06/12/2007

Ai, Mouraria da velha Rua da Palma,
onde eu um dia deixei presa a minha alma
.

A Mouraria continua na mesma. Sem rei nem roque.

Degradada, moralmente abatida, e apagada, procura em vão o seu caminho.

Bairro com cerca de 7000 eleitores recenseados, e ainda 7000 emigrantes vivendo em condições desumanas, com problemas de salubridade, de recolha de lixos, tráfico e consumo de droga a cêu aberto numa zona restrita do bairro, fraco policiamento, ausência de jardins, espaços infantis, entre outros graves problemas, arrasta-se no tempo, à espera de pelo menos, ter o mesmo acompanhamento que Alfama e o Castelo seus vizinhos, têem tido.

Um vasto património sofre a sua degradação. A questão urbanística é uma das mais prementes.
Largas dezenas de prédios a precisar de uma intervenção urgente, dezenas de outros entaipados, obras paradas, são um espelho de um bairro esquecido.

Aguardamos a construção do prometido Hotel de charme, no Palácio dos Marqueses de Ponte de Lima, esperando que o mesmo trouxesse uma revolução ao bairro.

Os idosos constituem no seu todo, a larga maioria (silenciosa) dos habitantes .

O comércio deprimido mal resiste, e o que vai mantendo o tecido social vivo e activo, são os imigrantes que nos vendem batatas e azeite, bric à brac, roupas e sapatos, e tal e qual os senhores Manueis de antigamente nos vão acompanhando as vidas desiguais.

Restam alguns comerciantes, num bairro de Severas, Maurícios e Marizas, onde não há uma CASA de FADO, e estoicamente sobrevive um Anos 60, no séc XXI.

Ainda temos tasquinhas, ginginha e água pé no tempo dela, quintais com hortas e nespereiras, procissões rezadas nas ruelas, cozido à portuguesa e sardinha a pingar no pão, mas depois a recolha de lixo não funciona (também por culpa dos fregueses), ou as ruas não são lavadas porque dizem, não há pessoal camarário que chegue.

Temos Marchas, e orgulho nelas, Sto António e bailaricos, e às janelas pomos bandeiras portuguesas, manjericos, mas depois não temos equipamentos desportivos, ou um Espaço Jovem bem equipado.

Aqui falta-nos tudo.

Gostávamos de viver como se vive noutros bairros.

7 comentários:

daniel costa-lourenço disse...

é, provavelmente, a zona mais degradada da cidade...e logo a mais central e logo a que está mais próxima da zona mais visível e histórica...é uma vergonha.

Tiago R. disse...

E no entanto é uma zona cheia de potencial.

Está mesmo no centro da cidade. Tem bons transportes. O comércio local tem um dinamismo que não tem comparação com mais nenhuma zona da cidade. Tem história, tem património, tem paisagem. Tem gente, tem tradições, tem colectividades, tem animação.

Falta combater seriamente o problema da (in)segurança e da reabilitação urbana, que me parecem centrais.

Anónimo disse...

Este post vem de encontro ao que disse várias vezes anteriormente. Quando à 8 anos fui viver para a zona das Olarias, encontrei um bairro que apesar de ter muitos problemas, ainda era um local agradável para viver. Durante este tempo vários factores foram diminuindo a qualidade de vida, como o problema da droga que surge essencialmente com a "limpeza" feita no Intendente, o problema da recolha de lixo derivado da perfeitamente idiota ideia da recolha selectiva num bairro de idosos, emigrantes e casas sem espaço para guardar sacos de lixo, o problema das obras permantentes (a EPAL anda por lá à anos...), entre outros. Do que foi dito apenas discordo da questão do comércio. Pelo menos na zona das Olarias o comércio mantém-se, mesmo que a maior parte dos clientes sejam pessoas pobres. O "fiado" ainda é uma realidade. Mas se antes a zona era aceitável para viver, pelas suas caracteristicas de centralidade entre outras referidas no post, presentemente, e para quem tem filhos, não resta alternativa senão mudar. É o que acontece com a maioria dos jovens que fazem a mesma aposta que eu fiz. É pena.

Filipe Melo Sousa disse...

Medo.. medo. Muito medo.

Pior do que assistir à degradação da mouraria, é ler aqui o que se pretende que ela tem de bom: Bailaricos, ginginhas, sardinha a pingar no pão, procissões nas ruelas. Vá lá que a ASAE já proibiu a venda de agua-pé.

Ainda bem que existe a Lisboa moderna :)

Anónimo disse...

Ó Pipinho modernaço, és patético com os teus tiques progressistas "lol" e ":)" de bradar aos céus.
Faço-te uma sugestão faz um blog só teu. Para auto-elogiar, auto-convencer, auto-promoveres, para auto-chateares-te.
Leitor assíduo do blog e farto da ignorância e incompetência deste mentecapto.

Filipe Melo Sousa disse...

caro amigo anonimo, boas notícias para si: basta clicar no meu link que poderá ver o meu perfil de blogger, assim como ter acesso aos meus posts.

Tenho todo o gosto em receber os seus comentários no meu blog pessoal. Quanto ao seu desejo de não se deparar com os meus comentários, bem sempre pode criar um blog oculto só seu :)

Anónimo disse...

Adoro o modo de argumentar destes senhores tolerantes e superiores que escrevem e comentam no CIDADANIA LISBOA.

Sobretudo no recurso constante ao ataque pessoal que fazem, insultando quem tem uma opinião contrária à deles.

É assim que funciona quando não se tem argumentos válidos e coerentes para refutar a ideia de outro individuo.

Falácias, falácias, falácias!

O único insulto que vos posso fazer: FALACIOSOS!Mas eu posso porque é verdade e lógico, tendo em conta aquilo que dizem.

Força Filipe Melo Sousa! Desta malta que se auto-denomina de: "Intelectualmente Superiores" ou então " Moralmente Superiores". Visionários, visionários!

Enfim...!