10/10/2009

Tribunal concilia EPUL e clientes do Martim Moniz

In Jornal de Notícias (10/10/2009)
Telma Roque


«Conclusão do empreendimento destinado a habitação jovem regista um atraso de seis anos


Será o tribunal a definir os valores que a EPUL vai pagar aos clientes que sinalizaram casa no empreendimento do Martim Moniz, em Lisboa, e que querem agora o dinheiro de volta. É uma acção sem recurso e "amigável".

A decisão tomada pelos clientes e pela EPUL (Empresa Pública de Urbanização de Lisboa) surge após um encontro entre as partes e prende-se com a falta de consenso relacionada com os valores a atribuir a quem quer desistir de uma habitação num empreendimento que parece estar "amaldiçoado". Deveria estar concluído em 2003, mas o processo arrastou-se de tal forma que só em 2011 estará pronto.

Segundo Ângela Cunha, uma das clientes lesada, a EPUL está disposta a devolver o sinal, acrescido de mais 50% desse valor, deduzindo já os encargos suportados pela empresa. Os clientes entendem que têm direito ao sinal em dobro, tal como está expresso na lei sobre os contratos de promessa de compra e venda. Perante a falta de acordo, ambas as partes decidiram pedir um parecer judicial sobre a questão, com um compromisso de respeito pela decisão que vier a ser tomada.

O empreendimento "Residências do Martim Moniz", destinado a habitação jovem, começou a ser construído ainda no mandato de João Soares, mas já passou por mais três presidentes. Inicialmente, a construção foi "travada" por pesquisas arqueológicas, depois, já na presidência de Santana Lopes optou-se por reformular o projecto, e, com António Costa, a obra mudou de empreiteiro.

Ângela Cunha faz parte dos 86 jovens que sinalizaram casas no empreendimento do Martim Moniz. Alguns já desistiram, outros continuam à espera da habitação e outros há, como é o caso de Ângela, estão a pagar dois empréstimos ao banco.

A EPUL garante que tem mostrado abertura para resolver o impasse, sublinhando que a nova administração, empossada em Janeiro, já fez mais reuniões nos últimos meses do que nos anos anteriores. A EPUL afirma que as consequências de todo este atraso podem gerar um prejuízo de 7,4 milhões de euros, no final da obra.

"Pela primeira vez em sete anos todos os promitentes-compradores receberam uma resposta positiva da EPUL e uma prestação de contas feita pela própria administração da empresa, quanto aos motivos dos atrasos, quanto à situação actual e quanto às perspectivas de resolução que a EPUL entendia serem realistas e exequíveis", afirma em comunicado.

"Durante este ano, a EPUL já realizou mais reuniões, já enviou mais correspondência e já efectuou mais contactos com os seus clientes, do que no somatório do conjunto de todos os sete anos anteriores", conclui a empresa.»

...


Este caso da EPUL do Martim Moniz é um caso gravíssimo. E não fora os jovens terem feito este comunicado e este assunto teria passado incólume durante a campanha. É assim mesmo!!

3 comentários:

Luís Alexandre disse...

Nunca percebi bem esta estória.
A EPUL, empresa pública municipal adquire um terreno da CML para fazer um empreendimento. A boa da CML embarga a obra por irregularidades.
Moral da estória, os desgraçados que sinalizaram as casas estão a arder até hoje, e vão continuar a arder porque a EPUL não quer devolver o dinheiro às pessoas de acordo com a prática do negócio imobiliário; se o comprador desiste da compra perde o sinal, se o vender desiste da venda paga em dobro.
Não há justificação possível para esta novela interminável e para o facto de ninguém ter falado neste caso durante a campanha... pensando melhor, se calhar há, este assunto atravessa 4 mandatos e compromete as 3 principais forças políticas da cidade PS, PSD, CDU, por isso estão tão caladinhos...

Xico205 disse...

E tambem ficam a arder os que foram expropriados dos prédios de que eram proprietários e recebiam rendas, apesar de baixas, para que a camara fizesse predios da epul jovem, desde 1996. O tribunal já deu razão aos proprietarios e a camara nada.

Negocios com o Estado e com camaras, fujam desses vigaristas. Iniciativa privada sempre.

ana leitão disse...

Desde que as obras estão paradas que se tem assistido a uma crescente insegurança na zona, nomeadamente nas cercanias da entrada do hospital de S. José, traseiras do Centro Comercial Martim Moniz. O meu carro foi ali assaltado duas noites seguidas em Agosto de 2009. Nas escadinhas que nos levam até ao Largo do Martim Moniz, quem por ali passa diariamente confronta-se com sem-abrigo a dormir em caixas de papelão, com indivíduos a injectarem-se EM PLENA LUZ DO DIA e com um cheiro insuportável a dejectos (sólidos e líquidos, se me entendem).
Haja respeito! Já é tempo de a CML tomar uma posição!
Um perfeito atentado à saúde pública às portas de um dos mais emblemáticos hospitais do país! Uma vergonha para quem vive ou passa pelo coração da nossa capital!