21/11/2014
Sem dúvida o melhor que se fez em Benfica em 50 anos....
25/06/2014
À volta do Campo Pequeno, as hortas estão a nascer de mãos dadas com a arte
24/02/2014
Crescem couves e plantas medicinais entre prédios e estradas
Com uma enxada portátil com uma lâmina de dez centímetros, José Fernandes empurra a terra das laterais dos alhos para os cobrir. “Cresceram bem e já estavam de orelhas de fora”, diz, fixando o chão. Tem a horta na Quinta dos Lombos, na freguesia de Carcavelos, desde finais de Setembro. A plantação de José está um pouco atrasada. Nem todas as sementes plantadas dão frutos e legumes, justifica.
No concelho de Loures, num vale verde com vista para a estrada onde passa o 313, o único autocarro de acesso ao Bairro da Apelação, estão centenas de hortas espontâneas. Ao lado deste bairro social da freguesia de Frielas os moradores da povoação começaram, há cerca de um ano, a cultivar neste espaço.
Apenas um dos filhos de Malam, com dois anos, gosta de brincar aos agricultores quando tenta arrancar folhas de couves. Mas as hortas comunitárias pretendem também contribuir para o desenvolvimento das relações interpessoais e intergeracionais. Inseridas numa comunidade, ao ar livre, podem ser uma alternativa de ocupação de tempos livres e uma oportunidade para os mais jovens de adquirirem competências agrícolas.
A Lipor – Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto – em parceria com oito municípios da região inaugurou este ano mais 85 talhões no âmbito do projecto Hortas à Porta. Os últimos 49 talhões foram abertos no início deste mês em Valongo.
25/06/2013
Dois detidos e três feridos em desocupação de horta comunitária em Lisboa
Por Inês Boaventura
«Os apoiantes da Horta do Monte queixam-se de agressão policial. Polícia Municipal de Lisboa diz que desconhece a existência de feridos.
...
NOTA DA CML:...
TEXTO EDITADO
15/02/2013
Cursos Livres de Jardinagem
Hortas Urbanas
Datas | 6, 13, 20 abril, 11, 18 maio
Horário | sábados das 10h00 às 13h00
Total de horas de formação | 15h
Preços | 60,75€
Conteúdos Programáticos
Contextualização das hortas urbanas; Equipamentos e ferramentas; Rotação das culturas, Técnicas de Compostagem (estrumes e fertilizantes); Preparação do solo; Construção dos canteiros; Operações culturais (cavar, repicar, desbastar, plantar, abacelar, regar, sachar, mondar, retanchar), Sementeiras / plantações; Calendário da horta (o que deve semear, plantar ou colher); Pormenores sobre o cultivo de cada planta...»
Mais dados, AQUI.
31/10/2011
Abriu primeiro parque hortícola
Por Inês Banha
«Parque junto ao Colombo tem 38 talhões com 150 metros quadrados. Seguem-se os Jardins de Campolide
"Está muito melhor." Moisés Soares, morador em Carnide, não esconde a satisfação ao olhar para o parque hortícola ontem inaugurado na freguesia vizinha de Benfica. O espaço, às portas do Centro Comercial Colombo, é o primeiro da capital e tem 38 talhões com 150 metros quadrados, 20 dos quais atribuídos num concurso que contou com cerca de 350 participantes. Os restantes 18 talhões foram distribuídos por hortelões que cultivavam aquele terreno há vários anos - então sem condições. Um cenário bem diferente do actual, no qual todos os agricultores têm acesso a água potável e casas de arrumos, paredes meias com o resultado da primeira fase da intervenção no Parque da Quinta da Granja, que dotou a área de uma ciclovia, um quiosque e várias áreas ajardinadas. Inaugurados vão ser ainda um parque infantil (Março) e uma cafetaria instalada numa casa do século XVIII que está neste momento a ser recuperada (Agosto).
"Este bocado foi arrumado", sintetizou na cerimónia de inauguração José Sá Fernandes (na foto), vereador do Ambiente Urbano e Espaços Verdes, sem esconder a sua satisfação por ver em funcionamento o primeiro parque hortícola da Lisboa. A este, seguir-se-á outro nos Jardins de Campolide a inaugurar ainda este ano e cujas candidaturas aos 22 talhões (com áreas entre os 80 e os 100 metros quadrados) também já decorreram. Os candidatos foram mais de 150, o que significa um total de mais de 500 lisboetas a quererem cultivar os seus próprios alimentos nas duas primeiras zonas criadas para o efeito. "Isso demonstra bem a apetência que as pessoas têm e como, nesta época de crise, para muitas famílias a questão da sustentabilidade não é só teórica", considerou António Costa, presidente da Câmara de Lisboa, frisando que "não há cidade sem alimentação e não há alimentação sem produção". Já Gonçalo Ribeiro Telles, arquitecto paisagista e um dos maiores defensores, há já várias décadas, da existência de parques hortícolas em cidades, afirmou que a capital é agora "uma boa referência para o futuro" da área metropolitana que integra.
De acordo com a autarquia, em 2011 e 2012 vão ser inaugurados, ao todo, 11 novos terrenos de cultivo, sendo os parques do Vale de Cheias e de Telheiras Nascente aqueles que estão em fase mais adiantada. Há ainda outras cinco localizações em estudo.»
05/09/2011
Urban Farms: NY, Osaka, Londres, Chicago
29/08/2011
Hortas mais caras e com menos área na Quinta da Granja
Por Marisa Soares
«Câmara de Lisboa espera concluir intervenção nos terrenos em Outubro. Gabinete do vereador José Sá Fernandes prepara proposta para baixar preços da renda definidos na nova tabela municipal
Nas mãos calejadas, João dos Santos leva os pimentos - viçosos, verdes e vermelhos - acabados de colher. Às 11 da manhã já este agricultor de 73 anos cumpriu duas horas de trabalho, debaixo de sol, na horta da Quinta da Granja de Baixo, em Benfica, Lisboa. Num terreno com cerca de 80 metros quadrados cultiva uma lista imensa de hortaliças e tem árvores de fruto carregadas. Está ali há quase 40 anos e até hoje nunca pagou nada por isso. A partir de Outubro, porém, o septuagenário e os vizinhos vão ter de pagar uma renda anual por cada parcela de terra, cujo valor ainda não está definido. Na horta já se ouvem as críticas e teme-se pelo futuro.
A Câmara de Lisboa está desde Maio a remodelar as hortas da Quinta da Granja de Baixo e a refazer a divisão das parcelas. No final serão 38, cada uma com 175 metros quadrados e com acesso a pontos de água. Quem já ocupa os terrenos tem lugar garantido e a autarquia pretende abrir concursos para quem quiser cultivar os espaços livres. Mas o que mais preocupa os agricultores são os preços que poderão ter de pagar pelos terrenos, cuja ocupação era até agora gratuita.
Em princípio, os hortelões estarão sujeitos à nova Tabela de Preços e Outras Receitas Municipais, em vigor desde Julho, que estabelece o pagamento de 1,50 euros por metro quadrado em terrenos com menos de 200 metros quadrados. Se assim for, João dos Santos terá de desembolsar uma renda anual de mais de 100 euros.
Mas no gabinete do vereador dos Espaços Verdes, José Sá Fernandes, está "em estudo" a possibilidade de alterar os preços.
Segundo a adjunta do vereador, Rita Folgosa, aquelas hortas vão ser classificadas como sociais, ou seja, reservadas a pessoas carenciadas que se dedicam ao cultivo para subsistência, o que justifica a aplicação de preços mais baixos. No entanto, a proposta tem antes de ser aprovada em reunião de câmara.
Ao "senhor João" - é assim que é cumprimentado pelos vizinhos - uma técnica municipal disse já que a renda ia ser de 50 euros por ano, mas não deu certezas. "Acho muito caro, são dez contos. Ainda por cima, se não fôssemos nós, os terrenos estavam ao abandono", critica.
Um abrigo para quatro
Uma grande parte das pessoas que cultivam a Quinta da Granja de Baixo está reformada, em situação de pré-reforma ou desempregada. "Ao todo somos uns 12 e pelo menos seis trabalharam na polícia", conta João dos Santos, que é também reformado da polícia municipal. É natural de Almeida, do distrito da Guarda. Foi daí que transportou o "bichinho" da horta para Lisboa, onde se casou.
Como nas aldeias, na quinta quase todos se conhecem. João dos Santos sabe de cor o nome dos vizinhos, sobretudo dos que estão ali desde o 25 de Abril de 1974, a convite do antigo proprietário da quinta, da família Canas da Silva, que mantém a Quinta da Granja de Cima. "O antigo dono é que pediu para ocuparmos isto, para não se encher de barracas", afirma. Em vez de barracas, o terreno com mais de um hectare foi-se enchendo de couves, batatas, abóboras, cebolas, tomates, feijões, ervas aromáticas e girassóis altos que se destacam no meio do verde.
Aqui e ali, erguem-se pequenos barracões onde os hortelões guardam ferramentas e algumas colheitas. Há até uma casa de banho improvisada.
O barracão que João dos Santos construiu é que já não existe. "Deitaram tudo abaixo, até as minhas figueiras, para fazer um jardim", lamenta. Mas as cedências que teve de fazer à câmara por causa das obras não ficam por aqui. Há cerca de dois meses, as retroescavadoras avançaram sobre um bocado sua parcela.
"Tive de arrancar as batatas todas para poderem passar", recorda com mágoa. As máquinas abriram caminhos, remexeram nas terras da colina que fica por detrás e substituíram o muro, que tinha sido arranjado no ano passado, por uma parede de pedras envoltas em arame.
A autarquia pretende construir pequenos abrigos de madeira, destinando um para cada quatro agricultores. No caminho junto à parede de pedras já foi instalado um abrigo, que não tem mais do que seis metros quadrados.
"Estamos todos contra, porque não chega para quatro pessoas. Eu tenho muitas batatas e abóboras. E agora, levo tudo para casa?", questiona João dos Santos. "Isto é para quatro?", diz João Conceição, outro agricultor, de 58 anos, reformado da polícia. Aponta para o abrigo e ri-se, com ironia. João Conceição não estava em Lisboa quando a câmara municipal começou as obras. "Quando cá cheguei, o senhor João é que me disse que eles já tinham andado aí e que deitaram tudo abaixo.
Disseram que vinham depois falar comigo, mas ainda não vi ninguém", reclama.
O terreno que João Conceição cultivava há mais de 15 anos está lavrado, as hortaliças desapareceram e ninguém o avisou. Espera agora pela reunião marcada para Setembro, entre os hortelões e os responsáveis da câmara, para saber o seu futuro.
Enérgico, João Conceição gesticula e continua com as críticas. "Então e se vem para aqui uma pessoa de que a gente não gosta, como é que se faz? Olhe que às vezes há aqui desavenças", avisa, dando como exemplo algumas lutas pela água do poço e da mina que abastece os terrenos. "Isto tem água que chegue, mas no Verão alguns abusam." Na semana passada, seis mangueiras ligavam os terrenos à mina, que estava praticamente sem água. "Antes, só cá estavam três mangueiras", nota.
Ao lado do Colombo
As ferramentas de João Conceição ainda estão guardadas na casa de tijolo construída ao pé do poço. "Fui eu que lhe pus o telhado, quando para cá vim", sublinha. Não quer largar a quinta por nada e nem se importa de pagar. Até prefere que a câmara ponha ordem na ocupação. Mas vaticina: "Quando for para pagar, alguns vão sair, isso é certinho."
Joaquim Nabais, de 61 anos, é outro dos agricultores resistentes. Cultivava há dez anos uma parcela da quinta que teve de abandonar em Maio, a mando da câmara. "Enviaram-me uma carta para casa a dizer que tinha de sair." Acatou a ordem e foi-se instalar num bocado de terra "emprestado pelo senhor Carvalho". É carpinteiro, mas está desempregado e as hortaliças que cultiva fazem a diferença na factura mensal da alimentação. "Quando estiver tudo pronto, volto para o meu lugar", afirma.
Por agora, ainda andam por lá as máquinas a remexer a terra. Além de requalificar as hortas, a autarquia está a acabar o parque urbano da Quinta da Granja, que fica paredes-meias. Tem já um quiosque com esplanada, é atravessado por uma ciclovia e por um passeio pedonal, pontuado por bancos de madeira.
Quem aproveita o dia de Verão para passear no parque com vista para as hortaliças até esquece que do outro lado das pequenas colinas que ladeiam o jardim está o centro comercial Colombo. Na terra de João dos Santos, ninguém acredita. "Como é que tens uma horta no meio da cidade?", perguntam-lhe. "Lisboa não é só betão", responde.»
23/08/2011
Hortas sobem até 3 mil euros.(??)
Hortas sobem até 3 mil euros
Adriano Alves, reformado, de 81 anos, cultiva uma horta num terreno municipal há mais de 40 anos na Calçada de Santo Amaro, em Lisboa, tendo pago, no ano passado, 108,30 euros. No entanto, este valor vai subir para 3687,50 euros em 2014, de acordo com uma carta enviada pela Câmara de Lisboa no início do mês.18/06/2011
Sugestão à CML: hortas urbanas no Parque
Foto de Osvaldo Gago. |
08/02/2011
Morango, maracujá e groselha nas hortas do Museu do Traje

In Jornal de Notícias (8/2/2011)
Telma Roque
foto rodrigo cabrita/global imagens
«Espaço de hortas aberto à comunidade conquista cada vez mais adeptos
Isabel Santos há muito que tinha o "bichinho da terra, mas confessa que ser "agricultora" é um trabalho mais duro do que pensava
A nova vaga de jovens agricultores que cultiva as hortas do Museu do Traje está a dar um novo colorido aos talhões. Há morangos, maracujás, groselhas e ervas aromáticas. E os espantalhos de trapos, para afugentar as aves, foram trocados por dezenas de CD"s.
É a irreverência de que pouco ou nunca pegou numa enxada, mas que, pelo prazer de mexer na terra numa cidade cada vez mais betonizada , escolheu ser agricultor nos tempos livres e não tem medo de experimentar, errar e de voltar a tentar até acertar. São recém-aposentados, professores universitários, arquitectos, famílias inteiras.
Onde antes só havia batatas, cenouras, couves, cebolas e alfaces, há agora uma variedade de espécies novas nas hortas do Museu. Há morangos, maracujás, groselhas, cebolinho, manjericão e muitas outras ervas aromáticas.
Mas há outras marcam que atestam a presença de sangue novo a amanhar a terra. Entre os espantalhos, os trapos pendurados em paus ou os sacos de plástico para manter os pássaros ao largo, existem também talhões com CD"s a rodopiar ao vento. E, à primeira vista, os reflexos criados pelo sol, parecem resultar mais do que o boneco de palha, estático, de braços abertos e vestido com roupas XXL.
Isabel Santos faz parte da nova vaga de agricultores inexperientes, mas com muita vontade de proporcionar a si própria alguns momentos ao ar livre, dentro da capital, mas sem sentir uma ponta sequer do bulício normal - e tantas vezes infernal - de uma cidade.
"Nasci e cresci no campo, mas nunca cheguei a colocar as mãos na terra. Mas o bichinho ficou cá", confessa Isabel Santos, natural de Penamacor, na Beira Baixa. O pequeno talhão no Museu do Traje pertence a uma amiga, mas Isabel ajuda sempre que pode.»
13/01/2011
Crise fez aumentar hortelões no jardim do Museu do Traje

In Diário de Notícias (13/1/2011)
«A situação de crise económica actual fez disparar o número de pessoas interessadas em adquirir talhões do jardim do Museu Nacional do Traje, no Lumiar, em Lisboa, para ali cultivarem couves e outras variedades hortícolas destinadas à alimentação. A informação foi fornecida por Rui Costa, o arquitecto responsável pelos jardins do museu, referindo, no entanto, que outras pessoas cultivam ali apenas por prazer. Todos os 30 talhões, que abrangem uma área total de 3000 metros quadrados, foram adquiridos por um ano e perante licitações, a mais baixa de 80 cêntimos e a mais elevada de 2,50 euros por metro quadrado. Ao longo daqueles terrenos encontram-se muitas culturas diferentes e são variados os métodos utilizados por estes hortelões amadores. As couves marcam presença em quase todos os talhões, mas também há feijão, alface, ervas aromáticas, favas, alhos ou brócolos. Nesta horta, que não pode estar vedada e é visitável por quem passeia nos jardins do Museu do Traje, os hortelões têm de seguir determinadas normas e obedecer a regras predefinidas. »
29/11/2010
Parque hortícola urbano avança no Vale de Chelas
«A autarquia lisboeta já iniciou no Vale de Chelas a construção de um espaço urbano criado para albergar hortas, um projecto que contempla acções de formação para munícipes sobre horticultura, incluindo agricultura biológica.
Segundo o gabinete do vereador do Ambiente Urbano e Espaços Verdes na Câmara de Lisboa, José Sá Fernandes, citado pela Lusa, o parque hortícola terá cerca de 15 hectares, dos quais 6,5 serão destinados às hortas. Para já, serão criados cerca de 400 talhões, cada um com 150 m2 de área. Uma parte deles será atribuída directamente aos cerca de 100 hortelãos que já ocupavam o local, ficando os restantes reservados para um concurso público, a realizar no próximo ano.
No segundo semestre de 2011 a autarquia conta ter concluída a primeira fase do projecto - a obra iniciou-se há dias e inclui a modelação do terreno, reforço e protecção das encostas, abertura de caminhos e uma rede com bocas de rega. "O fornecimento de água adequada à rega dos produtos hortícolas é a acção primordial deste projecto, pois vem acabar com as situações graves de saúde pública provocadas pela rega das culturas com águas do saneamento público em épocas de seca", refere o gabinete camarário. A autarquia vai disponibilizar alfaias e casas de arrumo e, posteriormente, instalar "um equipamento infantil e um quiosque com esplanada".»
12/08/2010
Estacionamento ameaça liquidar horta popular
Cristiano Pereira
«Há mais de dez anos que um terreno camarário no bairro da Graça, em Lisboa, tem sido aproveitado por alguns populares para plantação de legumes. Mas há quem queira deitar tudo abaixo e construir ali um parque de estacionamento. A polémica está instalada.
O terreno em causa situa-se numa encosta junto ao cruzamento da Calçada do Monte com a rua Damasceno Monteiro, a cerca de uma centena de metros do Largo da Graça. É uma encosta onde o sol bate várias horas por dia, com três pinheiros mansos e duas oliveiras.
Há mais de uma década que idosos do bairro da Mouraria – ali a poucos metros – aproveitam o pedaço de terra para fazerem uma pequena horta. Mais recentemente, jovens do Grupo de Acção e Intervenção Ambiental (Gaia), tomaram a iniciativa de colaborar com os populares e começaram, também eles, a plantar legumes vários.
Alguns moradores, todavia, parecem não gostar da ideia. “Aquilo é um mictório para levarem os cães”, diz José António, aposentado de 60 anos, que se mostrou bastante céptico com a utilidade da horta. “É uma brincadeira de meia dúzia de putos”, defendeu José António, comentando que “não se faz um cozido à portuguesa com as couves que lá estão”. Na sua óptica, o terreno devia ser utilizado para “um parque de estacionamento”. Tal opinião é corroborada pela proprietária de uma loja de têxteis situada a escassos metros do terreno.
Maria de Fátima, 51 anos, admite que costuma lá ver “jovens que limpam o lixo que as pessoas lá metem” mas também defende a reconversão do espaço em estacionamento.
Já Gualter Baptista, investigador em Economia Ecológica na Faculdade de Ciências e Tecnologia, solta uma gargalhada quando ouve falar em parque de estacionamento no local, um espaço verde com magnífica uma vista panorâmica para a Baixa e o Tejo.“Naturalmente há pessoas que tem um sentido mais utilitarista e que querem estacionar o carro à porta de casa mas penso que Lisboa tem muitos mais lugares de estacionamento do que espaços verdes para os seus cidadãos”, afirma.
O investigador em economia ecológica admite que a horta nem sempre tem o melhor aspecto mas lembra que “somos um país com um défice hídrico muito elevado no Verão e é normal que a paisagem agora fique amarela”.
Ressalva, porém, que há alturas do ano em que naquela horta “está tudo verde e arranjado”. "É um espaço que é dado aos cidadãos do bairro para que possam usufruir de forma activa”, afirma, sublinhando que ali existem casos de pessoas “necessitam da agricultura para sustentar as suas necessidades mais básicas e em tempos de crise, isso é importante”.
A opinião é confirmada por uma moradora da zona, Cátia Fernandes, de 33 anos. “Os agricultores são idosos da Mouraria que por vezes tem na horta a única fonte de legumes frescos, a par de jovens ambientalistas”, diz ao JN. Aliás, segundo este testemunho, “a horta devia ser incentivada pela própria Câmara e pelas Juntas de Freguesia”.»
...
Essa ideia do estacionamento nesse local lá vem à baila de tempos em tempos, sobretudo em "silly season", não fora ela tão tonta quanto quem dela se lembrou há 3 mandatos de CML. Já podiam ter feito estacionamento por debaixo de um novo mercado de Sapadores, mas antes preferiram remodelar o execrável mercado do que demoli-lo e construir novo. Mesmo assim, há outras hipóteses para o famigerado silo nesse lado da encosta. Aguardemos.
08/02/2010
Gado e hortas essenciais nas cidades
por ROBERTO DORES
«Cidades, agricultura e pastorícia não são uma antítese. Mas o betão e o alcatrão estão a ganhar terreno
Criação de cavalos no centro de Lisboa - mesmo que um dos animais fuja, como aconteceu na madrugada da passada terça-feira - ou o rebanho que cruza uma aldeia entre o redil e a pastagem, passando pelo meio dos moradores, têm um significado muito semelhante para o arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles: "São as nossas origens agrícolas, que, infelizmente, estão tão esquecidas. A agricultura urbana deveria ter integração obrigatória no planeamento urbano, e o gado e a pastorícia são peças fundamentais nesse processo", alerta.
Segundo Ribeiro Telles, Portugal regista um "atraso secular" nesta matéria, o que está a provocar, garante, o despovoamento das aldeias e consequente procura dos subúrbios das grandes cidades, com elevadas concentrações humanas. Loures e Estoril, onde ainda resistem alguns pastores, depois de debandada geral das últimas décadas, são exemplos de desertificação apontados pelo arquitecto às portas de Lisboa. "Embebedamo-nos com problemas como o TGV, sem nos apercebermos da gravidade em que caiu o nosso abastecimento", insiste, defendendo que os animais domésticos "têm de ter cabimento nas nossas cidades, vilas e aldeias".
E não interessa se são "cavalos, ovelhas, galinhas ou porcos". Nem tão-pouco se atravessam aldeias, estradas ou cidades. "Os animais dão vida, porque uma terra que tenha animais, tem pastoreio, tem casas habitadas, tem escolas e futuro. Hoje só vemos velhos nas aldeias, escolas fechadas e os caminhos por onde o gado passa totalmente destruídos. Estamos a criar um deserto para viabilizar a monocultura industrial do eucalipto e do pinheiro", lamenta.
Para Ribeiro Telles, não é por acaso que as universidades americanas há muito que debatem o problema da agricultura urbana, que começou a disseminar-se por toda a parte. "É triste, mas nós não conhecemos nada desta realidade. Há quem defenda que a cidade e Lisboa não comporta vegetação e agora até há o perigo de aparecerem as casas ecológicas com telhados cobertos de plantas para haver mais espaço para construção em massa", diz o especialista.
O arquitecto admite que o debate em Portugal sobre a recuperação do pastoreio nas cidades "está mais do que feito". Porém, dá um exemplo de como todos os argumentos têm caído em saco roto: "Quando se quer promover uma parcela de terreno, põe-se uma menina bonita ao lado", refere, lamentando que ninguém invista num outdoor com os utilizadores da paisagem, que seriam os pastores. Chegámos ao cúmulo de ver placas à beira da estrada afixadas nas melhores várzeas do país", aponta.»
14/09/2009
A "Nova" Quinta da Granja
A notícia já corria há algum tempo, mas ainda eram muitos os habitantes que duvidavam da mesma!...
Afinal, as obras na Quinta da Granja começaram mesmo (os primeiros tapumes apareceram logo depois da repavimentação da estrada na Av. do Colégio Militar e, desde então, o processo tem sido célere), para dar origem ao Parque Urbano da Quinta da Granja.


Fotografias disponíveis em Câmara Municipal de Lisboa
Nos terrenos da Quinta da Granja de Baixo, propriedade municipal, vai nascer, até ao final de 2009, um Parque Urbano destinado ao lazer e às práticas de ar livre, dotado de uma ampla área verde e mobiliário urbano adequado. Deste Parque partirá um corredor pedo-velocipédico, que atravessará uma zona de hortas no fundo do vale (que serão mantidas e requalificadas), permitindo a peões e ciclistas a ligação a outros espaços verdes do Parque Periférico, nas zonas de Carnide e do Lumiar.
Como em tudo na vida, já existem alguns moradores descontentes com o facto de os montes que ali "nasceram" (ver fotos nº 5 e 6) irem permanecer mesmo assim (altos e junto aos prédios), invocando que quem estiver em cima deles conseguirá ver tudo para dentro das suas casas (no 1º andar).
Mas, sinceramente, perante a hipótese de ter ali mesmo à porta de casa um espaço verde, há coisas às quais nem se devia ligar (só mesmo nós, portuguesinhos, nos lembramos de ir espreitar para as janelas dos outros, quando na Holanda e noutros países europeus nem sequer usam cortinas e é ver o tamanho das suas amplas janelas)!
De saudar, também, a iniciativa que, contra ventos e marés, continua a ser mantida na Quinta da Granja de Cima pela família Canas da Silva.
** Texto publicado originalmente no blog "Retalhos de Bem-Fica"
06/04/2008
Parque Urbano da Quinta da Granja concluído em 2009
"Vamos lançar o concurso para um parque urbano, em Benfica, em frente ao Colombo, na chamada Quinta da Granja de Baixo. Não será só um parque urbano, mas aproveitará as hortas que existem e que têm apenas de ser relativamente ordenadas", disse o vereador do Ambiente e Espaços Verdes, Sá Fernandes, que hoje apresentou o projecto com o presidente da câmara, António Costa (PS). O parque deverá estar concluído em Junho de 2009, "na pior das hipóteses", segundo o eleito do Bloco de Esquerda, depois da realização do concurso e da obra, que demorará cerca de seis meses.
O parque, que vem suprir uma lacuna de espaços verdes na zona de Benfica, uma das mais populosas da cidade, terá uma área destinada à prática desportiva e integrará as hortas já existentes, que sofrerão uma "intervenção minimalista" de ordenamento e instalação de pequenas infra-estruturas para guardar utensílios. O objectivo é que este parque urbano, que deverá custar mais de 400 mil euros e terá numa primeira fase três hectares, venha a fazer a ligação entre o parque florestal de Monsanto e o parque de Carnide, através de pistas pedonais e cicláveis.
"Vamos ligar tudo isto para que as pessoas sintam que este corredor verde é irreversível. Em Junho de 2009 as pessoas vão perceber que existe uma estrutura verde da cidade e que o futuro PDM [Plano Director Municipal] vai ter isso tudo delimitado e que as medidas preventivas que estamos a estudar vão nesse sentido", sustentou Sá Fernandes.
O presidente da câmara referiu que esta "operação de ligação é um passo essencial para uma nova estrutura verde da cidade mais vivida e qualificada". E acrescentou: "É um desafio que supera largamente este mandato." Lusa
O pelouro dos Espaços Verdes está igualmente a negociar protocolos com instituições e privados que têm espaços verdes e património, para o estabelecimento de uma rota que se junte aos já existentes percursos das "árvores classificadas" e das "águas do antigamente", de travessia do Aqueduto das Águas Livres. O Seminário da Luz, que possui um jardim romântico do séc. XVII, e a Quinta da Granja já podem ser visitados nos últimos sábados do mês. Em negociação estão ainda protocolos com os proprietários da chamada Quinta do Alemão, na Bela Vista, e com a parte privada da Quinta de Bem Saúde, à Estrada da Luz.