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25/02/2021

Vitral partido na fachada Arte Nova da antiga Padaria Inglesa - alerta à CML

Exmo. Senhor Presidente
Dr. Fernando Medina


CC. AML

Chamamos a atenção de V. Exa., e da Câmara Municipal de Lisboa, para o facto de se encontrar partido, desde há dias, um dos vitrais da fachada em ferro da antiga Padaria Inglesa, localizada no edifício do Largo de São Julião, nº 8-9, conforme foto que remetemos (autor: Sousa Pereira).

Trata-se, recordamos, de uma loja que é propriedade da CML desde 1915, está inscrita na Carta Municipal do Património anexa ao PDM (item nº 20.24) e a sua fachada Arte Nova é o que resta das obras de remodelação ocorridas em 1993 e que modificaram por completo o interior da loja. Os lindíssimos vitrais (ver foto de Helena Aguiar, de 2020) são o elemento central da fachada e urge consertá-los.

Na expectativa, e colocando-nos ao dispor da CML para a identificação de especialistas que assegurem um restauro fidedigno do vitral partido, apresentamos os melhores cumprimentos.


Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Beatriz Empis, Alexandra de Carvalho Antunes, Ana Alves de Sousa, Rui Pedro Barbosa, Virgílio Marques, Carlos Boavida, Júlio Amorim, António Araújo, Helena Espvall, Teresa Silva Carvalho, Maria do Rosário Reiche, Maria João Pinto, Ana Celeste Glória, Pedro Cassiano Neves, Jorge Pinto, Miguel de Sepúlveda Velloso, João Oliveira Leonardo, Irene Santos, Rui Pedro Martins, Gustavo da Cunha, Bruno Palma

08/01/2020

Construção de edif com 4 pisos em ZEP da Igreja da Memoria (MN) protesto e pedido de esclarecimentos à CML e DGPC *


Exmo. Senhor Presidente da CML
Dr. Fernando Medina
Exma. Senhora Directora-Geral do Património Cultural
Arq. Paula Silva


CC. AML, JF, SRU Lx Ocidental, ICOMOS e media

Tendo sido informados do início de obras de construção de um edifício de 4 andares no lote de gaveto (fotos em anexo) da Travessa da Memória/ Largo da Memória, em plena Zona Especial de Protecção (Portaria de 29-06-1960, publicada no DG, II Série, n.º 163, de 14-07-1960 ) da Igreja da Memória (Monumento Nacional, Decreto n.º 8 627, DG, I Série, n.º 27, de 8-02-1923), serve o presente para solicitarmos esclarecimentos sobre como é possível ter sido a mesma aprovada pelos Serviços da CML e da DGPC, que V. Exas. tutelam, e quais as medidas imediatas que vão ser tomadas a fim de repor a legalidade da nova construção.

Com os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Miguel de Sepúlveda Velloso, Helena Espvall, Jorge Pinto, Ana Celeste Glória, Virgílio Marques, Pedro Jordão, António Araújo, Maria do Rosário Reiche, Sofia de Vasconcelos Casimiro, Gustavo da Cunha, Fátima Castanheira, Jorge Lima

Fotos de Anabela Natário

* Foi apresentada queixa junto da PGR/MP (8.1.2020)

...

Queixa arquivada pelo MP:

15/11/2017

Palácio de Santa Helena - Queixa à Provedoria de Justiça


Exma. Senhora Provedora de Justiça
Prof. Doutora Maria Lúcia Amaral


Cc. PCML, AML e media

Vimos pelo presente apresentar queixa junto de Vossa Excelência e dos serviços da Provedoria de Justiça relativamente ao projecto de alterações com ampliação, processo nº 454/EDI/2016, aprovado por despacho do Vereador do Urbanismo da CML, para os edifícios e logradouro do Largo do Sequeira, nº 7 (Palácio de Santa Helena), em Alfama, cuja obra decorre.

Com efeito, do projecto em apreço decorrem algumas implicações que, a nosso ver, poderão configurar a violação do Plano Director Municipal, tratando-se ainda de um imóvel do Inventário Municipal do Património (Lote 36.07 Palácio Sequeira Freire / Largo do Sequeira, 7), a saber, e principalmente, o Artigo 17º do Regulamento do PDM, referente ao “sistema de vistas”.

Assim, salvo prova em contrário, e após verificação no local, parece-nos evidente que as vistas para o rio, desde o enfiamento do Largo do Sequeira/Escadinhas do Arco da Dona Rosa, serão severamente afectadas se compararmos a situação actual (https://www.google.pt/maps/@38.7135824,-9.1270562,3a,75y,206.93h,90.59t/data=!3m6!1e1!3m4!1svbTqhP1_YybA4hlJ0VzL0Q!2e0!7i13312!8i6656) com a futura tendo em consideração a construção anunciada no leaflet do promotor, a qual basicamente, vai fazer subir em pelo menos 1 andar todo o muro ali existente.
Também as perspectivas através do canto inferior direito do lote (no fecho da Rua dos Corvos), hoje desafogadas, serão afectadas pela construção de um corpo novo.
Finalmente, e não despiciendo, as vistas desde os miradouros das Portas do Sol e de Santa Luzia para as zonas altas de São Vicente de Fora e Santa Engrácia serão severamente afectadas pela “muralha” que irá ser construída e revestida a contínuo uniforme, em toda a extensão do lote do lado poente, ou seja, será impossível que a mesma passe despercebida a quem se encontrar nos referidos miradouros.

Acresce que as construções novas agora aprovadas pela CML no logradouro do Palácio de Santa Helena, aprovadas com a justificação de serem construções/ampliações sobre corpos já existentes, são-no de facto em construções ilegais, uma vez que os pavilhões ali existentes foram oportunamente considerados pela CML como ilegais, mas nunca demolidos.

Finalmente, consideramos lamentável que, mais uma vez, um projecto como o presente, com forte impacte num bairro histórico e consolidado como é Alfama (o que aliás é referido na documentação camarária que aqui juntamos), se permita ser aprovado por despacho, sem ser discutido em reunião pública de CML e, pior, não ser tramitado urbanisticamente por quem de direito como se de uma operação de loteamento se tratasse e assim promovesse uma discussão pública a vários níveis.

Com os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Júlio Amorim, Inês Beleza Barreiros, Fernando Silva Grade, Pedro de Souza, Miguel Atanásio Carvalho, Virgílio Marques, Gonçalo Cornélio da Silva, Miguel de Sepúlveda Velloso, Jorge Pinto, Rui Pedro Barbosa, António Araújo

06/10/2016

A "reabilitação urbana à la Damaia" agora mesmo em frente da Sé


Antes

Agora

A "reabilitação urbana à la Damaia" vs. Planos de urbanização dos bairros histórico vs. anda por aí uma tal de candidatura à Unesco (LOL).

19/02/2016

Ah, mas temos "instrumentos de gestão" à maneira: PDM, Plano de Pormenor e "Salvaguarda" da Baixa, Baixa Conjunto de Interesse Público e, cereja no bolo, PISAL! Ora bem! Bah!


«Uma recuperação de um edifício na Praça do Município ...que bom pensei...Tapumes altíssimos desconfiei logo; mas depois li o cartaz "Obra a obra Lisboa melhora"...Eis quando vi caídos para o lado de fora do tapume....azulejos pombalinos escavacados ...tudo feito na maior discrição. Gato escondido com o rabo de fora.» por Miguel Jorge, in Facebook.

25/01/2016

Nova demolição: Avenida Almirante Reis 35 / Regueirão dos Anjos 2 a 18


Exmo. Vereador do Urbanismo
Arquitecto Manuel Salgado


Vimos chamar a vossa atenção para a demolição a decorrer desde Dezembro de 2015 do imóvel sito na Avenida Almirante Reis 35 / Regueirão dos Anjos 2 a 18, onde existiu a Pensão Castromira (ver imagem do Arquivo Municipal Fotografico).

Observamos, com indignação, que apesar de se ter anunciado "obras de ampliação e adaptação" do existente para o converter em unidade hoteleira de 3 estrelas, se está afinal a demolir integralmente o edifício, tendo sido já desaparecido 3 pisos, conforme mostram as imagens de ontem e que anexamos.

Lamentamos que se continue a destruir o património arquitectonico da cidade, e mais uma vez debaixo do argumento da actividade turística, quando o alojamento para o "Turista" deveria fazer bandeira das boas práticas de reabilitação do património da cidade a quem afinal deve tudo.

Assim, e dado que no passado recente, e nesta mesma avenida, já denunciámos demolições ilegais (ex: edifício de gaveto com a Praça João do Rio), solicitamos ao Pelouro do Urbanismo que informe os cidadãos se de facto aprovou mais esta demolição integral ou se estamos perante um acto de vandalismo cultural e de desrespeito à Câmara Municipal de Lisboa.

Com os nossos melhores cumprimentos,

​Paulo Ferrero, Fernando Jorge e Luís Marques da Silva​

Lisboa, 5 de Janeiro de 2016

Imagem de Arquivo: Pensão-Castromira-1968_Av.Almirante Reis_Goulart_João Hermes Cordeiro.jpg

...

Resposta do Sr. Vereador Arq. Manuel Salgado:

16/09/2014

Avenida Duque de Loulé “qualquer dia é só cenário”


In O CORVO (16.9.2014)
Por Fernanda Ribeiro

«O número 70 da Avenida Duque de Loulé é um edifício carregado de memórias da vida artística e literária da cidade. Nele funcionaram redacções de jornais, revistas e nasceu uma editora. Está à venda, com outros sete prédios, dos quais apenas ficará a fachada. Há vozes críticas a este tipo de intervenção.

Do edifício da Avenida Duque de Loulé 70, onde morou a fadista Hermínia Silva e onde funcionou durante anos a delegação do Jornal do Fundão, restará apenas o cenário da fachada, se for por diante a ideia do proprietário, que o colocou à venda. O edifício é parte integrante de um conjunto de oito imóveis de finais do século XIX e princípios de XX a alienar de uma só vez, segundo um projecto de reabilitação que prevê a manutenção de fachadas e a demolição e renovação dos interiores.

“Inacreditável. É incrível o que estão a fazer ao património da cidade. Qualquer dia esta avenida é só cenário”, comentou um antigo morador da Avenida Duque de Loulé, ao ver o cartaz afixado pela consultora imobiliária Cushman & Wakefield no prédio agora à venda. “Vi muitas vezes de lá sair a Hermínia Silva, que ali morava. E ali funcionava também a delegação do Jornal do Fundão”, contou ao Corvo António Infante.

[ ...] Actualmente, e apesar de estar à venda, ele apresenta-se de janelas esventradas, algo que não ajuda seguramente à sua preservação. O anúncio em que, de uma assentada se colocam à venda estes oito prédios da zona da Duque de Loulé está online, na página da consultora imobiliária Cushman & Wakefield, intermediária do dono dos imóveis. Mas é também bem visível para quem passe naquela zona da cidade, pois consta nas grandes telas afixadas nos prédios – ao nº70 da Avenida Duque de Loulé junta-se uma fiada de quatro prédios da Rua do Andaluz e mais três no Largo das Palmeiras.

Todos se situam num mesmo quarteirão, mas a sua implantação é descontínua e separada em três blocos – algo que o projecto apresentado pelo proprietário à Câmara Municipal de Lisboa pretende alterar, criando um embasamento comum aos oito edifícios, reunidos para uma só intervenção. De acordo com a Cushman & Wakefield, o projecto tem “uma área bruta de construção de 12.067 metros quadrados”, repartida por “três lotes resultantes de emparcelamento dos oito prédios urbanos divididos em habitação, hotel e escritórios e com 258 lugares de estacionamento”. “O projecto chegou a ser aprovado pela Câmara Municipal de Lisboa e a ter licença. Mas ela caducou, antes de se efectivar a venda. A maioria dos candidatos à compra pretende manter as fachadas. Até porque, no caso do edifício da Duque de Loulé [demolir a fachada] seria criminoso” disse ao Corvo fonte da Cushman & Wakefield.

Largo das Palmeiras

Outro dos edifícios de que só ficará a fachada, no Largo das Palmeiras

E agora, de acordo com a mesma fonte, “há várias opções para os possíveis compradores dos imóveis – que o proprietário chegou a admitir vender separadamente, mas que quer afinal vender em conjunto. Ou aproveitar o projecto existente e introduzir algumas alterações, ou começar da estaca zero e apresentar novo projecto à câmara”. Crítico desta forma de intervir na cidade consolidada mostrou-se já o movimento Fórum Cidadania Lx, que pediu esclarecimentos ao vereador com o pelouro do urbanismo, Manuel Salgado. [...] Para o movimento de cidadãos, estes “edifícios merecem ser preservados e reabilitados de forma cuidada, sem recorrer a “reabilitações” travestidas de construções novas – solução fácil tão do agrado dos promotores imobiliários assim como dos sucessivos executivos camarários”. [...]

O Corvo colocou a questão ao gabinete do vereador Manuel Salgado e tentou apurar se existem condicionantes impostas pela Câmara às intervenções previstas para a zona da Avenida Duque de Loulé, mas até segunda-feira à tarde “os serviços não conseguiram dar resposta à questão, que têm de analisar”, disse fonte do gabinete de comunicação da Câmara Municipal de Lisboa.»

08/04/2013

O "interesse excepcional" do Centro de Artes da EDP


In Público (7/4/2013)


A resposta do Director Municipal:

Texto editado

25/03/2013

Queixa sobre deliberação da CML de 'Interesse Excepcional' Centro de Artes da EDP


Exmo. Senhor Provedor
Dr. Juiz-Conselheiro Alfredo José de Sousa


No seguimento da N/ queixa sobre a eventual ilegalidade da aprovação pela CML do Pedido de Informação Prévia relativo ao projecto de construção do Centro de Artes da Fundação EDP, V/ refª Processo Q.2007/12/(A1) - queixa essa relativa à clara violação do PDM de 1994 do PDM actual, e à violação da Zona Especial de Protecção de um Imóvel de Interesse Público, e da qual resultou uma recomendação de V. Exa. à CML sobre os aspectos pouco claros da propriedade dos terrenos envolvidos (de que o V/Ofício em anexo é resumo), somos;

A renovar a nossa queixa, desta feita sobre os moldes em que a CML aprovou mais recentemente deliberar o 'Interesse Excepcional' do referido projecto, como expediente de contornar o PDM actual (ver proposta CML nº 63/2013)

Esta nossa nova queixa prende-se com os seguinte:

1. Julgamos que a figura de 'Interesse Excepcional' não se encontra vertida no texto de Regulamento do PDM actual, e, portanto, não está fundamentada nos regulamentos de gestão urbanística da CML. Desse modo, a Deliberação em apreço será nula.

Aliás, não se vislumbra, sequer, na substância da proposta apresentada, o interesse excepcional de natureza pública, já que o promotor é privado, as finalidades são privadas e podem ser asseguradas, inclusive, no espaço já existente do Museu da Electricidade. Acresce que a construção proposta implicará a demolição clara, recordamos, de dois edifícios existentes em plena Zona Especial de Protecção de um Imóvel de Interesse Público, mesmo que o parecer da entidade que tutela a salvaguarda do património edificado classificado e das suas ZEP tenha sido permeável ao projecto - facto a que somos alheios mas críticos.

2. Se a CML prosseguir nessa justificação, terá, forçosamente, de fazer aprovar em Reunião de CML, a suspensão parcial do actual Plano Director Municipal, e, seguidamente, submeter a mesma à apreciação da Assembleia Municipal. Só depois desta última a aprovar, será possível ao promotor iniciar a obra.

Solicitamos, por isso, a melhor ajuda de V. Exa, Senhor Provedor, no sentido de esclarecer este assunto, agindo em conformidade junto da CML, antes que estejamos, todos, perante mais um facto consumado: o início das demolições nos edifícios anexos à Central Tejo e, portanto, o início da construção de um projecto que, aparentemente, continua a não seguir os trâmites legais.

Com os melhores cumprimentos


Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Nuno Caiado, Fernando Jorge, Gonçalo Cornélio da Silva, João Mineiro, Luís Marques da Silva, Pedro Fonseca, Pedro Formozinho Sanches, Alexandre Marques da Cruz, Bruno Ferreira, Jorge Santos Silva, Paulo Guilherme Figueiredo, Júlio Amorim, Beatriz Empis

20/02/2013

Insiste, insiste, flecte, flecte...


Na semana passada a Oposição parece que se recusou a discutir esta proposta bem como a da operação referente aos lotes, mas ei-la de volta. Pode ser que alguem, entretanto, resolva ir ao w.c. na exacta hora em que se discuta a proposta e assim não a vote e ela passe, ou, outra qualquer solução mais engenhosa seja entretanto congeminada por quem de direito, afinal trata-se agora (dia 20) de uma reunião privada e, afinal, ainda, estamos perante um projecto de interesse "excepcional".

«EDITAL Nº. /2013
REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA PRIVADA

ORDEM DE TRABALHOS
1 - Proposta n.º 63/2013 (Subscrita pelo Sr. Vereador Manuel Salgado) Aprovar o interesse excecional da intervenção “Centro de Artes” da Fundação EDP, e abrir período de debate público, nos termos da proposta;...»

TEXTO EDITADO:

A juntar às questões dos terrenos e da violação ou não do PDM, sob o ponto de vista patrimonial e, portanto, sujeito a parecer vinculativo da DGPC é saber se: 1. O projecto viola a ZEP da Central Tejo, IIP. 2. O projecto danifica a parte subterrânea desse IIP e, portanto, mutila um bem classificado. Se violar quer 1. quer 2. pois o parecer da DGPC so poderá ser um: CHUMBO.

16/10/2011

Como é que alguns fazem em Lisboa o que mais ninguém pode

In 'Público' de 16.10.2011 - Por José António Cerejo


O que aqui se conta é uma história que mostra como a cidade lisboeta chegou ao que é e como muitas teias se tecem. O caso de como uma quinta histórica se tornou um condomínio privado que, afinal, é público.

Era uma vez uma quinta que se chamava Mata dos Sabugosas e que se tinha chamado Quinta Cesária e que ocupava quase três hectares não longe do centro de Lisboa. Ficava entre Alcântara e a Tapada da Ajuda, numa zona que nos anos de 1960 levou com a então chamada Ponte Salazar em cima. Pertencia à família dos condes de Sabugosa e num dos extremos, junto à Rua 1º de Maio, tinha um palácio com quatro séculos, um amplo jardim formal e um pomar.

Na parte superior havia uma "significativa e característica mata arbórea e subarbustiva", que "garantia a permeabilidade do solo". Quem assim a descreveu, em Dezembro de 1993, foi Maria Luísa Ferraz, uma arquitecta do serviço de Ambiente da Câmara de Lisboa. E disse mais: "Por este espaço passaram ao longo dos tempos vários escritores e homens de letras, sendo esta a casa que serviu de inspiração às descrições do "Ramalhete" nos Maias, de Eça de Queirós."

Daí e de tudo o que representaria o projecto de urbanização da quinta, sobre o qual tinha a incumbência de se pronunciar, concluiu a técnica que tal proposta não era compatível com a manutenção da mata. No seu entender, o espaço em causa merecia "um destino diferente".

O mesmo julgou a equipa da Direcção de Planeamento Estratégico (DPE) que, no mês seguinte, propôs "o indeferimento do pedido de licenciamento do loteamento". Proposta sobre a qual nenhuma hierarquia, nem o então presidente da câmara, Jorge Sampaio, se pronunciou.

Passados sete anos estava lá o que lá está agora: um conjunto de 17 prédios de quatro a seis pisos e 168 apartamentos, com um acesso único e exclusivo para os residentes, na Rua Luís de Camões, controlado por um segurança e uma cancela automática. O palácio e o jardim permaneceram intactos e fisicamente separados da nova urbanização, baptizada com o nome de Alcântara Residence.

O deferimento tácito

Para se chegar ao que lá está, muito caminho se fez. No final de 1993 estava em fase final de aprovação o Plano Director Municipal (PDM) de Lisboa, que apontava para restrições adicionais às que constavam da normas provisórias do PDM publicadas em 1992. E foi por essa altura que a mata dos Sabugosas passou para as mãos de um fundo imobiliário controlado pelo empresário Vasco Pereira Coutinho e gerido pela sociedade GEF.

Antes disso, a empresa "teve o cuidado de obter a confirmação, a título particular, junto de técnicos da Câmara de Lisboa, sobre a perfeita conformidade" entre o que ali pretendia fazer e o que estabeleciam as normas provisórias do PDM. Quem o afirma é a própria, numa acção judicial que interpôs em Março de 1994, com o objectivo de conseguir o reconhecimento judicial do alegado deferimento tácito do projecto de loteamento da mata, que tinha entregue em Junho do ano anterior. Esse projecto tinha tido uma proposta de indeferimento dois meses antes, sobre a qual ninguém se pronunciou.

Na prática, todavia, a câmara, que até rejeitava em tribunal a tese de que se tinha verificado o deferimento tácito, abriu os braços ao promotor (GEF) e começou a negociar com ele a remodelação do projecto. Jogando pelo seguro, a GEF pôs a acção em tribunal no meio das negociações e recusou-se a desistir dela mesmo depois de Jorge Sampaio, logo no mês seguinte, ter assinado um despacho de concordância com o resultado das mesmas negociações. Só passados três anos, já com o alvará de loteamento na mão, é que pôs fim ao processo, até aí suspenso a pedido das partes.

Nesse intervalo levou a água ao seu moinho e conseguiu, já com João Soares, muito mais do que Jorge Sampaio lhe tinha dado contra a redução das áreas de construção previstas na primeira versão do projecto - mas sempre no quadro das normas provisórias do PDM, conforme exigência sua.

O acesso que desapareceu

Logo em Junho de 1994, o então presidente da câmara aprovou a versão saída das negociações. Mas fê-lo sob três condições, uma das quais era "a resolução do acesso condicionado pela Rua 1º de Maio, em local que se presume estar sob jurisdição da Junta Autónoma de Estradas". Ou seja: a aprovação definitiva e a emissão do alvará só podiam ocorrer se a GEF conseguisse assegurar, na fase de aprovação do projecto das obras de urbanização, um acesso alternativo a construir naquele local.Acontece que o requerimento que acompanha os projectos dessas obras, entregue no final do ano e assinado pelo então presidente da GEF, José Manuel de Sousa, deixa cair tal acesso e explica porquê: "Por se ter revelado desnecessário". Tratava-se de um acesso de emergência, nomeadamente para os bombeiros, mas José Manuel de Sousa dizia a Jorge Sampaio que a sua supressão e as alterações que ela implicava "mereceram opiniões informais favoráveis dos serviços municipais contactados, designadamente do Regimento de Sapadores Bombeiros".

Formalmente, contudo, nunca os bombeiros se pronunciaram sobre a substituição desse acesso por uma escapatória labiríntica, sempre fechada, que atravessa os jardins do palácio do Conde de Sabugosa e dá para a Rua 1º de Maio, através de um portão em que mal passa um automóvel ligeiro. Mas se os bombeiros nunca o fizeram, o mesmo não aconteceu com outros serviços camarários. O Departamento de Tráfego, por exemplo, considerou repetidamente a "situação de acesso único" como "insuficiente em termos de acessibilidade" e de segurança, com a concordância do vereador do pelouro, Machado Rodrigues.

Mau grado essa concordância, foi este que aprovou as obras de urbanização, com o acesso único, em Julho de 1996. E fê-lo por remissão para uma informação do Departamento de Infra-estruturas Viárias que propunha a aprovação no "pressuposto", nunca verificado, "de que o loteamento obterá parecer favorável da Direcção Municipal de Planeamento e Gestão Urbanística [DMPGU]".

Eliminado o segundo acesso, a GEF ganhou em diferentes tabuleiros. Não só não teve de o construir, como, entre outras consequências favoráveis, viu aprovada no local a criação de uma grande área de estacionamento à superfície, em vez do previsto estacionamento subterrâneo.

Mas afinal ninguém se apercebeu de que a condição posta por Sampaio tinha sido desrespeitada? E o parecer da DMPGU, entidade que à época era fulcral nestas aprovações, o que é que diz? Vistos e revistos os processos do loteamento e das obras de urbanização ninguém deu por nada e a DMPGU nada disse. Um outro processo camarário, do Departamento de Património, relacionado com o cálculo das taxas devidas pelo promotor e com a entrega de terrenos em troca dessas taxas (ver texto nestas páginas), desmente, contudo, tal conclusão.

Parecer que ficou na gaveta

Três meses antes da aprovação das obras de urbanização, um arquitecto da DMPGU, Manuel Freitas, escreveu tudo o que os outros silenciaram, mas sem qualquer consequência. O original da sua informação manuscrita, de sete páginas, não está nos processos onde tinha de estar, mas há uma fotocópia no processo do Património. O PÚBLICO perguntou ao presidente da câmara, a 8 de Setembro, onde é que se encontra o original, mas, mais uma vez, não teve resposta.

No texto, o autor frisa que, "tendo o presidente dado uma aprovação condicionada à resolução do segundo acesso (preconizado pelo requerente) só o próprio presidente teria "poder" para expressamente aprovar outro acesso alternativo ou dispensar e "libertar" a GEF do condicionamento imposto no âmbito da sua deliberação - e isto o presidente não o fez."

Manuel Freitas faz notar que a criação do acesso pelos terrenos da Junta Autónoma de Estradas não foi autorizada por esta entidade e que, depois disso, fez uma visita ao local com um dos administradores da GEF para resolver o problema. Nessa ocasião, salienta, foram identificados vários edifícios da Rua dos Lusíadas, contíguos à parte de cima da mata, todos eles com condições para serem demolidos (depois de adquiridos pelo promotor) e propiciarem um adequado segundo acesso à urbanização. O técnico escreve também que informou o representante do promotor de que "em outros projectos de loteamento em idêntica situação e desta dimensão, a câmara não tem aceite soluções de acesso único".Quanto à solução proposta de acesso "através dos jardins privados do lote privado do palácio", por um portão "onde não caberá um qualquer carro dos bombeiros", o arquitecto salienta que, sobre ela, "nenhuma pessoa de nenhum departamento da câmara se pronunciou (ou se quis pronunciar)".

A informação termina com a proposta, nunca aceite, de convocação da GEF para que esta fosse instada a dar cumprimento à resolução do segundo acesso, não sem antes fazer uma chamada de atenção, a propósito do tratamento deste processo: "Há regras estritas de procedimento na relação dos serviços [camarários] com os requerentes que têm de ser respeitadas, tendo em vista o bom entendimento e um relacionamento dentro da legalidade e da transparência."

Os nomes desta história

Para lá de Pereira Coutinho, o empresário que uma vez levou Durão Barroso a passar férias numa ilha de que é proprietário e cujo nome nunca aparece no processo, esta história tem um protagonista essencial. Trata-se de alguém que só raramente aparece a assinar um documento ou outro, embora tenha também participado em reuniões na DPE da câmara, então dirigida por António Fonseca Ferreira - o braço direito de Jorge Sampaio na elaboração do PDM.

Chama-se José Manuel de Sousa, ocupou lugares dirigentes nos serviços da Câmara de Lisboa até 1990, altura em que assumiu a presidência do conselho de administração da GEF. Dois anos depois deixou o grupo de Vasco Pereira Coutinho e foi nomeado por Sampaio para o cargo de presidente da Empresa Pública de Urbanização de Lisboa (EPUL).

Mas, logo em Março de 1994, três dias antes da acção da GEF contra o município entrar em tribunal, deixou a EPUL e voltou para a presidência da empresa de Pereira Coutinho. Já em 2001, quando o Alcântara Residence estava praticamente construído largou a GEF, seguiu para o Grupo Espírito Santo, e foi substituído pelo advogado e especialista em direito do urbanismo João Pitschieller.

Ou seja: saiu o antigo presidente da EPUL e entrou o principal consultor jurídico de Jorge Sampaio e de João Soares, enquanto presidentes da câmara, e um dos artífices do PDM de Lisboa.

Nem a GEF nem a câmara quiseram comentar ou prestar qualquer esclarecimento sobre este processo. A autarquia, a quem as primeiras perguntas escritas foram dirigidas em 12 de Agosto, limitou-se a informar, através da assessora de imprensa Luísa Botinas: "A câmara não comenta" e "a câmara não é obrigada a responder".

21/09/2011

Aprovado o projecto final do PDM de Lisboa

A Câmara de Lisboa aprovou hoje, com os votos favoráveis da maioria e de cinco vereadores do PSD, o projecto de versão final da revisão do Plano Director Municipal (PDM).António Costa congratulou-se com o resultado da votação, lembrando que a revisão do PDM ocorre com “pelo menos seis anos de atraso”. Ainda assim, o presidente da autarquia admitiu que “falta agora o espinhoso caminho de votação e discussão na assembleia municipal de Lisboa”.

A proposta teve os votos contra do PCP, CDS e do vereador Vítor Gonçalves, eleito pelo PSD.

A falta de instrumentos para uma política de reabilitação do edificado e alguma indefinição na área dos transportes foram algumas das críticas mais apontadas à revisão do PDM.

Durante a tarde de hoje ainda vão ser votados vários regulamentos relacionados com o PDM, nomeadamente o que prevê a atribuição de créditos de edificabilidade a promotores imobiliários que cumpram determinados critérios
In Público

24/05/2011

PDM / Contributo para a discussão pública:

Exmos. Senhores
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa,
Dr. António Costa
e Vereador do Urbanismo,
Arq. Manuel Salgado


No seguimento da abertura da discussão pública do Plano Director Municipal, Aviso n.º 7436/2011, Diário da República, 2.ª série — N.º 59 — 24 de Março de 2011, vimos pelo presente enviar a Vossas Excelências o nosso contributo, por via da apresentação de uma série de considerações e preocupações, que esperamos possam ser incorporadas no documento final.

Na expectativa, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos


Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Fernando Jorge, Artur Lourenço, Nuno Valença, Carlos Leite de Sousa, Jorge Lima, Luís Alexandre Carvalho e João Pinto Soares



C.C. AML, CCDR-LVT, Igespar, DRC-LVT, Media.

12/04/2011

Discussão sobre a revisão do PDM de Lisboa

Sendo muito meritório o programa municipal de sessões de apresentação da revisão do PDM de Lisboa, viu-se ontem pela forma como decorreu a primeira sessão temática que:

  • o espaço escolhido é exíguo para a procura que tem; no mínimo podiam pedir emprestado à Assembleia Municipal o Forum Roma;

  • a junção dos temas é demasiado ambiciosa para o tempo disponível; deviam fazer menos temas por mais sessões, admitindo que as sessões devem ser pós laborais, começando pelas 17:30; e

  • a organização da sessão, com primeiro todas as apresentações sobre os vários temas e só depois o debate, prejudica o debate (o que pode ser intencional...).

Ou seja, já para a próxima sessão, deveriam (i) mudar-se para um anfiteatro maior, (ii) separar a Mobilidade do Ambiente Sonoro e (iii) resolvia-se naturalmente a questão da falta de debate.

07/04/2011

VENDE-SE: «Garagem com Apartamento» na Rua Ivens

No Chiado, o modelo insustentável da «Garagem com apartamento» continua a receber todas as aprovações necessários das autoridades que supostamente devem salvaguardar o património arquitectónico. Mais um imóvel pombalino demolido (apenas a fachada principal para a Rua Ivens se manteve) para que fosse possível construir 5 caves para estacionamneto de viaturas particulares. No Chiado, dos bairros do país mais bem servidos de transportes públicos! Mas Portugal prefere continuar a agravar modelos de mobilidade insustentável e estilos de vida cada vez mais obsoletos. Por este andar, o Chiado será um subúrbio para a classe alta, onde os fregueses entram e saiem dos seus imóveis de luxo (falso!) pelas portas das garagens em vez das portas dos prédios pombalinos. Luxo (verdadeiro!) será viver num apartamento pombalino restaurado segundo os mesmos padrões de autenticidade que vemos em Paris, Londres, Viena, Amesterdão, etc. Autenticidade patrimonial? Um valor que o novo PDM não parece estar minimamente preocupado em promover. Hoje é o primeiro dia da discussão pública do novo PDM. PARTICIPE! DECIDA O FUTURO DA SUA CIDADE!

25/03/2011

Discussão pública do PDM/pedido de dilatação do prazo para 90 dias

Exmo. Senhor
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa,
Dr. António Costa


Na sequência da publicação em DR do início da discussão pública sobre o novo Plano Director Municipal para o dia 7 de Abril, estendendo-se a mesma por um período de 30 dias úteis, e por acharmos que este assunto, sendo de importância fulcral para a cidade de Lisboa, obriga a que se tente tudo no sentido de promover a maior adesão possível dos cidadãos, vimos pelo presente solicitar a Vossa Excelência que reconsidere o prazo anunciado, alargando-o para um mínimo de 90 dias úteis.

Voltamos a lembrar que se trata da discussão pública do Plano Director Municipal da cidade de Lisboa e não de um simples Plano de Pormenor!


Na expectativa, sobscrevemo-nos com os melhores cumprimentos.


Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho e Fernando Jorge

16/03/2011

Executivo lisboeta aprecia hoje proposta de debate do PDM

A Câmara de Lisboa vota hoje a abertura de um período de discussão pública da proposta de revisão do Plano Director Municipal (PDM), que continua a merecer críticas da oposição.

Segundo a proposta, das 31 entidades que integram a comissão de acompanhamento, 20 emitiram um parecer favorável, mas 15 destes pareceres foram "condicionados" e apresentavam objecções, o que levou o executivo a iniciar uma fase de concertação.

O vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, disse à Lusa que "todas as questões suscitadas foram integradas ou tiveram concordância após explicações". "O que temos hoje é um conjunto de peças com ligeiras rectificações. São alterações de pequena monta que aperfeiçoam o plano, tornam-no mais rigoroso, não alteram as propostas no seu essencial", prosseguiu. Em causa estão, por exemplo, o plano de redução do ruído (a autarquia comprometeu-se a ter um até ao final de 2011), a definição de que em Lisboa não existe perigo de cheia centenária (há risco de inundação, mas não de o Tejo transbordar) ou o facto de não existir na cidade reserva ecológica.

Se for aprovada a proposta de hoje, o PDM estará em discussão pública por 30 dias úteis, período que inclui cinco reuniões públicas descentralizadas, cinco debates temáticos, uma conferência e uma campanha publicitária.
In Público

17/02/2011

Revisão do PDM de Lisboa

Mão amiga fez-me chegar estas imagens sobre o "novo" PDM. Dispensam grandes explicações...


23/12/2010

Mono do Rato: