04/05/2018

Obras na Sé ao abrigo do Programa Portugal 20/20 - pedido de esclarecimentos à CCDR


Exmo. Senhor Presidente da CCDR-LVT
Dr. João Manuel Pereira Teixeira


CC. Gab. Ministro Planeamento e Infraestruturas, DGPC, Patriarcado de Lisboa, PCML, AML e media

Serve o presente para questionar os V/Serviços sobre a oportunidade da aprovação pelo Programa Operacional da Região de Lisboa, no âmbito do “Portugal 20/20”, da candidatura refª Lisboa-04-2114-FEDER-000003, designada por “Recuperação e Valorização da Sé Patriarcal de Lisboa”, cujo promotor é a Direcção-Geral do Património Cultural, e que apresenta como propósito “Preservar e proteger o ambiente e promover a eficiência energética” e “A conservação, protecção, promoção e o desenvolvimento do património natural e cultural”.

Com efeito, ao aprovarem esta candidatura e ao atribuírem uma comparticipação a fundo perdido à DGPC e ao Patriarcado na ordem dos € 2M, esses Serviços não aprovaram, como terão julgado, a boa prossecução dos objectivos virtuosos referidos no parágrafo anterior, aprovaram sim:

1.A adjudicação de um projecto de arquitectura, aparentemente, sem a realização de efectivo concurso público – que se saiba, não houve nenhum anúncio público ao mesmo, desconhecem-se projectos alternativos ou outros concorrentes para lá do anunciado vencedor (arq. Adalberto Dias), e muito menos existiu qualquer escrutínio sobre a composição do júri ou sobre os motivos da escolha do projecto referido.

2.Uma obra altamente impactante, desde logo porque perigosa para os contrafortes da cabeceira da própria Sé, e que implicará:

* A abertura de vãos (porta) no recinto amuralhado da Sé de Lisboa na Rua das Cruzes da Sé, i.e., violando o todo da Sé, conjunto classificado de Monumento Nacional.
* A introdução de um bloco gigantesco de betão para acolher o museu subterrâneo, sem, aparentemente, a existência de qualquer relatório do LNEC a sustentá-lo, o que nos parece muito grave dada a localização e dimensão da obra.
* A adulteração do interior da Sé com a construção de um elevador interno, de acesso ao museu, e uma torre vertical espelhada a azulejos prateados e dourados, “coroando” a escada vertical de acesso ao núcleo enterrado.
Solicitamos, portanto, o melhor esclarecimento de V. Exas. quanto à oportunidade da V/aprovação à referida candidatura, a qual apesar de ser bem-vinda no que toca à tão aguardada musealização dos vestígios arqueológicos encontrados no claustro da Sé durante as últimas décadas, se revela atentatória ao património nacional, pelas razões atrás expostas, e sem prejuízo de apresentarmos pedido idêntico à Comissão Europeia.

Melhores cumprimentos


Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Júlio Amorim, Ana Celeste Glória, Gonçalo Cornélio da Silva, Eurico de Barros, Jorge D. Lopes, Luís Carvalho e Rêgo, Pedro Formozinho Sanchez, Fernando Silva Grade, Fátima Castanheira, Inês Beleza Barreiros, Alexandra de Carvalho Antunes, Miguel de Sepúlveda Velloso, Maria do Rosário Reiche e Bruno Palma

1 comentário:

Unknown disse...

Os meus pais foram residir nos claustros da Sé em 1950.O meu pai era cicerone da Sé até Janeiro de 1977. Eu e as minhas duas irmãs nascemos nos claustros da Sé e, por isso e não só, tenho o maior dos interesses em denunciar toda e qualquer iniciativa que desvirtue e ponha em causa o traçado inicial e original da Sé de Lisboa. Sinto que a "Cidadania Lx" tem denunciado correctammente os erros das obras a decorrer, num claustro já tão degradado,
que tenho um interesse inegualável para a nossa História!Podem contar comigo para qualquer iniciativa que entendam por necessária. Estive nos claustros há algum tempo e ainda não tinham iniciado as obras.
Os meus cumprimentos.
Jorge Pereira Gonçalves
Telemóvel 962957087
jmpgoncalves57@gmail.com