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27/08/2012

DESTRUÍNDO a Lisboa de FREDERICO RESSANO GARCIA

 Av. Elias Garcia /demolição aprovada?)
 Av. Viosconde de Valmor (demolição aprovada?)
 Rua Luciano Cordeiro (demolido!)
Rua Camilo Castelo Branco (demolição aprovada!)
O Eng. Ressano Garcia, a quem devemos em grande parte a cidade onde vivemos e trabalhamos, faleceu em Lisboa no dia 27 de Agosto de 1911. O seu legado urbanístico nunca esteve tão em perigo como nestes últimos anos. Por  toda a cidade planeada por Ressano Garcia vemos imóveis dos finais do séc. XIX / início do séc. XX em ruínas, ameaçados de destruição, vários já com pedidos de demolição aprovados e muitos mais já demolidos - graças em parte à política do actual executivo camarário. O património da Lisboa Romântica é talvez o que está mais ameaçado de desaparecer da nossa capital fruto de falta de protecção por parte da tutela da Cultura (é muito insuficiente a representação deste periodo na lista do património classificado) e da política de "fachadismo" que tem guiado o Pelouro do Urbanismo da CML (solução involuida cada vez mais popular entre nós). Não é também de admirar que a sociedade civil se mostre ainda apatica face a este vandalismo cultural porque, de um modo geral, os sucessivos governos e poderes autárquicos se têm demitido de divulgar e promover junto dos cidadãos a importância deste tipo de património - não só como elemento identitário do país mas também como recurso económico para as gerações presentes e futuras. O manifesto desinteresse pela reabilitação autêntica que vemos na CML, a incultura crónica dos promotores imobiliários que actuam na cidade, tudo tem contribuido para o cenário de atraso que domina a paisagem urbana de Lisboa. Demolições, construção nova, e "fachadismo": é isto que vemos nos nossos bairros, Dr. António Costa! Para vermos reabilitação autêntica e não fraudes arquitectonicas, os lisboetas têm de visitar os bairros de cidades como Barcelona, Paris, Viena, Amesterdão, Londres, Roma... Basta de demolir Lisboa!

24/11/2011

Finalmente! Demolição do último restaurante-barracão na Avenida!

Era isto que lá estava...
...encostado a uma das fontes do antigo Passeio Público!

FINALMENTE! Aplausos para o Vereador José Sá Fernandes! O FCLX sempre defendeu a demolição destas estruturas implantadas nas placas ajardinadas da Avenida. O abate aconteceu no último fim de semana. Foi o fim de uma aberração do tempo do Eng. Abecasis. O Engenheiro Ressano Garcia, criador da Avenida da Liberdade, bem merece este tipo de "comemorações"!

23/11/2011

E hoje às 18h:

Um grande desdobrável sobre Ressano Garcia




E aqui fica o obrigado ao Pelouro da Cultura da CML!

(Peço desculpas pela má qualidade da digitalização ... os folhetos estão disponíveis em vários dos equipamentos culturais da CML.)

15/11/2011

PUBLI-CIDADE: Avenida 24 de Julho

Enquanto a CML continua a aprovar este tipo de mega telas na Av. 24 de Julho, arruamento criado por Ressano Garcia, o Pelouro da Cultura comemora o centenário da sua morte com três exposições com o tema "RESSANO GARCIA: FAZER CIDADE". Uns a fazer e outros a desfazer.

RESSANO GARCIA: «A arte de fazer cidade burguesa»

04/10/2011

Comemorando Ressano Garcia


Que é, como quem diz, fazer um percurso pela Lisboa que construída ao seu tempo por ele e seus pares, tem sido delapidada, ano após ano, a começar por ... Campo de Ourique, Estefânia, Avenidas Novas. Virtualidades, portanto.

27/08/2011

FREDERICO RESSANO GARCIA (Lisboa, 12 Novembro 1847 - Lisboa 27 Agosto 1911)

O dia 27 de Agosto é relevante para a história da arquitectura e do urbanismo da capital e até do país.

Faz hoje exactamente um século que morreu o Engenheiro Ressano Garcia (Lisboa, 12 Novembro 1847 - Lisboa 27 Agosto 1911), autor de vastas zonas urbanas da capital onde actualmente vivem e trabalham milhares de cidadãos (Avenidas Novas, Campo de Ourique, Bairro Barata Salgueiro, Bairro Camões, Bairro da Estefânia, Avenida 24 de Julho). A sua obra de planeamento 'progressista' está em risco? Como é hoje viver ou trabalhar na Lisboa planeada por Ressano Garcia? O que é que sobreviveu? E o que faremos do que resta no futuro próximo? A CML tem a obrigação moral de incentivar os lisboetas a olhar para o legado de Ressano Garcia com mais atenção e sentido crítico. Esta é uma questão urgente no contexto dos cada vez mais frequentes pedidos de demolições em toda a zona das Avenidas Novas e outros bairros de génese idêntica. A divulgação deste valioso e único espólio arquitectónico e urbanístico do país (nenhuma outra cidade portuguesa desenvolveu e implementou planos urbanos desta escala) pode ajudar-nos a encontrar melhores respostas para o futuro da nossa cidade.

Recentemente Lisboa deixou passar em branco duas datas importantes para a história do urbanismo:

120 ANOS DO PLANO DAS AVENIDAS NOVAS (1888-2008)

Hoje em dia é já unânime que o Plano das Avenidas Novas de Ressano Garcia está numa situação de crise porque os seus princípios fundadores foram esquecidos ou até mesmo desvirtuados. Um exemplo bem revelador é dado pelo estado em que se encontram as placas centrais dos arruamentos, criados à maneira de Alamedas arborizadas para o conforto dos peões. Actualmente estão todas, sem excepção, invadidas pelo estacionamento de viaturas de transporte individual ou foram prontamente destruídas pelos engenheiros de tráfego para dar lugar a mais faixas de rodagem. A outrora densamente arborizada Avenida da Republica, que podemos ver nas imagens de arquivo, está hoje reduzida a poucas dezenas de árvores de alinhamento. Os interiores dos quarteirões foram destruídos com a ocupação selvagem de novas construções onde se incluem garagens em caves. Quanto à Arquitectura, ao parque construído do periodo Romântico, a situação é muito preocupante. Desde a década de 70 do séc. XX que se iniciou uma fase galopante de demolições de imóveis e quarteirões de referência da arquitectura da capital (vários prémios Valmor foram já demolidos). Salvo raras excepções, a capital entrou em perda sempre que as pioneiras construções deram lugar a novos imóveis. A embaraçante baixa qualidade arquitectónica do que se tem erguido é um facto. Com o aproximar do final do séc. XX, o Plano das Avenidas Novas foi sendo amputado de páginas importantes da sua história, desvirtuado nos seus princípios urbanísticos, e desqualificado com novas intervenções sem mais valias para o futuro da cidade.

130 ANOS DA INAUGURAÇÃO DA AV. DA LIBERDADE (1879-2009)

Estamos perante mais uma obra planeada por Ressano Garcia. É outro arruamento emblemático da capital em crise, com graves problemas ambientais e em rápida transformação - raramente sinónimo de qualidade. Parece não existir a reflexão teórica prévia que a sua importância histórica naturalmente exige. Exemplo disso é a recente intervenção pueril (e ilegal) no mobiliário urbano oitocentista da avenida levado a cabo pela própria CML de mãos dadas com uma marca de tintas ávida de publicidade.

Fotos: demolições na Av. Duque de Loulé. Outrora um dos arruamentos mais qualificados do plano das Avenidas Novas é hoje uma das maiores vítimas de vandalismo cultural.

26/11/2010

LISBOA versus PARIS: património do séc. XX


Av. Duque de Loulé, 86 - 96 torneja Rua Luciano Cordeiro, 117

Apesar dos técnicos do IGESPAR terem reconhecido a importância nacional deste conjunto, no dia 28 de Outubro de 2009 o Conselho Consultivo do IGESPAR, I.P. emitiu um parecer no sentido da não-classificação nacional (!).

«Conjunto composto por três prédios de rendimento idênticos, projectados de forma a causar a impressão de um só edifício. Os prédios foram erguidos em 1908 pelo banqueiro Cândido Sotto Mayor, como habitação de qualidade para a burguesia, de acordo com a zona nobre (Avenidas Novas de Lisboa) na qual se inserem. Estruturam-se em quatro pisos de apartamentos, com cave e mansardas. Os apartamentos são vastos, com tectos de estuques decorativos. Estes edifícios constituiem seguramente um dos melhores e mais elegantes conjuntos habitacionais da época, evocando nos seus traços gerais e nos detalhes decorativos Art Déco o ambiente parisiense cujos grandes boulevards, de resto, também haviam influenciado o projecto das Avenidas.» Sílvia Leite / DIDA - IGESPAR, I.P. /2009

Despacho de encerramento de 29-10-2009 do Director do IGESPAR, I.P.

Procedimento encerrado / arquivado - sem protecção legal


Apesar dos pedidos de cidadãos para iniciar, com carácter de urgência, a classificação deste conjunto, e apesar do óbvio carácter excepcional deste conjunto patrimonial, tudo foi arquivado e assim o IGESPAR lavou as suas mãos, como Pilatos. Sem protecção legal, os imóveis estão actualmente a sofrer obras que muito provavelmente irão fazer mais mal do que bem ao património da cidade.

Em Paris, este conjunto notável de prédios de rendimento de 1908 seria acarinhado como um monumento do séc. XX. E, naturalmente, já estaria classificado pelo Ministério da Cultura / IGESPAR e salvaguardado no PDM. Mas Portugal, e a sua capital, estão cronicamente 20/30 anos atrasados. Vejamos:

O primeiro imóvel do séc. XX a ser classificado em França foi o Tèatre des Champs-Elysées (1913, Auguste Perret) que recebeu oficialmente a sua classificação em Agosto de 1957. Nesse mesmo ano a primeira lista de imóveis "modernos" foi submetida à Commission Supèrieure des Monuments Historiques. Esta pioneira lista incluia apenas a área de Paris / Seine que estava mais sujeita a pressões imobiliárias. Mas em 1963 foi elaborada uma segunda lista de "monumentos" construídos de 1830 até ao presente. Nesta fase inicial de reconhecimento estatal do património mais recente foram tomadas algumas decisões absurdas. No caso dos imóveis do Movimento Moderno, por exemplo, apenas as suas fachadas foram classificadas. Naturalmente a França já não faz estes disparates - ainda tão em voga em Portugal - e a legislação de salvaguarda do património evoluiu. A lei do património em França é sem dúvida uma das mais desenvolvidas do mundo. Actualmente existem em França mais de 1000 (mil) edifícios do séc. XX efectivamente classificados. A lista continua a aumentar porque, e ao contrário da opinião de algumas chefias do IGESPAR, os franceses não pensam que têm demasiado património classificado...

Em Portugal, apenas no início da década de 80 do séc. XX se inaugurou a classificação, tímida, de imóveis do Movimento Moderno - o Capitólio (1925-1931, Luís Cristino da Silva) em Lisboa foi um dos primeiros a receber decreto de protecção, no dia 24 de Janeiro de 1983. Desde esta data que a classificação do património do séc. XX se tem desenvolvido, mas a passo de caracol pois neste final da primeira década do séc. XXI muitas obras primas da arquitectura nacional continuam à espera do devido reconhecimento e protecção do Estado português. Nesta espera demorada, alguns imóveis já foram demolidos (Cine-Teatro Monumental) e muitos outros foram alterados para além do aceitável. Haverá futuro para o património arquitectonico do séc. XX em Portugal? Se a demolição frenética da Arquitectura do séc. XIX pode ser considerada uma antevisão do destino para o séc. XX, estaremos então numa rota catastrófica.