13/12/2007

Câmara aprova demolição parcial na Duque de Loulé

In Lusa (12/12/2007)

«Lisboa, 12 Dez (Lusa) - A Câmara de Lisboa aprovou hoje a demolição parcial de um edifício na Avenida Duque de Loulé, criticada por vereadores da oposição e pelo Fórum Cidadania Lisboa, que destaca uma padaria que é "exemplar raro da arquitectura do ferro".

O vereador do Urbanismo, Manuel Salgado (PS), afirmou que o projecto de arquitectura das obras do edifício do número 42 da Avenida Duque de Loulé já tinha sido autorizado pelo último executivo".

"A fachada é mantida, há alterações no interior e o acrescento de um piso", explicou aos jornalistas na conferência de imprensa que se seguiu à reunião do executivo municipal.

O Fórum Cidadania Lisboa manifestou-se contra esta demolição, em comunicado, sublinhando que o "imóvel do início do séc. XX inclui no piso térreo uma antiga padaria, exemplar raro da arquitectura do ferro de Lisboa".

A vereadora do movimento Cidadãos por Lisboa Helena Roseta destacou hoje esta particularidade do edifício, que será destruída e sublinhou: "Mantém-se a fachada e o resto vai tudo fora".

Segundo o Fórum Cidadania Lisboa, "o imóvel e antiga padaria fazem parte do inventário municipal do património proposto na revisão do PDM [Plano Director Municipal]".

Para a associação, a Avenida Duque de Loulé é um "paradigma da má gestão do património arquitectónico da capital", onde "16 imóveis com valor patrimonial foram demolidos, incluindo três Prémio Valmor".

Manuel Salgado afirmou comungar "inteiramente das preocupações do Fórum Cidadania Lisboa" mas referiu as "dificuldades" com que se confronta devido a "uma série de compromissos do passado, já que era uma prática corrente demolir para construir de novo".

"É uma situação que se tem de inverter, até porque é uma interpretação um pouco extensiva do PDM. A lei diz que as demolições só devem ser autorizadas quando exista plano de pormenor ou inviabilidade do edifício do ponto de vista técnico ou económico", afirmou.

O vereador do Urbanismo afirmou que actualmente os serviços fazem uma vistoria para avaliar o "valor patrimonial e o estado de conservação".

"Se destruirmos todos os edifícios, qualquer dia Lisboa é igual a qualquer periferia descaracterizada", disse.

A vereadora Helena Roseta criticou que o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico tenha vindo a ratificar processos de reabilitação como o do número 42 da Duque de Loulé, em que apenas a fachada é mantida.

"A arquitectura não é a fachada. Penso que nem se devia chamar reabilitação, é uma espécie de cenário", defendeu.

A vereadora dos Cidadãos por Lisboa salientou ainda a "necessidade de a Avenida Duque de Loulé ter um trabalho de conjunto", devido ao património arquitectónico que congrega, integrado no plano do engenheiro Ressano Garcia nos finais do séc. XIX.

Para além do licenciamento da demolição e ampliação e reabilitação do edifício situado no número 42 daquela avenida, foi igualmente aprovado em Câmara o projecto da obra de alteração e ampliação do edifício situado nos números 111 a 119.»

26 comentários:

daniel costa-lourenço disse...

E com o argumento "compromissos do passado" vai-se destruindo lisboa... Quem é qe acaba com este ciclo?

Filipe Melo Sousa disse...

Não deixo de sorrir quando leio alguns comentários histéricos sobre a demolição de edifícios antigos. Por um lado, pergunto-me que considerações têm a fazer pessoas que não são proprietárias dos edifícios sobre o uso que os seus donos fazem. Essa histeria engloba inclusivamente casos em que a fachada exterior é mantida. Se calhar queriam que se mantivessem os quintos andares sem elevador e construções com péssima qualidade nas quais ninguém pega. Pois ainda bem que a cidade é renovada. Já é tempo de limpar o entulho, e retirar os ocupantes protegidos pela lei que não pagam rendas.

Os cães ladram e a caravana passa.

Anónimo disse...

Caro Filipe,
Era capaz de retocar um quadro de Van Gogh? Ou alterar um pormenor de uma tela de Picasso?
O mal generalizado é que se assume que a arquitectura é só a fachada. E que os arquitectos não são autores dignos de respeito.
Se calhar, também se podia fazer uma marquise nos Jerónimos...
Você vai a qualquer capital europeia e vê o seu património cuidado, reabilitado, mantendo as pré-existências. Sabe que em Londres não há uma única caixilharia de alumínio num prédio centenário?
Uma cidade sem passado é igual a um qualquer subúrbio.

Ah, e já agora: eu moro num quinto andar sem elevador de uma casa com mais de 150 anos, e cuja construção é infinitamente melhor do que pode encontrar no mercado de imóveis acabados de construir, da tal alta qualidade como refere.

Anónimo disse...

Caro Filipe, se para si é um incómodo terrível ter de subir meia dúzia de lanços de escadas, recomendo a consulta a um cardiologista e inscrição num ginásio, antes de se juntar á crescente massa dos morbidamente obesos. Em Portugal, país de longa tradição no âmbito da preguicite aguda, a obesidade já atinge níveis comparáveis aos americanos.
O comodismo nunca deve ser razao valida para justificar nada. Ter mais trabalho é uma coisa BOA.
Quanto mais esforços pouparem no vosso dia-a-dia, mais vão ter de dispender em ginásios caros.

Anónimo disse...

caro filipe melo sousa: nunca saiu de Portugal pois não? só assim se pode interpretar a sua opinião. segundo a sua teoria, Paris, Amesterdão, Londres, Praga, Barcelona, Madrid, etc., são cidades e capitais do terceiro mundo. apanhe um voo low cost e visite algumas das cidades que referi. no caso de Barcelona ou Madrid, pode ir vir no mesmo dia sem precisar de gastar dinheiro em pensão. vai ver que muda o seu pensamento sobre Lisboa.

Anónimo disse...

acho que vou vomitar...

Anónimo disse...

Filipe Melo Sousa é precioso neste blog. Todas as pessoas que aqui vêm, e que de certa forma comungam de uma maneira de olhar Lisboa e de a querer viver, não conseguindo compreender, as mais das vezes, como é possível tomar as decisões que se tomam sobre a cidade, podem assim ouvir "o outro lado". O lado para o qual a história, o património, a cultura, a identidade, de uma cidade, nada representa face às necessidades da modernização e massificação mundial.
As massas, foram sempre isso, uniformes e indistintas, acalentadas por quem mete ao bolso o dinheiro fácil, fruto do consumo fácil, carregado de açucares e proteínas de digestão rápida.
A boa notícia é que estas massas incham, alastram, e finalmente auto destroiem-se, a seu tempo. Por falta de estrutura que as contenha.
O drama, é que, quem nos rege neste País, neste momento, quem devia preservar o passado, não permitindo que a massa engula todos os vestígios de outros tempos, acabando com uma cultura e civilização, é já a própria massa. Filipe melo sousa só pode ser figura de gabarito dos tempos modernos. Ai, Portugal.

Filipe Melo Sousa disse...

Mais devagar com as pérolas, que eu preciso de tempo para recuperar a respiração de tanto rir. Quase que caio no chão, agarrado à barriga. Com que então os 5os andares sem elevador da duque de loule, do início do século passado sao um "van gogh".

Certo, o que vale é que cada um dá pelo mercado o que entender. Cada um tem o que merece, e há quem mereça viver numa velharia sem elevador :) Somos livres felizmente. Eu não pretendo educar as pessoas a escolher os preços, ao contrário de certas pessoas que leio aqui. O seu discurso assemelha-se ao dos jeovás pretendendo que os lisboetas atribuem erroneamente preços mais altos a construção nova. Vai-se lá saber porquê. lol

Ah, outra observação: as construções da duque de Loulé são equiparáveis à Opera Garnier em Paris? Tenho de ir a Paris e chegar a essa conclusão. Agora é que eu me parto todo a rir...

Anónimo disse...

Boa Tarde Senhores Intelectuais e Visionários deste Blog!

Com que então o Filipe Melo Sousa é produto das massas? Engraçado...

Gosto dos métodos de descredibilização da opinião das pessoas que os Senhores Intelectuais (uma elite que sabe tudo)recorrem. Gostei especialmente da parte em que se vitimiza o Sr. Filipe Melo de Sousa como sendo um coitadinho. Uma vitima da cultura de massas que devido a isso diz aquelas coisas (heresias, para os Senhores Sabem Tudo).

Aprecio na mesma escala a vossa boa educação e tolerância. Mas que bem! Que bom estilo de argumentação: "Essa tua ideia é errada porque és um boçal!"

Sinceramente gosto do modo de refutação de ideias! Tenho pena que não consigam distinguir a diferença entre: ARGUMENTAR vs.OFENDER.

Mas como sou tolerante aconselho que consultem a Wikipédia. Mas como intelectuais que são consultem antes um dicionário ou uma Enciclopédia.

VASCO TRAPPOLA - GPR

FJorge disse...

Caro Filipe Melo Sousa: em Paris, e antes de chegar perto da Opera Garnier, não se lembra de passar por Kilómetros e Kilómetros de ruas com prédios de rendimento? Alguns muito bonitos, outros simples e outros ainda banais. Mas todos têm uma coisa em comum: são prédios do passado, de varias épocas, todos bem restaurados, ou simplesmente bem conservados. Um enorme conjunto urbano coerente, não de estilos ou épocas mas de cérceas, de linguagens do passado da cidade, essencialmente dos séc. XIX/inicios do séc. XX. Lembra-se? Afinal, quem tem "histeria"?

Filipe Melo Sousa disse...

Caro fjorge, o senhor anda um pouco equivocado. Paris é uma cidade de bem melhor construção. Já o era no passado. Nós desde o séc. 18 que temos uma baixa desinteressante e austera.

O melhor de Lisboa foi construído desde a expo. Mas eu não lhe imponho nada. Não me imponha também a mim. Nem imponha aos lisboetas o que eles podem construir ou não podem demolir. Deixe cada um dar aos seus imóveis o uso que entender. Existe espaço neste país para construir ao estilo do freguês.

Se Lisboa e os gostos actuais não lhe agradarem, compre um monte no Alentejo, e faça a sua arquitectura experimental.

Anónimo disse...

eu penso que não é o senhor fjorge que anda equivocado mas sim o senhor filipe. se o senhor filipe defende a construção ao "estilo do freguês" então deve imigrar para Africa, onde as leis são inexistentes ou não são aplicadas. se o senhor filipe não gosta da defesa da lei, tanto do património como do planeamento urbano, então abandone a comunidade europeia.

Filipe Melo Sousa disse...

caro lisboeta, desengane-se pois os prédios estão a ser demolidos no cumprimento da lei, e com autorização da câmara. A não ser que entenda que é você a fazer a lei :)

então aí sim podemos falar em emigrar para áfrica

Anónimo disse...

O melhor da cidade foi construído depois da Expo? Acho que com esta ficamos todos a entender o seu conceito de "cidade maravilhosa". Espero que viva por lá, e que não tenha filhos, porque ouvi dizer que no bairro maravilha da Expo, para além de muito má construção - mas lá elevadores ele há -, parece que não existe uma única escola ou jardim de infância. Ah, sim, mas cidade são só prédios... E com muitas assoalhadas, aquecimento central, sem esquecer a vista de Tejo. I rest my case.

PS - Você não retocaria nem uma pintura a óleo de um artista de rua, porque é que um prédio - obra de autor - não merece o mesmo respeito?

Filipe Melo Sousa disse...

As questões são muitas, mas sempre estarei aqui para as esclarecer.

Caro dr, a qualidade de vida num apartamento novo na expo é notória. Estamos a falar de escolhas pessoais. Mas destaco as avenidas largas e desafogadas, a existência de estacionamento, serviços de lazer, comércio. Construção moderna, com aquecimento central e arrecadação. Existe a parte estética, que fica bem na fotografia, fazendo esquecer o cheiro a naftalina de outras paragens, ou mesmo que estamos em Lisboa. Proximidade do mar, e jardins onde se pode andar de bicicleta. Bares, diversão, restaurantes, casino. Tem jardins de infância na proximidade, mas só para quem sabe ler as páginas amarelas, ou seja 95% da população :)

Se tivesse filhos seria o meu lugar de eleição. Infelizmente, tive de optar por outro local de Lisboa devido a restrições orçamentais. Mas quando a vida me correr melhor, quem sabe.

Quanto à obra de arte: a partir do momento em que eu compro um Van Gogh, posso fazer com ele o que entender. Posso meter-lhe bigodes, aquecer-me com ele usando a lareira, decorar a casa de banho, porque eu sou o proprietário.

Se for um prédio, idem

Anónimo disse...

Curiosa a analogia: para garantir uma aprovação de "recuperação" pelo IPAR, basta hoje preservar a fachada. Ou seja, mantêm-se as fachadas, o que promove um tempo em que se "é" fachada, e se vive de fachada. O conteudo pode ser zero, open-space total, vazio absoluto, desde que se tenha uma fachada para ostentar.
A lembrar um Admirável Mundo Novo....

Anónimo disse...

Ah, poder viver na Expo... longe desta cidade maldita que nos coube em herança.

Filipe Melo Sousa disse...

Enquanto se discute a intromissão dos pseudo-intelectuais na arquitectura interior dos edifícios que não lhes pertencem, queria aqui deixar um contributo. Não vou acabar com o analfabetismo, mas deixo aqui uma lista de creches para quem não souber consultar as páginas amarelas:

Jardim de Infância Nº 3 Santa Maria Olivais Lisboa - Santa Maria dos Olivais
Colégio Parque das Nações Lisboa - Santa Maria dos Olivais
Externato Champagnat Lisboa - Santa Maria dos Olivais
Externato São Miguel Arcanjo Lisboa - Santa Maria dos Olivais
Colégio Parque das Nações Lisboa - Santa Maria dos Olivais
Externato Encarnação Lisboa - Santa Maria dos Olivais
Jardim de Infância Nº 5 de Santa Maria dos Olivais Lisboa - Santa Maria dos Olivais
Jardim Infantil Santa Maria Olivais Lisboa - Santa Maria dos Olivais
O Bosque Jardim Escola Lda Lisboa - Santa Maria dos Olivais
Jardim de Infância Nº 6 de Santa Maria dos Olivais Lisboa - Santa Maria dos Olivais
Creche Gato Amarelo Lda Lisboa - Santa Maria dos Olivais
Externato João XXIII Lisboa - Santa Maria dos Olivais

Anónimo disse...

A proposta foi aprovada com a seguinte votação:(por maioria com 9votos a favor (6PS e 3Lisboa com Carmona), 4 votos contra (2PCP e 2Cidadãos por Lisboa) e 2 abstenções (1PSD e 1BE)

Anónimo disse...

a propósito da questão do van gogh, apenas uma achega porque a mesma questão acabou de ser analisada pela minha professora da disciplina e "direitos de autor":

segundo o código de direitos de autor, o facto de se ser proprietário de um van gogh, picasso ou afim não confere o direito de fazer com ele o que se quiser. Pode-se colocá-lo na sala ou no corredor, mas não se pode danificá-lo nem usá-lo como mesa, p.ex. - porque existe um direito de autor que deve ser respeitado.

Filipe Melo Sousa disse...

Caro amigo, o Van Gogh morreu em 1890, o que faz com que os seus direitos de autor tenham expirado. E bom, mesmo que haja algum uma norma do género, nada me impede de destruir a obra. É como a proibição de queimar notas, porque são um título que pertence ao banco central, e no entanto:

http://www.youtube.com/watch?v=pqqj0_ecFkM

Anónimo disse...

Não sei quantos se lembrarão do Arnaldo Ferreira - O Pintor de Lisboa à Noite - O Doido - O Noivo. Andava todos os dias pela Baixa. Sempre de fato, gravata,lenço no bolso do casaco.Entrava pelos cafés e livrarias aos gritos: "Canalhas! Bandidos! Seus filhos deste e daquela! Só pensam em fazer filhos. Vão todos para a Serra da EStrela f...., seus.... ". Nunca fazia mal a ninguém. Quem o conhecia não se assustava.

Uma tarde, tinha estado a chover, ia eu a subir o Chiado e já no Largo do Camões vejo o Arnaldo de chapéu de chuva na mão a circular à volta de uma pequena poça que se havia formado com a água da chuva. O Arnaldo não gritava. Circulava, apenas. Cada vez mais depressa. E toda a gente ansiosa pela desfecho final começa a formar um círculo à volta do Arnaldo. E nada. O Arnaldo continuava calado. Eram 50, 60 pessoas, talvez. O Arnaldo desata a rir, rompe o círculo e vai rumo ao Largo do Calhariz aos gritos: "Seus idiotas. Eu é que sou doido, não é? ahahahah! Vocês não são!?"

às vezes, quando leio determinado grupo de comentários a alguns postais deste forum, lembro-me do Arnaldo.

Mas o Arnaldo era um grande pintor. Um dos grandes pintores da Lisboa à Noite. Com trabalhos seus em muitos museus importantes.

Anónimo disse...

acho que vou vomitar...

Filipe Melo Sousa disse...

vm, você tem de se actualizar. Desde que os seus antigos colegas de quarto do tempo em que morava aqui neste quarto com esta vista partiram, foram felizmente aparecendo mais maluquinhos para animar Lisboa. A sensação do momento é o Sr João, o velhinho (com uns tiques estranhos) que diz adeus a todos os carros que passam no Saldanha em direcção à Fontes Pereira de Melo. O centro de Lisboa hoje também já não é o Chiado.

Ah, pois esquecia-me que para si o Saldanha já fica fora de Lisboa. Aquilo é um subúrbio horrível só com prédios, não é verdade? Mas tente um dia destes falar com o sr joão. Iam ter uma conversa mto interessante. Talvez dizer cobras e lagartos de quem destruiu o Passeio Público para construir a nefasta Avenida da Liberdade.

Anónimo disse...

É FAVOR NÃO DAR MAIS CORDA A ESTE TIPO. IGNOREM POR COMPLETO A PORCARIA QUE ESCREVE.

Anónimo disse...

Ò Pipinho,


podes destruir o teu Van Gogh á vontade...só que se o fizeres todos estaremos à vontade para louvar a tua inteligência (desculpa a contradição)

Quanto à lista de infantários: ó menino volta para lá, talvez aí impressiones alguém

quanto "à melhor construção": obviamente a construção mais recente será de melhor conforto, mas a tua igmorância não percebeu do que se trata: preservar património, algo feito em todo o mundo...Mas pronto, se os caixotes de betão descontextualizados te agradam: cada um tem o que merece, e como no exemplo do Van Gogh...atesta a tua inteligência