( por A.H. in Publico )
Um programa com contornos semelhantes ao agora lançado por Helena Roseta serviu para os jovens beneficiários das casas especularem à custa do património camarário. Criada em 2001, a cooperativa Bairro Alto Jovem e o seu prédio pombalino na Praça Luís de Camões haviam de ficar conhecidos pelos piores motivos, quando se descobriu que pelo menos três dos apartamentos tinham sido entregues a filhos de presidentes de junta socialistas. Ainda chegou a ser apresentada uma queixa na Provedoria de Justiça, mas o seu resultado foi nulo.
O que nunca veio a público foi que, apesar de os regulamentos proibirem a venda das casas na sua primeira década de existência, de forma a evitar a especulação imobiliária, a câmara emitiu autorizações especiais para permitir a pelo menos dois destes proprietários alienarem, a preços de mercado, as casas baratas que tinham comprado à autarquia. As fracções mais caras, os dúplex, pouco passavam dos 150 mil euros, enquanto os apartamentos mais pequenos rondavam os cem mil. Neste momento há no edifício uma cave de três assoalhadas à venda por 265 mil euros e um estúdio no rés-do-chão para alugar por 85 euros por dia, ou 450 por semana.
Depois de ter aberto as primeiras excepções para permitir a venda antes do período de dez anos – um dos jovens alegou aumento da família, enquanto outro, familiar de um antigo presidente de junta, mudança de emprego para Leiria –, a autarquia recebeu mais pedidos. Um casal que habitava um dúplex achava que o apartamento não convinha às duas filhas pequenas e queria vendê-lo por 450 mil euros. Noutro caso, o proprietário dizia não conseguir suportar o empréstimo contraído junto do banco, pelo que se propunha vender a casa ao seu pai. As duas propostas acabaram rejeitadas em reunião de câmara.
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