03/09/2014

Edifício Norte Júnior, Av. República, 55 / pedido de parecer desfavorável à sua demolição!


Exmos. Senhores da Divisão de Projectos Estruturantes da CML
Exmo. Sr. Arq. João Guerreiro


C.C. PCML, GVMS, AML, JFAV e Media

Na sequência das declarações do Senhor Vereador Manuel Salgado à imprensa, em Julho passado, dando conta de que a zona das Avenidas Novas é uma das áreas críticas onde a CML deve priorizar a sua política de reabilitação urbana, solicitamos a V. Exas. que emitam parecer desfavorável ao projecto de alterações/demolição que deu entrada nesses serviços, relativamente a um edifício emblemático desta zona de Lisboa, da autoria do Arq. Manuel Joaquim Norte Júnior, sito na Avenida da República, nº 55-B/D.

Trata-se de um edifício de referência daquela artéria de Lisboa, e exemplar da Arquitectura ameaçada da transição dos Séculos XIX-XX, tema da nossa conferência “Lisboa Entre Séculos”, de Abril passado.

De facto este é um interessante e genuíno projecto da autoria de Norte Júnior de 1929 (atente-se ao detalhe dos alçados por si desenhados, em anexo), já em sólida estrutura de betão armado (por este facto não está em risco de ruína, apesar de notoriamente abandonado).

Recordamos que este ano perfazem exactamente 135 anos sobre o nascimento do Arq. Norte Júnior, e 45 anos sobre a sua morte, decorrendo por isso uma série de iniciativas da sociedade civil em honra do seu legado à cidade de Lisboa, cujo auge será o colóquio a realizar pela Universidade Autónoma de Lisboa, de 20 a 23 de Novembro (http://www.universidade-autonoma.pt/Col%C3%B3quio-Norte-J%C3%BAnior-ou-o-Triunfo-do-Eclectismo-p1352.html)

Solicitamos à Câmara Municipal de Lisboa que, em vez de autorizar a destruição deste edifício (ainda notável porque original e intacto), promova a sua recuperação de forma exemplar (exteriores e interiores, conforme as normas internacionais reconhecidas de boa conservação e restauro do edificado de valor histórico representativo), por via da consequente intimação do proprietário, com recurso a eventual permuta com património municipal, ou tomando-o administrativamente, uma vez que o edifício está inventariado na Carta do Património anexa ao PDM de Lisboa.

Seria lamentável, e, a nosso ver, um crime contra o património cultural, assistirmos a este executivo da CML repetir erros do passado recente como o da demolição dos interiores dos edifícios desenhados pelo Arq. Ventura Terra no nº 46 desta mesma avenida (autorizada pela CML em 11 de Julho de 2005).

Estamos certos que V. Exas. concordarão que não podemos continuar a destruir as obras de arquitectura que os melhores arquitectos deste país nos deixaram.

Na expectativa, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos


Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Fernando Jorge, José Filipe Soares, Cristiana Rodrigues, Miguel Batista, Júlio Amorim, Jorge Pinto, Paulo Lopes, Pedro Henrique Aparício, João Oliveira Leonardo, Virgílio Marques, Beatriz Empis, Gonçalo Cornélio da Silva, Inês Barreiros e Miguel de Sepúlveda Velloso

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