Mostrar mensagens com a etiqueta Museu da Música. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Museu da Música. Mostrar todas as mensagens

26/11/2019

Gaita


A estupidez, pelos vistos, continuará por mais anos, e não me parece que o vira lhe/nos valha. Gaita.

21/03/2019

Petição quer travar mudança de Museu da Música para Mafra


In Jornal de Notícias (18.02.2019)

«Uma petição 'online', cujo primeiro signatário é o pianista Artur Pizarro, pede ao Governo para reavaliar a decisão da transferência do Museu Nacional da Música (MNM) de Lisboa para Mafra.

"Esta petição tem por missão respeitosamente pedir ao Sr. Primeiro-ministro e à Sra. ministra da Cultura que reavaliem a decisão da ida do Museu Nacional da Música para o Palácio Nacional de Mafra", lê-se no texto da petição disponível em https://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT92037. [...]»

07/03/2019

Património e identidade: a propósito do Museu Nacional da Música


In Público, 7 de Maio de 2019

«O exílio do Museu Instrumental do Conservatório, hoje designado Museu Nacional da Música, parece não ter fim. Em 1971 foi atirado abruptamente para fora de casa, na Rua dos Caetanos. Em 1994, após um périplo insano por várias instituições, que o encararam como lixo, foi instalado, com a dignidade possível, no Alto dos Moinhos. Após 25 anos de permanência nesta casa provisória, emprestada pelo Metropolitano de Lisboa (20 anos de concessão mais cinco de prorrogação – as tutelas entre 1994 e 2014 não providenciaram uma casa), chega o momento do golpe final: a anexação ao Palácio de Mafra, local com o qual não tem identificação a não ser a memória do encaixotamento infame entre 1991 e 1994.

Sim, exilado é o termo certo porque não lhe reconhecem o direito de ter casa própria no seu local de origem. Toda a constituição deste acervo se desenrolou em Lisboa, pela acção das gentes de Lisboa, com colecções, doadores, promotores e instituições de Lisboa. As suas peças icónicas estão igualmente ligadas a Lisboa: cravos Antunes, pianoforte van Casteel, flautas Haupt, construídos em oficinas que funcionaram no Bairro Alto e imediações.

Poderá parecer que por detrás desta explicação está a habitual mentalidade macrocefálica da capital. Macrocefalia seria se tivéssemos acabado de comprar uma colecção instrumental e decidíssemos de imediato que a sua instalação seria feita em Lisboa – não é o caso. A descentralização da cultura faz-se potencializando valências locais, facilitando a circulação dos cidadãos, adquirindo novos recursos e não desenraizando o património existente.

Este acervo anda a rodopiar com a cidade de Lisboa há mais de 100 anos, o que os tornou companheiros inseparáveis: 105 anos desde a formação do “1.º Núcleo de um Museu Instrumental em Lisboa”, constituído em 1914 por Michel’angelo Lambertini (lisboeta, acidentalmente nascido no Porto devido às viagens de negócios do pai) e por alguns doadores lisboetas; 103 anos desde a integração neste primeiro núcleo da colecção de Alfredo Keil (de um lisboeta e reunida no coração de Lisboa) em 1916, altura em que se junta ao projecto outro habitante de Lisboa, António Augusto Carvalho Monteiro.

Entre 1914 e 1920 foram reunidos cerca de 500 instrumentos, que são a soma do núcleo de Lambertini com a colecção Keil, sob mecenato de Carvalho Monteiro: o Museu Instrumental de Lisboa, na Rua do Alecrim. Com a morte de Lambertini e Monteiro no final de 1920, permaneceu a ideia de fundar um museu, assim como o remanescente de mais de 300 instrumentos, que permitiu aos continuadores juntar a colecção no Conservatório de Música de Lisboa, em 1931, dando finalmente sentido ao decreto de 1915, que criara um museu instrumental nesta instituição. Colecção e casa juntaram-se e viveram em relativa paz durante 40 anos. Em 1971, no contexto de uma reforma dos conteúdos programáticos da instituição, o museu é atirado para a rua, a colecção contava já com cerca de 700 peças.

Em 1974, em plena revolução de Abril, este acervo é apanhado fora de casa. Alguns professores do conservatório não desistiram dele e acompanharam-no até à passagem da tutela do Ministério da Educação para o Ministério da Cultura (despacho de 26/12/1977). Entre eles podemos citar Elisa Lamas e o já desaparecido Santiago Kastner, que dirigiu a elaboração das fichas do inventário antigo da colecção, que a classificou como “demasiado preciosa” e que alertou para o crime que se estava a cometer ao deixar o museu sem casa, configurando-o como “caso para uma denúncia contra o património, que ultrapassa o âmbito nacional”.

A passagem do museu para a alçada da Cultura trouxe esperança. O então criado departamento de Musicologia, sob a responsabilidade de Humberto d’Ávila e Isabel Freire Andrade, aumentou o acervo para mais de mil peças e divulgou-o com exposições por todo o país. Entenderam assim este património, tal como as equipas do museu desde a sua instalação no Alto dos Moinhos, que sem ovos têm feito excelentes omoletes. Basta olhar para a intensa programação do museu, que muito beneficiou da colaboração dos músicos do Conservatório de Música de Lisboa e recentemente também da Casa Pia de Lisboa.

Esta tem sido a constante desde 1971: quem recebe o cargo de cuidar deste património fica imbuído da missão, os tuteladores políticos, infelizmente, não. Entre a data do primeiro grande crime contra este acervo, em 1971, e a actualidade medeiam 48 anos – será possível que cerca de meio século depois o melhor que se consegue fazer é atirar com a colecção para fora do seu contexto histórico?

Passemos à parte prática: as despesas. Estando o património no seu contexto identitário, as possibilidades de realizar eventos a custo praticamente zero são inúmeras. No local de origem, muitas são as instituições que por empatia se emparceiram e potenciam a sua valorização. Havendo conhecimento sobre o percurso do museu, das personalidades e das instituições com ele relacionadas, muito mais se pode fazer. Esse conhecimento existe e está disponível. A autora destas linhas é também autora da história do museu, vertida em dois textos que abrangem o período de 1911 a 1994 (catálogo da exposição Michel’angelo Lambertini 1862-1920, 2002) e em mais dois textos dedicados ao período republicano (catálogo da exposição Tempos e Contratempos, 2010).

Como cidadã que respeita o património da humanidade, tenho carinho pelo Convento de Cástris e pelo Palácio de Mafra, locais escolhidos à pressa pela classe política, confrontada com a urgência de encontrar uma solução, por não ter feito o que lhe competia durante os 20 anos de empréstimo das instalações pelo Metropolitano. Por isso mesmo, parece-me que, tal como o acervo do Museu Nacional da Música, merecem ser valorizados no contexto da sua identidade, servindo simultaneamente de integradores sociais das respectivas regiões: é essa a missão civilizacional do património, tal como é entendida hoje.

Comparamos amiúde as nossas instituições e a nossa cultura com a dos europeus. Olhemos então para Paris, que criou a Cité de la Musique valorizando assim o património musical e a cidade, enquanto em Lisboa se procura atirar com o património musical para fora de casa em vez de o ampliar, truncando a sua história e a das instituições a ele associadas.

Relativamente a Mafra, temos ainda de considerar os custos da climatização que um local extremamente húmido exige para albergar o acervo. Ainda que a implementação se suporte em verbas europeias, no futuro não teremos dinheiro para a manutenção.

Não duvido que os centros decisores se aconselharam com personalidades do nosso meio intelectual, mas pergunto-me: quem ou o quê representam os consultores escolhidos? O povo a que pertencem ou a si próprios?

Termino citando Michel’angelo Lambertini: “Um povo que não cuida na arte, e especialmente na sua própria arte, é um povo morto” (Arte Musical, 1905, p. 145). Espero que o povo de Lisboa ainda esteja vivo.


Ana Paula Tudela
Historiadora»

21/01/2019

Museu da Música em Lisboa - Apelo à Ministra da Cultura


Exma. Senhora Ministra da Cultura
Dra. Graça Fonseca


C.c. PCML, Museu da Música, AML, DGPC, Vereadora da Cultura da CML e Media

No seguimento das notícias vindas a público dando conta da vontade do Governo em avançar em breve com a instalação do Museu Nacional da Música, ou parte dele, no Palácio Nacional de Mafra, serve o presente para solicitarmos a Vossa Excelência, Senhora Ministra, a melhor das ponderações relativamente a este assunto, que cremos ser de suma-importância para o Património Nacional.

O acervo deste museu e a sua história estão intrinsecamente ligados à cidade de Lisboa e ao coleccionismo privado do início do século XX. A sua instalação na estação do Metro de Alto dos Moinhos foi provisória e surgiu para solucionar o problema do acervo estar guardado em condições precárias e sem exposição pública. Esta colecção e o importante espólio documental provêm sobretudo do empenho de três figuras fundamentais: Alfredo Keil, Michel ‘Angelo Lambertini e António Lamas, a que se juntam instrumentos da colecção da Família Real e peças de várias doações. A colecção do Museu engloba instrumentos no período cronológico que vai do século XVII à actualidade, europeus, africanos e orientais.

Parece-nos que Lisboa não deve prescindir do património deste Museu Nacional, com vários instrumentos classificados de Tesouros Nacionais, devendo fazer todos os esforços para encontrar um local condigno e de futuro. Neste sentido sugerimos que possa ser recuperado e revitalizado um dos seus palácios:

* O Palácio das Laranjeiras com o Teatro Tália, ligado à história da música através do mecenas incontornável do panorama artístico do seu tempo, o Conde de Farrobo, com a consequente deslocalização do Ministério do Ensino Superior para outro local.

* O Palácio Foz, no centro de Lisboa, tão ligado à Cultura e actualmente subaproveitadíssimo, com uma localização privilegiada de todos os pontos de vista e que chegou a ser publicamente anunciado pelo então Ministro da Cultura como o local para instalar o Museu, ou parte dele.

* E o Palácio Pombal, na Rua do Século, abandonado e desocupado, que teria a mais-valia evidente da sua proximidade ao Conservatório Nacional;

Quanto à sua importância da educação patrimonial o museu actualmente desenvolve uma vasta actividade atraindo um vasto público que usufrui de concertos, conferências, visitas temáticas, cursos, participação de alunos em audições e trabalhos de investigação, etc.

Pelo exposto, apelamos a Vossa Excelência para ter a máxima das ponderações relativamente a este assunto, solicitando-lhe, ao mesmo tempo, para abrir um período de consulta a um conjunto amplo de especialistas e requisitando o necessário estudo independente acerca da viabilidade e do custo das três alternativas.

Com os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Virgílio Marques, Bernardo Ferreira de Carvalho, Rui Pedro Barbosa, Pedro Janarra, Jorge Mangorrinha, Alexandre Marques da Cruz, Rita Nobre de Carvalho, Helena Espvall, Rui Martins, João Oliveira Leonardo, Ana Alves de Sousa, Eurico de Barros, Júlio Amorim, Pedro Cassiano Neves, Henrique Chaves, Rita Gomes Ferrão, Maria do Rosário Reiche, Bruno Palma, Luís Mascarenhas Gaivão, Fernando Silva Grade, Fernando Jorge e Pedro de Souza

Foto: CML

03/02/2014

Museu da Música: haja-o nacional e em Lisboa!

É preciso um museu que não seja apenas um museu de "bibelots".

Artigo de opinião, por Paulo Ferrero - Público de 3 Fev 2014

Foi notícia no Público, de 2 Dezembro, que a "Direcção-Geral do Património Cultural avalia mudança do Museu da Músicapara Mafra". Muito bem, ou talvez não, melhor fosse que ele, o Museu, ficasse em Lisboa, sendo Nacional.
Não tanto por razões de estatuto ou de centralismo, ou com vista a pertencer ao lote restrito, íntimo, da Rede Nacional, mas por uma questão de elementar justiça para com o seu espólio, instrumental e documental (em resultado, quase por inteiro, de doações feitas por coleccionadores privados) e em reconhecimento pelo que a música composta e interpretada em Portugal, e/ou por portugueses, almejou aquém e além-fronteiras ao longo de muitos séculos.

E, sendo verdade que se perdeu uma oportunidade de ouro para instalar esse museu no Teatro Tália das Laranjeiras, que depois de muitas décadas estropiado e ao abandono acabou, recentemente, por ser convertido em sala de conferências e serviços de um ministério; alguém já imaginou, mesmo assim, o que será se esse Museu Nacional da Música for para o (ainda) delapidado e subvalorizado Palácio Pombal, paredes-meias com o Conservatório Nacional (de onde saiu há pouco mais de 40 anos, aliás, o espólio do actual Museu da Música da estação de Metropolitano do Alto dos Moinhos)? Ou o que será se esse Museu vier a ocupar os antigos corredores, celas, claustros e igrejas (ai naquela sacristia de João Antunes, que concertos haveria…) no que resta dos conventos dos hospitais de Santa Marta ou de São José, agora que ambos estão com ‘ordem de despejo’ a médio prazo? Ou, se se quiser uma alternativa mais modernaça, o que será se se der, finalmente, bom uso ao abandonado Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações?

Há razões, portanto, para ser muito bem-vinda uma nova discussão em volta do futuro do Museu da Música, tendo presente que se ele foi para onde está agora, foi-o com carácter provisório, o que em Portugal, na maior parte dos casos, significa definitivo. Uma discussão, contudo, que tenha resultado prático. Que seja desta, portanto, que o Museu sai do cais do metropolitano e volta a ver a luz do dia, e que o faça num local histórico, compatível, central, acessível. E que implique, preferencialmente, a recuperação de um edifício abandonado, um daqueles, muitos, a precisarem de obras e sem novo uso à vista, que pululam pela cidade de Lisboa.

Mas é curto falar-se ‘apenas’ dos 1.400 instrumentos do museu actual: do cravo de Joaquim José Antunes (1758) ao piano que Liszt trouxe a Lisboa em 1845, do violoncelo de Suggia (sempre olvidada por quem de direito) às flautas de Haupt ou ao acervo de Alfredo Keil. É que não só há muito mais objectos em depósito, aqui e ali (e que só uma verdadeira e eficaz parceria-público-público, alinhada pelo mesmo diapasão, permitirá cruzar e rentabilizar: SEC-CML-Casa-Museu Verdades-Faria-Casa da Música, etc.), como esse futuro Museu Nacional da Música deve ser "state-of-the-art": permanente e tecnologicamente interactivo, atractivo e participativo, profundamente sensorial, e imaterial, também.

Seja como for, que se garantam sempre nesse Museu, sob que circunstância for, as condições climáticas consideradas adequadas para a boa conservação do imenso espólio em apreço, e que se vençam ’capelinhas’ e se alcance um objectivo maior para lá da guerrinha Mafra-Cástris, de contornos sempre tão ‘iguais’ - até porque a Cástris e a Mafra o que não pode de maneira faltar são hipóteses alternativas de ocupação e viabilização, basta crer nelas, que elas hão-de formalizar-se.

Concluindo, Mafra, por mais Barroco, órgãos e carrilhões que lhe devamos, a ela e a D. João V, não reúne as condições objectivas (é preciso não esquecer que as peças saíram de lá para o Alto dos Moinhos porque estavam em sério risco de se deteriorem irreversivelmente em Mafra) para albergar um Museu Nacional da Música, um museu como deve ser; que acabe de vez com as bolandas por que têm passado os instrumentos durante todo o século passado, os instrumentos legados oportunamente ao Estado para que deles cuidasse e expusesse no melhor dos esmeros, o que não se verificou de modo nenhum (não fora o Metropolitano e, quiçá, não restaria já nada…), e um museu que não seja apenas um museu de "bibelots", e que cubra toda a música composta e produzida da Idade Média até aos nossos tempos, o canto, seus autores e intérpretes, da polifonia de Cister às tonalidades de Emmanuel Nunes, dopianoforte de Queluz ao palco mais lírico e ao saxofone mais jazzista dos noctívagos da Lisboa do século XX.

31/12/2013

E do palácio se fez arte



In Sol Online (26.12.2013)
Por Rita Porto

Mandado construir pelo avô do Marquês de Pombal, o Palácio Pombal é a casa da Carpe Diem Arte e Pesquisa. Uma instituição sem fins lucrativos que tem atraído cada vez mais visitantes e que vê nas pedras, na luz e em "toda esta poeira" do próprio espaço uma base fundamental para a criação artística.

Localizado no Bairro Alto, o Palácio Pombal possui uma fachada simples e austera. Mas no interior, enriquecido ao longo de quatro séculos, domina o estilo rococó. Um dos elementos mais característicos é a imponente escadaria, adornada com duas esculturas também de mármore: uma de Vénus, no patamar inferior, e outra de Hércules, na parte de cima. O elaborado tecto não passa despercebido enquanto se sobem os largos degraus que nos conduzem ao segundo piso, onde se encontram os salões nobres e a capela.

Cada sala foi baptizada consoante a cor dominante: a sala azul, a sala vermelha e a sala branca, todas com tectos trabalhados e despidas de mobília. Nas traseiras, existe um jardim: uma fonte, actualmente sem água, e envolvida por duas árvores centenárias, ocupa o centro e uma família de pavões faz daquele espaço a sua casa. [...]

...

Muito sinceramente, e sem desprimor para com os actuais inquilinos, acho que o Palácio Pombal merecia outra coisa, por exemplo, o Museu Nacional da Música.

04/12/2013

Isto também diz respeito a Lisboa:


In Público Online/LUSA (3.12.2013)

«Direcção-Geral do Património Cultural avalia mudança do Museu da Música para Mafra

O secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, disse nesta terça-feira, em Lisboa, que está a ser estudada a transferência do Museu da Música para o Palácio Nacional de Mafra. O anúncio foi feito ao início da noite, no Museu Nacional de Arte Antiga, durante a inauguração da exposição “Rubens, Brueghel, Lorrain, a paisagem do norte no Museu do Prado", que contou com a presença do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. "A Direcção-Geral do Património Cultural está a avaliar a instalação do Museu da Música no Palácio Nacional de Mafra", disse Jorge Barreto Xavier. "É uma expectativa que vem do início do século XX e que, creio, estaremos preparados para concretizar", concluiu Jorge Barreto Xavier.

O processo encontra-se na fase de estudo e ainda "não é possível falar-se na mudança" para Mafra do museu situado em Lisboa, nem de uma data para a sua concretização, esclareceu o gabinete do secretário de Estado da Cultura, quando contactado pela Lusa, para obtenção de pormenores sobre a operação.

O Museu da Música encontra-se instalado num espaço provisório, desde 1994, na estação de Metro do Alto dos Moinhos, disponibilizado pelo Metropolitano de Lisboa.

A passagem do acervo para Mafra significaria um regresso ao local que o acolheu, nas décadas de 1980-90, antes da exposição ao público, na estação do Metro de Lisboa.

A constituição de um espaço museológico dedicado à música remonta ao primeiro ano da República, 1911. O museu, no entanto, só viria a abrir em 1946, após a II Guerra Mundial, no Conservatório de Lisboa, ao Bairro Alto, tendo sido transferido posteriormente, em 1971, para o Palácio da Pimenta, que acolhe o Museu da Cidade.

Em 1974-75, as peças foram depositadas na Biblioteca Nacional, ao Campo Grande, tendo seguido mais tarde para o Palácio Nacional de Mafra, onde se mantiveram até à abertura do Museu da Música, no Alto dos Moinhos.

Há quatro anos, em 2009, pouco depois da tomada de posse do XVIII Governo constitucional, a ministra da Cultura, a também pianista Gabriela Canavilhas, admitiu vir a instalar o Museu da Música em Évora, no convento de São Pedro de Castris, acompanhando a eventual constituição de uma orquestra no Alentejo, da qual o museu também seria sede.

O Museu da Música detém “uma das mais ricas colecções da Europa", de acordo com a sua apresentação, contando com cerca de 1400 instrumentos, entre os quais o cravo de Joaquim José Antunes (1758), o cravo de Pascal Taskin (1782), o piano Boisselot, que o compositor e pianista Franz Liszt trouxe a Lisboa, em 1845, e o violoncelo de Antonio Stradivari, que pertenceu ao rei D. Luís. O violoncelo de Henry Lockey Hill, de Guilhermina Suggia, os violinos e violoncelos de Joaquim José Galrão, os clavicórdios setecentistas das oficinas lisboetas e portuenses fazem parte da colecção, assim como os raros cornes ingleses Grenser e Grundman & Floth, do final do século XVIII, e as flautas de Ernesto Frederico Haupt, de meados do século XIX, que são exemplares únicos.O oboé de Eichentopf, do segundo quartel do século XVIII, e o cravo de Pascal Taskin, entre outros instrumentos, são também de "extrema raridade", segundo a página do museu na Internet. Espólios documentais, acervos fonográficos e iconográficos, como os de Alfredo Keil, autor do Hino Nacional, fazem igualmente parte do Museu da Música.

O presidente da Câmara de Mafra, Helder Sousa Silva, já declarou esta noite, em comunicado, o "regozijo" pela provável transferência do Museu que, a efectuar-se, "traduz o reconhecimento da histórica vocação musical" do palácio mandado construir por D. João V. Durante a campanha eleitoral para as últimas eleições autárquicas, Helder Silva, entretanto eleito pelo PSD, defendeu a transferência do Museu da Música para o Palácio Nacional de Mafra. Em 2012, o Museu da Música, no Alto dos Moinhos, em Lisboa, somou 9138 visitantes. Este ano, até ao final de Setembro - últimos dados disponíveis -, somou 8408 visitantes, o que corresponde a um aumento de 2162 entradas em relação a igual período do ano anterior (6246).»

19/05/2010

Museu Nacional da Música sai de Lisboa e vai para Évora em 2014

In Público (19/5/2010)
Por Maria Antónia Zacarias


«O Museu Nacional da Música vai sair das actuais instalações, localizadas na estação do Alto dos Moinhos do Metro de Lisboa, e passará para o Convento de São Bento de Cástris, em Évora.

O anúncio foi feito ontem pelo secretário de Estado da Cultura, Elísio Summavielle, durante uma deslocação ao Museu Rainha D. Leonor/Museu Regional de Beja. Summavielle revelou que a transferência será feita de forma faseada, num processo que demorará quatro anos.

Com um espólio "ímpar" em termos europeus, o Museu Nacional da Música está a funcionar, desde 1994, "em instalações do Metro de Lisboa, com um contrato precário e onde nunca teve oportunidade, à semelhança de outros museus nacionais, de mostrar o seu acervo", lembrou.

A directora regional da Cultura do Alentejo, Aurora Carapinha, considera a decisão "uma vitória". "É uma grande oportunidade que não pode ser desperdiçada, exigindo-se, por isso, um esforço de todos para que ela se realize", frisou.

O Convento de São Bento de Cástris necessita de obras. É o mais antigo mosteiro feminino a sul do país. "Todos nós sabemos que o monumento está devoluto", reconheceu a directora, acrescentando, contudo, haver programas adequados para a realização de uma intervenção naquele edifício.»

...

Aqui há tempos sugerimos ao MC que instalasse o Museu da Música no Teatro Tália, juntando-se o útil ao agradável, mas de nada serviu, aparentemente. Fico contente por Évora, mas não acho que seja a escolha acertada para um Museu Nacional, longe, muito longe disso.

Num convento cisterciense? Na estrada de Évora para Arraiolos?! Só porque está a cair? Qual é o critério Sra. Ministra?

06/05/2010

Museu da Música e Museu da Viagem/propostas à Sra. Ministra da Cultura

Exma. Senhora Ministra da Cultura
Dra. Gabriela Canavilhas


Tendo vindo recentemente a público a intenção de V.Exa. em dar início aos procedimentos conducentes ao desenvolvimento de um projecto museológico de raiz, denominado “Museu da Viagem”, e, de igual modo, ao desejo em reinstalar o Museu da Música em local que não numa estação de metropolitano, vimos pelo presente regozijar-nos com ambos os desideratos, e apresentar duas propostas relativamente aos mesmos:


1. Museu da Música

Desde há anos que temos vindo a alertar quem de direito para a necessidade de haver um projecto de reabilitação para o antigo, emparedado e esquecido Teatro Tália, sito junto ao Jardim Zoológico (http://cidadanialx.tripod.com/talia.html).

O Teatro Tália é Imóvel de Interesse Público desde 1974, pertence ao Estado (Presidência do Conselho de Ministros) e está afecto ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) desde há mais de uma década.

Ao que sabemos, o único “projecto” apresentado oportunamente pelo MCTES ao MC, o de instalação naquele espaço do arquivo morto daquele ministério, foi liminarmente recusado, e bem. Como tal, qualquer projecto que se pretenda desenvolver para o Teatro Tália terá que ser compatível com o seu valor histórico e simbólico, e com a sua envolvente.

Julgamos que a instalação do Museu da Música no Teatro Tália (ainda que a solução ideal fosse obviamente a desocupação do Palácio do Conde de Farrobo pelo MCTES e a instalação do museu nesse palácio, complementada pela reabilitação do Tália enquanto anfiteatro) será uma excelente solução para a colecção do actual museu, para o antigo teatro e para a cidade, e que além de não implicar verbas tão avultadas quanto a construção de raiz de um novo edifício, terá a vantagem de recuperar um belo e valioso património.

Por isso, apelamos a V.Exa. para que equacione a possibilidade de negociar a cedência daquele conjunto com o MCTES para que ali possa ser instalado o acervo museológico hoje exposto na Estação de Metro do Alto dos Moinhos, e demais instrumentos ainda existentes em armazém, por via de projecto adequado de recuperação do antigo Teatro Tália.


2. Museu da Viagem

A ideia da criação de um Museu da Viagem dedicado não só às Descobertas como à diáspora lusitana, tendo por base uma viagem “virtual” à semelhança do que era exposto no Pavilhão de Portugal aquando da Expo’98, parece-nos boa e oportuna, uma vez que se trata de uma temática que, sendo transversal a muitas áreas da nossa museologia, é quase sempre entendida como subliminar, quando não incapaz de
per si ser objecto de um projecto de museu nacional.

Assim, como contributo para o enriquecimento do debate sobre o futuro do edifício da Cordoaria Nacional (e do Museu Nacional de Arqueologia), e uma vez que o não desvirtuamento físico da Cordoaria Nacional enquanto Monumento Nacional tem sido também uma das nossas causas desde há anos, somos a propor que o “Museu da Viagem” seja desenvolvido na Cordoaria e não em edifício a construir de raiz. Isto porque:

- Apesar de quase devoluta e subaproveitada enquanto espaço museológico de índole industrial, a Cordoaria merece ser respeitada e objecto de um projecto de arquitectura que lhe devolva dignidade e possibilite a sua visita de forma cabal e integrada;

- Um programa arquitectónico de um "museu da viagem" será menos intrusivo do que o de um museu de arqueologia;

- O facto da Cordoaria estar sobre leito de cheia (Rio Seco) será menos gravoso no caso de um museu assente num programa virtual, do que num museu com tesouros arqueológicos físicos de valor incalculável;

- Finalmente, porque a existir um edifício cuja história se confunde com as Descobertas e com as viagens ele é a Cordoaria Nacional, pelo simples facto de que era ali que se fabricavam os cordames para os barcos.


Na expectativa de que estas propostas sejam bem aceites por V.Exa., subscrevemo-nos com elevada estima e consideração.


Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Luís Marques da Silva, Jorge Santos Silva, João Chambers, José Arnaud, Diogo Moura, Cátia Mourão, Luís Serpa, Pedro Formozinho Sanchez, Virgílio Marques, António Branco Almeida, Jorge Pinto, João Leonardo, Beatriz Empis, Carlos Moura, Maria Helena Barreiros, Luís Rêgo, Carlos Matos e João Pinto Soares

12/02/2010

Prioridades Estratégicas do Ministério da Cultura

Ministério da Cultura - PRIORIDADES ESTRATÉGICAS:

EIXO 1

Reenquadramento do sistema de gestão dos museus tutelados pelo MC/IMC

1. 1 Transição faseada para as tutelas municipais, ou afectação a Direcções Regionais de Cultura, de alguns dos vinte e oito museus do MC/IMC, seleccionados com base em critérios patrimoniais e museológicos e assentes em contratos-programa.

1.2 Reprogramação e reabertura do Museu de Arte Popular.

1.3 Reprogramação e abertura do Museu dos Coches em construção nova.

1.4 Reprogramação e transferência do Museu Nacional de Arqueologia para o edifício da Cordoaria Nacional.

1.5 Constituição de uma rede integrada dos equipamentos culturais no eixo Ajuda/Belém, Lisboa, com as parcerias da autarquia e da Associação de Turismo de Lisboa.

1.6 Constituição de uma Rede Nacional de Reservas Arqueológicas, com a parceria estratégica do IGESPAR.

1.7 Decisão sobre o destino do edifício e das colecções da Casa-Museu Manuel Mendes (Belém, Lisboa)

1.8 Estudo de viabilidade e programação de uma nova unidade museológica dedicada à viagem, à língua e à diáspora do povo português.

1.9 Projecto de recuperação dos espaços do antigo Gabinete de História Natural da Ajuda(1764-1836), em parceria com o Instituto Superior de Agronomia.

Estranhamos a ausência dos seguintes personagens neste cenário planeado pela nova Ministra, como por exemplo:

1-Museu do Chiado (ainda não há data para o início das obras de alargamento do único museu nacional de arte contemporânea do país; desde a sua abertura, em 1911, que se fala na necessidade de aumentar o espaço de exposição!)

2-Museu da Música (instalado num anexo de uma estação de Metro desde 1994; aguarda por uma casa definitiva desde a sua inauguração em 1911!)

3-Museu / Instituto da Arquitectura (Portugal é o único país da UE que ainda não tem uma instituição desta natureza!)

4-Museu de Etnologia do Porto (encerrado desde 1992 porque o Palácio de S. João Novo, onde se encontra instalado, precisa de uma intervenção profunda; ainda sem data para obras!)

Porque continuam esquecidos estes personagens maiores da Cultura Nacional?

Foto: Maqueta de Rigoletto da autoria de Tomás Alcaide, 1964 (Museu da Música)