09/06/2008

Fui ao Jardim de Sá Fernandes...

No seguimento deste post aqui, sobre a luta inglória da senhora minha mãe pelo pouco que resta dos espaços verdes da sua avenida, venho agora ilustrar a belíssima obra de jardinagem do vereador dos Espaços Verdes da cidade de Lisboa.

Este "deserto" era, há pouco mais de uma semana, um pouco mais verde, com acantos, alteias e jalapas que nasciam ao Deus Dará - sem que a CML sequer tivesse que ter qualquer custo acrescido, porque, de facto, desde há décadas que nenhum dos logradouros da EUA é sequer regado.

Para quem não sabe o que são acantos, alteias ou jalapas, cá vai (por ordem):






Plantas inofensivas, que não fizeram mal a ninguém, aliás, que davam um colorido a um bairro chique que se parece cada vez mais com um subúrbio triste.

Agora é isto que se vê - bonito, bem bonito...





Entretanto, sabe-se lá como, a minha mãe lá conseguiu o nome e telefone do engenheiro responsável pelo desbaste dos canteiros da Estados Unidos da América - engenheiro João Paulo. Ligou durante dois dias seguidos, a várias horas, sem conseguir falar com o dito responsável. Depois de muitos euros gastos do seu telemóvel, a minha mãe tem agora mais o nome de uma engenheira, que alegadamente é a mandatária do corte - a Engª Margarida.

Muito interessante foi também a "eugenia" que os ditos engenheiros aplicaram nestes jardins. Ora vejamos: não têm nada contra jarros, também nada a declarar contra agapantos, até gostam de rusgo porque deixaram um pezinhos aqui e além, o arbusto de madressilva ficou intacto, mas o que tinha mesmo que ser arrancado eram os grandes maciços de acantos, alteias e jalapas...

Curiosa foi a táctica do vizinho da minha mãe, ex-veterano da Guerra Colonial, que impediu o corte dos canteiros contíguos ao seu prédio, apenas com um aviso subtil: "por muito menos já mandei um tiro..."

Se calhar, só mesmo assim é que vamos lá...


PS - Já que estamos a falar de Jardins de Sá Fernandes, e porque o tema da venda do espaço público está ao rubro por causa da Praça das Flores, digam-me lá se é impressão minha ou a TVI arrancou parte do jardim de buxos do Parque Eduardo VII para transmitir a bola? Quanto pagaram os senhores? Ou aqui é o patriotismo que justifica tudo?

PPS - E agora uma pergunta para outro dos meus vereadores favoritos deste Executivo, o vice-presidente Marcos Perestrello (com dois eles), responsável, entre outros, pelo pelouro do Espaço Público da minha cidade: o que mais está à venda em Lisboa? Ao Domingo, o Terreiro do Paço não é das pessoas mas sim das empresas; o Parque da Belavista é a mais recente sala de espectáculos da capital... Muito honestamente, só quero saber o que mais está à venda? A Praça do Império? Vá que eu sou assessora de uma grande multinacional; posso alugá-lo só para mim, com a desculpa que assim projectarei os Jerónimos à escala internacional? E posso arrancar todos os jardins de buxo e calçada artística se pagar uma boa maquia?

Ao meu melhor estilo demagógico, diz o meu marido aqui ao lado, que desperdiçou um voto em Sá Fernandes (o meu voto foi tão ou menos útil que o dele), mas mesmo muito cansada da dupla Sá Fernandes-António Costa e o que estão a fazer à minha cidade.

1 comentário:

Anónimo disse...

Lindo!

O veterano da Guerra Colonial é de facto melhor estratega do que nós e adoptou a única metalinguagem possível para combater os vis comportamentos dos dirigentes actuais na CML.

É que os estúpidos, por agirem sempre provocando o seu mal e o dos outros, só entendem a linguagem da força. Acrescente-se que normalmente são mariquinhas.

Não tenha dúvidas, isto já não vai lá com palavras mansas nem com perguntas na praça pública.
Tudo passa com o sol do dia seguinte.
Ninguém se responsabiliza de nada.

Em Portugal, os factos e a verdade não fazem comichão nem derrubam cabeças. Tem de ser à paulada.

Olhando para 2009 e não vendo qualquer alternativa política que inequivocamente garanta uma clivagem na abordagem da gestão da cidade rumo a um futuro promissor, continuo com a minha da revolução: tu cá tu lá, com os mesmos golpes baixos do inimigo. Pior que olho por olho.

Afinal, talvez seja este o desafio da nossa geração. De resto, envelhecer assim para quê?