03/06/2008

RUA DA PRATA, 48-50: destruição de duas portas Arte Nova



Mais uma obra ilegal num antigo espaço comercial da Baixa, desta vez numa loja do periodo Arte Nova.

Durante o mês de Maio foi efectuada uma intervenção no interior de uma loja na Rua da Prata, 48-50 torneja para a Rua de São Julião, 84. As obras nunca tiveram qualquer identificação, como obriga a lei, e decorreram à porta fechada no maior secretismo.

A nova loja, inaugurada recentemente, é especializada na venda de "estatuetas de plástico da Nossa Senhora de Fátima & T-shirts da Selecção Nacional de Futebol". Portanto, um tipo de loja que ainda não existia na Baixa.

O novo arrendatário do espaço destruiu as duas portas de ferro forjado de estilo Arte Nova porque o elaborado design de 1900 não permitia uma boa visibilidade do interior da loja. Em seu lugar instalou duas portas de alumínio lacado de branco, de vidro único, como se pode observar na foto 1. A loja possui também uma entrada pela Rua de São Julião, onde ainda se mantém a porta original em ferro forjado como se pode ver na foto 2 (no entanto, esta porta é um trabalho mais simples em comparação com as portas que existiam na fachada principal).

Esta intervenção urbanística não teve nem aprovação da CML nem do IGESPAR. A Unidade de Projecto da Baixa-Chiado e o IGESPAR já foram alertados para este novo caso de destruição de património. Pode ser que ainda se consigam recuperar as duas notáveis portas Arte Nova que foram arrancadas da fachada principal da loja.

Segundo os responsáveis da Unidade de Projecto da Baixa-chiado, é rara a semana em que não sejam embargadas obras ilegais na zona. Não estamos a conseguir travar estas perdas patrimóniais em zonas classificadas da cidade.

É inaceitável que em plena Rua da Prata ainda seja possível destruir uma frente de loja enquanto decorre o processo de classificação da Baixa como 'Monumento Nacional'. Já para não falar na candidatura a Património Mundial da Humanidade...

13 comentários:

Anónimo disse...

A Baixa está a ser invadida pelas lojas de souvenirs da comunicade do Bangladesh. Estes "novos" emigrantes dedicam-se essencialmente a este tipo de comércio principalmente na zona do Martim Moniz (grossistas) e Baixa (Retalhistas). Em ambos os casos o não cumprimento da lei fiscal acontece nas barbas de quem devia controlar visto que estas lojas não têm sequer muitas vezes registadora e facturas eles não sabem o que é. Curiosidade é o facto de os grossistas venderes os produtos oficiais dos clubes mais barato que a própria TBZ que é a empresa detentora do merchandising. Como isto acontece ? Segundo um deles a TBZ vende a estes grossistas sem factura o que lhes permite então practicar preços mais baixos do que indo directamente à própria TBZ que é quem deveria ter efectivamente os preços mais baixos.

Anónimo disse...

É verdade. A Baixa está a ser invadida por lojas de souvenirs do mais baixo que há. Só no eixo da Rua da Conceição & Madalena & Sé há cerca de 10! E vão abrir mais, com licença ou sem ela!

Anónimo disse...

É a estratégia do centro comercial a céu aberto.

Paulo Ferrero disse...

O caricato da coisa é a baixa Pombalina estar classificada como zona de Interesse Público ... incluindo as lojas. Ou seja, não se pode classificar, por exempo, a Retrosaria Bijou ou a Ourivesaria Aliança como Imóvel de Interesse Municipal, porque:

O IGESPAR não permite, porque as lojas já de si estão inseridas numa zona classificada.

Quem de direito acha que é 'despromoção' se uma coisa que é abrangida por área já classificada, é baixar de nível ser de interesse concelhio pelo seu valor intrínseco...

Anónimo disse...

Mais uma que lá se foi para todo o sempre. E assim (se) vai Lisboa.

Anónimo disse...

Nessa rua a sul ( 50 metros )está a Junta de S. Nicolau.

Sem comentarios.....

Anónimo disse...

A Junta de Freguesia já lá deve ter ido comprar uma bandeira nacional "made in China" para instalar nas suas varandas pombalinas!

Anónimo disse...

Quando o governo, cedendo ao lobby da construção, anunciou em grande estilo que agora já não era precisa licença para fazer obras, eu previ isto mesmo: um aumento exponencial das obras clandestinas.
Pergunto: para quê arranjar culpados se eles são tão evidentes?

Anónimo disse...

A questão é que a loja é no edificio em frente á junta.

Será que as juntas não deveriam chamar á atenção da camara dessas obras bizarras ?

FJorge disse...

Mesmo por baixo da Junta de Freguesia de S. Nicolau foi cometido um dos maiores crimes contra o património comercial da Baixa: a antiga Casa Vianna. A loja era a única na Baixa-Chiado com um interior de gosto Orientalista, meados do séc. XIX. Em finais da década de 90 fechou e foi comprada por um alto funcionário de um Banco da zona. O interior foi logo demolido ilegalmente. Isso foi confirmado pelo IPPAR, por carta. entretanto abriu um café da marca Delta. Quando subi ao primeiro andar do prédio e perguntei ao presidente da Junta de Freguesia o que pensava da destruição da Casa Vianna mesmo debaixo das suas barbas: "Mas qual é o problema? O novo café até ficou muito jeitoso".

Anónimo disse...

típico de um presidente de junta. as obras ilegais são sempre muito jeitosas...

Anónimo disse...

"Mas qual é o problema? O novo café até ficou muito jeitoso". ainda bem que há pessoas "nao dinossauras" em Portugal. É preferivel renovar e fazer do que embargar, proibir e continuarem predios e predios a cair em lisboa... Meus senhores, acordem! a Europa já lá vai à frente!! e quanto aos comentários depreciadores das barracas do bangladesh e afins... são pessoas que TRABALHAM e que conseguem pagar as rendas exorbitantes que lhes pedem... tudo isto num país novo! em vez de criticar enalteçam as dificuldades que esses povos passam! Voces no bangladesh por ex que iriam fazer? criar um blogue que falasse dos atentados das barracas das feiras?

Anónimo disse...

a Europa já lá vai à frente

tem toda a razão; mas é óbvio que ainda não visitou os centros históricos dessa "Europa lá à frente"...

ninguém aqui atacou os cidadãos oriundos do Bangladesh; isso está na sua cabeça apenas; é óbvio que não é culpa deles a destruição do património arquitectónico da Baixa; apenas os portugueses são culpados da falta de protecção