O que faz de uma rua, avenida ou mesmo bairro, exclusivo e os valoriza?
Não sendo um especialista mas antes um atento observador, convenci-me que seria um conjunto de critérios que concorreriam para estabelecer que um determinado imóvel sito numa determinada artéria tenha um alto valor imobiliário, levando os meros mortais a, somente, poder sonhar com essa casa ou com esse apartamento e ficar-se por aí.
Tomemos o caso da Rua Rodrigo da Fonseca e ruas adjacentes. Está adquirido por todos, penso, que é uma das chamadas ruas nobres de Lisboa. Nela fica o iconográfico Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho, obra elegante de arquitetura civil, e ainda uma série importante de edifícios, do Art-Déco tardio ao modernismo do Estado Novo, formando um conjunto coeso de edificado de qualidade onde imperam grandes exemplos daquilo que eram as exigências habitacionais e de representação das classes mais abonadas.
Mas um olhar mais atento - e, no meu caso, com desapontamento - percebemos que esta artéria apresenta os mesmos problemas das zonas mais populares e mais desvalorizadas: passeios exíguos e bloqueados com contentores, publicidade, entre outros obstáculos; estacionamento massivo e por todo o lado, não sobrando os separadores centrais, prédios não recuperados, portas magníficas substituidas por outras ordinárias de alumínio lacado, varandas fechadas, janelas diferentes na mesma fachada, alterações grosseiras, dejetos caninos, publicidade agressiva, abusiva, desqualificada, árvores maltratadas.
Sou obrigado a constatar que as nossas melhores zonas são também exemplos cabais de más práticas de cidadania e de falta de cultura. Que elite esta que temos!
Então porquê? Porque é que esta rua, esta zona, é mais cara que... outras?
07/08/2014
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