18/10/2012

Há Festa no Chiado, com exposições, música e visitas guiadas, até sábado.




Há Festa no Chiado, com exposições, música e visitas guiadas, até sábado
Por Liliana Pascoal Borges in Público.
 Ir ao Chiado era, e ainda é, para ver e ser visto. Espaço de intelectuais no início do século XX, continua uma referência lisboeta

Astuto, de ladino e malicioso. Esta era a descrição dada a Gaspar Dias, um taberneiro do século XVI a quem os clientes apelidavam de Chiado. Cinco séculos após a alcunha do taberneiro se ter estabelecido nesta zona de Lisboa, decorre até sábado a 16.ª edição da Festa no Chiado, uma iniciativa de animação cultural promovida pelo Centro Nacional de Cultura.
"Vou ali à taberna do Chiado" depressa se abreviou para "vou ao Chiado". A taberna ficava entre a Rua Ivens, antiga Cordoaria Velha, e as Casas do Espírito Santo (Armazéns do Chiado). Helena Roldão, funcionária da Hemeroteca Municipal, e responsável pela visita guiada "O Chiado de Herculano", começa por dizer que "o Chiado era Lisboa", mas emenda logo a seguir: "O Chiado era Portugal." A correcção encontra justificação na obra Olisipo, datada de 1961, exposta na Hemeroteca, na mostra O Chiado Há Cem Anos, onde se descrevem os espaços da zona com características próprias e para lá da sua função: o café Chiado como o Governo, o café A Brasileira como o Parlamento, a livraria Bertrand como Academia e a Igreja dos Mártires como a Catedral.
Palco de manifestações políticas e comemorações, o Chiado vivia também de iniciativas artísticas e literárias. Mas não só. Era ali que se encontravam as novidades da moda. Segundo um livro da época, "as pessoas despiam-se para ir ao Chiado". O arrojo nas vestes mais curtas manteve-se associado ao movimentado centro cosmopolita. "Se nos abstrairmos dos carros e de eixos modernos, pouco mudou a nível arquitectónico", atenta Helena Roldão.
É o Chiado do século XIX que se cruza com a modernidade que o programa promove. O Bairro Alto Hotel abre portas, das 9h às 23h, a uma exposição de pintura e a Hemeroteca, na Rua São Pedro de Alcântara, exibe, das 10h às 19h, a obra gráfica de Bernardo Marques. Hoje e sábado, às 15h, há visitas guiadas às ruínas e ao museu arqueológico do Carmo. No Centro Nacional de Cultura, na sexta, às 16h, tem lugar um workshop de arte ebru, técnica turca de pintura sobre a água. Uma visita guiada ao Bairro Alto tem ponto de encontro na Hemeroteca (14h30). O Grémio Literário tem visitas com guia às 18h. No sábado, estão programados concertos de música portuguesa na Rua do Loreto (15h), no Largo Camões (16h) e no metro da Baixa-Chiado (18h).

1 comentário:

Fernando Gonçalves disse...

Gostei da sua noticia e venho fazer um comentario não em tom de critica mas para acrescentar um ponto que julgo que a maioria das pessoas ainda não se debruçou sobre ele, é sobre o chiado, (reparou que escrevi com letra pequena)este chiado de que gostamos deriva de fato da alcunha do vinhateiro Gaspar Dias mas a razão da propria alcunha é que falta explicar. Desde o Rossio até á entrada da rua Nova de Sta Catarina existia uma ladeira (hoje rua do Carmo) e ali o esforço dos animais que puxavam os carros faziam uma chiadeira tal que o sitio ficou a ser conhecido como o chiado (tempo do verbo chiar), só mais tarde e depois de alcunhar até o vinhateiro, passou a nome proprio (Chiado).E já agora, depois da morte de Gaspar Dias a sua esposa tomou tambem alcunha de Chiada que ao que parece depois de se enamorar com um famoso e assiduo cliente, um ex-frade de nome Antonio Ribeiro, poeta, lhe veio a dar alcunha tambem. Antonio Ribeiro, o poeta Chiado que tem honras de estatua junto á Brasileira e dis-se erradamente que foi ele que deu o nome ao Chiado. Espero que tenha gostado de saber.
Fernando Gonçalves