19/09/2012

Lisboa. Moradores das Avenidas Novas receiam que bairro se torne num "estaleiro de obras"


A Associação de Moradores das Avenidas Novas de Lisboa acusou hoje a câmara de se preparar para transformar aquele bairro da cidade num estaleiro de obras nos próximos anos.
Em comunicado, o presidente da associação, José Soares, faz referência a um debate público a promover pelo vereador da Mobilidade, Nunes da Silva, na próxima quinta-feira no Palácio Galveias, para considerar que finalmente se vai "retirar o véu" sobre as alterações a introduzir no bairro.
"Assim, confirmam-se todas as más notícias e o cenário de as Avenidas Novas se tornarem num estaleiro de obra nos próximos anos", lamenta a associação.
Contudo, José Soares assinala que concorda com algumas alterações previstas no novo plano, nomeadamente o rebaixamento de passeios nas passadeiras para facilitar a mobilidade e a confirmação da Zona 30 para o Bairro do Arco do Cego, que já era reivindicada pelos seus moradores há algum tempo.
"Mas parece que só ouvem os moradores do bairro do Arco do Cego, pois confirma-se a manutenção dos dois sentidos na Filipa de Vilhena e a introdução de dois sentidos e placa central na Av. João Crisóstomo que irá ficar caótico pois os autocarros irão circular nessa artéria em conjunto com o trânsito normal", critica.
Segundo a Associação de Moradores das Avenidas Novas, confirmam-se as obras na Defensores de Chaves, com a eliminação total do estacionamento na placa central, que irá servir apenas para peões e bicicletas.
O grupo lamenta ainda que o vereador faça "orelhas moucas e [continue] em frente" perante as opiniões da população.
"Daí ser importante toda a mobilização possível para se conseguir mostrar, uma vez mais, que estamos contra as obras propostas, ainda para mais estando o país a atravessar uma profunda crise, em que o esbanjamento de dinheiros públicos tem que terminar", assinala.
Desde abril que a Associação de Moradores das Avenidas Novas de Lisboa pede a demissão do vereador da Mobilidade da Câmara de Lisboa por considerar que não tem "capacidade" para "ver os problemas da cidade".
Contactado pela Lusa, Nunes da Silva referiu que as obras que se vão fazer são para "dar continuidade a passeios" e não implicam "drenagens e coisas ao nível do subsolo que demoram mais tempo", adiantando que é isso mesmo que vai explicar na reunião de quinta-feira, às 19:00.
As empreitadas, explicou, não demorarão tanto quanto as obras do Metro de Lisboa na zona, que demoraram cinco anos.
O vereador criticou a associação por "calvagar o descontentamento quando não há motivos". Quanto ao pedido de demissão, respondeu que as próximas eleições autárquicas são o momento para os lisboetas decidirem.
*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico aplicado pela agência Lusa
(em www.ionline.pt 18-09-2012)

12 comentários:

Anónimo disse...

Associação de Moradores,

sejam sinceros! O que defendem é estacionamento à porta de casa e de preferência gratuito. É um insulto que nos dias que correm, quando a tendência das nossas congéneres europeis é atenuar a presença do carro no ambiente urbano e a devolução dos espaços à fruição plena de todos venham os senhores defenderem os vossos interesses egoístas e injustificados nos dias que correm. É um insulto e uma ofensa, e uma tremenda falta de visão porque as vossas ruas e avenidas ficarão com um argumento em relação às demais: sustentabilidade. Olhem mais longe!

Anónimo disse...

zonas 30, menos estacionamento, boas noticias.
so e pena que optem por rebaixar passeios em vez de elevar passadeiras

José Filipe Toga Soares disse...

Meu caro anónimo (pena não se identificar mas já estou habituado a responder a mascarados), dizer que defendemos estacionamento gratuito à porta de casa demonstra da sua parte um total desconhecimento do que a Associação defende. E que tal informar-se antes de vir para a praça pública com o único objetivo de denegrir a imagem dos que por direito são os moradores desta zona da cidade?

José Filipe Toga Soares disse...

Meu caro anónimo (pena não se identificar mas já estou habituado a responder a mascarados), dizer que defendemos estacionamento gratuito à porta de casa demonstra da sua parte um total desconhecimento do que a Associação defende. E que tal informar-se antes de vir para a praça pública com o único objetivo de denegrir a imagem dos que por direito são os moradores desta zona da cidade?

Anónimo disse...

Caro Cidadão Comum,

caso no seu BI conste como sua identificação o nome próprio Cidadão e o de família Comum, está aqui tão anónimo como os demais.
A denegrir a imagem dos senhores está a associação que vos representa e pelos motivos antes explicados.
O que não consegue convencer-me é onde baseiam o vosso direito a ter estacionamento na rua onde vivem? Onde está este preceito legal plasmado? Explique-me como o que defendem servem a cidade e não somente os moradores? Quanto é que V. Ex.as pagam para terem os carros estacionados na rua onde vivem? Porque há mais área de estacionamento do que largura de passeio? É que os senhores, na defesa dos vossos interesses ultrapassados a ultra-egoistas não percebem que automobilistas são sempre peões, mas peões não são obrigatoriamente automobilistas.

José Filipe Toga Soares disse...

Bem meu caro anónimo, de facto tem razão quando diz que o meu nome aparece como Cidadão Comum mas eu identifico-me. Chamo-me José Soares e sou o Presidente da Associação de Moradores. Quanto à questão do estacionamento, volto a reafirmar que é uma falsa questão que levanta. Olhe no meu interesse faz-me tanta diferença ter ou não ter estacionamento... tenho garagem para 6 carros chega-lhe? Use essa sua energia para contribuir que o nosso bairro seja um sitio melhor para todos nós, junte-se a nós e veja que não somos assim tão ultrapassados e egoístas como você pinta!

José Filipe Toga Soares disse...

Ah é verdade... esqueci-me de uma coisa. Temos passeios mais curtos? Na Filipa de Vilhena sim temos. Sabe porquê? Porque o Vereador os mandou recolher para poder colocar a rua com dois sentidos. Faz sentido?

Anónimo disse...

Caro José Soares,
prazer em conhecê-lo.
Continuo a não perceber como é que a eliminação do estacionamento nos separadores arborizados afronta os interesses que representa.
Essa solução deveria estar, já, implementada por toda a cidade.
Sabe, sou igualmente automobilista e apesar de a minha zona ser uma das piores no estacionamento, nunca usei um passeio, uma passadeira, uma via de circulação para deixar o carro.
Já agora, faz parte das reivindicações dos moradores a defesa do património arquitetónico e vegetal das Avenidas Novas? É que deixe-me dizer-lhe em pouco anos não restará nada de interesse nessas avenidas que valha a pena referir nos manuais de história da arte e arquitetura. E qual é a posição e estratégia de luta contra as marquises fechadas, a publicidade excessiva nas ruas, as esplanadas desqualificadas com mobiliário de plástico a gritar publicidade, no excessivo tamanho dos placards e toldos fixos das lojas, dos compressores de ar condicionado nas fachadas, entre muitas outras chagas da nossa cidade?

Anónimo disse...

Caro José Soares;

escreveu o seguinte:
" Olhe no meu interesse faz-me tanta diferença ter ou não ter estacionamento... tenho garagem para 6 carros chega-lhe?"

Já pensou quais sãos os melhores interesses de todos os cidadãos? É que os senhores quando compram ou arrendam uma casa não estão a arrendar ou comprar as ruas, apesar da ilusão que o estão a fazer.

lmm disse...

Faço minhas as palavras do "anónimo". Acho até que os moradores ficariam bem melhor defendidos se tivessem à frente da sua Associação quem defendesse a qualificação do espaço urbano, dando primazia aos peões em detrimento dos carros, como elemento alavancador da qualidade de vida de quem lá mora e de quem frequenta as Avenidas (que seriam substancialmente mais). A visão de curto prazo sobre o incómodo das obras é claro indício de proteção de interesses pessoais e mesquinhos.

Luís Marques

Pedro Homem de Gouveia disse...

Para a acessibilidade da passadeira são essenciais dois elementos: 1) o ressalto zero (i.e., inexistência de desnível entre passeio e passadeira), e 2) o piso táctil (para dar informação aos peões com deficiência visual, e que é exigido por lei).

O ressalto zero pode ser conseguido de duas formas: ou se rebaixa o passeio, ou se sobe a passadeira.

A sobrelevação da passadeira tem vantagens para a segurança do peão (é uma medida de acalmia de tráfego) e para a economia do processo. A questão da drenagem resolve-se facilmente.

O principal factor que condiciona o recurso à passadeira sobrelevada é o tipo de tráfego existente e pretendido - não me parece uma medida aplicável à Av. 5 de Outubro, por ex., mas plenamente aceitável em várias outras ruas desta zona.

Melhores cumprimentos aos moradores,

Pedro Homem de Gouveia
(Coordenador do Núcleo de Acessibilidade Pedonal da CML)
pedro.gouveia@cm-lisboa.pt

José Filipe Toga Soares disse...

Quanto ao anónimo, que continua a ficar anónimo porque não se identifica, se conhece a nossa página no facebook consulte as notas que vamos publicando. Se quiser aparecer numa das nossas reuniões para que possa ter bases credíveis para criticar o nosso trabalho também estamos disponíveis para o receber. Mais não lhe digo...
Pedro Gouveia, uma medida positiva a de rebaixamento dos passeios junto das passadeiras como está previsto na exposição sobre as Novas Avenidas Novas. De facto a mobilidade pedonal agradece... mas há mais a fazer nos passeios, nomeadamente ao nível de correcção dos mesmos. Circular a pé em algumas artérias é de facto uma aventura!