25/04/2012

Cascais já tem terreno em Carcavelos para a Faculdade de Economia da Nova



Por Carlos Filipe in Público

Município terá de expropriar o espaço, de propriedade privada e classificado como Reserva Agrícola Nacional, e requerer intervenção do Governo para a suspensão do PDM e do Plano da Orla Costeira


Um terreno vizinho às instalações da NATO, diante do Forte de São Julião da Barra e a um passo da praia de Carcavelos, foi o local encontrado pelo município de Cascais para satisfazer o desejo de mudança e expansão da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, actualmente em Campolide, que ali pretende implantar um campus universitário inovador e com elevados padrões de qualidade.
O espaço a disponibilizar pela câmara, com nove hectares, situa-se no extremo sudeste do concelho de Cascais, na fronteira com Oeiras, e está separado das instalações do Comando da Força Conjunta da NATO pela estrada da Medrosa, balizado a sul pela estrada marginal, a norte pela Quinta de São Gonçalo e a poente pela EN6-7, que faz ligação entre a marginal e a auto-estrada A5.
O terreno, classificado como Reserva Agrícola Nacional (RAN), é propriedade privada, da sociedade Emídio Mendes, com a qual o município não chegou a acordo quanto a valores para a sua aquisição, pelo que vai agora iniciar procedimentos com vista à sua expropriação, alegando motivo de interesse público. Para isso, e considerando o projecto como estratégico para o desenvolvimento socioeconómico do concelho, recolheu na noite de segunda-feira o aval de todas as forças políticas na assembleia municipal.
Todavia, tal procedimento requer a intervenção do Governo, que avaliará a oportunidade de suspender o Plano Director Municipal, bem como o Plano de Ordenamento da Orla Costeira.
Esta decisão dá seguimento a um protocolo de intenções acordado em Fevereiro entre a autarquia e a instituição de ensino superior, segundo o qual caberia ao executivo municipal encontrar um terreno com as características desejadas pela Escola de Economia e Negócios da Nova: perto do mar, dito mesmo icónico, com uma área próxima dos dez hectares e com boas acessibilidades, tanto pedonais como viárias.
O executivo municipal, que se comprometera, segundo o acordo de intenções, a encontrar tal espaço no período de um ano, preencheu aquele requisito em apenas dois meses. Segundo o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, "demos apenas o primeiro passo, mas importante e em pouco tempo, pois este é um recurso escasso."

Risco e estratégia

"Seria mais cómodo ficar sentado, mas assumimos os riscos e tentamos atrair o investimento, considerando que é boa estratégia para o concelho", acrescentou o autarca, sublinhando que o local escolhido, entre outros nas proximidades que já tinham sugerido à Nova, recolheu a aprovação do parceiro. "A grande vantagem são as acessibilidades, cumpre os objectivos propostos, e está classificado com RAN, portanto de utilização imobiliária nula e com baixa expectativa de valorização do terreno. Como não conseguimos chegar a acordo com o proprietário teremos de optar pela expropriação, e dado o seu objectivo achamos que o Governo não colocará objecções", confia Carlos Carreiras.
O presidente da câmara também acredita que não serão levantadas objecções pela força da NATO à construção naquele local: "Isso foi levado em conta na elaboração do masterplan de conceito do projecto e de arquitectura dos edifícios, que seriam de cércea baixa. Mesmo a filosofia do campus não é de construção em altura, com o máximo de três pisos, segundo as especificações que foram dadas pela Nova."
A direcção da faculdade disse não ter, por ora, comentários a fazer sobre o assunto. Em Fevereiro, José Ferreira Machado, director da escola de economia, disse ao PÚBLICO que a necessidade de espaço é premente, tendo em vista a estratégia de expansão da escola, apostada em captar mais alunos estrangeiros para cursos de mestrado de Bolonha e MBA. "Mas só depois de encontrarmos o terreno é que começaremos a colocar de pé a ideia", sublinhou José Ferreira Machado, sendo que, precisou, o projecto passará, necessariamente, pela captação de financiamento privado.
De acordo com o documento (o masterplan encomendado pela Câmara de Cascais), a que o PÚBLICO teve acesso, já é avaliada a possibilidade de se virem a desenvolver ligações à praia de Carcavelos através de túnel, e a um parque urbano - uma faixa verde que se estenderá desde a estação ferroviária até à estrada marginal - por passadiços pedonais. Para estacionamento automóvel são previstos mil lugares (350 subterrâneos) e a cércea (altura) média dos edifícios é de 15 metros (o correspondente a três pisos), seja para o núcleo universitário, seja para as residências de estudantes e docentes.
A área de implantação do edificado ultrapassa os 14 mil m2 e a área de construção é de 40 mil m2, compreendendo um auditório (500 lugares), pavilhão desportivo, refeitório, biblioteca e zonas verdes. Para aproveitar a proximidade da praia, é também referida a criação de um núcleo com escola de surf.

11 comentários:

Anónimo disse...

Eles querem eh praia...

Anónimo disse...

Vai ser giro ver a Nova a cair, assim como todas as faculdades caem quando saem de um centro de uma cidade, onde realmente devem estar por motivos mais que óbvios.

Anónimo disse...

mas vao fechar a atual faculdade de economia, ou é apenas para expansão?

que mania de tirar coisas de Lisboa e mete-las longe onde ha menos acessos e transportes :s

Anónimo disse...

È incrível os comportamentos do Poder Local. Não é este o Poder Local que precisamos. A mistificação do Progresso. O que falta dizer a Paulo Morais para classificar esta gente.
Já temos Universidades e cursos suficientes.
Não tem Cascais tantos problemas para resolver e tanto para defender
do seu património, quer agora competir com quêm? Deve ser com Oeiras. Juntem os municípios de Oeiras e Cascais e já têm um Campus. O Tagus Parque violou o território necessário para a nossa sobrevivência e vem agora Cascais a quer fazer o mesmo.
Perante os cientistas honestos que temos, ninguém os quer questionar sobre estes crimes? Porque se remetem ao silêncio cúmplice as CCDRs. Já roubaram tantos terrenos à REN e à RAN, mas ainda não estão satisfeitos.
A demagogia destes autarcas é imensa. O Progresso está aí? Campus ? Sabem lá o que é isso? Façam, mas respeitem o ordenamento do território. Cascais já vendeu toda a Serra da Carregueira?
Os melhores solos não devem ter mais construção? Paulo Morais já o disse. Será a Teixeira Duarte a querer alargar-se de Oeiras para Cascais?
Discutam primeiro a Lei dos Solos.
Esta crise não serve para mudar mentalidades.
Nem a autarquias da CDU se salvam.
Que belos exemplos se têm feito
no distrito de Setubal, de degradação da Paisagem.
Oh. G.Ribeiro Teles !
Onde está o Plano Verde do concelho de Cascais?
Já chega.

mig disse...

FCT, tagus park, pólo de Monsanto tudo campos universitários no cú de judas. muito gostam os autarcas de dar cabo da vida dos estudantes/trabalhadores. o tempo e dinheiro gasto nas deslocações mais o dinheiro dos acessos é criminoso

JT disse...

Qual quê, depois usa-se o campus como desculpa para mais uma autoestrada, bem ao estilo do "american way of life". Até o nome da universidade é em inglês...

Anónimo disse...

"campus universitário inovador e com elevados padrões de qualidade"

"Para estacionamento automóvel são previstos mil lugares"

Só neste país atrasado se consegue juntar no mesmo texto as afirmações acima, sem caír no ridículo.



"pólo de Monsanto tudo campos universitários no cú de judas"

Por Monsanto passo quase diariamente de bicicleta, vindo da linha de Cascais e a caminho do trabalho (Picoas), apenas por prazer (o metro para à porta do meu trabalho).

Nunca lá vi nenhuma parte de Judas.

Opino que há determinados fatores que deveriam condicionar à partida o acesso ao estudo (preguicite,..).

mig disse...

"Por Monsanto passo quase diariamente de bicicleta, vindo da linha de Cascais e a caminho do trabalho (Picoas), apenas por prazer (o metro para à porta do meu trabalho)."´

subir de belém até ao pólo universitário de Monsanto é dificil e chega-se lá todo suado. só há um autocarro logo só se safam utilizando o carro. dificilmente acredito em si. quem é que no seu perfeito juizo vai de bicicleta desde a linha de cascais até picoas passando por monsanto? cais do sodré - av liberdade - picoas é 3x mais fácil e rápido. aposto que só vai por monsanto.

Xico205 disse...

Vai fazer uma visitinha ás quengas secalhar.

Ou então é para ter o prazer de descer a A5 de bicicleta da Cruz das Oliveiras até ao Viaduto Duarte Pacheco ou a Estrada da Pimenteira para depois ter que subir Campolide que dá o quadruplo do prazer.

João A. disse...

Esse terreno tem uma localização absolutamente ímpar.

De facto, tanto quanto sei, faz parte da reserva agrícola nacional.

Por essa razão, o proprietário (creio que é privado) não pode construir nele.

Aparece agora uma faculdade ou universidade de economia que decide que o que era bom era ter uma sede mesmo em frente à praia. Residências para alunos (e professores) a dois passos da praia, pois então. Isso é que é qualidade de vida!

Vai daí, alguém me arranja um terreno bom, bom, bom, bom, já, já, já, já (e já agora a custo zero). E a expensas do proprietário, a quem os terrenos serão expropriados. A favor de uns doutores cujas teorias puseram o mundo inteiro de pantanas, mas que se acham merecedores duma localização de luxo.

O mentor do projecto diz que a faculdade "só aceita" (repito: só aceita, não é só compra) que lhe dêem um terreno, nas suas palavras, "icónico", em frente ao mar.

Estes senhores tratam-se bem.

Por mim podem continuar lá por Campolide.

Se se der uso àquele terreno, concordo que seja como um parque urbano do concelho de Cascais. Não para uns doutores em economia poderem ir morar em frente à praia.

MnelVP disse...

A Princeton Review, uma das publicações mais respeitáveis em termos de avaliação de escolas de negócio, escreveu um artigo sobre a importância da localização para estas escolas. O resultado, especialmente os comentários dos alunos e alumni, não podia ser mais negativo em relação às escolas que decidem a localização em base nas vistas em detrimento da localização profissional ("as escolas são para se estudar e obter saídas profissionais, não para se divertir").
Tenho uma ligação com a Uni NOVA e aparentemente são os professores que querem esta localização. Os alunos estão na sua maioria contra.