29/10/2012

AZULEJO: As lágrimas de crocodilo da CML




PISAL? SOS AZULEJO? Não se pode deixar de criticar as "lágrimas de crocodilo" da Câmara Municipal de Lisboa nesta matéria.

Todos os anos assistimos a exemplos de destruição de património azulejar por iniciativa, consciente, do município - em particular do Pelouro do Urbanismo que tem aprovado a demolição integral de imóveis totalmente revestidos a azulejo.

A área urbana da Estefânia, e o Bairro de Campo de Ourique têm sido grandes vítimas desta política de demolição de prédios de fachada de azulejo. Neste último bairro a CML aprovou em 2010 a demolição integral de dois prédios com belíssimas fachadas de azulejo em bom estado de conservação na Rua Almeida e Sousa, nº 5 ("Fábrica Viúva Lamego"), e nº 7 ("Fábrica Roseira"). No lugar destes 2 prédios, e após bem sucedidos  pedidos de emparcelamento e de demolição, já está em construção um edifício novo. O que foi feito aos azulejos que revestiam integralmente as fachadas destes dois imóveis pioneiros de Campo de Ourique? Como é possível em 2011 andarmos a demolir este tipo de património tão intimamente associado à identidade cultural de Lisboa? É um erro estratégico para além de ir contra as mais recentes ideias de urbanismo sustentável (o edifício mais "verde" é aquele que já está construído!).

Recentemente a CML já não parece exigir sequer a manutenção de fachadas de azulejo nos edifícios que tenham a "infelicidade" de estar fora dos "clássicos" bairros históricos da cidade. Ou seja, Avenidas Novas, Campo de Ourique, Estefânia, etc., estão entregues à especulação imobilária, à ignorância de patos-bravos. Os diferentes departamentos da CML não parecem trabalhar de forma genuína e coordenada na salvaguarda do azulejo. Enquanto um pelouro defende o azulejo o outro promove a destruição.

Outra questão grave é a aparente incapacidade do Pelouro da Cultura em classificar como de "valor municipal" imóveis isolados ou conjuntos, com fachada de azulejo. Apesar dos pedidos, desconheçemos qualquer processo bem sucedido de classificação de fachadas de azulejo. 

Na verdade ainda há muito preconceito face ao valor cultural do azulejo - em particular entre muitas elites do nosso país (políticas, culturais, etc).

Para qualquer cidadão mais atento e informado, tudo isto só pode despertar grande indignação.

Sem comentários: