26/11/2019
Gaita
21/03/2019
Petição quer travar mudança de Museu da Música para Mafra
"Esta petição tem por missão respeitosamente pedir ao Sr. Primeiro-ministro e à Sra. ministra da Cultura que reavaliem a decisão da ida do Museu Nacional da Música para o Palácio Nacional de Mafra", lê-se no texto da petição disponível em https://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT92037. [...]»
07/03/2019
Património e identidade: a propósito do Museu Nacional da Música
«O exílio do Museu Instrumental do Conservatório, hoje designado Museu Nacional da Música, parece não ter fim. Em 1971 foi atirado abruptamente para fora de casa, na Rua dos Caetanos. Em 1994, após um périplo insano por várias instituições, que o encararam como lixo, foi instalado, com a dignidade possível, no Alto dos Moinhos. Após 25 anos de permanência nesta casa provisória, emprestada pelo Metropolitano de Lisboa (20 anos de concessão mais cinco de prorrogação – as tutelas entre 1994 e 2014 não providenciaram uma casa), chega o momento do golpe final: a anexação ao Palácio de Mafra, local com o qual não tem identificação a não ser a memória do encaixotamento infame entre 1991 e 1994.
Sim, exilado é o termo certo porque não lhe reconhecem o direito de ter casa própria no seu local de origem. Toda a constituição deste acervo se desenrolou em Lisboa, pela acção das gentes de Lisboa, com colecções, doadores, promotores e instituições de Lisboa. As suas peças icónicas estão igualmente ligadas a Lisboa: cravos Antunes, pianoforte van Casteel, flautas Haupt, construídos em oficinas que funcionaram no Bairro Alto e imediações.
Poderá parecer que por detrás desta explicação está a habitual mentalidade macrocefálica da capital. Macrocefalia seria se tivéssemos acabado de comprar uma colecção instrumental e decidíssemos de imediato que a sua instalação seria feita em Lisboa – não é o caso. A descentralização da cultura faz-se potencializando valências locais, facilitando a circulação dos cidadãos, adquirindo novos recursos e não desenraizando o património existente.
Este acervo anda a rodopiar com a cidade de Lisboa há mais de 100 anos, o que os tornou companheiros inseparáveis: 105 anos desde a formação do “1.º Núcleo de um Museu Instrumental em Lisboa”, constituído em 1914 por Michel’angelo Lambertini (lisboeta, acidentalmente nascido no Porto devido às viagens de negócios do pai) e por alguns doadores lisboetas; 103 anos desde a integração neste primeiro núcleo da colecção de Alfredo Keil (de um lisboeta e reunida no coração de Lisboa) em 1916, altura em que se junta ao projecto outro habitante de Lisboa, António Augusto Carvalho Monteiro.
Entre 1914 e 1920 foram reunidos cerca de 500 instrumentos, que são a soma do núcleo de Lambertini com a colecção Keil, sob mecenato de Carvalho Monteiro: o Museu Instrumental de Lisboa, na Rua do Alecrim. Com a morte de Lambertini e Monteiro no final de 1920, permaneceu a ideia de fundar um museu, assim como o remanescente de mais de 300 instrumentos, que permitiu aos continuadores juntar a colecção no Conservatório de Música de Lisboa, em 1931, dando finalmente sentido ao decreto de 1915, que criara um museu instrumental nesta instituição. Colecção e casa juntaram-se e viveram em relativa paz durante 40 anos. Em 1971, no contexto de uma reforma dos conteúdos programáticos da instituição, o museu é atirado para a rua, a colecção contava já com cerca de 700 peças.
Em 1974, em plena revolução de Abril, este acervo é apanhado fora de casa. Alguns professores do conservatório não desistiram dele e acompanharam-no até à passagem da tutela do Ministério da Educação para o Ministério da Cultura (despacho de 26/12/1977). Entre eles podemos citar Elisa Lamas e o já desaparecido Santiago Kastner, que dirigiu a elaboração das fichas do inventário antigo da colecção, que a classificou como “demasiado preciosa” e que alertou para o crime que se estava a cometer ao deixar o museu sem casa, configurando-o como “caso para uma denúncia contra o património, que ultrapassa o âmbito nacional”.
A passagem do museu para a alçada da Cultura trouxe esperança. O então criado departamento de Musicologia, sob a responsabilidade de Humberto d’Ávila e Isabel Freire Andrade, aumentou o acervo para mais de mil peças e divulgou-o com exposições por todo o país. Entenderam assim este património, tal como as equipas do museu desde a sua instalação no Alto dos Moinhos, que sem ovos têm feito excelentes omoletes. Basta olhar para a intensa programação do museu, que muito beneficiou da colaboração dos músicos do Conservatório de Música de Lisboa e recentemente também da Casa Pia de Lisboa.
Esta tem sido a constante desde 1971: quem recebe o cargo de cuidar deste património fica imbuído da missão, os tuteladores políticos, infelizmente, não. Entre a data do primeiro grande crime contra este acervo, em 1971, e a actualidade medeiam 48 anos – será possível que cerca de meio século depois o melhor que se consegue fazer é atirar com a colecção para fora do seu contexto histórico?
Passemos à parte prática: as despesas. Estando o património no seu contexto identitário, as possibilidades de realizar eventos a custo praticamente zero são inúmeras. No local de origem, muitas são as instituições que por empatia se emparceiram e potenciam a sua valorização. Havendo conhecimento sobre o percurso do museu, das personalidades e das instituições com ele relacionadas, muito mais se pode fazer. Esse conhecimento existe e está disponível. A autora destas linhas é também autora da história do museu, vertida em dois textos que abrangem o período de 1911 a 1994 (catálogo da exposição Michel’angelo Lambertini 1862-1920, 2002) e em mais dois textos dedicados ao período republicano (catálogo da exposição Tempos e Contratempos, 2010).
Como cidadã que respeita o património da humanidade, tenho carinho pelo Convento de Cástris e pelo Palácio de Mafra, locais escolhidos à pressa pela classe política, confrontada com a urgência de encontrar uma solução, por não ter feito o que lhe competia durante os 20 anos de empréstimo das instalações pelo Metropolitano. Por isso mesmo, parece-me que, tal como o acervo do Museu Nacional da Música, merecem ser valorizados no contexto da sua identidade, servindo simultaneamente de integradores sociais das respectivas regiões: é essa a missão civilizacional do património, tal como é entendida hoje.
Comparamos amiúde as nossas instituições e a nossa cultura com a dos europeus. Olhemos então para Paris, que criou a Cité de la Musique valorizando assim o património musical e a cidade, enquanto em Lisboa se procura atirar com o património musical para fora de casa em vez de o ampliar, truncando a sua história e a das instituições a ele associadas.
Relativamente a Mafra, temos ainda de considerar os custos da climatização que um local extremamente húmido exige para albergar o acervo. Ainda que a implementação se suporte em verbas europeias, no futuro não teremos dinheiro para a manutenção.
Não duvido que os centros decisores se aconselharam com personalidades do nosso meio intelectual, mas pergunto-me: quem ou o quê representam os consultores escolhidos? O povo a que pertencem ou a si próprios?
Termino citando Michel’angelo Lambertini: “Um povo que não cuida na arte, e especialmente na sua própria arte, é um povo morto” (Arte Musical, 1905, p. 145). Espero que o povo de Lisboa ainda esteja vivo.
Ana Paula Tudela
Historiadora»
21/01/2019
Museu da Música em Lisboa - Apelo à Ministra da Cultura
Dra. Graça Fonseca
C.c. PCML, Museu da Música, AML, DGPC, Vereadora da Cultura da CML e Media
No seguimento das notícias vindas a público dando conta da vontade do Governo em avançar em breve com a instalação do Museu Nacional da Música, ou parte dele, no Palácio Nacional de Mafra, serve o presente para solicitarmos a Vossa Excelência, Senhora Ministra, a melhor das ponderações relativamente a este assunto, que cremos ser de suma-importância para o Património Nacional.
O acervo deste museu e a sua história estão intrinsecamente ligados à cidade de Lisboa e ao coleccionismo privado do início do século XX. A sua instalação na estação do Metro de Alto dos Moinhos foi provisória e surgiu para solucionar o problema do acervo estar guardado em condições precárias e sem exposição pública. Esta colecção e o importante espólio documental provêm sobretudo do empenho de três figuras fundamentais: Alfredo Keil, Michel ‘Angelo Lambertini e António Lamas, a que se juntam instrumentos da colecção da Família Real e peças de várias doações. A colecção do Museu engloba instrumentos no período cronológico que vai do século XVII à actualidade, europeus, africanos e orientais.
Parece-nos que Lisboa não deve prescindir do património deste Museu Nacional, com vários instrumentos classificados de Tesouros Nacionais, devendo fazer todos os esforços para encontrar um local condigno e de futuro. Neste sentido sugerimos que possa ser recuperado e revitalizado um dos seus palácios:
* O Palácio das Laranjeiras com o Teatro Tália, ligado à história da música através do mecenas incontornável do panorama artístico do seu tempo, o Conde de Farrobo, com a consequente deslocalização do Ministério do Ensino Superior para outro local.
* O Palácio Foz, no centro de Lisboa, tão ligado à Cultura e actualmente subaproveitadíssimo, com uma localização privilegiada de todos os pontos de vista e que chegou a ser publicamente anunciado pelo então Ministro da Cultura como o local para instalar o Museu, ou parte dele.
* E o Palácio Pombal, na Rua do Século, abandonado e desocupado, que teria a mais-valia evidente da sua proximidade ao Conservatório Nacional;
Quanto à sua importância da educação patrimonial o museu actualmente desenvolve uma vasta actividade atraindo um vasto público que usufrui de concertos, conferências, visitas temáticas, cursos, participação de alunos em audições e trabalhos de investigação, etc.
Pelo exposto, apelamos a Vossa Excelência para ter a máxima das ponderações relativamente a este assunto, solicitando-lhe, ao mesmo tempo, para abrir um período de consulta a um conjunto amplo de especialistas e requisitando o necessário estudo independente acerca da viabilidade e do custo das três alternativas.
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Virgílio Marques, Bernardo Ferreira de Carvalho, Rui Pedro Barbosa, Pedro Janarra, Jorge Mangorrinha, Alexandre Marques da Cruz, Rita Nobre de Carvalho, Helena Espvall, Rui Martins, João Oliveira Leonardo, Ana Alves de Sousa, Eurico de Barros, Júlio Amorim, Pedro Cassiano Neves, Henrique Chaves, Rita Gomes Ferrão, Maria do Rosário Reiche, Bruno Palma, Luís Mascarenhas Gaivão, Fernando Silva Grade, Fernando Jorge e Pedro de Souza
Foto: CML
14/03/2014
03/02/2014
Museu da Música: haja-o nacional e em Lisboa!
E, sendo verdade que se perdeu uma oportunidade de ouro para instalar esse museu no Teatro Tália das Laranjeiras, que depois de muitas décadas estropiado e ao abandono acabou, recentemente, por ser convertido em sala de conferências e serviços de um ministério; alguém já imaginou, mesmo assim, o que será se esse Museu Nacional da Música for para o (ainda) delapidado e subvalorizado Palácio Pombal, paredes-meias com o Conservatório Nacional (de onde saiu há pouco mais de 40 anos, aliás, o espólio do actual Museu da Música da estação de Metropolitano do Alto dos Moinhos)? Ou o que será se esse Museu vier a ocupar os antigos corredores, celas, claustros e igrejas (ai naquela sacristia de João Antunes, que concertos haveria…) no que resta dos conventos dos hospitais de Santa Marta ou de São José, agora que ambos estão com ‘ordem de despejo’ a médio prazo? Ou, se se quiser uma alternativa mais modernaça, o que será se se der, finalmente, bom uso ao abandonado Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações?
Há razões, portanto, para ser muito bem-vinda uma nova discussão em volta do futuro do Museu da Música, tendo presente que se ele foi para onde está agora, foi-o com carácter provisório, o que em Portugal, na maior parte dos casos, significa definitivo. Uma discussão, contudo, que tenha resultado prático. Que seja desta, portanto, que o Museu sai do cais do metropolitano e volta a ver a luz do dia, e que o faça num local histórico, compatível, central, acessível. E que implique, preferencialmente, a recuperação de um edifício abandonado, um daqueles, muitos, a precisarem de obras e sem novo uso à vista, que pululam pela cidade de Lisboa.
Mas é curto falar-se ‘apenas’ dos 1.400 instrumentos do museu actual: do cravo de Joaquim José Antunes (1758) ao piano que Liszt trouxe a Lisboa em 1845, do violoncelo de Suggia (sempre olvidada por quem de direito) às flautas de Haupt ou ao acervo de Alfredo Keil. É que não só há muito mais objectos em depósito, aqui e ali (e que só uma verdadeira e eficaz parceria-público-público, alinhada pelo mesmo diapasão, permitirá cruzar e rentabilizar: SEC-CML-Casa-Museu Verdades-Faria-Casa da Música, etc.), como esse futuro Museu Nacional da Música deve ser "state-of-the-art": permanente e tecnologicamente interactivo, atractivo e participativo, profundamente sensorial, e imaterial, também.
Seja como for, que se garantam sempre nesse Museu, sob que circunstância for, as condições climáticas consideradas adequadas para a boa conservação do imenso espólio em apreço, e que se vençam ’capelinhas’ e se alcance um objectivo maior para lá da guerrinha Mafra-Cástris, de contornos sempre tão ‘iguais’ - até porque a Cástris e a Mafra o que não pode de maneira faltar são hipóteses alternativas de ocupação e viabilização, basta crer nelas, que elas hão-de formalizar-se.
Concluindo, Mafra, por mais Barroco, órgãos e carrilhões que lhe devamos, a ela e a D. João V, não reúne as condições objectivas (é preciso não esquecer que as peças saíram de lá para o Alto dos Moinhos porque estavam em sério risco de se deteriorem irreversivelmente em Mafra) para albergar um Museu Nacional da Música, um museu como deve ser; que acabe de vez com as bolandas por que têm passado os instrumentos durante todo o século passado, os instrumentos legados oportunamente ao Estado para que deles cuidasse e expusesse no melhor dos esmeros, o que não se verificou de modo nenhum (não fora o Metropolitano e, quiçá, não restaria já nada…), e um museu que não seja apenas um museu de "bibelots", e que cubra toda a música composta e produzida da Idade Média até aos nossos tempos, o canto, seus autores e intérpretes, da polifonia de Cister às tonalidades de Emmanuel Nunes, dopianoforte de Queluz ao palco mais lírico e ao saxofone mais jazzista dos noctívagos da Lisboa do século XX.
31/12/2013
E do palácio se fez arte
In Sol Online (26.12.2013)
Por Rita Porto
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Muito sinceramente, e sem desprimor para com os actuais inquilinos, acho que o Palácio Pombal merecia outra coisa, por exemplo, o Museu Nacional da Música.
04/12/2013
Isto também diz respeito a Lisboa:
In Público Online/LUSA (3.12.2013)
19/05/2010
Museu Nacional da Música sai de Lisboa e vai para Évora em 2014

Por Maria Antónia Zacarias
«O Museu Nacional da Música vai sair das actuais instalações, localizadas na estação do Alto dos Moinhos do Metro de Lisboa, e passará para o Convento de São Bento de Cástris, em Évora.
O anúncio foi feito ontem pelo secretário de Estado da Cultura, Elísio Summavielle, durante uma deslocação ao Museu Rainha D. Leonor/Museu Regional de Beja. Summavielle revelou que a transferência será feita de forma faseada, num processo que demorará quatro anos.
Com um espólio "ímpar" em termos europeus, o Museu Nacional da Música está a funcionar, desde 1994, "em instalações do Metro de Lisboa, com um contrato precário e onde nunca teve oportunidade, à semelhança de outros museus nacionais, de mostrar o seu acervo", lembrou.
A directora regional da Cultura do Alentejo, Aurora Carapinha, considera a decisão "uma vitória". "É uma grande oportunidade que não pode ser desperdiçada, exigindo-se, por isso, um esforço de todos para que ela se realize", frisou.
O Convento de São Bento de Cástris necessita de obras. É o mais antigo mosteiro feminino a sul do país. "Todos nós sabemos que o monumento está devoluto", reconheceu a directora, acrescentando, contudo, haver programas adequados para a realização de uma intervenção naquele edifício.»
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Aqui há tempos sugerimos ao MC que instalasse o Museu da Música no Teatro Tália, juntando-se o útil ao agradável, mas de nada serviu, aparentemente. Fico contente por Évora, mas não acho que seja a escolha acertada para um Museu Nacional, longe, muito longe disso.
Num convento cisterciense? Na estrada de Évora para Arraiolos?! Só porque está a cair? Qual é o critério Sra. Ministra?
06/05/2010
Museu da Música e Museu da Viagem/propostas à Sra. Ministra da Cultura
Dra. Gabriela Canavilhas
Tendo vindo recentemente a público a intenção de V.Exa. em dar início aos procedimentos conducentes ao desenvolvimento de um projecto museológico de raiz, denominado “Museu da Viagem”, e, de igual modo, ao desejo em reinstalar o Museu da Música em local que não numa estação de metropolitano, vimos pelo presente regozijar-nos com ambos os desideratos, e apresentar duas propostas relativamente aos mesmos:
1. Museu da Música
Desde há anos que temos vindo a alertar quem de direito para a necessidade de haver um projecto de reabilitação para o antigo, emparedado e esquecido Teatro Tália, sito junto ao Jardim Zoológico (http://cidadanialx.tripod.com/talia.html).
O Teatro Tália é Imóvel de Interesse Público desde 1974, pertence ao Estado (Presidência do Conselho de Ministros) e está afecto ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) desde há mais de uma década.
Ao que sabemos, o único “projecto” apresentado oportunamente pelo MCTES ao MC, o de instalação naquele espaço do arquivo morto daquele ministério, foi liminarmente recusado, e bem. Como tal, qualquer projecto que se pretenda desenvolver para o Teatro Tália terá que ser compatível com o seu valor histórico e simbólico, e com a sua envolvente.
Julgamos que a instalação do Museu da Música no Teatro Tália (ainda que a solução ideal fosse obviamente a desocupação do Palácio do Conde de Farrobo pelo MCTES e a instalação do museu nesse palácio, complementada pela reabilitação do Tália enquanto anfiteatro) será uma excelente solução para a colecção do actual museu, para o antigo teatro e para a cidade, e que além de não implicar verbas tão avultadas quanto a construção de raiz de um novo edifício, terá a vantagem de recuperar um belo e valioso património.
Por isso, apelamos a V.Exa. para que equacione a possibilidade de negociar a cedência daquele conjunto com o MCTES para que ali possa ser instalado o acervo museológico hoje exposto na Estação de Metro do Alto dos Moinhos, e demais instrumentos ainda existentes em armazém, por via de projecto adequado de recuperação do antigo Teatro Tália.
2. Museu da Viagem
A ideia da criação de um Museu da Viagem dedicado não só às Descobertas como à diáspora lusitana, tendo por base uma viagem “virtual” à semelhança do que era exposto no Pavilhão de Portugal aquando da Expo’98, parece-nos boa e oportuna, uma vez que se trata de uma temática que, sendo transversal a muitas áreas da nossa museologia, é quase sempre entendida como subliminar, quando não incapaz de per si ser objecto de um projecto de museu nacional.
Assim, como contributo para o enriquecimento do debate sobre o futuro do edifício da Cordoaria Nacional (e do Museu Nacional de Arqueologia), e uma vez que o não desvirtuamento físico da Cordoaria Nacional enquanto Monumento Nacional tem sido também uma das nossas causas desde há anos, somos a propor que o “Museu da Viagem” seja desenvolvido na Cordoaria e não em edifício a construir de raiz. Isto porque:
- Apesar de quase devoluta e subaproveitada enquanto espaço museológico de índole industrial, a Cordoaria merece ser respeitada e objecto de um projecto de arquitectura que lhe devolva dignidade e possibilite a sua visita de forma cabal e integrada;
- Um programa arquitectónico de um "museu da viagem" será menos intrusivo do que o de um museu de arqueologia;
- O facto da Cordoaria estar sobre leito de cheia (Rio Seco) será menos gravoso no caso de um museu assente num programa virtual, do que num museu com tesouros arqueológicos físicos de valor incalculável;
- Finalmente, porque a existir um edifício cuja história se confunde com as Descobertas e com as viagens ele é a Cordoaria Nacional, pelo simples facto de que era ali que se fabricavam os cordames para os barcos.
Na expectativa de que estas propostas sejam bem aceites por V.Exa., subscrevemo-nos com elevada estima e consideração.
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Luís Marques da Silva, Jorge Santos Silva, João Chambers, José Arnaud, Diogo Moura, Cátia Mourão, Luís Serpa, Pedro Formozinho Sanchez, Virgílio Marques, António Branco Almeida, Jorge Pinto, João Leonardo, Beatriz Empis, Carlos Moura, Maria Helena Barreiros, Luís Rêgo, Carlos Matos e João Pinto Soares
12/02/2010
Prioridades Estratégicas do Ministério da Cultura

EIXO 1