21/08/2012

IKEA leva portugueses a dormir ao relento.

It is all very well ... Mas além da pretensa criatividade e inconvencionalidade com fundo de marca publicitária, espera-se alguma prudência no relacionamento com os limitadíssimos recursos e número de espaços Verdes em Lisboa ... que acima de tudo têm que continuar a ser "oásis" de retiro, contemplação e serenidade.
António Sérgio Rosa de Carvalho



IKEA leva portugueses a dormir ao relento
20 de Agosto, 2012 por Andreia Félix Coelho in Sol online
O primeiro hotel ao ar livre em Lisboa juntou 26 famílias que dormiram em pleno Jardim da Estrela numa noite em que São Pedro fez o favor de a tornar perfeita. Não houve tendas, dosséis ou mosquiteiros. Os hóspedes do hotel montado pela IKEA dormiram literalmente à luz das estrelas e dos candeeiros de rua.

Os que pernoitaram de sábado para domingo no hotel sueco tiveram a sorte do seu lado. Foi depois de ganharem o passatempo da IKEA, lançado a propósito do seu catálogo de 2013, que fizeram check-in no hotel, ficando com o privilégio de acordar num dos mais emblemáticos jardins da capital.

E quem embarcou nesta aventura urbana levou-a a sério. De malas aviadas, os hóspedes vestiram pijamas e lavaram os dentes nas casas de banho do jardim, remodeladas pela IKEA para o evento. E ao contrário do que muitos previam, conseguiram mesmo dormir algumas horas de sono tranquilo. Sem vento, frio ou insectos insolentes, a noite não poderia ter corrido melhor.

Depois do concerto da sueca Amanda Mair, os visitantes do jardim foram saindo e à meia-noite os portões de ferro encerraram, ficando apenas os hóspedes e a equipa da IKEA. Maria e Isabel, que moram nos arredores de Lisboa, dizem ao SOL, enquanto ajeitam os lençõis, que não hesitaram em concorrer. «Nunca me passou pela cabeça dormir numa cama num jardim de Lisboa», disse uma das amigas, entusiasmada com o início de uma experiência que consideram «única na vida».

Depois da ceia, todos tentam dormir. O som do trânsito de sábado à noite e a luz dos candeeiros ainda criam alguma resistência ao sono dos mais difíceis, mas por fim o silêncio instala-se. Mal o dia começa a nascer, todos acompanham o ritmo da Natureza e acordam. Não há alternativa. Dos lagos, saem dezenas de patos que, de olhar incrédulo com os intrusos no jardim que lhes pertence todas as manhãs, acordam os hóspedes com cantorias matinais acompanhados pelas aves mais atrevidas do jardim que rodeiam as camas em busca de migalhas deixadas pela ceia. Passavam poucos minutos das 6h da manhã.

As horas de sono podem não ter sido muitas nem as mais bem dormidas, mas ninguém se mostra arrependido pela experiência. Alguns trouxeram crianças e uma mãe até trouxe o cão da família que parecia estar feliz com a noite ao relento.

Toda a roupa de cama foi oferecida a quem nela dormiu e o pequeno-almoço servido no jardim foi digno de um qualquer hotel com bastantes estrelas. Com a marca sueca a dominar, não faltou o salmão entre as compotas, fruta fresca e bolachas escandinávias típicas. O domingo acordou soalheiro e as actividades de costura e de pintura para os mais pequenos foram atraindo outros visitantes que por ali passaram ao longo do dia.

E não foram só os hóspedes do hotel da IKEA que aproveitaram as camas instaladas no jardim. Ao longo de todo o fim-de-semana, os visitantes da Estrela não se intimidaram e aproveitaram ao máximo as camas espalhadas pelos relvados e caminhos. Deixaram de lado as mantas de piquenique e aproveitaram os edredões e almofadas por ali instalados.

Grupos de amigos, casais, pais que aproveitaram as camas para os bebés dormirem a sesta, turistas, foram muitos os que viveram horas de verdadeiro conforto no jardim. Muitas vezes sob o olhar e comentários críticos de alguns dos mais velhos que têm no jardim a sua segunda casa.

andreia.coelho@sol.pt

2 comentários:

Pedro B disse...

Afinal o Ikea tem algo em comum com o governo, está a levar Portugueses a dormir ao relento...

Anónimo disse...

Em Lisboa todo o espaço público se aluga/vende.

Obrigado à firma Costa, Salgado & Zé.