04/09/2012

Obras no Marquês de Pombal atrasam circulação e vão manter-se até dia 15 deste mês



Obras no Marquês de Pombal atrasam circulação e vão manter-se até dia 15 deste mês
Por Marta Spínola Aguiar in Público
Vereador Nunes da Silva diz que a circulação não está "assim tão caótica", mas as obras não deverão terminar antes do início das aulas
Trânsito, buzinadelas, pó e muita indignação - é este o cenário que acompanha quem tem de passar pelo Marquês de Pombal de carro. As filas são enormes, o que deixa alguns automobilistas com os nervos à flor da pele. O vereador do Trânsito diz que dentro de uma semana tudo estará melhor.
"Estas obras não têm lógica nenhuma. Deviam ter acabado em Agosto, não é em Setembro, quando toda a gente volta para o trabalho", afirma José Lopes, taxista, que todos os dias ouve as queixas dos clientes. "Eles reclamam porque demoram mais tempo a chegar aos sítios e pagam mais caro. Mas o que é que eu vou fazer? Não temos sítio para onde fugir", critica.
No final de Julho, a Câmara de Lisboa iniciou obras no Marquês de Pombal com o objectivo de tirar o maior número de carros daquela zona e reduzir a poluição do ar na Avenida da Liberdade, uma das artérias mais poluídas da Europa. Nesse sentido, a autarquia pretende criar duas rotundas concêntricas no Marquês, uma para as vias laterais por onde circularão também os transportes públicos, e outra para os eixos principais.
Mas nem todos os utentes estão satisfeitos. "Fui totalmente apanhado de surpresa e esta situação atrasa o meu trabalho porque muitas vezes tenho de ir a pé e isso não faz qualquer sentido", diz Nuno Rosa, que usa o carro para serviço de estafeta.
Os comerciantes também estão a ser afectados pelas obras. Sérgio Pimentel, engraxador de sapatos na Avenida Duque de Loulé, e José Perdigão, dono do quiosque em frente ao metro do Marquês, queixam-se de já ter perdido muitos clientes. "Ninguém vai querer engraxar sapatos para depois ficarem cheios de pó", diz Sérgio Pimentel. "Com o barulho, os clientes não param aqui no quiosque, mas as coisas vão compor-se", acredita José Perdigão.
Nas Avenidas da Liberdade, Fontes Pereira de Melo e Duque de Loulé, e ainda na Rua Alexandre Herculano, o passo do trânsito é lento, demorado, e por cada sinal verde passam apenas dois ou três carros. Inquietos, os condutores atravessam as faixas à procura de uma saída da confusão, mas isso cria mais filas e atrasa quem tem pressa.
Mas, para o vereador Fernando Nunes da Silva, do pelouro da Mobilidade e Infra-estruturas Viárias, a circulação não está "assim tão caótica". "Na rotunda do Marquês o trânsito até está a funcionar melhor do que antes", afirma. "As pessoas é que estão reticentes em procurar novos caminhos", salienta.
O fim das obras está previsto para dia 15 de Setembro, já com as aulas a começarem. Para o próximo fim-de-semana, Nunes da Silva pretende ter já alguns troços livres, o que irá facilitar a circulação. "Queremos que a rotunda exterior até à Rua Braamcamp e à Avenida Fontes Pereira de Melo esteja pronta este fim-de-semana, bem como o troço exterior Avenida da Liberdade e Avenida Duque de Loulé", diz.
Para quem volta de férias, o novo modelo de circulação ainda é complicado, mas acredita que as mudanças irão permitir que o trânsito flua melhor.
Mas nem todos vêem com bons olhos a iniciativa da câmara. Para o traseunte Manuel Cruz, o trânsito antes das obras não era "complicado nem caótico", pelo que, diz, estas obras não são uma prioridade. "Devido à crise em que estamos, temos outras urgências, como o desemprego, as pessoas reformadas que recebem menos de 300 euros. Esta é uma obra que vai custar milhares de euros quando há outras coisas mais urgentes", critica.

1 comentário:

Paulo Nunes disse...

Eu sou daqueles que insiste contra tudo e todos em morar na zona baixa de Lisboa.

Por motivos profissionais tenho de recorrer ao automóvel para me deslocar 2 a 4 vezes por semana ao "maravilhoso" tagus park.

Já não bastava o inferno do estrangulamento no Terreiro do Paço como agora apanho a rotunda em obras (e que necessárias que estas eram!)

Pelas 8h 10m da manhã, tenho agora 2 quarteirões de fila a subir para o Marquês. Dizem nesta peça que é temporário.

Veremos em Novembro que ainda insistir continuar a morar por aqui.

No entretanto vamos torrando combustivel e paciência ... muita! :-(