17/04/2012

Seis séculos de património acessível a todos



Mais uma iniciativa sem dúvida  louvável da Gulbenkiam … mas … continuamos a verificar uma dicotomia paradoxal ou mesmo uma “esquizofrenia”entre estas iniciativas Académicas,Institucionais e “Bem Comportadas” … e a sua “tradução” no terreno … no dia a dia …onde o Património não é protegido, defendido e cuidado, pelas próprias Instituições Governamentais …  Monumento a Monumento, edifício … com Valor Patrimonial  … a edifício … rua … a rua.
António Sérgio Rosa de Carvalho. 





O portal da Gulbenkian inventaria a presença patrimonial portuguesa no mundo. É um “
permanente”


Com a abertura de um portal que compila e sistematiza todo o património arquitectónico de influência portuguesa espalhado pelo mundo, a Fundação Calouste Gulbenkian colocou ontem a “pedra de fecho” no projecto iniciado em 2007 e que, em 2010, resultou no lançamento da obra em três volumes

A analogia com a “pedra de fecho” foi feita pelo presidente da fundação, Rui Vilar, na cerimónia realizada ontem na sede da instituição. Com a edição da versão em língua inglesa da obra e o lançamento do portal, inspirado na o trabalho desenvolvido passou a estar acessível a todos os estudiosos, independentemente da língua de origem, e aberto a uma comunidade formada por todos os interessados em património. Como afirmou o historiador José Mattoso, coordenador de

o portal será, desejavelmente, uma ferramenta a encorajar o “diálogo” e a “circulação de ideias”, que “apazigue ressentimentos de guerras passadas”.
Alojado em o portal bilingue — português e inglês — possibilita várias formas de navegação: pelos autores originais das entradas relativas a cada monumento, cronologicamente, geograficamente ou por índice onomástico. Seguindo o mapa-mundo alojado no com entradas em 38 países, a viagem por seis séculos de intercâmbio cultural torna-se quase física: encontramos ali, um a um, os 1850 edifícios inventariados, mais de seis dezenas em Salvador, na Baía, Brasil, atravessando o continente africano, passando a Índia, até chegar a Nagasáqui, no Japão. Cada um dos monumentos surge acompanhado da entrada original, com fotos e documentação. Sendo o portal aberto a colaborações – qualquer utilizador pode acrescentar texto, enviar fotos ou fazer correcções, submetidas posteriormente à avaliação dos gestores do portal, que serão em regime rotativo as Universidades de Coimbra, Évora, Técnica e a Nova de Lisboa.

Será um “permanente”, como apontou a historiadora Mafalda Soares da Cunha, da Universidade de Évora e coordenadora do projecto juntamente com o arquitecto Walter Rossa, da Universidade de Coimbra, a quem caberá nesta primeira fase a gestão do portal. Soares da Cunha destacou também as várias camadas de leitura que permite o portal, útil tanto para investigadores ou jornalistas como para professores ou turistas e profissionais do sector.

No final da apresentação, Walter Rossa assinalava ao PÚBLICO a importância que terá o diálogo que, a partir de agora, se estabelecerá entre académicos e populações locais interessadas no património. A tónica não está no sentido de propriedade histórica: “Este património não é português, é partilhado.” De todos e aberto a todos. Este é o primeiro passo para “criar uma comunidade de pessoas que se revêem no património e para desenvolver um espírito de paz e tolerância”.

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