Planos para Arco do Cego não deixam moradores felizes
Por Ana Henriques in Público
Em vez da extensão do Instituto Superior Técnico habitantes preferiam espaço cultural aberto à população
Gostavam de ter um espaço cultural aberto à população, mas o que está previsto são sobretudo salas de estudo para universitários. A Associação de Moradores das Avenidas Novas de Lisboa não vê com bons olhos a cedência, pela Câmara de Lisboa, da antiga garagem da Carris no Arco do Cego ao Instituto Superior Técnico, para fins académicos.
A autarquia chegou a anunciar para aqui um museu de transportes no final de 2004, com salão de chá e livraria. Porém, o que se mantém no recinto há vários anos é um estacionamento automóvel. "Estamos perplexos. Como vai o Instituto Superior Técnico pagar as obras necessárias à reconversão da antiga gare em salas de estudo, quando pondera encerrar alguns dos seus serviços devido aos graves problemas financeiros com que se debate", interroga o presidente da associação de moradores, José Soares. "O que gostávamos de ali ver era um espaço ajardinado" semelhante ao que existe em redor da garagem, "ou um espaço cultural aberto à população".
"Esperemos que o Instituto Superior Técnico não tenha, de facto, dinheiro para avançar com a obra e que entretanto seja eleito um novo executivo camarário", diz ainda o dirigente associativo, que também não vê com bons olhos a anunciada construção, no subsolo, de um estacionamento subterrâneo de quatro andares: "Impedirá que o jardim do Arco do Cego se transforme num espaço frondoso, com árvores e sombras." Os moradores lançaram uma campanha destinada a lutar pela reabilitação do jardim, que dizem estar a ser alvo de poluição orgânica - por via dos dejectos caninos, por exemplo - e inorgânica. Parte da degradação do espaço verde tem origem nos estudantes do Técnico que para ali vão consumir álcool, deixando no jardim copos e garrafas partidas, acusa a associação.
Já os dirigentes da instituição de ensino superior garantem que quando a gare da Carris for reconvertida será aberta não apenas aos estudantes mas ao resto da população, porque incluirá pólos museológicos de mineralogia e geologia que por enquanto funcionam dentro do Técnico. "Vamos valorizar o jardim e esta área da cidade", promete um dirigente da escola, Vítor Leitão, admitindo, contudo, que a obra não ficará pronta senão "dentro de três ou quatro anos".
"Vamos abrir o recinto à comunidade. Não teremos apenas salas de estudo, mas também espaços para trabalhos criativos. Como não sofreu obras e é antiga, a estrutura da antiga gare está a degradar-se", revela o mesmo responsável. Quanto às dificuldades financeiras, "ninguém espera que durem para sempre". Num dos topos da garagem industrial será instalado um posto dos bombeiros.
Parte da garagem encontra-se no perímetro de protecção patrimonial da Casa da Moeda, situada nas imediações.
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