmo nós, portuguesinhos, nos lembramos de ir espreitar para as janelas dos outros, quando na Holanda e noutros países europeus nem sequer usam cortinas e é ver o tamanho das suas amplas janelas)!

De saudar, também, a iniciativa que, contra ventos e marés, continua a ser mantida na Quinta da Granja de Cima pela família Canas da Silva.




** Texto publicado originalmente no blog "Retalhos de Bem-Fica"



06/04/2008

Parque Urbano da Quinta da Granja concluído em 2009

Público Local de hoje

A Câmara de Lisboa vai criar até Junho de 2009 um parque urbano na Quinta da Granja de Baixo, em Benfica, que será posteriormente ligado ao Parque de Monsanto e de Carnide por vias pedonais e cicláveis.
"Vamos lançar o concurso para um parque urbano, em Benfica, em frente ao Colombo, na chamada Quinta da Granja de Baixo. Não será só um parque urbano, mas aproveitará as hortas que existem e que têm apenas de ser relativamente ordenadas", disse o vereador do Ambiente e Espaços Verdes, Sá Fernandes, que hoje apresentou o projecto com o presidente da câmara, António Costa (PS). O parque deverá estar concluído em Junho de 2009, "na pior das hipóteses", segundo o eleito do Bloco de Esquerda, depois da realização do concurso e da obra, que demorará cerca de seis meses.
O parque, que vem suprir uma lacuna de espaços verdes na zona de Benfica, uma das mais populosas da cidade, terá uma área destinada à prática desportiva e integrará as hortas já existentes, que sofrerão uma "intervenção minimalista" de ordenamento e instalação de pequenas infra-estruturas para guardar utensílios. O objectivo é que este parque urbano, que deverá custar mais de 400 mil euros e terá numa primeira fase três hectares, venha a fazer a ligação entre o parque florestal de Monsanto e o parque de Carnide, através de pistas pedonais e cicláveis.
"Vamos ligar tudo isto para que as pessoas sintam que este corredor verde é irreversível. Em Junho de 2009 as pessoas vão perceber que existe uma estrutura verde da cidade e que o futuro PDM [Plano Director Municipal] vai ter isso tudo delimitado e que as medidas preventivas que estamos a estudar vão nesse sentido", sustentou Sá Fernandes.
O presidente da câmara referiu que esta "operação de ligação é um passo essencial para uma nova estrutura verde da cidade mais vivida e qualificada". E acrescentou: "É um desafio que supera largamente este mandato." Lusa
O pelouro dos Espaços Verdes está igualmente a negociar protocolos com instituições e privados que têm espaços verdes e património, para o estabelecimento de uma rota que se junte aos já existentes percursos das "árvores classificadas" e das "águas do antigamente", de travessia do Aqueduto das Águas Livres. O Seminário da Luz, que possui um jardim romântico do séc. XVII, e a Quinta da Granja já podem ser visitados nos últimos sábados do mês. Em negociação estão ainda protocolos com os proprietários da chamada Quinta do Alemão, na Bela Vista, e com a parte privada da Quinta de Bem Saúde, à Estrada da Luz.