12/07/2012

EPUL obrigada a recorrer à banca para terminar edifícios do Martim Moniz Bombeiros de Sacavém amarram-se ao quartel


EPUL obrigada a recorrer à banca para terminar edifícios do Martim Moniz
Bombeiros de Sacavém amarram-se ao quartel

Por Ana Henriques Marta Spínola Aguiar in Público
Empreendimento lançado há 11 anos sofre novo contratempo. Agora são necessários mais cinco milhões de financiamentoO protesto contou com cerca de 30 bombeiros que, acorrentados ao quartel, exigiram a realização de eleições antecipadas

A Empresa Pública de Urbanização de Lisboa (EPUL) vai ser obrigada a recorrer a financiamento bancário para conseguir terminar o empreendimento de casas para jovens no Martim Moniz. Trata-se de mais um contratempo no atribulado historial de atrasos nas obras iniciadas há 11 anos.
Cinco milhões de euros é o montante do empréstimo de curto prazo que a empresa municipal vai negociar com o Banco Santander-Totta, de forma a que a obra, a cargo da construtora Habitâmega, possa ser concluída. Trata-se de um valor quase idêntico ao dos lucros apresentados pela EPUL no ano transacto - cinco milhões e meio.
Entre os reveses sofridos pelos jovens que compraram apartamentos no Martim Moniz há 11 anos contam-se os atrasos provocados por prolongadas escavações arqueológicas, por mudança do projecto arquitectónico e por falência do empreiteiro anterior. Embora a obra nunca tenha chegado a parar desde que está a cargo da Habitâmega, o seu ritmo sofreu grande abrandamento devido à falta de pagamento da EPUL, não sendo previsível a entrega das habitações aos ex-jovens senão daqui a alguns meses. Ao longo da última década cerca de metade dos promitentes compradores foram desistindo dos apartamentos à medida que os atrasos se acumulavam, o que permitiu à EPUL pôr à venda há pouco tempo quatro dezenas e meia de fracções.
A Câmara de Lisboa autorizou ontem a empresa a iniciar negociações com o Santander-Totta, embora contra a vontade dos vereadores do PSD e do CDS-PP. O social-democrata Victor Gonçalves critica a "falta de consideração da EPUL pela câmara", ao não explicar devidamente as razões da necessidade do empréstimo.
Ao que o PÚBLICO apurou, aos custos acrescidos de uma nova empreitada de arranjos exteriores que não estavam previstos na obra inicial juntaram-se custos adicionais dos trabalhos efectuados pela Habitâmega. Os documentos entregues aos vereadores referem a necessidade de proceder à liquidação de facturas correspondentes a autos de medição. Segundo a empresa municipal, o modelo de financiamento escolhido, designado por confirming, é "uma operação inócua do ponto de vista do endividamento, uma vez que não altera nem o endividamento da EPUL, nem o da câmara". Dos planos anunciados pela empresa para este ano faz parte a redução do endividamento bancário em 14 milhões.
O vereador do CDS-PP António Carlos Monteiro considera injustificável o pedido de financiamento da EPUL na banca. "Uma vez mais, temos uma empresa pública a secar o crédito existente", observa. Os Bombeiros Voluntários de Sacavém concentraram-se ontem, por volta das 19h, nas imediações do quartel. De acordo com o subchefe Luís Rocha, o protesto reuniu cerca de 30 bombeiros que acusam a actual direcção de "ingerência na área operacional".


Bombeiros de Sacavém amarram-se ao quartel

"Não faz sentido estarmos ao serviço quando não o desempenhamos de forma correcta", afirma Luís Rocha, sublinhando que a corporação está sem comandante. "Nos últimos cinco anos já tivemos oito pessoas no cargo e a última demitiu-se há cerca de quatro semanas". A direcção, porém, desmente: "Nos últimos cinco anos demitiram-se dois comandantes", diz o presidente, António Pedro, acrescentando que a substituição será feita "em breve".
Na madrugada de segunda-feira mais de metade dos 90 efectivos da corporação entregou no quartel os equipamentos de combate a incêndios. Durante a concentração de ontem à tarde acorrentaram-se ao edifício. "Este é um grito de socorro porque vamos apelar ao poder local, aos sócios, ao presidente da câmara e a todas as pessoas em geral", afirma Luís Rocha.
Os bombeiros estão a recolher assinaturas para convocar uma assembleia geral extraordinária e antecipar as eleições, que estão marcadas para daqui a nove meses. O protesto começou a 26 de Junho, com uma greve, e os bombeiros dizem que só voltam ao serviço com novos dirigentes. Até lá, a direcção garante que o socorro à população não está em causa.
O presidente da direcção recusa demitir-se porque, afirma, ainda não lhe foi dado "um único motivo objectivo e válido" para o protesto. "Consideramos que este movimento tem origem num grupo restrito de bombeiros, que estará interessado em tomar de assalto o comando", sustenta. Luís Rocha diz que a direcção "ameaça quem está neste regime de permanência", mas António Pedro garante que os manifestantes serão tratados "sem perseguições ou retaliações". com Marisa Soares

2 comentários:

Anónimo disse...

Este texto está um pouco esquizofrénico, não? EPUL, Bombeiros?

Paulo Soares

Anónimo disse...

mesmo!