In Público (29/10/2009)
Por Inês Boaventura
«O bairro foi transformado em Zona 30 e os moradores notam melhorias. A ACA-M fala numa iniciativa "tímida"
Os moradores do Bairro Azul reconhecem que a "intervenção corajosa" promovida pela Câmara de Lisboa com vista à criação da primeira Zona 30 da cidade "resultou numa melhoria muito significativa da qualidade de vida no bairro", mas alertam para a necessidade de introduzir medidas adicionais. Uma das mais urgentes, defende a comissão de moradores, é encontrar soluções para que a Rua Ramalho Ortigão "deixe de ser uma rua de atravessamento".
Há cerca de um mês, as quatro faixas de rodagem da Rua Ramalho Ortigão passaram a duas, os passeios aumentaram de dimensão, foram plantadas árvores (16, segundo a autarquia) e o limite de velocidade foi reduzido para 30 quilómetros/hora, entre outras medidas destinadas a permitir uma acalmia do tráfego automóvel na zona e uma maior fruição do espaço público pelo peão. As obras no bairro prolongam-se até 2012 e incluem a requalificação do espaço público de ligação à Rua Marquês de Fronteira, um novo desenho urbano na Rua Ressano Garcia, a ligação directa da Avenida José Malhoa à Praça de Espanha e a criação de um espaço público em frente à Mesquita.
Com os trabalhos já concluídos, Lisboa passou a ter a primeira de cinco Zonas 30 anunciadas pelo executivo de António Costa, depois de os Cidadãos por Lisboa e a Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M) terem apresentado propostas nesse sentido. Alvito, Madre Deus, Boavista e São Miguel são os bairros que se seguem, num projecto cuja concretização tinha sido anunciada para este ano, mas que dificilmente se concretizará, já que não há ainda quaisquer obras visíveis.
Para quem circula de automóvel no Bairro Azul, a existência de sinalização vertical e de passadeiras elevadas é praticamente o único aspecto que assinala a singularidade do local. Ana Alves de Sousa, da comissão de moradores, admite que os automobilistas possam não se aperceber logo que circulam numa Zona 30, mas acredita que com o tempo e o "hábito" passarão a praticar velocidades mais baixas e sublinha que já nota melhorias.
Manuel João Ramos, da ACA-M, afirmou ao PÚBLICO que a criação da Zona 30 do Bairro Azul, "uma ilha entre vias rápidas", foi uma iniciativa "muito tímida", feita essencialmente "para mostrar que houve trabalho". "Não há um plano e um investimento sistemático", critica o ex-vereador da Câmara de Lisboa, acusando António Costa de, no domínio da mobilidade, actuar de forma "casuística", deixando por concretizar promessas como a de pintar passadeiras e alterar a semaforização.»
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