E PRONTO, PARECE QUE SE FOI ...
Aviso n.º 17140/2008, D.R. n.º 105, Série II de 2008-06-02
Câmara Municipal de Lisboa
Discussão pública para aprovação do pedido de licenciamento da operação de loteamento (emparcelamento) para o prédio sito na Rua da Junqueira, 33.
Este prédio situa-se na ZEP da Capela de Santo Amaro, Palácio Burnay, etc. Fica igualmente na zona especial de protecção ao Palacete da Ribeira Grande (em vias de classificação).
Quem de direito fecha os olhos à demolição porque 'embora possuam algum interesse arquitectónico, os edifícios se encontram descaracterizados e desenquadrados pelo que a sua substituição tem luz verde. Parece incrível mas é real.
31 comentários:
Continuo sem perceber qual a razão de tanta inquietação sobre o património de particulares, e o que eles lá constroem de destroem. Se a traça do edifício lhe é tão cara, porque não constrói um edifício IGUAL num terreno que lhe pertença?
Nem todos os edifícios que se encontram em “zonas protegidas” têm interesse em ser recuperados. É apenas uma área de segurança.
Se o edifício perdeu características, perdeu sentido, não tem interesse histórico e se nem público é, qual é a chatice?
A cidade é feita de remodelações, de construções e reconstruções. Faz parte da evolução.
Mais não fosse, as ZEP servem precisamente para que os imóveis classificados ou em vias de classificação, não fiquem eles também "desenquadrados", pela destruição avulsa do edificado que os envolve.
Deixar intervir num determinado local, com a justificação de que se trata de uma "pequenina intervenção" sem implicações urbanas e, a partir daí, justificar a destruição de bairros inteiros, utilizando o argumento do "desenquadrado", é a prática corrente do nosso urbanismo medíocre; é que o argumento do "desenquadrado", é o argumento que vem sendo utilizado á anos para legitimar a destruição dos edifícios do sec XIX, em Lisboa.
Haverá alguém que diga que este edifício, é pior, em termos arquitectónicos, do que outro qualquer, que se encontre situado em Alfama, na Mouraria ou no Bairro Alto? Porque não dar então o mesmo direito de construir "pirolitos" em qualquer parte, a todos os proprietários?
Este argumento poderá, a curto prazo e quando se esgotar o manancial especulativo do edificado do sec XIX das zonas novas, permitir avançar nos bairros históricos, arrazando-os, para dar lugar ás construções novissímas que traduzem "avanço" e "evolução" na perspectiva de alguns...
Poderá haver algum critério honesto em permitir, por exemplo,a destruição de um prémio Valmor que esteja "desenquadrado", para dar lugar a algo que se enquadra muito bem na mediocridade dos edifícios que por aí se constroem?
Não deverão ser protegidos os exemplares de arquitectura civil que marcam a época romântica da nossa história urbana, como o são(?), os exemplares de outras épocas?
Que azar o destes pobres edifícios em terem sido construídos em zonas que foram urbanistícamente bem planeadas!
Então, anda-se a desenterrar ruínas, a fazer escavações arqueológicas, a mostrar com orgulho o passado e por outro lado, permite-se esta destruição desenfreada de uma parte da nossa história urbana, criando um iato no tempo da evolução urbana de Lisboa.
A evolução da espécie faz-se com o conhecimento resultante do acumular das experiências artistícas, culturais científicas e sociais e não com a sua destruição; um povo é tanto mais evoluido quanto maior o seu espólio artistíco, cultural e ciêntifico, a par do cuidado que tem em cuidadar dele.
"Desenquadrar" património para justificar a sua destruição, não faz parte de um pensamento evoluído mas sim especulativo.
Infelizmente, muitos há por aí que, por um bom negócio ou por um bom projecto, até a alma vendem ao diabo.
Poderá haver algum critério honesto em permitir, por exemplo,a destruição de um prémio Valmor que esteja "desenquadrado", para dar lugar a algo que se enquadra muito bem na mediocridade dos edifícios que por aí se constroem?
Claro que sim: o edifício não lhe pertence a si. O seu dono faz do edifício o que lhe apetece.
Tenha cuidado que o seu argumento poderá servir no futuro para quem quiser proteger edifícios da "era Taveira". Só que não serão os seus eleitos a tomar essas decisões.
Não considero correcto equiparar o espólio intelectual de um povo ao urbanismo lisboeta, até porque não faz sentido. A cidade está em constante movimento e evolução e tem de ser bonita e funcional. Apesar de também fazer parte da cultura, é física e isso parece que acarreta alguns problemas, como o de não se poder por prédios em prateleiras de bibliotecas! É altura de sermos práticos!
Lisboa tem história, mas nem todos os prédios antigos são histórias. O segredo é o equilíbrio e este prédio não representa equilíbrio nenhum. Se o dono não faz nada, se a câmara não faz nada, se quem tem dinheiro não faz nada, ao abandono é que não deve ficar. Que se aprove algo de jeito para este espaço e a vida segue em frente.
Como se sabe, o direito público sobrepõe-se ao privado e portanto nada obsta a que se classifiquem edifícios privados, desde que se entenda e justifique a sua necessidade; os bairros históricos estão pejados de edifícios do domínio privado e tal, per si, não justifica nem legaliza a sua demolição.
Continuo a defender que as autarquias deverão implementar, sem receios e a par, os meios necessários á defesa dos interesses dos proprietários e dos cidadãos de Lisboa.
A cidade deve possuir concentricidade e coerência de percurso, permitindo uma leitura limpa, rápida e transparente sobre a sua história urbana e não ser uma amálgama confusa e disforme de todo o tipo de construções de diversas épocas, num mesmo local.
Para além de tudo o mais, nós não podemos nem temos o direito de sonegar ás gerações futuras, a possibilidade de conhecerem, na sua plenitude, o percurso histórico do urbanismo e da arquitectura civil do passado.
Até a construção da era "Taveira", se nos referirmos por exemplo, ao conjunto arquitectónico das Amoreiras, deverá ser um exemplo a perpetuar e a preservar; já faz parte do património construído de Lisboa e, no local (onde não existiam prédios mas sim uma estação de autocarros),não me parece de todo desenquadrado.
E, se mais não fosse, por ser considerado, a nível mundial e dentro do género, um bom projecto...
Como se sabe, o direito público sobrepõe-se ao privado
só se deixarmos a máfia reinar.
Não considera correcto equiparar espólio intelectual de um povo ao urbanismo de Lisboeta? Pois eu também não: Só se estivesse completamente doido varrido é que poderia fazer tal analogia, isto tendo em conta a qualidade do dito cujo...
vão "evoluir" para outro lado; vão para um país de terceiro mundo, aí podem "evoluir" sem dar contas a ninguém. podem começar pela áfrica onde os niveis de conservação e de respeito pelo património ainda estão na idade da pré-história.
mas voces nasceram na europa?
Sr Ferrero... voce o que faz ao certo? arquitecto? curioso? comentador da tertulia cor de rosa???
Parabens Beatriz... concordo plenamente consigo! Pena ainda haver entraves à evolução real da nossa cidade! Sempre críticas... por fazer e por nao fazer...
Não será necessário irem para um país do terceiro mundo para evoluir( alguns precisam de ser ensinados com os exemplos de erros urbanos ); é que basta ir para os suburbios de Lisboa que é de onde a maioria da incultura urbana vem...
Parece haver aqui um grupo organizado pelos especuladores imobiliários, para defenderem com unhas e dentes, os seus interesses demolidores...
Devem ser filhos dessa cultura suburbana, de que o arq fala e a quem Lisboa nada diz.
Alguèm com medo do despertar de consciências?...
Bem, o edifíco lá marchou... agora vai para o Lisboa Desaparecida da Marina Tavares Dias!
Esse edifício já foi demolido antes de Agosto de 2010...
cumps.
f.
Aos comentadores Beatriz, uma nova interveniente neste espaço, e para os Filipes e seus demais geminados intelectualmente:
se quisermos perceber o grau de destruição, abandono e descaracterização de Lisboa não é necessário ir muito longe, não havendo rua que se diga intocada. Mas se quisermos perceber a origem de todo este contra-ciclo, fazendo-nos, os portugueses, um caso isolado numa Europa com história e cultura em que património é defendido contra a gula de "promotores que só querem o melhor da cidade" é ainda mais fácil, basta ler o que escrevem aqui. Não nego que representam uma grande quantidade de pessoas - é só ver o resultado - mas isso não desculpa que quem de direito e eleito para nos proteger contra uma mentalidade tacanha, provinciana, pouco ou nada faça. Os senhores envergonham-nos, o resultado das vossas teorias envergonham-nos. Tenham vergonha também!
"Bem, o edifíco lá marchou... agora vai para o Lisboa Desaparecida da Marina Tavares Dias!"
Por este andar, a MArina TD tem que preparar uma edição só para casas demolidas.
Não há-de faltar muito que as novas gerações só conheçam o passado de lisboa por esses livros!!.
Tem toda a razão cara f., em Agosto costuma passar-se muita coisa por Lisboa;-)
Ò Filipe Melo...
Eu costumo ser crítico em relação ao excesso de zelo que reina neste blog, mas essa tua opinião de que cada um faz o que quer do seu património...é simplesmente estúpida e desprovida de qualquer senso.
Então a mais valia de uam cidade não é o seu património arquitéctónico? Há interesses públicos que obviamente se sobrepôem aos interesses privados! É por isso que cada um não pode fazer o que quer neste sociedade. É por isso que eu não posso andar nu na rua, nem fazer sexo na paragem do autocarro. Sou dono das minhas acções, mas existe uma coisa que se chama viver em sociedade.
Mas tu defendes mesmo que em relação ao património arquitectónico, não se deve proteger aquilo que em nome da história e da identidade e até da qualidade urbanística e do projecto em si faz sentido proteger de interesses privados?
Não entendo....
Luís Marques
Como diabo pode você ter um "interesse público" sobre algo que não lhe pertence?
Posso ter um "interesse público" sobre a sua conta bancária?
Incrível...e o mais espantoso é que acreditas mesmo nisso.
Vou tentar de novo Filipe...não vês MESMO qualquer interesse em proteger determinadas áreas, espaços ou edifícios da especulação em nome do interesse público?
Não entendes MESMO como necessário existirem edifícios classificados?
Não vês MESMO qualquer problema em, por exemplo, um particular no meio do Chiado construir algo que choque completamente com a traça típica, tipo Massamá?
Não vês MESMO qualquer problema num vizinho teu, por exemplo, encher o pátio dele com ferro velho e lixo orgânico? O espaço é dele para todos os efeitos....
És MESMO contra regras que permitam proteger aquilo que é um património cultural, de atentados urbanisticos?
Defendes MESMO a anarquia na gestão do património de cada um?
Luís Marques
Incrível...e o mais espantoso é que acreditas mesmo nisso.
Vou tentar de novo Filipe...não vês MESMO qualquer interesse em proteger determinadas áreas, espaços ou edifícios da especulação em nome do interesse público?
Não entendes MESMO como necessário existirem edifícios classificados?
Não vês MESMO qualquer problema em, por exemplo, um particular no meio do Chiado construir algo que choque completamente com a traça típica, tipo Massamá?
Não vês MESMO qualquer problema num vizinho teu, por exemplo, encher o pátio dele com ferro velho e lixo orgânico? O espaço é dele para todos os efeitos....
És MESMO contra regras que permitam proteger aquilo que é um património cultural, de atentados urbanisticos?
Defendes MESMO a anarquia na gestão do património de cada um?
Luís Marques
E digo mais com a minha propriedade ninguém tem nada a ver mas se for assaltada telefono à polícia. E se este país alguma vez for invadido quero os filhos dos outros a defender o que me pertence.
Filipe,
o conceito de interesse público é assim tão misterioso para si? Então não consegue perceber como a propriedade privada pode ter efeitos na vivência de uma sociedade como um colectivo onde a paz social e a justiça são elementos fundadores? Pense bem: o interesse privado do seu vizinho pode colidir com o seu interesse, penso que até aí a sua inteligência chegará. Agora multiplique esse interesse por o número total de cidadãos.
Se um vizinho seu decidir contruir no seu terreno ao lado da casa onde o Filipe mora - nos subúrbios, está-se a ver - uma vacaria e ao lado um matadoro e uma central de processamento de estrume ainda mantém a opinião que o que cada qual faz em sua casa é legitimo?
"Como diabo pode você ter um "interesse público" sobre algo que não lhe pertence?"
Você não (Deus me livre alguém como o sr. Sousa ter poder para alguma coisa. Mal por mal os que lá estão). O Estado pode. Como em TODOS os Estados Democráticos o interesse público sobrepõe-se naturalmente aos interesses privados.
Se calhar nunca ouviu falar nesse conceito. É natural, já deu para ver que não percebo nada sobre muita coisa.
Tem pida Filipe,
porque na realidade todos queremos que o seu interesse privado se dane também? Como é que ficamos? Vai prevalecer o seu interesse privado ou o meu interesse privado caso eu tenha mais dinheiro e poder - e cunhas - do que você? sempre poderá recorrer aos tribunais mas se eles usarem do seu critério o meu interesse privado deverá vingar independentemente da importância pública do seu interesse privado. Mas que mundo de cão este, não é?
Não prevalece nenhum. Sobre o que é meu decido eu, e fim de discussão. A não ser que você defenda uma sociedade de canibais.
Ninguém pode ser assim tão estúpido.
Acho que estamos no domínio da teimosia apenas.
Mas a sociedade de canibais está já instalada. Cada um faz o que quer! Decida-se: ou bem que quer uma sociedade justa para todos ou então vai prevalecer o critério do "meu interesse". Não respondeu ainda à minha questão: o que faz se um vizinho decidir colocar um monte de estrume no quintal ao lado da casa dos seus pais - que é onde vive, com certeza e nos subúrbios, porque você preenche totalmente o esteriotipo - porque afinal é do interesse privado do seu vizinho ter o monte exactamente alí?
Ficamos a saber que o sr. Sousa é anarquista.
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