12/01/2007

Centro Comercial Alvalade quer contrariar crise

In Diário de Notícias (12/1/2007)
Luísa Botinas

"O Centro Comercial de Alvalade, localizado na Praça de Alvalade, em Lisboa, vai ser objecto de obras de remodelação profundas, com vista a contrariar a crise que o ataca há anos e o impede de responder às novas necessidades do potencial mercado de escritórios, localizado na sua envolvente.

Pertencendo à primeira geração dos centros comerciais de Lisboa, a par com o velho Apolo 70 ou o Fonte Nova, o Centro Comercial de Alvalade (CCA) foi uma verdadeira coqueluche da capital dos anos 70 e 80. Conjugando o conceito (à altura inovador) do tenant mix cinemas/loja/restauração, aquele espaço conheceu ao longo dos seus 30 anos tempos de sucesso e de decadência. A última fase tem sido caracterizada sobretudo pela crise e encerramento de muitas das 82 lojas que o tornaram conhecido e que constituíam verdadeiros pólos de atracção de clientes fiéis.

Fernanda trabalha numa das lojas mais antigas daquele complexo comercial, a Sempre em Festa (com 25 anos), que vende artigos de decoração para festas, e lamenta a decadência que se abateu sobre o centro. "Mais de 20 lojas já fecharam neste centro. E o que se verifica é que cada uma que fecha não reabre com outro inquilino. Parece que não há vontade por parte da administração de redinamizar o centro tal como está", conta a funcionária, lembrando que as obras anunciadas numa recente reunião da administração com os lojistas poderão ser uma esperança.

"Disseram que a intenção é fazer obras profundas no centro, muito provavelmente para melhorar a acessibilidade. É que não existem rampas a partir da rua e do parque de estacionamento também só se acede ao centro por escadas. Cadeiras de rodas e carrinhos de bebé têm muita dificuldade em cá entrar. Além disso, parece que querem abrir uma cúpula de vidro para o exterior para que exista luz natural", acrescenta à reportagem do DN.

O CCA é o derradeiro exemplar do tipo de urbanismo comercial em voga nos anos 70. Ao manter a estrutura inalterada, está por isso muito datado. Nélson Rodrigues, responsável da administração do CCA, propriedade do grupo Alves Ribeiro, admitiu ao DN que "é preciso haver uma adaptação à nova realidade". "A concorrência do comércio tradicional da Avenida da Igreja é enorme, em particular na área da restauração". E revela: "Actualmente, o centro não tem nada para oferecer, em contraponto aos potenciais clientes de escritórios (mais de 35 mil metros quadrados só na zona de influência directa do CCA), cujos hábitos de consumo na área alimentar apontam para a comida rápida, lojas de sanduíches, por exemplo. Algo que não existe nas redondezas".

O administrador mostra-se renitente em adiantar detalhes sobre a intervenção anunciada, pois "ainda decorrem estudos, muitos deles a cargo de empresas internacionais especializadas".

O encerramento do centro é cenário que aquele responsável afasta de imediato. "O projecto de remodelação existe, está em apreciação na Câmara de Lisboa, mas há ainda outros aspectos que estão pendentes. Chegámos a estudar a instalação de um supermercado, mas existem muitas condicionantes físicas que o impedem e que têm que ver com a estrutura original do edifício onde está inserido o CCA", acrescenta.

Segundo fontes contactadas pelo DN, a execução das obras poderá implicar o fecho temporário de parte ou da totalidade do centro. Enquanto não se conhece o projecto de renovação do centro, os lojistas, que pagam rendas em média na casa dos mil euros , vão tentando aguentar-se. "Não é fácil. Primeiro, saiu daqui a IBM, depois as Páginas Amarelas . Agora vão abrir cinemas aqui perto, no antigo cinema Alvalade. Pode ser que isso seja bom", dizem. "O CCA só sobreviverá se se direccionar para um público específico, como fez o Fonte Nova quando enfrentou o gigante Colombo [ambos em Benfica]", diz a administração
."

Costumava frequentar o CC Alvalade por uma das seguintes razões:

- Ver filmes numa das 2 pequenas, mas agradáveis, salas de cinema do então ABCine, depois Hollywood;
- Comprar na Livraria Castil algum livro difícil de encontrar nas outras livrarias;
- Saborear chocolates Ragusa, que eram novidade nessa época;
- Adquirir bilhetes na agência da portaria do lado da Av.da Igreja.

Já não vou lá.

PF

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