18/07/2012

Do centro até ao aeroporto, o táxi quase voa, mas o metro custa menos.



Do centro até ao aeroporto, o táxi quase voa, mas o metro custa menos
Por Marisa Soares
O PÚBLICO comparou custos e tempos de viagem do Marquês de Pombal à Portela: de táxi, metro e autocarro. A melhor opção não é a mesma para toda a gente. Depende do bolso e da agenda de cada um
Lisboa tem desde ontem o que anda a pedir há décadas: uma linha de metro até ao Aeroporto da Portela, onde passam mais de um milhão de pessoas por mês. Quem chega ou parte tem agora mais uma opção a juntar ao táxi e ao aerobus, o autocarro especial da Carris que serve o terminal. Mas qual das três é a melhor? A resposta depende do bolso e da agenda de cada um. Uma coisa parece certa: o táxi é o transporte mais rápido e o metro sai mais barato.
O PÚBLICO foi para a rua fazer o teste. Partindo da rotunda do Marquês de Pombal, uma zona central da cidade onde se concentram vários hotéis e próxima da turística Baixa, fizemos a viagem até ao aeroporto de táxi, de aerobus e de metro, num percurso de cerca de sete quilómetros. No final, comparámos custos e tempos de viagem, incluindo o tempo de espera.
Pouco passa das 10h, o calor já aperta - os meteorologistas previam 38.ºC - mas no táxi de Mário Costa nem se nota. É o primeiro na fila de carros estacionados frente ao Hotel Florida, junto à rotunda. Entramos, indicamos o destino e o táxi arranca. São 10h20. O taxista encolhe os ombros, resignado, quando lhe perguntamos se espera uma quebra no negócio com a chegada do metro ao aeroporto. "Sempre que o metro cresce, nós diminuímos."
Taxista em Lisboa há 20 anos, Mário Costa sabe que há colegas que "abusam" dos turistas - "apagam o taxímetro e dizem que a viagem custa 30 ou 40 euros" - e desses não tem pena. Mesmo assim, acredita que muitas pessoas que hoje usam o táxi vão continuar a fazê-lo. "Se for só uma pessoa, não compensa, mas se forem quatro, sim", garante. Apesar do pára-arranca nos semáforos, que Mário Costa tenta compensar com o acelerador no túnel de Entrecampos, chegamos ao aeroporto 14 minutos depois da partida. O taxímetro marca 6,35 euros. Se tivéssemos bagagem, seria mais 1,60 euros.
Voltamos ao ponto de partida. O sol queima mais, mas na estação de metro do Marquês de Pombal nem se sente. Depois de pagar 1,75 euros (incluindo 0,50 euros pelo cartão Viva viagem) na máquina de venda automática e de validar o bilhete, o próximo passo é esperar. São 12h. Cerca de cinco minutos depois, chega o comboio com destino a Odivelas, na Linha Amarela. Três minutos e estamos no Saldanha, onde mudamos para a Linha Vermelha. Vamos de um lado ao outro da estação, mais cinco minutos de espera e 16 minutos depois chegamos ao destino, às 12h30.

Cinquenta anos de espera

Na mesma carruagem viaja José Braga, de 73 anos, ex-funcionário do aeroporto. Aproveitou o dia para visitar a nova estação, que "já devia estar pronta há 50 anos". Recorda que desde o Lumiar, onde mora, até ao trabalho chegava a demorar uma hora, "se houvesse um toque [um acidente] na Rotunda do Relógio", como era habitual. "Isto agora é bom para a juventude", afirma.
Jovens e turistas não faltam na estação. Chegam de malas às costas, malas de mão ou com rodas, grandes, pequenas. Ao contrário, por exemplo, dos metros de grandes cidades europeias como Londres e Paris, o metro de Lisboa não tem espaço próprio para a bagagem. Aliás, a transportadora tem regras apertadas que proíbem o transporte de bagagem volumosa. Mas a partir de agora, garante fonte do Metro, a regra vai ser menos levada à risca.
Último teste. São 13h50. Na paragem do aerobus no Marquês, situada no início da Avenida Fontes Pereira de Melo, já Manuel Arnet, de 20 anos, espera o autocarro da Carris com a namorada. Não sabe que o aeroporto já tem metro à porta - mas "é uma boa ideia", diz - e tem um avião para apanhar às 15h30, rumo à Suíça. O jovem prefere não arriscar e apanha um táxi, apressado. O aerobus chega às 14h, com o ar condicionado no mínimo (pelo menos, a avaliar pelo calor que se faz sentir) mas com espaço (grátis) para a bagagem. Vai cheio de turistas e os que falam ao PÚBLICO não sabem que já há metro. A viagem, que custou 3,50 euros, acaba às 14h19 junto às partidas do aeroporto, o nosso ponto de chegada.

1 comentário:

Johannes Bouchain disse...

Claro que o resultado seria muito mais positivo para o metro se comparássemos o tempo de viagem entre o aeroporto e Oriente ou Saldanha, dois locais muito importantes que agora estão ligados ao aeroporto directamente para a linha Vermelha, sem necessidade de mudar linhas...