10/09/2014

Alerta a Vereador Manuel Salgado por mudança perigosa no paradigma da gestão urbanística da CML na Lx consolidada histórica


Exmo. Senhor Vereador
Arq. Manuel Salgado


C.C. PCML, AML, DGPC, ICOMOS, JFSto.António e Media

Na sequência das declarações de V. Exa. à imprensa, em Julho passado, dando conta de que "são precisos oito mil milhões para reabilitar e conservar Lisboa", sendo, na sua perspectiva, e bem, as Avenidas Novas como uma das áreas críticas, área onde se estima terem desaparecido 40% a 60% do seu património de finais do século XIX, princípios do XX (a arquitectura ameaçada que foi objecto da nossa conferência “Lisboa Entre Séculos”, de Abril passado), solicitamos o melhor interesse de V. Exa. para aquilo que, a nosso ver, poderá ser, uma vez construído, um ataque inaceitável à Lisboa consolidada histórica, tão defendida no texto do novo PDM.

Damos conta, pelo presente, da nossa grande preocupação acerca do anúncio público feito recentemente por determinada imobiliária (http://portugal.cushwakeproperty.com/regiao-ou-cidade/lisboa-pt-pt/cushman-wakefield-quarteir%C3%A3o-duque-de-loul%C3%A9-para-venda/ ) promovendo a venda por “atacado” de 8 prédios, sitos na Av. Duque de Loulé, Rua do Andaluz e Largo das Palmeiras, em mega-projecto comum (supostamente aprovado pela CML) e embasamento os 8 edifícios, promovendo o inevitável estacionamento subterrâneo (258 automóveis!) e envolvendo uma área bruta de construção de mais de 12mil m2; à semelhança do tão internacionalmente criticado projecto no quarteirão das Cardosas, na cidade do Porto.

Trata-se de edifícios que, cremos, merecem ser preservados e reabilitados de forma cuidada, sem recorrer a “reabilitações” travestidas de construções novas, solução fácil tão do agrado dos nossos promotores imobiliários assim como dos sucessivos executivos camarários.

Mais grave, trata-se da primeira vez que uma operação deste tipo – demolição em massa de interiores num quarteirão, com impermeabilização total dos logradouros através de caves para estacionamento num embasamento comum - ocorre no centro de Lisboa, na cidade consolidada e, recordamos, classificada de “histórica” pelo novo PDM. Na prática, dos 8 prédios de finais de XIX, princípio de XX, restarão apenas as fachadas, “normalizadas” pela contemporaneidade, tudo o resto será novo, haverá alinhamento de cérceas, impermeabilização de solos, num exemplo perfeito do que não devemos fazer à cidade histórica

Nesse sentido, solicitamos a melhor atenção de V. Exa. para esta perigosa mudança de paradigma na gestão urbanística da cidade e um esclarecimento sobre se este empreendimento foi, ou não, aprovado pela CML, quando e em que instância.

Melhores cumprimentos


Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Fernando Jorge, Miguel de Sepúlveda Velloso, Alexandre Marques da Cruz, Luís Marques da Silva, Virgílio Marques, Júlio Amorim, João Mineiro, Jorge Santos Silva, Paulo Lopes, Inês Barreiros, Luís Serpa, José Filipe Soares, João Oliveira Leonardo, Pedro Henrique Aparício

3 comentários:

Anónimo disse...

E o Salgado raladíssimo com essa mudança de paradigma...

Anónimo disse...

As fachadas das unidades que vão ser construídas na Luciano Cordeiro, e no Largo das Palmeiras, são simplesmente DANTESCAS!

Anónimo disse...

Esse Salgado nunca amou a cidade nem o seu património e ele continua a destruir... Destruir... Destruir!