20/07/2012

Portugal a arder HOJE no Público





EDITORIAL ( in Público )
O Portugal que arde com estes incêndios
É arriscado poupar no que depois só traz maiores gastos, além de tragédias ambientais e humanas
Na Madeira e no Algarve, em particular, mas também em várias outras zonas do país, com menor intensidade, os incêndios voltam a aterrorizar as populações. E aproximam-se mais agora de habitações do que em tempos anteriores, como se a floresta quisesse gritar os seus males (e são tantos!) às portas de aldeias e cidades. Nestas alturas volta, como é hábito, a falar-se dos problemas do costume. A criminalidade incendiária a soldo ou por desvario, as altas temperaturas e a seca, os meios de prevenção e combate às chamas, a união de esforços ou a ausência dela, os militares a fazer de bombeiros ou os bombeiros em alia...nça temporária com os militares, aviões comprados ou vindos de fora, uma lista interminável. Portugal arde? É verdade. Mas, como davam ontem conta as agências, também aqui bem perto arde a Espanha, com imagens lancinantes, semelhantes às da Madeira, ou a Grécia, ou o Montenegro. Os fogos não atacam apenas os que não cuidam da floresta, é certo, mas conta muito o que se faz antes de se chegar à primeira chama. E se, nesse capítulo, Portugal deu alguns passos em frente (na união e coordenação de esforços e meios), também deu passos atrás, ao privar as florestas (que perderam 174 milhões de Proder para 2007-2013) de mais completas e eficazes medidas preventivas. Somada à seca e à persistência de incendiários criminosos, esta falha terá ajudado a que, nos primeiros seis meses de 2012, já tenham ardido 35.107 hectares de floresta contra apenas 9447 hectares no mesmo período de 2011. Isto sem os actuais, e terríveis, incêndios da Madeira e do Algarve, que podem fazer subir, e muito, o total de área florestal ardida no final do ano. Para lá dos lamentos, e da urgência no combate às chamas, era bom tirar lições do que falhou. Para, mais uma vez (e já são tantas que cansa repeti-lo), não se poupar no que depois só traz maiores gastos, além das indesejáveis tragédias, ambientais e humanas.

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