Carrinhos de choque põem Abraço furiosa com Sá Fernandes-PUBLICO-02.12.2008, Ana Henriques
Minifeira popular no Campo das Cebolas não teve ontem electricidade para poder entrar em funcionamento, mas problema deve ser solucionado hoje
A montagem de uma feira com carrinhos de choque e barracas de pão com chouriço no Campo das Cebolas pôs a associação Abraço furiosa com o vereador da Câmara de Lisboa José Sá Fernandes. Ontem, ao final do dia, a presidente da associação de luta contra a sida, Margarida Martins, chegou a proferir ameaças físicas contra o autarca, que acusava de impedir a feira de angariação de fundos, enquanto este dizia que se recusava a ceder a chantagens.
Montadas entre os espaços livres do autêntico parque de estacionamento ao ar livre em que se transformou o Campo das Cebolas, as barracas e diversões da feira deviam ter aberto ontem ao público, dia mundial da luta contra a sida. O "evento", ou "abraço divertido", como lhe chama Margarida Martins, tem características semelhantes ao arraial que ali se faz por altura dos santos populares. Acontece que os serviços municipais entenderam que uma das diversões, uma pista de carrinhos de choque, ficava demasiado próxima da faixa de rodagem, razão pela qual não a autorizou. "Com os ajuntamentos que se costumam criar nestes locais, era perigoso, especialmente para as crianças", explica Sá Fernandes.
Na sexta-feira, quando estava a ser ultimada a instalação eléctrica da feira, apareceram fiscais camarários no Campo das Cebolas: "Tinham ordens para não deixar acabar de ligar a luz e para mandar retirar os carrinhos de choque", descreve Margarida Martins, acrescentando que, por esta altura, já a associação que dirige havia pago todas as taxas camarárias necessárias à realização da feira e já a pista de carrinhos de choque tinha, juntamente com as restantes diversões, recebido luz verde de outros fiscais camarários. "A polícia municipal foi chamada para proteger os fiscais de eventuais agressões nossas. Acho triste termos sido tratados como um bando de criminosos", observa.
"Não dei ordens nenhumas para não ligarem a luz", afiança Sá Fernandes. "Mas aquelas coisas [barracas e diversões] estão todas ligadas umas às outras..." O autarca diz que ainda tentou ontem que o problema fosse resolvido, mas que a EDP não arranjou ninguém para o fazer, devido ao facto de ser feriado.
Promete, no entanto, que hoje já haverá luz na feira do Campo das Cebolas, que se deverá prolongar até 15 de Janeiro. Carrinhos de choque é que não: "Era perigosíssimo. Não podemos ser chantageados pelo facto de a Abraço, pela qual até tenho simpatia, fazer um bom trabalho. Quando não autorizámos os carrinhos, começaram a ameaçar-nos de que iam queixar-se à comunicação social".
Instalar os carrinhos de choque e as barracas nos relvados defronte da Torre de Belém era outra proposta da Abraço que entrentanto ficou pelo caminho, dado a autarquia ter entendido não se tratar do local mais próprio para uma feira deste género, conta Sá Fernandes. "No Campo das Cebolas também não ficou uma coisa propriamente muito bonita", opina. Apesar do mau tempo, a feira esteve ainda para ser montada à beira-rio, entre o Terreiro do Paço e o Cais do Sodré - mas a administração portuária não deu autorização.
3 comentários:
E as tristíssimas animações na Praça do Comércio, aos Domingos, que acha delas o Zé que faz fretes?
Além de inacreditáveis iniciativas, e ter de passar-se por ruas estreitas de piso que envergonharia qualquer executivo camarário com vergonha na cara, espanta-me a quantidade de polícias deslocados para aquela inutilidade (e que patentemente fazem falta em outros pontos da cidade).
Pois eu acho que os carrinhos-de-choque deviam ficar em permanência defronte da Casa dos Bicos, atendendo designadamente ao destino que lhe vai ser dado.
Foi tudo o jogo político. Afinal, Margarida Martins foi publicamente contra a eleição do António Costa à CML... jogo de interesses, jogo de interesses... entretanto, a CML aprovou outra feira, exactamente o mesmo projecto, em Alcântara, para outra Associção. Não descrendo os objectivos da outra Assoc, mas...
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