27/04/2012

Alerta/protesto junto do PCML pelo abate iminente dos 6 candeeiros séc. XIX, do Terreiro do Paço

Resposta do Vereador Manuel Salgado (via AML):





...

Exmo. Senhor
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa,
Dr. António Costa


Como é do conhecimento de V. Exa., tem sido causa deste Movimento a defesa e a manutenção do "mobiliário urbano" de época, em especial dos candeeiros que fazem parte da História da cidade mas que, paulatinamente, têm vindo a ser abatidos e substituídos pelos serviços da CML ao longo do tempo, com particular ênfase na última década.

No presente, preocupa-nos bastante o abate iminente das colunas de iluminação do topo Norte do Terreiro do Paço (foto em anexo), no seguimento da empreitada de requalificação do espaço público a decorrer naquela praça.

Vimos chamar a atenção de V. Exa. para o seguinte:

Aquela meia dúzia de candeeiros é, na realidade, "apenas" o que resta das colunas de iluminação fabricadas em finais de 80, princípios de 90, do século XIX, provalvelmente ainda para iluminação a gás. São colunas inspiradas no modelo parisiense e originalmente teriam uma lanterna a encimá-los, que seria substituída por um globo translúcido, modelo conhecido por "nabo", no final dos anos 20 do século passado. (fonte: "As Praças Reais", Livros Horizonte, 2008). Este modelo apenas aparece nesta praça de Lisboa, o que por si só é paradigmático do seu valor e carácter de excepção. Em França, nomeadamente em Paris, este tipo de mobiliário é acarinhado e preservado nas grandes praças reais. Porque não fazemos isso em Lisboa? Porque insistimos em impor peças contemporâneas em contextos históricos consolidados?

Daí que consideremos o abate das 6 colunas de iluminação de finais de Oitocentos, a verificar-se, uma perda irreparável na estética e história da praça mais emblemática da cidade e do país, perdendo-se, inclusive, a preocupação de simetria com que foram ali colocados em sintonia com o conjunto de candeeiros que bordejam o Cais das Colunas.

Apelamos, portanto, a V. Exa., para que interceda junto dos Serviços a fim de ser garantida a manutenção in situ dos referidos candeeiros!
E que se estude o regresso dos candeeiros entretanto abatidos em 2010!

Na expectativa, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos.


Luís Marques da Silva, António Branco Almeida, Fernando Jorge, Virgílio Marques, Júlio Amorim, Nuno Caiado, Jorge Pinto, Alexandre M.Cruz, Rui C. Dias, João Leonardo, José Soares, Irene Santos, Carlos Matos e António Araújo


C.c. AML, Media

7 comentários:

Anónimo disse...

Há alguns anos que defendo estes candeeiros e outros semelhantes, sem sucesso. Dizem que só restam 6 dos muitos que ali existiam. Que é feito dos outros? Infelizmente este apelo de hoje deverá ter o mesmo destino de muitos anteriores - o caixote dos inúteis! Será bom que a saga da Baixa de Lisboa seja reportada à UNESCO, para que saibam como Lisboa tem tratado o seu património arquitectónico histórico.
José H. Ferreira

Carlos Leite de Sousa disse...

Se mais exemplos não houvesse, este caso, é exemplar sobre a falta de interesse, cultura, paixão das pessoas que têm estado estes anos todos à frente da CML.

M,Matos disse...

De facto estes responsáveis da CML estão apostados em desfazer a Lisboa antiga. Basta ver o que foi autorizado fazer na antiga loja Picadilly, uma casa de Sandwiches branca sem piléria. Nem aqueles acabamentos de madeira foram respeitados. Uma vergonha. Basta olhar para o Chiado e vermos como está cada vez mais descaracterizado. Pena que depois andemos em Sevilha, Madrid, Paris, Florença, Milão, etc. e vemos o respeito que há pelos equipamentos antigos, que apesar de modernizar essas cidades mantêm presente uma tradição. E ainda acreditam que isto não +e propositado?

Anónimo disse...

Onde anda o IGESPAR ou instituto análogo se, por acaso, mudou de nome? Os seus responsáveis andam distraidos? Ninguém dá satisfações sobre a destruição do património nacional? A CML pode alterar, introduzindo material com estilo não adequado, numa praça do século XVIII, que é classificada como monumento nacional, sem ser responsabilizada pelo "crime" contra o património? A opinião dos cidadãos não é escutada por ninguém? Está na altura de desencadear uma acção dirigida à UNESCO para nem sequer pôr a hipótese de admitir uma eventual candidatura da Praça do Comèrcio e Baixa Pombalina a Património da Humanidade.
Está na altura dev dizermos, alto e em bom som, BASTA!
José Honorato Ferreira

Anónimo disse...

Mas não foi aventado há meses que as colunas de iluminação que estão a ser colocadas no Terreiro do Paço eram provisórias e que as antigas seriam repostas?
Pela resposta desse malfadado vereador está absolutamente assumido que as colunas são para ficar. Mas agora que expliquem estes senhores como justificam que uma praça destas, a maior e mais importante do país, com estatuária e edificado do Séc. XVIII e Séc. XIX tenha luminárias de qualidade estética nula.
Eu penso que este assunto está a ser tratado pela sociedade civil com a brandura que nos carateriza. Mas este é um assunto de maior interesse, talvez dos de maior interesse no momento. Há que ser mais incisivo, a UNESCO deverá ser informada e ter conhecimento do que estes nossos eleitos andam a fazer em nosso nome mas sem a nossa concordância. O Plano foi discutido, pois foi. Mas acolheram as opiniões alargadíssimas sobre este assunto, ou sequer a opinião pública sabia que queriam colocar estes horrorosos periscópios?

Anónimo disse...

Afinal quem decide sobre o espaço público? Com que direito o Arq. Bruno Soares é o responsavel conceptual do Terreiro do Paço.
Quem manda no espaço publico Salgado ou Sá Fernandes, qual o espaço público que tem o valor historico do Terreiro do Paço.

Como todos os abusos de poder este apesar de conceptual não vai durar muito.

Anónimo disse...

Obras semelhantes ao Parque Escolar candeeiros caros de gosto duvidoso...gente sem respeito pelos mais velhos.