PISAL? SOS AZULEJO? Não se pode deixar de criticar as "lágrimas de crocodilo" da Câmara Municipal de Lisboa nesta
matéria.
Todos os anos assistimos a exemplos de destruição de património azulejar por
iniciativa, consciente, do município - em particular do Pelouro do Urbanismo que
tem aprovado a demolição integral de imóveis totalmente revestidos a azulejo.
A área urbana da Estefânia, e o Bairro de Campo de Ourique têm sido grandes
vítimas desta política de demolição de prédios de fachada de azulejo. Neste
último bairro a CML aprovou em 2010 a demolição integral de dois prédios com
belíssimas fachadas de azulejo em bom estado de conservação na Rua Almeida e
Sousa, nº 5 ("Fábrica Viúva Lamego"), e nº 7 ("Fábrica Roseira"). No lugar destes 2 prédios, e após bem sucedidos pedidos de emparcelamento e de demolição, já está em construção um edifício novo.
O que foi feito aos azulejos que revestiam integralmente as fachadas destes dois
imóveis pioneiros de Campo de Ourique? Como é possível em 2011 andarmos a demolir este tipo de património tão intimamente associado à identidade cultural de Lisboa? É um erro estratégico para além de ir contra as mais recentes ideias de urbanismo sustentável (o edifício mais "verde" é aquele que já está construído!).
Recentemente a CML já não parece exigir sequer a manutenção de fachadas de azulejo nos
edifícios que tenham a "infelicidade" de estar fora dos "clássicos" bairros históricos da
cidade. Ou seja, Avenidas Novas, Campo de Ourique, Estefânia, etc., estão entregues à especulação imobilária, à ignorância de patos-bravos. Os diferentes departamentos da CML não parecem trabalhar de
forma genuína e coordenada na salvaguarda do azulejo. Enquanto um pelouro defende o
azulejo o outro promove a destruição.
Outra questão grave é a aparente incapacidade do Pelouro da Cultura em classificar como de "valor municipal" imóveis isolados ou
conjuntos, com fachada de azulejo. Apesar dos pedidos, desconheçemos qualquer
processo bem sucedido de classificação de fachadas de azulejo.
Na verdade ainda há muito preconceito face ao valor cultural do azulejo - em particular entre
muitas elites do nosso país (políticas, culturais, etc).
Para qualquer cidadão mais atento e informado, tudo
isto só pode despertar grande indignação.
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