29/07/2014

Crianças, famílias e Natalidade - Que papel para a cidade?

Bem sei que estamos habituados neste espaço a falar de outro tipo de preocupações, maioritariamente centradas na temática do património, urbanismo e ordenamento da cidade.

Todos esses elementos são centrais e fundamentais para que uma cidade preserve o seu futuro, viva o seu presente e construa o seu futuro, mas não menos importante que isso é precisamente o investimento nas suas pessoas.

Portugal há anos que convive com o problema do défice de natalidade, com a ausência de famílias no coração da cidade e será que de facto temos lançado um programa eficaz de requalificação da cidade?

Sei que ainda é recente o dito relatório "Por um Portugal amigo das crianças, das famílias e da natalidade (2015-2035)", estando por isso mesmo sujeito ao juízo de valores inerente ao trabalho idealizado e realizado no seio de um partido político - neste caso do PPD\PSD.

Não tenho qualquer preconceito a analisar este documento, apenas falta de tempo para já, sendo que acredito que este tema seja mais do que partidário! É de emergência social.

Seria até desejável que Partidos, Movimentos e Associações se debruçassem sobre a matéria e criassem pontos de vista que possam enriquecer o debate, procurando que a questão seja de facto social e transversal aos vários cenários e atores políticos.

Acredito que ao repensarmos esta estratégia poderemos transformar a própria abordagem às questões  do desenvolvimento sustentável, da solidariedade intergeracional e da construção participada das nossas comunidades.

Há que devolver crianças a Lisboa, assim como transformar Lisboa numa cidade amiga das crianças;

Sendo esta uma primeira e ligeiríssima abordagem ao assunto, ainda com o dito relatório de 172 páginas por ler, gostava de pedir-vos que identificassem e partilhassem ao jeito do comentário:

De que forma Lisboa, nos últimos 20 anos, tem sabido combater o défice de natalidade?

O que nos falta para recebermos mais crianças e para apoiarmos as famílias?

Se pudesse identificar 3 medidas para colocar em prática por onde seguia?

Espero por contributos, quem sabe para construir um futuro post sobre o assunto...

3 comentários:

Anónimo disse...

Sobre isto ninguém fala. É simples: dêeem condições e concedam que famílias precisam de transportes, supermercados, infra estruturas e outros para existirem dentro de lisboa. Esta questão é muito mais fundamental do que a do ordenamento da cidade, sem pessoas não há lisboa.

JJ disse...

Não gosto de ser pessimista, mas enquanto houver entidades patronais que assediam moralmente os funcionários que cometem a afronta de pedir licenças de paternalidade, vamos ter a sociedade que merecemos. Os únicos cidadãos que se estão a reproduzir de forma "normal" são os pobres. Só isso já devia ser bem elucidativo da sociedade que estamos a construir.

Anónimo disse...

JJ estou de acordo consigo, o aumento demográfico do pais está mais dependente das entidades patronais do que de quaisquer medidas que dependam da cidade.
Sem ordenados que possam sustentar um agregado familiar numeroso, sem horários laborais compatíveis com a vida familiar, sem flexibilidade que permita conciliar vida familiar e profissional, lamento mas uma cidade pouco pode fazer por isso.
Ainda que uma escola próxima de casa possa ser uma mais valia, a necessidade de ter de lá deixar uma criança 12h terá sempre um maior peso.
De que me serve ter um supermercado à porta de casa se este ainda está fechado quando saio de manhã e já fechou quando regresso, ou se o meu ordenado não for suficiente para fazer compras?
O problema da demografia do país não reside na forma de fazer cidade, mas no nosso tecido empresarial atrasado e sem visão estratégica que não seja a de cortar nos gastos ou seja ordenados. Tivesse o fundamental resolvido, ou seja o orçamento das famílias, e aí puderíamos falar do contributo das cidades.