A publicação desta notícia justifica-se na perspectiva do conceito de Cidadania em geral e respectiva Democracia Participativa … e … claro … da informação necessária sobre o funcionamento e os custos da Democracia Representativa.
O conceito de "Cidadania" em si ... por vezes, vai mais longe do que "Lx".
António Sérgio Rosa de Carvalho.
Legislativas de 2011
Por Nuno Sá Lourenço in Público
Partidos gastaram dinheiro sobretudo em estadas, autocarros, refeições, agências de comunicação e empresas de estudos de mercado, segundo a Entidade das Contas e Financiamentos Políticos
No total, os cinco principais partidos gastaram 10.546.979 de euros nas últimas eleições legislativas de 5 de Junho de 2011. No início do ano, os dados divulgados pela Entidade das Contas e Financiamentos Políticos revelaram o descalabro nos gastos das contas de campanha do PS e do PSD. Meses depois, a entidade do Tribunal Constitucional (TC) disponibilizou a lista de acções e meios por candidatura. O PÚBLICO faz a radiografia das atribuladas e dispendiosas semanas que antecederam a ascensão ao poder de Pedro Passos Coelho e a partida de José Sócrates para Paris.
O PS foi o partido que mais gastou, mas também o mais transparente e completo na lista que apresentou ao TC. São 30 páginas de despesas que vão das dezenas de milhares de euros ao cêntimo. O que, somado, resultou numa conta de 4.132.205 euros. Ainda assim, menos um milhão e 200 mil euros do que Sócrates havia investido nas legislativas de 2009.
Uma grande parte dos valores foi despendida em estadas, combustível, ou aluguer de autocarros. E em refeições, tanto para o pessoal da caravana eleitoral como para os comícios da campanha. No total, só nesta categoria, os socialistas gastaram 192.941 euros. Só no dia 25 de Maio, o jantar do comício no Funchal custou aos socialistas 10.580 euros.
O aluguer de autocarros revelou-se outra fatia importante das despesas de uma campanha. Para se perceber a dimensão destes encargos, o PS gastou 12.875 euros em 23 autocarros para transportar apoiantes e militantes para o comício de Castelo Branco a 27 de Maio.
A lista revela ainda outros dados curiosos. Por exemplo, José Sócrates tinha a obrigação de estar bem informado sobre a intenção de voto dos portugueses. Em sondagens, entre 24 de Abril e 3 de Junho, pagou 200.242 euros, num total de 11 pagamentos ao longo daquelas semanas críticas.
Os mapas revelam ainda outros gastos socialistas originais. Como foi o pagamento de 44.280 euros pela produção e distribuição de jogos de dominó pelo país. Ou os 6133 euros que foram pagos pelas decorações florais dos comícios e rosas distribuídas nas acções de rua.
O PSD foi quase tão mãos-largas quanto o PS. Gastou quase mais um milhão do que em 2009 para conseguir mais 27 lugares no Parlamento. Os 3.828.382 euros gastos pela equipa de Pedro Passos Coelho - quando havia orçamentado 1.990.000 para a campanha - surgem num mapa de apenas oito páginas. A lista de meios é bem mais opaca do que a dos restantes partidos, com as despesas catalogadas em designações genéricas. Os sociais-democratas arrumaram uma boa parte dos gastos na esquiva categoria "outros" 136 vezes na lista de meios. Foi assim que apresentaram os 102.213 euros pagos a uma agência de estudos de mercado. Também não se percebe bem para que serviram os 315 mil euros pagos a uma agência de comunicação - sondagens, preparação de campanha ou assessoria de imprensa - que foram identificados como custos administrativos.
Ainda assim, percebe-se que do bolo total 104 mil euros foram investidos em "infomails". Ou que 115 mil euros serviram para pagar a "pessoal contratado". E outros 147.180 euros foram usados em "automóveis" e "autocarros" para a "caravana" e para levar apoiantes aos comícios.
Quanto ao CDS, gastou menos 200 mil euros do que em 2009, mas conseguiu mais três mandatos. No entanto, os 796.714 euros gastos durante a campanha mostram que os centristas estão num outro campeonato que não permite grandes loucuras. As contas da campanha centrista mostram os gastos de forma detalhada. As despesas são apresentadas com valores, datas, e descrição que indica até as empresas contratatadas. Desde as refeições, como no restaurante Nascer do Sol, em Albergaria-a-Velha, passando pela Nobre Flor, onde foram comprar um ramo de flores, até às despesas mais avolumadas como a concepção de campanha realizada pela Once Upon a Brand. Um investimento de 231 mil euros.
Apesar de ter cortado nos gastos de campanha face a 2009, a CDU conseguiu mais um deputado. Os 16 mandatos custaram aos comunistas e Verdes 924.887 euros. Contas igualmente detalhadas que revelam, por exemplo, que contratar a Brigada Vítor Jara para o comício de encerramento em Lisboa custou 2500 euros. Ou que o aluguer do Teatro Circo de Braga para o comício na cidade - uma batalha de anos do PCP - custou 2755 euros.
O BE gastou sensivelmente o mesmo que em 2009, mas perdeu metade da bancada que detinha. A lista de meios é um mapa arrumado que elenca os gastos por evento e respectivas categorias de despesa.
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