E como são os novos? Só os vi de dia e chega-me. Não discuto se iluminam melhor (basicamente é uma questão de lâmpada e mecanismo de suporte) mas interessa-me discutir a sua qualidade estética e sinalização.
Explico. O primeiro-ministro disse ontem que as cidades são economicamente interessantes quando são bonitas, porque se tornam atractivas. A beleza das cidades faz-se de muitos milhares de factores, entre os quais o do mobiliário urbano.
No livro PARADIGMA URBANO – AS CIDADES DO NOVO MILÉNIO, Quetzal Editores 2002 (obra muito interessante, desde que lida criticamente), há um estimulante artigo, desde já recomendado aos autarcas e dirigentes municipais, que se chama, precisa e sugestivamente A IMPORTÂNCIA DOS CANDEEIROS E DAS CABINES TELEFÓNICAS, onde se escalpeliza a necessidade de certos objectos permanentes das cidades serem belos e fortes, transmitindo solidez, estabilidade e segurança aos cidadãos.
Estes candeeiros não são bonitos e não têm dignidade. Que sinais podem eles transmitir? A mim, sinalizam-me uma ideia pífia de cidade.

A foto não deixa perceber a falta de qualidade do objecto, demasiado fino mas não tão fino quanto o deveria se fosse efectivamente um candeeiros fino. É algo de equívoco ou híbrido, com um penduricalho lá em cima a fazer que é bonito. Nem suporte possui, nasce fininho e medíocre directamente para os ares. Um objecto pretensioso, fortemente suburbano, descabido no miolo da cidade – e como se deseja que os subúrbios também dispensassem estes candeeiros, seriam então o que não são.
E depois há outro pormenor, tão fundamental quanto o primeiro. Aquela marca lisboeta, tão inequivocamente lisboeta, tão permanentemente lisboeta, do desleixo e da trapalhice: aparentemente acabada a obra, restam montinhos de entulho aqui e acolá, um, dois, três buraquinhos que falharam a serem tapados, mais à frente uns montículos de areia que não foram levados, mais à frente uns suportes de pedra dos antigos candeeiros que também ficaram esquecidos.

Não é assim que se fazem cidades bonitas. Nem cidades. Assim só se fazem conglomerados de cimento e gente.
É Lisboa.
Tramaram-nos, não?
4 comentários:
Acho a segunda marca muito mais irritante...e preocupante. A nossa incapacidade de conclusão, de levar as coisas até à meta final, fica o montinho, o buraquinho, o mal acabado....o carimbo do atraso.
JA
Também não gosto dos candeeiros. Mas não gosto dos de cimento. E tem razão sobre cabinas telefónicas. Acrescento os marcos de correio.
E tem razão o leitor JA sobre o que é pior.
E não digo nada da publicidade.
Cumpts.
Os novos candeeiros na Av. 5 de Outubro são PIROSOS, FEIOS, PATÉTICOS! São iguais aos banais candeeiros que se usam em tantas partes do mundo! O mesmo erro já foi cometido em 1998 na Alameda D. Afonso Henriques. Andamos a destruir os candeeiros que foram desenhados apenas para Lisboa durante os séculos XIX e XX ( alguns até para uma praça ou avenida específica) por estas coisas sem alma, saídos de um qualquer catálogo! E assim se vai perdendo Lisboa...
Pois eu moro nesta Avenida e finalmente tenho luz de jeito.
Em relação à beleza dos candeeiros...,bem como diz um velho ditado
"AS OPINIÕES SÃO COMO OS OLHOS DO CU, CADA UM TEM O SEU, E QUEM QUISER DÁ-LO...DÁ-LO"
...pois aqui, muitos gostam de "dá-lo"
N.R.: arranjem uma vida
Enviar um comentário