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12/02/2019

Uau, que digníssimo crime lesa-património à Sé!


Fotos de GCS

11/02/2019

Furem-se as abóbodas do claustro e já!


Adivinha: abobadela, abobadela, quais delas (abóbodas do claustro da Sé de Lisboa), estarão a ser já furadas para passar cabos para iluminação do claustro, no digníssimo projecto do sr. arq. Adalberto? Saberá esta gente o que é integridade física de um MN?

(foto: Lisbonne idée)

06/12/2018

O silêncio do patriarca


Por Miguel Velloso, in Público Online (6.12.2010) «Já todos sabemos que, por cá, as pessoas detentoras de cargos políticos e outros de elevado estatuto, as ditas personalidades de relevo, não se gostam de misturar com a arraia miúda e com os seus problemas.

Vivem em estado de beatitude contínuo e por lá querem ficar, se possível, até ao fim de mandatos, comissões, funções, esperando mais tarde poder receber uma pensão vitalícia. Mas que não se ouse contestar tão grande maná num país mais habituado a ordenados de miséria do que a dinheiro caído do céu. Por que razão destacada lhes é dada tamanha benesse, ninguém descortina, nem imagina.

Altos serviços prestados ao país deve ser a habitual lengalenga com que calarão os invejosos e os tolos que gostariam de saber só um pouco mais. Aos deuses o que é dos deuses, aos mortais trabalho e desejo de uma vida melhor.

Isto já nós sabíamos. Mas que esta maleita, a distância imposta pela prática da indiferença, atingisse o topo da hierarquia diocesana de Lisboa, ninguém poderia imaginar. Em vez de ir ao encontro dos humildes, aplacando-lhes dúvidas, temores e outras minudências, as altas esferas da cúria optaram pelo remanso do silêncio, coisa pouco útil quando rebenta uma onda de espanto em relação às obras nos claustros da Sé Patriarcal de Lisboa. Será esta opção, nada dizer, nada explicar, o rosto visível do velho adágio: “Prega, prega Frei Tomás, faz o que ele diz e não o que ele faz!”?

Claro que as vicissitudes do património não são iguais aos dogmas e outras verdades axiomáticas. Seja como for, a transparência, o debate, o encontro entre opiniões diferentes são, não só de estimular, como de aplaudir.

E são-no na exacta medida em que cada vez mais os lisboetas se vão mobilizando a favor do riquíssimo património histórico da cidade. Para o provar, vejam-se as várias petições em curso contra o mono do Rato, contra os prédios que ameaçarão as vistas do miradouro da Senhora do Monte. Petições a favor de outra localização para o Museu Judaico que não signifique a destruição de um dos mais belos largos de Alfama, contra as operações que, disfarçadas no charme de uma falsa reabilitação, não são mais do que o passaporte para uma descaracterização irreversível de Lisboa. A habitual apatia com que a sociedade se arrastava, tem, felizmente, dado lugar a grupos atentos, activos, capazes de interpelar, discordar, mobilizar, lutar pelo património da cidade, fazendo-o não de uma forma ancorada num passado anquilosado e saudosista mas porque sabem que a facilidade com que o património é destruído em Lisboa é inqualificável. E por isso reagem.

O que está em curso na Sé de Lisboa inscreve-se nessa linha prejudicial à conservação e salvaguarda do património. É o fruto claro de uma escolha arbitrária e é grave por várias razões que já vieram a lume e que me coíbo de mencionar.

A famigerada musealização dos achados arqueológicos do claustro da catedral deve ser feita, decerto, mas não desta forma, profundamente intrusiva num dos mais destacados monumentos nacionais. Tal como tantos já disseram, em Lisboa há uma péssima integração entre o novo e o edificado histórico. Moda que já vem de trás, infelizmente, também aqui e, por maioria de razão, o hábito faz o monge. Se é para intervir que se desfigurem os lugares, que se encomende obra a um nome sonante que se faça aprovar sem grande ruído nos bastidores de uma DGPC que tudo permite e de uma CML que tudo aceita. Ousar impor limites a esse vale-tudo, é uma miragem, uma boa-prática que existe noutros lugares bem longe desta cidade que vai perdendo inexoravelmente o melhor que tinha.

Relembra-se só, que essa operação suscitou algumas e justificadas dúvidas, atempadamente manifestadas por cidadãos individuais e pelo Fórum Cidadania Lx. Por exemplo, o processo de escolha do projectista. Falta de uma verdadeira consulta pública. Tratou-se de ajuste directo entre o encomendante, o Cabido da Sé e o atelier, via Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC? Por que razão não existiram outros projectos? Sendo o autor próximo da directora da DGPC, não acharia conveniente. Sua Eminência, convidar outra equipa que garantisse não se estar perante um eventual conflito de interesses? Houve parecer do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC)? Não houve? Houve concurso público para as diferentes empreitadas? Ou decidiu-se fundir os vários processos num só? Se sim, com que base e por que razão? Em relação ao financiamento, quais foram os critérios de elegibilidade que o cabido da Sé, promotor da obra, terá aventado para aceder a uns milhões dos fundos comunitários?

Da parte do senhor patriarca, nada, nem uma palavra, só uma velha e esmaecida fotografia em que Sua Eminência contempla, embevecido, juntamente com o Secretário de Estado de serviço, Jorge Barreto Xavier, uma maqueta da dita obra que pretende, humildade das humildades, refundar o claustro gótico da Sé. Como se este fosse uma coisa comezinha, recente, enxertável.

Na Internet nada. Divulgação de imagens do digníssimo projecto, nem sombra delas, nem da vontade dos senhores cónegos em lançar uma consulta pública que permitisse à população de Lisboa pronunciar-se sobre as malfeitorias que se preparam para o único e singular claustro gótico da capital.

Não é de espantar que a DGPC na sua agilidade esfíngica tenha dado luz verde à bunkerização do claustro. A paquidérmica entidade já fez outros malabarismos para autorizar o que não resistiria a um confronto isento entre as disposições da Lei de Bases do Património e o que é fruto da infinita criatividade de alguns dos nossos prolíficos arquitectos. A esses desvios para poder estar sempre de bem com Deus e com o diabo, também já estamos todos muito habituados.

Não estávamos, contudo, habituados a que de São Vicente de Fora a reacção ao espanto mais do que justo de inúmeros cidadãos de Lisboa, fosse igual ou pior do que aquela que é tradicional nos habitantes rotativos da Ajuda ou nos palcos políticos e municipais.

As referidas perguntas foram oportunamente enviadas ao Cardeal-Patriarca de Lisboa, o qual e, apesar de vários pedidos de reunião, decidiu manter-se num silêncio ensurdecedor, remetendo tacitamente o cabal esclarecimento destas, decerto deselegantes ousadias, para um encontro com o responsável pelo Cabido da Sé, com o arquitecto e com duas solicitas técnicas-superiores da DGPC.

Aí foi explicado o projecto de arquitectura, mas as dúvidas persistiram. O projecto contempla uma abertura de uma porta na muralha da Sé e uma torre-cubelo de linguagem contemporânea revestida a azulejos espelhados em pleno claustro, verdadeira marca autoral e peça altamente intrusiva e dissonante.

Pois este projecto e o processo que a ele conduziu, parecem não encomodar D. Manuel Clemente que foi Prémio Pessoa, logo homem de cultura e de visão. Uma visão, neste caso, enviesada.

Entretido entre sínodos e outros afazeres, D. Manuel Clemente achou que não tinha de dar satisfações de viva voz a nada e a ninguém. O povo que fale com o Cabido e que não se levantem ondas num mar que, apesar de alterado, o Senhor Patriarca considera de uma mansidão irrepreensível.

É evidente que não se critica D. Manuel Clemente pelo seu magistério à frente da diocese de Lisboa. Esta nota é para ser lida exclusivamente em relação àquilo que está em curso na Sé de Lisboa. Mas estranha-se a semelhança de atitude entre o chefe da Igreja lisboeta e as tantas vezes auto-proclamadas elites nacionais que para não explicarem o inexplicável decidem remeter-se ao silêncio dos indiferentes.

E brindam essa indiferença a todos os que consideram menores, falhos de qualquer interesse, gente comum que ao pretender esclarecimentos recebe em troca um muro de chumbo e de opacidade.

Senhor Patriarca, já diz o povo que quem não deve não teme. Estamos em maré de ditados. Perante um caso de tal gravidade patrimonial e impacto na mais emblemática igreja da cidade, o seu silêncio neste outono é de muito mau agoiro. Para além de não ser nenhuma obra-prima.


Membro do Fórum Cidadania Lx»

13/11/2018

Estropie-se a muralha da Sé a bem da bilheteira!


É a célebre porta, que fura a muralha, mas... who cares? Há eminências que disseram "sim, feche-se os olhos". Pago com dinheiros comunitários. É obra!
(foto de Lurdes Pinheiro)

10/09/2018

Eu é que fiz o claustro da Sé de Lisboa, e mais nada!


In Público (1.9.2018)

«Em Lisboa já não há lugares a salvo das investidas de arquitectos enroupados em linguagem dita contemporânea, logo por definição, progressista, amiga do futuro e de uma cidade que dizem não querer estática, etc. e tal. Qualquer comentário crítico em relação à bondade dessa tese é olhado de lado, menosprezado e tido como um lamentável provincianismo bacoco e ignorante. Quase ninguém ousa ripostar sobre a facciosa e dúbia argumentação que advoga, entre tantas outras singularidades, a ideia de que, se um monumento nacional já foi intervencionado no passado, porque carga de água não o poderá ser continuamente, neste e noutros presentes de outras roupagens?

Haja, por isso, quem reclame: as vicissitudes que determinado bem patrimonial tenha sofrido no decurso da sua história, não podem justificar intervenções que acentuem o divórcio entre a época em que foi edificado e aquela em que nos é dado poder usufruí-lo. E que na cidade devem permanecer zonas a salvo dessas investidas que condenarão irremediavelmente a integridade do sítio, por via da dissonância, que rebaixará desde logo a bitola da valia patrimonial que levou à classificação do bem, bitola sócio-cultural mas também arquitectónica.

Spiritu loci, o ICOMOS redigiria a declaração de Québec em 2008, frisando justamente a necessidade da preservação do espírito do lugar, através da protecção do património material e imaterial como formas inovadoras de se assegurar o desenvolvimento sustentável. Afinal, nada mais moderno e na ordem do dia das preocupações mundiais.

Nada disso preocupou os autores, os promotores ou os decisores das obras em curso no claustro da mais importante igreja de Lisboa, a Sé-Catedral, Monumento Nacional. Que disso não haja a mais pequena dúvida.

Mais uma vez ressalvamos (porque há quem ainda não tenha percebido a diferença) que não estão em causa as justas preocupações em valorizar os achados arqueológicos, acabando com a vergonhosa cobertura de “galinheiro” que ali esteve durante décadas. Rearranjar-se o claustro e dar-se uma nova dignidade aos achados arqueológicos são pontos incontestáveis, e de aplaudir junto a quem de direito.

Já não o são (foram) o projecto escolhido, a forma como o processo foi conduzido e o (agora parece que alegado) financiamento comunitário. Vamos por partes:

1 – O projecto escolhido (cujo autor, o arq. Adalberto Dias, é marido da actual Directora-Geral do Património Cultural) propõe a abertura de uma porta na muralha sul do monumento e a construção de uma torre à altura dos dois pisos do claustro, de risco contemporâneo e revestida a azulejo espelhado, de um tom pardo.

Portanto, iremos ter num claustro gótico, o único existente na cidade, uma torre em linguagem claramente dissonante com o espírito do lugar e com a integridade visual e monumental existente até agora.

Os argumentos expostos para a legitimidade de uma tal intrusão no centro de um dos Monumentos mais emblemáticos do país, é mais do mesmo, “a Sé já foi intervencionada”; “nada do que lá está representa a pureza original da sua construção”; “as intervenções de Augusto Fuschini e de Couto Abreu acrescentaram num pastiche deplorável elementos revivalistas”; "as várias campanhas de obras ao longo dos séculos, afastaram a Sé da sua aparência original."

Em parte é verdade, mas por essa linha de raciocínio seria bom remover-se grande parte da estatuária da Notre-Dame de Paris, colocada no século XIX na grande campanha de restauro e reposição da integridade gótica do edifício, bastante prejudicada pelos excessos revolucionários do século XVIII. Os arquitectos Viollet-le-Duc e Lassus souberam interpretar o que os parisienses quereriam e devolveram à cidade o monumento que é hoje um dos seus símbolos. O mesmo se poderá dizer, por exemplo, da catedral de Viena cujo telhado foi reedificado após os bombardeamentos da 2.ª Guerra Mundial; ou dos nossos Jerónimos… sendo ainda importante não esquecer que essas intervenções no passado, embora executadas segundo o gosto ou estilo da época raramente ou nunca o foram com materiais "dissonantes", bastardos ou alienados ao sítio a que destinavam.

Mas por cá é-se tido como provinciano se se defende a integridade de lugares e monumentos e que estes não podem ser violentados por projectos com “marca de autor” (os quais assim esperam ganhar a eternidade).

Continuamos a defender que ninguém deveria achar-se capaz de refundar o claustro da Sé de Lisboa, um monumento carregado de história. Enganámo-nos. Porque humildade e discrição não parecem ser moeda corrente em certos ateliers, corredores e mentes de alguns decisores. Apesar das convenções e das recomendações da Unesco ao ICOMOS, nada muda. Se é para intervir que se brutalize.

2 – A forma como o processo foi conduzido: da evidente falta de consulta pública - a existência de três artigos numa revista de reduzida divulgação, e uma sessão de apresentação na sede dos arqueólogos não chega para se dizer que houve consulta pública, ou chega? – à selecção da equipa projectista, pois teria sido mais justo e coerente se a equipa escolhida não estivesse tão próxima da DGPC, que o está e que disso também não restem dúvidas.

Aliás, não se chega a perceber se houve concurso público ou ajuste directo, se houve outros interessados em desenvolver o projecto e a obra, vá-se lá saber porquê.

3 – Por fim o financiamento: na obra ostenta-se um cartaz oficial que afiança ter havido financiamento comunitário através do programa Portugal 2020. Mas em resposta a uma nossa pergunta, a DGPC afirmou que não teria dado entrada nenhum pedido/candidatura da entidade promotora, o Cabido da Sé. Em que é que ficamos?

Em jeito de remate, acreditamos no seguinte: por mais importantes que sejam uns achados arqueológicos, estes não devem suplantar a importância da leitura do lugar onde se encontram. Em casos tão sensíveis como este, o argumento da necessidade de salvaguardar os vestígios arqueológicos não pode ser o óbice à implementação de determinado projecto – e projectos há muitos (como chapéus) - e neste caso deveria ser obrigatório escolher-se aquele que fosse capaz de articular esta salvaguarda como o respeito pela envolvente construída. Não se pode aceitar que a arquitectura do presente suplante, na sua arrogância, tudo o resto: as arquitecturas do passado, o espírito do lugar, diríamos mesmo a própria arqueologia, porque perfurar-se a muralha da Sé e enfiar-se num cantinho do claustro com uma escada revestida a azulejos, isso nada tem que ver com a exposição dos vestígios arqueológicos.

O que se projecta, e está em curso, no claustro da Sé de Lisboa, Monumento Nacional, é a nosso ver um atentado ao património, e configura mais dúvidas do que certezas, já para não falarmos no quão esquecidos estão os promotores em relação a “minudências” como, por exemplo, uma magnífica sacristia que ninguém pode visitar, o órgão do Evangelho que não toca há séculos, um dos torreões da fachada que até há poucos anos inspirava os maiores cuidados a nível da estrutura (já teve obras?).

Já Carlos V dizia, referindo-se à construção da catedral de Córdova no meio da maravilhosa mesquita omeíada: “arrasaram o singular, o raro, o que poucos viram, enxertando-lhe o que já todos conhecem e viram”. Estávamos no século XVI.

É pena que os arautos da nossa caseira modernidade, de trivial contemporaneidade, façam tábua rasa do pré-existente e insistam na triste ideia de que nada é imutável. Mas é justamente essa urgência em guardar para as gerações vindouras a integridade do que pode perecer, que nos leva a querer salvaguardar o nosso património no que ele tem de excepcional e singular, no caso, a Sé de Lisboa.

Pelo Fórum Cidadania Lx

Paulo Ferrero, Miguel de Sepúlveda Velloso, Bernardo Ferreira de Carvalho, Pedro Cassiano Neves, Júlio Amorim, Eurico de Barros, Henrique Chaves, Miguel Jorge, Rui Martins, Jorge Santos Silva, Jorge Pinto, Luís Mascarenhas Gaivão, Helena Espvall, José Maria Amador, Pedro Janarra»

24/07/2018

Obras no claustro da Sé de Lisboa - novo pedido de reunião/esclarecimentos ao Cardeal Patriarca


Eminentíssimo Senhor Dom Manuel Clemente, Cardeal-Patriarca de Lisboa


Como será do conhecimento de Vossa Eminência, tivemos ocasião de reunir passado dia 29 de Junho com o Reverendíssimo Senhor Cónego Tito Espinheira e com o sr. arq. Adalberto Dias, autor do projecto de reinterpretação do claustro da nossa Sé Patriarcal.

No entanto, ainda não foi possível estarmos esclarecidos quanto a alguns aspectos do projecto de arquitectura e da própria adjudicação da obra, pelo que solicitamos reunião urgente com Vossa Eminência, no sentido de os esclarecermos em definitivo.

Permita-nos que enumeremos os seguintes pontos:

* Abertura de vão na muralha da Rua das Cruzes, para acesso ao claustro, em detrimento do acesso natural, pela porta já existente do lado Norte.Eminentíssimo Senhor Dom Manuel Clemente, Cardeal-Patriarca de Lisboa.
* Insistência na destruição do cubelo existente para construção de nova escadaria decorada a azulejos espelhados, quando poderia ser perfeitamente coberta em pedra ou, melhor, ser uma escadaria em madeira e ferro (sugestão em anexo).
* Financiamento do projecto desenvolvido e da obra já feita entretanto, uma vez que a DGPC informa não ter tido o mesmo proveniência dos fundos 20/20, mas existir no local um cartaz indicando o contrário.
* Razões para não ter havido concurso público e apenas adjudicação directa do projecto e da obra.
* Insistência na destruição do cubelo existente para construção de nova escadaria decorada a azulejos espelhados, quando poderia ser perfeitamente coberta em pedra ou, melhor, ser uma escadaria em madeira e ferro (sugestão em anexo).
* Financiamento do projecto desenvolvido e da obra já feita entretanto, uma vez que a DGPC informa não ter tido o mesmo proveniência dos fundos 20/20, mas existir no local um cartaz indicando o contrário.
* Razões para não ter havido concurso público e apenas adjudicação directa do projecto e da obra.

Com os melhores e respeitosos cumprimentos


Miguel de Sepúlveda Velloso, Pedro Cassiano Neves, Paulo Ferrero, Júlio Amorim, Bernardo Ferreira de Carvalho

22/07/2018

Lá fora há escadas em madeira e ferro, no claustro da Sé vai ser de pedra e azulejos espelhados :-)


Lá fora fazem-se escadas de acesso às muralhas/claustros assim, em madeira e ferro (castelo Scaligero em Sirmione). No claustro da Sé de Lisboa, o "autor" deita abaixo o cubelo actual porque é do princípio do séc XX e só tem escada de caracol, e porque quer uma escada bem larga à vista, coberta de azulejos e que seja um totem. Enfim.

03/07/2018

Obras claustro Sé de Lisboa - novo mail com pedido de esclarecimentos


Exmo. e Reverendíssimo Senhor Cónego Tito Espinheira
Exmo. Senhor Arq. Adalberto Dias


Cc. Secretariado do Patriarcado de Lisboa, Vigararia Geral, DGPC, PCML, AML e media


Somos a agradecer a reunião havida em São Vicente de Fora na 6ª Feira passada com V. Exas. e com as senhoras arqueólogas que participaram nas escavações no claustro.

Apresentamos os nossos cumprimentos ao sr. arq. Adalberto Dias, autor do projecto de musealização e reinterpretação do claustro da Sé de Lisboa.

Compreendemos os argumentos apresentados em relação à abertura de porta na muralha da Sé, na Rua das Cruzes, designadamente quanto às acessibilidades para portadores de deficiência motora, tendo em conta a candidatura aos fundos do Programa Portugal 20/20. Contudo, face ao ofício da CCDR-LVT/DGPC (em anexo), solicitamos que nos informem sobre qual a origem do financiamento extra-20/20, que permitiu o pagamento do projecto e a empreitada já efectuada, uma vez que nos parece haver uma incongruência entre o ofício da DGPC e o cartaz afixado na porta Norte do claustro onde se especifica que o projecto tem o apoio daquele Programa.

Em relação à demolição do cubelo actual, e sua substituição por "cubelo" contemporâneo, e apesar de reconhecermos a exiguidade da escada em caracol existente no interior do cubelo acrescentado ao claustro da Sé por Augusto Fuschini, em 1902, e, portanto, a vontade do autor do projecto em apreço em querer alargar a escada interior, não podemos concordar com a demolição do cubelo, uma vez que escadas exíguas são bastante comuns em monumentos importantes por essa Europa fora.

Reiteramos a nossa indignação pela decoração "vistosa" que se pretende dar ao novo "cubelo", e voltamos a sugerir o seu revestimento com pedra e não com azulejos vidrados, ainda que a intervenção seja mais dispendiosa, mas está em causa a Sé de Lisboa.

Finalmente, pedimos ao sr. arq. Adalberto Dias que nos confirme se, ao contrário do que as plantas e alçados do projecto apresentam (ver imagem em anexo), o novo “cubelo” não será de facto visível desde a Rua Cruzes da Sé, porque a acontecer o contrário seria de facto gravíssimo.

Com os melhores cumprimentos


Miguel de Sepúlveda Velloso, Pedro Cassiano Neves, Paulo Ferrero, Júlio Amorim, Bernardo Ferreira de Carvalho

29/05/2018

Denuncia, obra CML, junto à Sé de Lisboa

Chegado por e-mail:

«Caros Srs. do Fórum da Cidadania Lx,

Gostaria de expor aqui uma situação que eu acho que não beneficia ninguém e que traz bastante prejuízo a turistas, comerciantes e moradores de Alfama.

Em Junho de 2016 foi iniciada uma obra para instalação de um elevador, que ligaria a rua Cruzes da Sé, ao Campo das Cebolas.
A obra teria um prazo previsto de 1 ano e meio, conforme foi amplamente divulgado e informados comerciantes e moradores.

A obra teve o seu inicio em Julho desse mesmo ano. Durante os 5 meses consequentes, efetivamente houve trabalhos e estiveram a efetuar as necessárias escavações. Depois desses 5 meses a obra parou e nunca mais houve qualquer movimento no estaleiro.

Portanto temos que uma obra parada à um ano e meio, sendo este o aspeto da entrada da rua Cruzes da Sé, que confina com um dos monumentos mais visitados em lisboa, a Sé de Lisboa. Contactada a EMEL (suposta empresa que gere a empreitada), informam-nos que não têm previsão para o reinicio da obra e consequentemente para a finalização desta (em anexo resposta aos emails enviados a questionar quando recomeçaria a obra).

Contatei já a Junta de freguesia para conseguir reunir com o Presidente da Junta de Santa Maria Maior e estou a aguardar que me informem de uma data.

Em anexo fotografias da entrada da rua, a qual pelo andar da carruagem deverá ficar assim mais uns 5 anos. Para além do mau aspeto que provoca visualmente existem uma série de outros inconvenientes, tais como:

1. O aparecimento de ratos nesta zona, entram e saem de dentro do estaleiro da obra constantemente.
2. Mendigos que fazem as suas necessidades nesta zona, por conseguirem esconder-se atrás do estaleiro.
3. Com a degradação dos materiais do estaleiro, durante este Inverno, voaram chapas metálicas que se soltaram.

Vergonha este executivo da Câmara de Lisboa.

Com os melhores cumprimentos,

Ana Beirão»

24/05/2018

Mais um pedido de esclarecimentos ao Cabido e ao Cardeal Patriarca


Ao Cabido da Sé e ao Senhor Cardeal Patriarca


Dadas as obras em curso no claustro da mais importante igreja lisboeta,
Dada a crónica e grave falta de informação em relação ao projecto,
Dado impacto que a musealização dos achados arqueológicos terá no conjunto do único claustro gótica da cidade de Lisboa,
Dadas as dúvidas quanto ao financiamento obtido através do programa UE-2020,

Gostaríamos que o Cabido da Sé e os serviços afectos directamente ao apoio ao Senhor Cardeal, nos respondessem com carácter de urgência e por escrito, às seguintes perguntas:

- Como e em que trâmites foi escolhida a equipa projectista?
- Saberia o Cabido e o Senhor Cardeal que o autor é marido da Directora-Geral do Património e que a escusa que a mesma directora apresentou não põe de lado um eventual conflito de interesses?
- Quais foram os responsáveis pela apresentação da candidatura para obtenção dos fundos comunitários?
- Uma vez que as verbas europeias costumam financiar só 50% dos projectos, podem o Cabido e o Senhor Cardeal dizer de onde vêm os outros 50%?
- Quais foram os critérios de elegibilidade cumpridos?
- Por que razão no título da candidatura se faz referência a beneficiação geral da Sé, quando o que se passa na realidade é uma operação que diz respeito exclusivamente ao Claustro?
- Por que razão nenhuma das nossas perguntas foi respondida nenhum dos pedidos de audiência foi atendido?


Com os melhores cumprimentos,

Miguel de Sepúlveda Velloso, Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Júlio Amorim, Rui Martins, Pedro de Souza, Miguel Jorge, Fernando Silva Grade, Eurico de Barros, Jean Teixeira, Pedro Formozinho Sanchez, Nuno Caiado, Alexandra de Carvalho Antunes, Miguel Lopes Oliveira, Maria do Rosário Reiche

CC. Nunciatura

04/05/2018

Obras na Sé ao abrigo do Programa Portugal 20/20 - pedido de esclarecimentos à CCDR


Exmo. Senhor Presidente da CCDR-LVT
Dr. João Manuel Pereira Teixeira


CC. Gab. Ministro Planeamento e Infraestruturas, DGPC, Patriarcado de Lisboa, PCML, AML e media

Serve o presente para questionar os V/Serviços sobre a oportunidade da aprovação pelo Programa Operacional da Região de Lisboa, no âmbito do “Portugal 20/20”, da candidatura refª Lisboa-04-2114-FEDER-000003, designada por “Recuperação e Valorização da Sé Patriarcal de Lisboa”, cujo promotor é a Direcção-Geral do Património Cultural, e que apresenta como propósito “Preservar e proteger o ambiente e promover a eficiência energética” e “A conservação, protecção, promoção e o desenvolvimento do património natural e cultural”.

Com efeito, ao aprovarem esta candidatura e ao atribuírem uma comparticipação a fundo perdido à DGPC e ao Patriarcado na ordem dos € 2M, esses Serviços não aprovaram, como terão julgado, a boa prossecução dos objectivos virtuosos referidos no parágrafo anterior, aprovaram sim:

1.A adjudicação de um projecto de arquitectura, aparentemente, sem a realização de efectivo concurso público – que se saiba, não houve nenhum anúncio público ao mesmo, desconhecem-se projectos alternativos ou outros concorrentes para lá do anunciado vencedor (arq. Adalberto Dias), e muito menos existiu qualquer escrutínio sobre a composição do júri ou sobre os motivos da escolha do projecto referido.

2.Uma obra altamente impactante, desde logo porque perigosa para os contrafortes da cabeceira da própria Sé, e que implicará:

* A abertura de vãos (porta) no recinto amuralhado da Sé de Lisboa na Rua das Cruzes da Sé, i.e., violando o todo da Sé, conjunto classificado de Monumento Nacional.
* A introdução de um bloco gigantesco de betão para acolher o museu subterrâneo, sem, aparentemente, a existência de qualquer relatório do LNEC a sustentá-lo, o que nos parece muito grave dada a localização e dimensão da obra.
* A adulteração do interior da Sé com a construção de um elevador interno, de acesso ao museu, e uma torre vertical espelhada a azulejos prateados e dourados, “coroando” a escada vertical de acesso ao núcleo enterrado.
Solicitamos, portanto, o melhor esclarecimento de V. Exas. quanto à oportunidade da V/aprovação à referida candidatura, a qual apesar de ser bem-vinda no que toca à tão aguardada musealização dos vestígios arqueológicos encontrados no claustro da Sé durante as últimas décadas, se revela atentatória ao património nacional, pelas razões atrás expostas, e sem prejuízo de apresentarmos pedido idêntico à Comissão Europeia.

Melhores cumprimentos


Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Júlio Amorim, Ana Celeste Glória, Gonçalo Cornélio da Silva, Eurico de Barros, Jorge D. Lopes, Luís Carvalho e Rêgo, Pedro Formozinho Sanchez, Fernando Silva Grade, Fátima Castanheira, Inês Beleza Barreiros, Alexandra de Carvalho Antunes, Miguel de Sepúlveda Velloso, Maria do Rosário Reiche e Bruno Palma

16/04/2018

Projecto de musealização do claustro da Sé - Pedido de reunião com cabido


Exmo. Senhor Padre Tito


Considerando os dados vindos a público relativamente ao projecto de musealização dos achados arqueológicos do claustro da Sé de Lisboa, designadamente quanto às implicações de ordem estética e patrimonial no conjunto uno da Sé Patriarcal de Lisboa;

Serve o presente para solicitarmos uma reunião a V. Exa., Senhor Padre Tito, a fim de apresentarmos as nossas preocupações relativamente ao assunto exposto, bem como a outros assuntos referentes a nossa Se Patriarcal.

Na expectativa, apresentamos os nossos melhores cumprimentos


Miguel de Sepúlveda Velloso, Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Júlio Amorim, Luís Serpa, Jorge Pinto, Gonçalo Cornélio da Silva, Eurico de Barros, Pedro Formozinho Sanchez

02/03/2018

PETIÇÃO EM DEFESA DA INTEGRIDADE DA SÉ PATRIARCAL DE LISBOA

Na foto (de Mariana Frade) sondagens em curso para abertura de vão na muralha da Sé!

ASSINE

AQUI

Assine e divulgue, s.f.f., obrigado:

Ao Patriarcado de Lisboa e à Assembleia da República


A Sé-catedral de Lisboa é um dos mais antigos e emblemáticos Monumentos Nacionais do País e é a Sé Patriarcal de Portugal.

Como Monumento Nacional está ao abrigo da Lei de Bases do património que estipula que se deve preservar e salvaguardar os elementos que estiveram na base dessa classificação. Assim, qualquer intervenção deve respeitar o pré-existente, reduzindo ao mínimo a inserção de elementos dissonantes e intrusivos.

Está prestes a iniciar-se uma intervenção para o Claustro da Sé com vista à necessária musealização dos achados arqueológicos, cujas escavações duraram quase três décadas e outras tantas peripécias. Essa intervenção deve ser revista pelas seguintes razões:

- Foi viabilizada nos termos de um protocolo entre a Direcção-Geral do Património Cultural e o Patriarcado de Lisboa, com amplo conhecimento e activa promoção por parte do Cabido da Sé, mas sem qualquer debate ou escrutínio público.
- Implica a demolição de parte significativa da muralha da Sé para construção de um acesso ao museu com abertura de porta, na Rua das Cruzes da Sé.
- Implica a construção de acessibilidades intrusivas (passadiço e elevador), bem como torre coroando uma escada vertical, coberta a azulejos e espelhada, em forma de elipse;
- Implica a ancoragem em betão armado para encriptação dos núcleos mais profundos, ao que sabemos sem parecer técnico (sísmico) do LNEC, como um MN mereceria;
- Há as maiores dúvidas sobre a validade de um concurso público aprovado por "juiz em causa própria".

Isto é, em pleno século XXI pretende-se uma construção nova num MN consolidado, numa linha estética e arquitectónica avessa a respeitar os valores patrimoniais existentes, lesiva da integridade patrimonial do monumento.

Pedem os signatários:

- que se divulgue publicamente o projecto em curso em todos os órgãos de informação e na rede;
- que se lance um debate público sobre o projecto do arquitecto Adalberto Dias;
- que se divulgue o protocolo celebrado entre a DGPC e o Patriarcado de Lisboa;
- que se divulguem os termos do concurso público e quais os concorrentes admitidos bem como o nome e funções institucionais dos membros do júri;
- que se investigue um eventual conflito de interesses entre vencedor do concurso público e a tutela;
- que de forma nenhuma se permita a todo e qualquer projecto de musealização dos achados arqueológicos a abertura de vãos na muralha da Sé, nem a construção de elevadores e/ou de torres espelhadas.

Os abaixo assinados

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23/02/2018

Obras na Sé de Lisboa - Parecer do LNEC?


Exmo Sr. Presidente do LNEC
Eng. Carlos Alberto de Brito Pina


C.c. Patriarcado, Sec. Bens Culturais da Igreja, Vicário da Sé, CML e DGPC

Constatando o início das obras de musealização do claustro da Sé de Lisboa, vulgo “Projeto de Recuperação e Valorização da Sé Patriarcal – Instalação do Núcleo Arqueológico e Recuperação do Claustro”, e que as mesmas terão um profundo impacto a nível do solo;

E considerando a importância da Sé Patriarcal de Lisboa, Monumento Nacional, e o local sensível em que esta intervenção se realiza;

Serve o presente para questionar essa prestigiada instituição se foi solicitado parecer técnico ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil, para os devidos efeitos.

Na expectativa, apresentamos os nossos melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Miguel de Sepúlveda Velloso, Bernardo Ferreira de Carvalho, Maria do Rosário Reiche, Bruno Rocha Ferreira, Júlio Amorim, Luís Mascarenhas Gaivão, Pedro Malheiros Fonseca, Fernando Silva Grade, Rosa Casimiro, Luís Rêgo, Maria de Morais, Luís Serpa, Gonçalo Cornélio da Silva, Rui Martins, Maria João Pinto, Irene Santos, Jorge Pinto, Alexandra Maia Mendonça, Mariana Carvalho, Pedro Henrique Aparício, João Pinto Soares, José Filipe Toga Soares, Fátima Castanheira, Bruno Palma

20/02/2018

Sé de Lisboa - atentado ao património iminente - pedido de esclarecimentos


Confirma-se tudo, portanto...
Resposta da DGPC (21.2.2018):

«Exmos Senhores,

Conforme abaixo solicitado, encarrega-me o Sr. Subdiretor-Geral, Arq. João Carlos dos Santos, de remeter os esclarecimentos infra sobre a intervenção em assunto.

Projeto de Recuperação e Valorização da Sé Patriarcal

O Projeto de Recuperação e Valorização da Sé Patriarcal – Instalação do Núcleo Arqueológico e Recuperação do Claustro, após a fase de concurso de concurso público, encontra-se neste momento em fase de início de execução.

Este projeto de reabilitação foi apresentado na Revista do Património, n.º4 de Dezembro de 2016, com 3 artigos, da página 114 à 139 – Maria João Neto, A Sé de Lisboa e o seu claustro: sucessivas campanhas de obras e de restauro; Alexandra Gaspar e Ana Gomes, Sé de Lisboa – as escavações arqueológicas e o projeto de musealização; Jorge Figueira, Risco e prudência. A instalação do núcleo arqueológico no claustro da Sé Patriarcal de Lisboa.

Protocolo
Trata-se de um projeto resultante de um protocolo entre esta Direção-Geral, Cabido da Sé Metropolitana Patriarcal de Lisboa e a Câmara Municipal de Lisboa datado de 2012 e de um trabalho prolongado de reflexão iniciado em 2013 com a apresentação de um Estudo Prévio, Estudo histórico e de uma proposta de Projeto de Arquitetura. No âmbito deste protocolo, o Cabido da Sé Metropolitana Patriarcal de Lisboa contratou a equipa projetista.

Objetivos
Os principais objetivos deste projeto são a consolidação estrutural, a musealização das ruínas arqueológicas existentes no jardim do Claustro e a conservação e restauro de todo o Claustro inferior, das Capelas e de todo o património integrado.

Leitura Arqueológica
Quando se iniciaram as escavações arqueológicas no Claustro, na altura fruto de um acaso, eram grandes as expectativas relativamente às leituras diacrónicas que o terreno iria permitir uma vez que estamos na área central das diferentes cidades que se implantaram na colina do Castelo – a cidade romana, a islâmica e a medieval.
O resultado das escavações arqueológicas veio superar as expectativas. A presença de várias estruturas de carácter único, no cômputo geral dos conhecimentos atuais das cidades romana e islâmica permitiram uma leitura do espaço, assim como do próprio monumento. A rua romana – cardine da Olisipo Felicitas Iulia – construída na primeira metade do século I d.C. preserva ainda o seu lajeado intacto numa extensão de 17,5 m sendo também visível todo o sistema de infraestruturas e de lojas que a ladeavam e de parte de uma casa. O outro elemento único que se destaca é o edifício público islâmico que se estende a toda a largura do Claustro e que preserva um compartimento com cobertura em abóbada e paredes rebocadas em bandas brancas e vermelhas atingindo nalguns casos os 3 metros de altura. Este edifício estendia-se sob o deambulatório e sob o claustro relacionando-se com a rua a sul. A Carta do Cruzado Osberno localiza a mesquita al jama neste local podendo, eventualmente, este edifício fazer parte das dependências da mesquita.
Ao longo dos tempos a ocupação do espaço foi condicionada pela topografia da colina desenvolvendo-se a implantação dos edifícios em duas plataformas com áreas de caráter público e privado destas duas cidades.
As leituras diacrónicas fazem remontar as ocupações à Idade do Ferro no século VII/VI a.C. estendendo-se até à construção do claustro nos finais do século XIII/inícios do século XIV e permitem registar como se sobrepuseram as diferentes cidades, como se reutilizaram ou abandonaram estruturas e infraestruturas.
A construção do Claustro veio alterar toda a topografia do espaço. A necessidade de construir uma plataforma levou, segundo a interpretação das arqueólogas responsáveis, já referidas em publicações de caráter científico e de divulgação, à construção da muralha a sul e ao aterro de toda a área, sobre o edifício público e o bairro de habitação, parcialmente destruídos, para a implantação do Claustro da Catedral. Um documento da época descritivo da obra, em que se refere quantos homens e mulheres aí trabalharam, os diferentes artífices assim como a proveniência e transporte dos materiais de construção, aproxima-nos da vivência da obra.
Foi a importância destas ruínas arqueológicas, a sua boa preservação e consequente boa leitura que levou a que se tenha sempre considerado essencial a sua musealização contribuindo para a história da cidade de Lisboa. Nas cidades atuais, nomeadamente nos centros históricos, nem tudo pode ficar acessível e musealizado. Privilegiam-se assim áreas com grandes dimensões e em que as estruturas arqueológicas estejam bem preservadas e que permitam mostrar os diferentes equipamentos públicos ou privados das cidades subjacentes. As ruínas arqueológicas postas a descoberto no Claustro da Sé são um caso exemplar.

Esclarecimentos

a) Exposição do acervo museológico resultado das intervenções arqueológicas. A complexidade do conjunto das ruínas arqueológicas com longas diacronias só será compreensível estabelecendo um programa museológico entre as ruínas e o espólio. Tentou encontrar-se uma outra solução na área do Claustro mas isso implicaria uma alteração das construções existentes sendo mais impactante do que a solução encontrada de construção de um edifício enterrado por vós referido como “bunker de betão armado”. A área escolhida corresponde ao grande aterro realizado para a construção do Claustro que levou à destruição de várias estruturas. Esta área será alvo de intervenção arqueológica estando prevista no projeto a possibilidade de integração de estruturas arqueológicas que venham a surgir.

b) O único acesso existente entre o claustro superior e inferior faz-se através de uma escada onde só circula uma pessoa de cada vez. Esta escada foi construída nas obras de restauro do Augusto Fuschini no princípio do século XX. A nova cripta implica a introdução de uma nova caixa de escadas por vós designada como “torre espelhada” localizada na mesma zona com uma dimensão que permitirá a circulação em segurança. Esta é assumida como um elemento contemporâneo no monumento sendo proposto o seu revestimento com azulejos artesanais curvos espelhados.

c) Por motivos de segurança, houve necessidade de introdução de uma porta de emergência. A opção da sua localização deriva do facto de, embora saibamos que a muralha está relacionada com a construção do claustro, esta foi, ao longo dos séculos afetada, pelo menos pelo grande terramoto do século XVIII, não se sabendo qual o real impacto, embora as gravuras representem a sua total destruição. Nos restauros do século XX também se regista a sua desmontagem parcial, a sua remontagem, a abertura e fecho de janelas respondendo às tendências de cada época. A intervenção arqueológica talvez venha a trazer novos dados sobre estas alterações. Foi acordado que a porta seria dissimulada com a recolocação da leitura do aparelho da muralha utilizando as pedras da própria estrutura. Acresce que a existência desta porta permitirá o acesso a pessoas com mobilidade reduzida que poderão, através do elevador aceder ao claustro e a toda a igreja. De referir ainda, que toda a área arqueológica será dos poucos projetos de musealização com acessibilidade total a pessoas de mobilidade reduzida.

d) O projeto foi analisado nas suas diferentes fases, nomeadamente o de execução tendo sido alvo de pareceres técnicos das diferentes especialidades obtendo um despacho favorável condicionado exarado pelo Sr. Subdiretor-Geral a algumas questões, nomeadamente relacionadas com o claustro superior não intervencionado nesta fase, a conservação e restauro das capelas e ao nível dos projetos de especialidades. Do ponto de vista da arqueologia está condicionado às escavações arqueológicas.

e) Mais se informa que o processo é público podendo ser pedida a sua consulta pelo mail: s.dspaa@dgpc.pt

Por último, refira-se que a concretização da musealização deste conjunto tem sido demorada e por diversas vezes adiada. Neste momento encontram-se reunidas todas as condições para a sua execução - uma convergência das instituições, um projeto que permite a preservação das ruínas e as verbas necessárias a este empreendimento.
Este projeto irá permitir a recuperação do claustro, repondo a sua leitura na íntegra com a área de pátio e os seus dois andares, com um conjunto arqueológico em cripta, permitindo o usufruto de todo este património.
Melhores cumprimentos

Carlos Bessa»

...

Exma. Senhora Directora-Geral
Arq. Paula Silva


C.c. Patriarcado, Sec. Bens Culturais da Igreja, Vigararia da Sé de Lisboa, CML, ICOMOS

Considerando a importância da Sé-Catedral de Lisboa no conjunto das igrejas sedes de diocese portuguesas, e dado o seu inegável valor histórico, simbólico e patrimonial;

Conscientes do facto de esta ser uma das mais emblemáticas igrejas de Lisboa, verdadeiro repositório da história nacional, e de, por isso mesmo, a sua integridade enquanto Monumento Nacional não poder estar em risco por quaisquer operações urbanísticas as quais, sob o pretexto de se constituírem como mais-valias, mais não são do que um atentado ao património;

Solicitamos a V. Exa. o envio de toda a documentação relativa ao projecto de musealização dos achados arqueológicos nos claustros da Sé de Lisboa, o qual, ao que parece, contempla:

- a destruição de parte da muralha do Monumento para abertura de uma porta na Rua das Cruzes da Sé (http://www.agencia.ecclesia.pt/noticias/nacional/lisboa-estado-portugues-e-igreja-recuperam-na-se-memoria-viva-util-para-a-sociedade), onde já terão sido abatidas laranjeiras para esse efeito;
- a construção de uma torre "espelhada" com azulejos dourados e brancos;
- a construção de um "bunker" em betão armado.

Gostaríamos, ainda de ter acesso às actas das reuniões e das termos do concurso público do qual saiu vencedor o atelier do Arquitecto Adalberto Reis, bem como o texto do protocolo celebrado entre a DGPC e o Patriarcado de Lisboa.

Com os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Miguel de Sepúlveda Velloso, Bernardo Ferreira de Carvalho, Maria do Rosário Reiche, Bruno Rocha Ferreira, Júlio Amorim, Luís Mascarenhas Gaivão, Pedro Malheiros Fonseca, Fernando Silva Grade, Rosa Casimiro, Luís Rêgo, Maria de Morais, Luís Serpa, Gonçalo Cornélio da Silva, Rui Martins, Maria João Pinto, Irene Santos, Jorge Pinto, Alexandra Maia Mendonça, Maria Carvalho, Pedro Henrique Aparício, João Pinto Soares, José Filipe Toga Soares, Fátima Castanheira, João Mineiro

29/06/2017

Autocarros junto à Sé - vergonha - protesto - intervenção urgente, é preciso - proposta à CML


Exmo. Senhor Presidente da CML
Dr. Fernando Medina


C/c. Patriarcado de Lisboa, COMETLIS da Polícia de Segurança Pública, Comando da Polícia Municipal, AML, JF Santa Maria Maior, ATL e media

Como é do conhecimento de V. Exa., há já mais de duas décadas que se assiste a uma situação vergonhosa no bairro da Sé, situação que se tem vindo a agudizar nos últimos anos em virtude do “boom” turístico de que Lisboa tem sido alvo ao tornar-se um popular, e compreensível, destino “low cost”.

Falamos do congestionamento de trânsito junto à Sé de Lisboa, designadamente dos inúmeros autocarros de turismo de grande dimensão que ali transitam, param, entopem, estacionam de forma selvagem, poluem o ar e as vistas, e tornam num inferno o dia-a-dia da população, de forma aliás contraproducente para quem nos visita e é certamente avesso a situações terceiro-mundistas como a que relatamos e ilustramos (vide fotos actuais em anexo e nosso alerta em 2012; http://cidadanialx.blogspot.pt/2012/10/caos-inacreditavel-no-largo-da-se.html), até pelo simples facto de que estragam as “selfies”; situação impensável, para não irmos mais longe, nas imediações das catedrais de Madrid, Barcelona, Toledo, Salamanca ou Segóvia.

Neste âmbito, e porque se assiste à total passividade da Polícia em ordenar o trânsito e impedir a circulação e o estacionamento ad hoc destes autocarros nos bairros históricos da cidade, ou autuar conveniente e exemplarmente as empresas de transportes de turismo que assim procedem;

Vimos solicitar a V. Exa. que, (em sintonia com o Patriarcado de Lisboa e o Cabido da Sé de Lisboa, a Polícia Municipal, a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior e a Associação de Turismo de Lisboa), faça implementar e cumprir, tão breve quanto possível, a proibição de circulação de autocarros de turismo na zona histórica de Lisboa, mormente em Alfama, fazendo direccionar os autocarros para a Avenida Infante D. Henrique, onde poderão estacionar junto ao novo terminal de cruzeiros, e os turistas poderão percorrer a pé toda a zona de forte pendor turístico (Sé, Alfama, Castelo).

Igualmente, parece-nos efectivamente desejável o plano da CML em avançar com uma zona de estacionamento para autocarros de turismo no Martim Moniz, assim a mesma seja possível em tempo útil.

Aproveitamos, a propósito do ordenamento do trânsito e da actividade turística, para alertar que a proibição de circulação de tuk-tuks na zona de Alfama/S. Cristóvão não está as er fiscalizada, circulando aqueles veículos sem constrangimentos policiais.

Na expectativa, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Bruno Palma, António Araújo, Ricardo Mendes Ferreira, Fernando Jorge, Rui Martins, João Oliveira Leonardo, Nuno Caiado, Miguel de Sepúlveda Velloso, Maria Albina Martinho, Inês Beleza Barreiros, Pedro Henrique Aparício, Jorge Pinto, Maria de Morais, João Mineiro, Maria do Rosário Reiche, José Maria Amador, Fátima Castanheira

Fotos da JF Santa Marior

27/10/2016

Descobertas arqueológicas IMPORTANTES nas obras do funicular da Graça e do elevador da Sé - Pedido de esclarecimentos à CML


Exmo. Senhor
Vereador Manuel Salgado


C.C. PCML, DGPC, AML e media

Tivemos conhecimento que foram efectuadas descobertas arqueológicas recentemente bastante importantes, pela equipa da ERA-Arqueologia, Lda., nas obras em execução para a construção do funicular na encosta do Miradouro Sophia de Mello Breyner Andresen (Igreja da Graça) e do elevador defronte à Sé de Lisboa, ambas inseridas no Plano de Acessibilidade Suave e Assistida à Colina do Castelo, o que, dada a importância da descoberta na Graça, terá levado já à emissão de parecer negativo pelos técnicos, para a prossecução da obra na encosta da Graça.

Solicitamos a V. Exa. que nos esclareça sobre quais as intenções da Câmara Municipal de Lisboa relativamente àquelas obras em curso, dada a importância das descobertas arqueológicas recentes.

Com os melhores cumprimentos


Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Júlio Amorim, Jorge Santos Silva, Miguel de Sepúlveda Velloso, José Maria Amador, Maria de Morais, Gonçalo Cornélio da Silva, Inês Beleza Barreiros, Jorge Pinto, António Araújo, Fátima Castanheira, Filipe Lopes e Miguel Jorge


Lisboa, 14 de Outubro de 2016

...

Resposta do Sr. Vereador Manuel Salgado, a 24 de Out.:

...

Resposta da DGPC:

«Exmos Srs.

Relativamente às questões levantadas vimos informar o seguinte:

«No decurso do normal procedimento de licenciamento junto da tutela do património cultural dos projetos inseridos no Plano de Acessibilidade Suave e Assistida à Colina do Castelo, promovidos pela Câmara Municipal de Lisboa, foram estabelecidas por esta Direção-Geral as correspondentes condicionantes arqueológicas.

No desenvolvimento das intervenções arqueológicas levadas a cabo no âmbito dos referidos projetos foram identificados vestígios patrimoniais cuja presença já era previsível, de acordo com a bibliografia especializada.

Assim, no âmbito das ações quotidianas de acompanhamento e fiscalização das intervenções arqueológicas, levada a cabo pela DGPC, nos trabalhos de diagnóstico relacionados com o projeto do funicular destinado a ligar a Mouraria (Rua dos Lagares) à Graça (Miradouro Sophia de Mello Breyner Andresen - Igreja da Graça), tomámos conhecimento da identificação do troço da Muralha Fernandina, ao qual está adoçado um expressivo alambor, cuja existência é inédita na cidade de Lisboa.

Perante a realidade identificada, acrescendo o facto de se tratar de um vestígio pertencente a um imóvel classificado como Monumento Nacional, encontra-se esta Direção-Geral a articular com a Câmara Municipal de Lisboa a salvaguarda do património arqueológico em presença face à acessibilidade projetada.

No que concerne aos trabalhos de diagnóstico em curso na Rua das Cruzes da Sé, igualmente enquadrados no âmbito de um projeto inserido no referido plano de acessibilidades, estão a ser identificados realidades arqueológicas relacionadas com a diacronia de ocupação da cidade antiga, em concreto, e nesta fase inicial da intervenção, os vestígios da necrópole da Sé patriarcal.»

Com os melhores cumprimentos,

Carlos Correia Martins

Assessoria Imprensa
Direção-Geral do Património Cultural / DGPC»

07/10/2016

Alteração de edifício na Rua das Pedras Negras, 2 / abertura de janelões e garagem - Pedido de esclarecimentos à DGPC


Exma. Senhora Directora-Geral
Arq. Paula Silva


Serve o presente para solicitarmos esclarecimentos aos serviços dessa Direcção-Geral sobre se as alterações já em obra no edifício da Rua das Pedras Negras, nº2, designadamente a abertura de janelões na fachada e garagem, foi ou não objecto de parecer em conformidade pela DGPC, e qual o fundamento do mesmo.

Recordamos que esta construção tem (tinha) características únicas, sugerindo uma pequena torre de menagem, cuja altura, escala e monumentalidade era acentuada pela sua extensa fachada cega, perdendo-se essa exacerbação com as janelas agora aberta, para lá de com estas se "banalizar" o edifício tornando-o igual a todos os outros, sendo a diversidade de salutar num contexto compositivo. Recordamos, igualmente, que o edifício em causa se encontra no perímetro de protecção da Sé de Lisboa, Monumento Nacional.

Com os melhores cumprimentos


​Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Maria de Morais​ Oliveira, Inês Beleza Barreiros, José Maria Amador, Júlio Amorim, Miguel de Sepúlveda Velloso e Fernando Silva Grade