24/12/2008


Paulo Mendes da Rocha disposto a "avaliar a situação" do silo do Museu dos Coches -PUBLICO - 24.12.2008, Alexandra Prado Coelho e Vera Monteiro

Arquitecto brasileiro responsável pelo projecto do museu quer estudar com a câmara uma solução para resolver o estacionamento em toda a área de Belém

O arquitecto brasileiro Paulo Mendes da Rocha, autor do projecto para o novo Museu dos Coches, em Lisboa, considera que a proposta que fez, que inclui um silo automóvel na frente ribeirinha, é "o projecto ideal". No entanto, depois de, na segunda-feira, a Câmara Municipal de Lisboa ter rejeitado o silo, Mendes da Rocha diz-se disposto a "avaliar a situação para ver se vale a pena [alterar]".
O ministro da Economia, Manuel Pinho, dissera na véspera que já falara com o arquitecto e que este não teria qualquer problema em reformular o projecto. Ao telefone com o PÚBLICO a partir de São Paulo, Mendes da Rocha clarifica a sua posição: "Eu não disse que estava disposto a alterar, disse que estava disponível para ver se é possível uma variante" para o problema do estacionamento na zona. Assim, admite "examinar as consequências, e depois dar uma resposta".
"Só faz sentido repensar o estacionamento se houver um estudo integrado com a câmara para toda a área de Belém", sublinha o parceiro português de Mendes da Rocha neste projecto, o arquitecto Ricardo Bak Gordon.
O silo proposto, de 23 metros de altura e capacidade para cerca de 400 carros, ligado ao museu por uma passagem aérea sobre a linha do comboio, era, nas palavras de Mendes da Rocha, "uma solução mais abrangente do que simplesmente um estacionamento do museu". Ou seja, foi pensado não apenas como um apoio aos Coches, mas como parte da solução para o estacionamento em Belém.
Questionado sobre se a questão do silo vai atrasar mais o início das obras, Bak Gordon diz esperar que isso não aconteça, porque a construção do silo "é uma operação paralela". Mas, avisa, "é uma decisão que tem que ser tomada atempadamente", pelo que "é urgente sentarmo-nos com a câmara e começarmos a estudar em conjunto".

Arqueologia à espera
As obras do novo Museu dos Coches deveriam ter começado em Setembro. Foram adiadas para Outubro, Novembro e depois para Dezembro, e ainda não têm início previsto. O problema principal, neste momento, relaciona-se com o ex-Instituto Português de Arqueologia, actual Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar), que está nas antigas Oficinas Gerais de Material do Exército, local do novo museu. O Igespar soube que vai ter de sair no início do próximo ano. Mas o Ministério da Cultura (MC), que o tutela, ainda não sabe para onde.
"Desde o princípio do ano que sabíamos que tínhamos de sair daqui e perguntámos quando", diz Ana Cristina Araújo, arqueóloga do Igespar. O "Ministério da Cultura sempre disse não estar preocupado e que quem ia resolver o problema seria o Ministério da Economia [ME]", uma vez que o projecto havia sido apresentado por este.
Mas nem o ME sabe quando vão começar as obras nem o MC sabe para onde irá o espólio, apesar de a Cordoaria ser uma hipótese. Contactado pelo PÚBLICO, o Ministério da Cultura garante apenas que "vai ser tudo feito com tempo".
"Fala-se" na Cordoaria Nacional, diz Ana Cristina. Mas o que neste momento preocupa os arqueólogos é o tempo que irão ter para mudar tudo. E "tudo" não é coisa pouca. Só a biblioteca, "a maior biblioteca arqueológica a nível nacional", tem 50 mil volumes.
23

metros é a altura prevista do silo automóvel junto ao Tejo, uma das três estruturas do projecto do arquitecto brasileiro

10 comentários:

FJorge disse...

E ninguém parece ter ainda reparado que para se construir o silo seria necessário abater mais de 50 árvores adultas! E também parece que se esqueceram que já há 3 parques de estacionamento subterrâneo nas imediações: um na Rua da Junqueira/Cordoaria, um junto ao rio(APL) e outro na praça da antiga FIL. E estão previstos mais.

Anónimo disse...

É preciso ter uma grande lata! não disse que ia alterar? mas quem é ele? quem manda em Lisboa ainda são os Lisboetas, muitas vezes mal, talvez, mas não é um Brasileiro que vem aqui e faz o que quer!

Julio Amorim disse...

Sá gostaria de saber (no campo cultural)...quantos buracos há para tapar em vez de construir um novo museu. Continuamos a ser governados por incompetentes absolutos.

Anónimo disse...

Não será possivel construir um parque de estacionamento subterrâneo em frente aos Jerónimos ou ao Palácio de Belém? Ficavam discretos...

Lesma Morta disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lesma Morta disse...

Dentro ! Acho que com a politica patrimonial que temos, dentro ficava mais a condizer.

Anónimo disse...

Sim senhor que belas prioridades estas!

Anónimo disse...

A possibilidade fazer estacionamentos subterrâneos em frente aos Jerónimos ou ao Palácio de Belém não seria viável, uma vez que toda essa área é de aterro e não tem sustentação para tamanhas estruturas (incluindo a do mamarracho a que chamam novo museu dos coches)...

Yzark

Anónimo disse...

Será que esta tropa já não ganha juizo para deixar ficar o museu dos coches onde está???
É bem melhor perder o dinheiro que já deram ao brazileiro, que ir gastar a fortuna que se vai gastar para retirar o carácter a esta zona. Ainda têm muito espaço livre em Lisboa para fazer novos empreendimentos, sem interferir desta forma com o património. Aqui nem é preciso o parqueamento, nem o novo museu.
DEIXEM FICAR O MUSEU DOS COCHES ONDE ESTÁ.

Anónimo disse...

O edificio é muito bonito e rasga a escala do bairro contrapondo com edificios como o CCB, o Jeronimos e Belem.
Impoem se a demolição daquelas casinhas na rua de pedrouços para o museu ficar bem isolado de forma a ser visto de todos os lados.
Sugeria também que se fissese no piso de cima um museu do automovel em vez de estar longe, no caramulo, vinha para Lisboa museu do movimentos, porque coches é espanhol.