26/10/2012

Planos para Arco do Cego não deixam moradores felizes.



Planos para Arco do Cego não deixam moradores felizes
Por Ana Henriques in Público
Em vez da extensão do Instituto Superior Técnico habitantes preferiam espaço cultural aberto à população
Gostavam de ter um espaço cultural aberto à população, mas o que está previsto são sobretudo salas de estudo para universitários. A Associação de Moradores das Avenidas Novas de Lisboa não vê com bons olhos a cedência, pela Câmara de Lisboa, da antiga garagem da Carris no Arco do Cego ao Instituto Superior Técnico, para fins académicos.
A autarquia chegou a anunciar para aqui um museu de transportes no final de 2004, com salão de chá e livraria. Porém, o que se mantém no recinto há vários anos é um estacionamento automóvel. "Estamos perplexos. Como vai o Instituto Superior Técnico pagar as obras necessárias à reconversão da antiga gare em salas de estudo, quando pondera encerrar alguns dos seus serviços devido aos graves problemas financeiros com que se debate", interroga o presidente da associação de moradores, José Soares. "O que gostávamos de ali ver era um espaço ajardinado" semelhante ao que existe em redor da garagem, "ou um espaço cultural aberto à população".
"Esperemos que o Instituto Superior Técnico não tenha, de facto, dinheiro para avançar com a obra e que entretanto seja eleito um novo executivo camarário", diz ainda o dirigente associativo, que também não vê com bons olhos a anunciada construção, no subsolo, de um estacionamento subterrâneo de quatro andares: "Impedirá que o jardim do Arco do Cego se transforme num espaço frondoso, com árvores e sombras." Os moradores lançaram uma campanha destinada a lutar pela reabilitação do jardim, que dizem estar a ser alvo de poluição orgânica - por via dos dejectos caninos, por exemplo - e inorgânica. Parte da degradação do espaço verde tem origem nos estudantes do Técnico que para ali vão consumir álcool, deixando no jardim copos e garrafas partidas, acusa a associação.
Já os dirigentes da instituição de ensino superior garantem que quando a gare da Carris for reconvertida será aberta não apenas aos estudantes mas ao resto da população, porque incluirá pólos museológicos de mineralogia e geologia que por enquanto funcionam dentro do Técnico. "Vamos valorizar o jardim e esta área da cidade", promete um dirigente da escola, Vítor Leitão, admitindo, contudo, que a obra não ficará pronta senão "dentro de três ou quatro anos".
"Vamos abrir o recinto à comunidade. Não teremos apenas salas de estudo, mas também espaços para trabalhos criativos. Como não sofreu obras e é antiga, a estrutura da antiga gare está a degradar-se", revela o mesmo responsável. Quanto às dificuldades financeiras, "ninguém espera que durem para sempre". Num dos topos da garagem industrial será instalado um posto dos bombeiros.
Parte da garagem encontra-se no perímetro de protecção patrimonial da Casa da Moeda, situada nas imediações.

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