05/06/2008

Apresentação automóvel na Praça das Flores provoca tumultos que acabam na esquadra da polícia

In Público (5/6/2008)
Catarina Prelhaz


«Roseta quer regular ocupação do espaço público

A apresentação de um novo modelo da marca de automóveis Skoda arrancou ontem à tarde na Praça das Flores, em Lisboa, sob os protestos dos comerciantes e moradores da zona. Em causa está o facto de a Câmara de Lisboa ter autorizado que a organização vedasse o local durante os 17 dias do evento, condicionando o acesso automóvel e pedonal à praça, a troco de 150 mil euros e da reabilitação do jardim central.

Embora o protesto dos comerciantes conte já uma semana, os tumultos arrancaram terça-feira à noite, com dois manifestantes a serem conduzidos à esquadra da polícia por não apresentarem identificação, confirmou fonte da PSP.
Segundo os comerciantes e moradores locais, o incidente ocorreu por volta das 21h30, quando o dono da loja de óptica local, Victor Aragonez, insistiu com os seguranças do evento em atravessar a praça. "Ia a passar pelo meio do jardim, quando os seguranças apareceram e me barraram a passagem. Entretanto, já se tinham juntado pessoas a protestar, a PSP pediu reforços e os polícias acabaram por levar duas delas", conta o especialista em optometria.
Com acesso pedonal restringido e automóveis longe da vista, os comerciantes da Praça das Flores já fazem contas à vida. É que entre o montar e o desmontar do evento da Skoda passa-se cerca de um mês de "época alta" para o comércio tradicional.
"Não me falem em dinamização da Praça das Flores. Um cliente pode passar bem sem vir ao meu restaurante durante um mês, mas eu não sobrevivo sem clientes. Ainda ontem servi apenas três jantares. Se o evento avançar, tenho de fechar", protestou o dono de um estabelecimento local, Manuel Pessoa, minutos antes do arranque do evento. "As pessoas não têm onde estacionar durante o dia e não querem sequer vir meter-se na confusão", explicou.
Mas o que mais indigna os moradores é não terem sido avisados do evento antes de começarem as restrições. "Só me apercebi de tudo no dia 28 de Maio, quando começaram a vedar o estacionamento. Como é que não somos tidos nem achados numa coisa tão importante? É uma prepotência por parte da câmara", criticou Victor Aragonez.
Escassos minutos depois do início da iniciativa da Skoda já algumas dezenas de pessoas protestavam espontaneamente contra as restrições da organização. Sempre que um idoso era impedido de atravessar a praça, os ânimos exaltavam-se. Os 11 agentes da PSP e os seguranças presentes no local foram os alvos preferidos. Liberdade Duarte, 64 anos e moradora da praça, explicou porquê. "A minha mãe teve uma crise enorme quando ouviu a música dos ensaios. Tem Alzheimer e pensou que estavam a lançar bombas. E o meu neto está a estudar para entrar na faculdade e já não aguenta o barulho. É inadmissível que vendam a praça", censurou.
"O espaço público não pode ser privatizado desta maneira." Foi assim que a vereadora Helena Roseta, do movimento Cidadãos por Lisboa, qualificou ontem a decisão do vereador dos Espaços Verdes, José Sá Fernandes, de ceder a Praça das Flores para um evento automóvel, vedando o acesso ao público.
Para Helena Roseta, a autarquia deveria procurar uma "solução de compromisso" que impeça o encerramento total da praça. "Vamos analisar a situação e procurar apoios na câmara para que seja convocada uma reunião de urgência para resolver a situação", garantiu Helena Roseta aos comerciantes queixosos.
A vereadora prepara-se para apresentar à câmara novas regras para a emissão de licenças de ocupação da via pública e licenças especiais de ruído. Além de um parecer positivo da junta de freguesia respectiva, Roseta quer que a decisão camarária seja afixada em edital na junta e que os cidadãos tenham dez dias para apresentar as suas reclamações»

10 comentários:

Anónimo disse...

Se a isto juntarmos a grande cambalhota de Sá Fernades em relação ao Rock in Rio, vemos o que é o antes e o depois de estar no poder.Chega de arrogancia, eventos fazem falta a Lisboa, mas nem tudo nem todos devem estar á venda.E sobretudo aja respeito pelos Lisboetas que pagam impostos e tambem têm direitos.Ai ze e eu que votei em ti...
Vasco Garcez

Anónimo disse...

Este é o preço desta democracia: aturar governantes pimba.

Anónimo disse...

Imaginem se fosse o anterior executivo a vender a Praça das Flores - o vereador Sá Fernandes já estaria barricado no café favorito de João Soares.
Muito BOM!

Anónimo disse...

E parte do Monsanto que vai ser vendido para um festival da delta. Resta saber é a troco de quê!!!Quanto é que vale aquele bocado de Monsanto?

O Medina tambem já quer o RIR em MOnsanrto, pelos vistos é tudo questão de preço. E ele sabe...

Anónimo disse...

Parece que aqui há alguem que se ennganou, ou querem enganar alguem....

Estacionamento na Praça das Flores? Onde, se calhar é um daqueles que costuma deixar o veiculo onde calha, e que impede, que os autocarros consigam fazer o percurso normalmente.

Naquela zona o estacionamento devia ser TOTALMENTE PROIBIDO.

Quanto ás queixas dos comerciantes, dúvido, então se a zona passou a ser mais frequentada, mais gente virá durante esses dias assistir aos espectaculos, e os comerciantes dizem que perdem clientela, há aqui algo que não bate certo.

Aliás todo este burburinho, parece mais uma coisa orquestrada, que um real motivo de protesto.

Será que a maioria das pessoas que protestam nos comentarios, fazem ideia onde fica a Praça das Flores?

Após estes dias e com o dinheiro conseguido serão acabadas as obras de recuperação de Praça , e esta será devolvida plenamente aos cidadãos....

Mas o que querem é o Sá Fernandes, e tudo em que ele se mete, tem logo á cabeça, os detractores de serviço.

Lá dizia o outro , a Braga Parques paga a uma empresa de publicidade e consultoria de imagem ....e esta pelos vistos está bastante atenta....

Anónimo disse...

Devolver a Praça???? Mas e de quem é o direito de a levar? A Praça não é da câmara. Diz bem, anónimo das cabeças detratoras, as coisas em que o Zé se mete. Não lembra a ninguém. Conheço muito bem a Praça das Flores, passo lá todos os dias, agora tenho um bruta-montes que me veda a passagem pelo meio. Ninguém lá quer estar. Os restaurantes estão às moscas. As esplanadas vazias. A festa é para convidados vip trazidos de 90 Países diferentes que chegam em camionetas que estacionam em cima dos passeios.
Que interesse tem o povo nisto?
Recuperar um xafariz que ficou pintado da cor de uma piscina com água com cloro?
Vedar a passagem a quem lá vive, reduzir-lhes o comércio durante quase um mês? Todas as refeições são servidas pelo mesmo dono. Porquê ele? Quem decidiu isto? Haja respeito. Quem não entende nunca entenderá nada.

Anónimo disse...

não se trata de dizer mal do sá Fernandes, tenho respeito pelo que fez ,pelas causas que defendeu, trata-se de constatar uma realidade, o Zé mudou desde que subiu ao poder, até arrogante se tornou. Inclusivamente para pessoas que ele apoiaria se não fosse vereador da maioria. é pena que as pessoas ligadas ao BE não vejaam isso.Mais uma vez digo, nem tudo pode estar á venda. A cidade e os seu habitantes têm que ser respeitados. Não podemos defender hoje uma coisa e amanhã outra , só porque dá jeito.

Vasco Garcez

Anónimo disse...

06 Junho 2008


Opinião


Até as nossas ruas e praças

Em Lisboa, a Câmara "arrendou" por 150 mil euros uma praça a um negociante de automóveis. Durante 17 longos dias (com a montagem e desmontagem do negócio, a coisa durará um mês), a Praça das Flores será propriedade exclusiva da "Skoda".

Para isso, a praça foi fechada ao trânsito, o estacionamento proibido e o jardim vedado aos peões. Enquanto durar o "arrendamento", os residentes perderão direitos como o livre acesso às suas habitações (e o direito ao sossego, pois o "arrendatário" pode emitir música e anunciar o seu produto em altos berros) e os comerciantes da zona ficarão sem clientes.

Como se sabe, as cidades não pertencem aos cidadãos, mas às câmaras (é assim que algumas autarquias pensam). Por outro lado, a cidadania dá votos de 4 em 4 anos, mas não dá dinheiro, ao passo que privatizar locais bem situados da cidade pode ser muito rentável.

Quando as câmaras pensam mais na mercearia que na cidadania, nem as nossas ruas e praças estão a salvo. Significativo é que o negócio tenha sido subscrito por um vereador (José Sá Fernandes, do BE) que se fez eleger como provedor dos cidadãos.


autor: Manuel António Pina, in Jornal de Noticias

Anónimo disse...

Sá Fernandes mentiu! A praça das Flores está só aberto a "moradores e convidados" segundo me acabou de informar o segurança na rua.

Acabei de ser recusado a entrada na Praça das Flores, cortando o meu caminho habitual para casa!

É uma vergonha que alguém do Bloco de Esquerda venda espaço público para um evento privado para fazer propaganda de um automóvel - responsável pela emissão de 1/3 dos gases de efeito de estufa. Não esquecer que Sá Fernandes é responsável pelo pelouro do AMBIENTE!

Anónimo disse...

em nenhum caso � admiss�vel fechar uma rua �s pessoas, o espa�o � p�blico e a circula�o deve estar sempre garantida.
quanto ao barulho, � por demais evidente que � excessivo e prejudicial da tranquilidade dos moradores
estivessemos no consulado santanista e ca�a o carmo e a trindade, e eram bem ca�dos
PARECE-ME QUE OS DONOS DA CML ANDAM MEIO VENDIDOS
sobre o resto n�o me posso pronunciar