12/02/2007

Milhares de passagem e apenas 366 recenseados

In Diário de Notícias (11/2/2007)
Marina Almeida
Tiago Lourenço (imagem)

«Tal como os homens, que não se medem aos palmos, também as freguesias não se medem aos hectares", escreve Joaquim Guerra de Sousa, presidente da Junta de Mártires no site respectivo. A freguesia a que pertence metade do passeio da Rua Garrett (a outra metade é do Sacramento e a divisão alinha com a esplanada da Brasileira), abraça o teatros São Carlos e São Luiz, o Centro Nacional de Cultura, e tomba depois até à Rua do Arsenal, é a mais pequena de Lisboa. Estão recenseados 366 eleitores. Mas a realidade é que os dias e as noites trazem milhares à freguesia. "Durante o dia temos uma população superior a muitos concelhos do interior", diz o autarca.

Estima-se que 30 mil trabalhem na zona, já a oferta cultural cativa outros milhares. Por isso, Joaquim Guerra de Sousa contesta a intenção do "Governo socialista" de extinguir a freguesia na anunciada reforma administrativa. "Quando actuamos não é só para 300 pessoas", sublinha, lembrando os números: nove milhões passam por ano nos Armazéns do Chiado, 200 mil circulam diariamente na Baixa-Chiado. O autarca vai lançando os números mas, de quando em vez, o seu discurso volta a esbarrar no problema. Os Mártires terão, enquanto freguesia, os dias contados - a par, aliás, da vizinha Sacramento, ambas com menos de mil eleitores.
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