30/01/2007

É com imensa tristeza, mas sem qualquer surpresa, que assisto ao colapso da Câmara de Lisboa.

In MMC/Bloco de Notas (29/1/2007)


«Eu sei bem que em política não adianta ter razão antes de tempo – antes pelo contrário. Mas na vida isso conta – e, no que me diz respeito, tudo foi dito e tudo foi escrito, nos momentos em que tal devia ser feito.

Tudo, ou quase tudo: por um lado, sobre a falta de visão, a funda incompetência e a indisfarçável inacção, que antecipavam o óbvio - ou seja, o pior executivo de Lisboa desde o 25 de Abril de 1974.

Por outro lado, sobre o polvo e os seus tentáculos. Agora, claro, é fácil falar. Mas muitos dos que agora falam, com surpreendente desenvoltura, da “malta do betão” e de outras coisas do género, ficaram então bem calados, atrás do conveniente biombo, entretidos com o “feeding frenzy” do costume.

Eu assinalava os “limiares da corrupção” que se estava a tocar, e eles espantavam-se; eu apontava “indícios” de negócios inexplicáveis, e eles distraíam-se; eu diagnosticava a existência de um “polvo de interesses ocultos”, e eles escandalizavam-se! Pois é… mas, como diz o ditado popular, «atrás do tempo, tempo vem»…

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