António Costa quer saber se Ferreira Leite subscreve posições de Santana sobre aeroporto e terceira travessia

In Público (7/5/2009)
Ana Henriques

«Vereador do Urbanismo planeia megacentro de congressos e jardim para a Praça de Espanha. Assembleia municipal está a asfixiar câmara, diz Costa


O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, desafiou ontem a líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, a dizer o que pensa da terceira travessia do Tejo e de Lisboa poder ficar sem um aeroporto, quando este for inaugurado em Alcochete.
O autarca reagia assim às críticas da vereadora social-democrata Margarida Saavedra ao facto de ele não contestar decisões do Governo, no seu entender prejudiciais a Lisboa, como a componente rodoviária da terceira travessia, que permitirá a entrada de mais carros na cidade, e a transferência do aeroporto para a margem Sul. "São questões que voltarão a ser equacionadas, se o PSD ganhar as eleições", advertiu a vereadora.
"Ainda não vi o PSD subscrever essas posições a nível nacional", respondeu António Costa. "Aguardo que Manuela Ferreira Leite diga o que pensa destes assuntos". De facto, a líder do PSD começou por criticar os elevados gastos que estas obras vão implicar, mas mais recentemente disse aceitar a construção do aeroporto em Alcochete. Já o seu candidato à Câmara de Lisboa, Santana Lopes, quer a nova ponte só com comboio e Lisboa com aeroporto, ainda que só para voos de pequeno e médio curso.
"Se o PSD for Governo, a terceira travessia será apenas ferroviária, e não rodoviária? Era interessante saber", observou o presidente da câmara. Para António Costa, a possibilidade de reservar o aeroporto de Lisboa só para jactos privados não convence: "Não quero um aeroporto 'queque' a concorrer com o aeródromo de Tires." O autarca defende a saída da infra-estrutura aeroportuária da cidade por razões ambientais e a transformação de parte dos terrenos numa zona verde.
Ontem também, o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, anunciou o desejo da câmara de que surja na Praça de Espanha um megacentro de congressos com capacidade para oito mil pessoas. A ideia seria usar os terrenos do Instituto Português de Oncologia, que vai ser transferido para o Parque da Bela Vista, em Chelas. Porquê um equipamento destas dimensões? "Para que Lisboa suba no ranking do turismo de congressos", respondeu o vereador, sem adiantar quem promoverá a obra e quem irá gerir o centro. As negociações com o Governo, que é proprietário dos terrenos, ainda nem começaram.
Os planos dos socialistas que governam a câmara passam ainda por tornar a Praça de Espanha um local mais aprazível, com uma área verde maior e acessível aos peões - o que implica reformular o esquema de circulação automóvel. Salgado diz que será possível criar um jardim do tamanho do da Estrela, até porque está prevista a transferência do terminal de autocarros que ali existe para Sete Rios.
A câmara aprovou ainda um voto de pesar pela morte de Vasco Granja que foi criticado pelo grupo de Carmona Rodrigues, por fazer referência à sua filiação política no PCP. »