12/02/2011

Quarenta por cento dos elevadores do metro de Lisboa não funcionam

In Público (12/2/2011)
Por Patrícia de Oliveira


«Caso mais flagrante é o da estação do Rossio, que tem três equipamentos destes, todos avariados. Dos 81 existentes nas quatro linhas, 31 estão inoperacionais


Das 28 estações do Metropolitano de Lisboa que dispõem de elevadores, 20 têm este equipamento avariado. A do Rossio, uma das mais movimentadas da Linha Verde e de toda a rede do metro da capital, é mesmo o caso mais flagrante: não tem escadas rolantes, tem três elevadores, todos eles "fora de serviço".

A situação repete-se na estação do Senhor Roubado, na Linha Amarela, e em mais três da Linha Vermelha - Olivais, Chelas e Olaias. Estes problemas foram verificados pelo levantamento que o PÚBLICO fez, anteontem, depois de viajar um dia inteiro por toda a rede do metro, com paragem em todas as 46 estações actualmente existentes. A conclusão é a de que, anteontem, as únicas estações sem qualquer problema deste tipo são Bela Vista (Linha Vermelha), Lumiar, Odivelas (Linha Amarela), Telheiras (Linha Verde), Santa Apolónia, Restauradores, Amadora Este (Linha Azul) e Marquês de Pombal (linhas Azul e Amarela).

Fazendo as contas, há 81 elevadores na rede actual. Porém, 31 não funcionam, o que equivale a dizer que 40% destes meios estão inoperacionais. Porém, o problema das avarias é bem mais abrangente e também afecta, como o PÚBLICO deu conta anteontem, as escadas rolantes.


Problemas nas 4 linhas

Em toda a rede, existem 30 estações com escadas rolantes, mas num terço delas estes meios mecânicos não funcionam correctamente. Olivais, Olaias (Linha Vermelha), Rato, Ameixoeira (Linha Amarela), Santa Apolónia, Avenida, Parque, Pontinha, Amadora Este (Linha Azul) e Baixa-Chiado (linhas Azul e Verde) são as estações com avarias, num total de 15 lanços.

É um número que até parece pequeno, quando comparado com os 180 lanços existentes em toda a rede, mas quem utiliza o metro como meio de transporte sabe que escadas rolantes paradas são sinónimo de esforço. Principalmente para quem tem problemas de locomoção, transporta carrinhos de bebé ou artigos pesados como malas de viagem.

O PÚBLICO tem insistido, há largas semanas, nos pedidos de informação junto da empresa transportadora, mas as respostas têm sido demoradas e escassas, quando não inexistentes. Por isso, fizemos a nossa própria contagem, sabendo que a Baixa-Chiado, outra das estações mais movimentadas, registou 144 avarias nas escadas rolantes no ano passado. Em 2011, muitos destes problemas continuam por resolver, o que até já levou os deputados municipais a protestarem em uníssono.

A transportadora diz que as avarias nestes equipamentos devem-se à sua "elevada utilização e horas de funcionamento" e ao "normal desgaste dos componentes que os integram". "Os actos de vandalismo" também estão na origem de "um elevado número de avarias".

Mas, em estações como a do Parque (Linha Azul), esta explicação não parece aplicar-se. Ali, uma das quatro escadas mecânicas está parada. Junto ao corrimão, há um autocolante, já gasto, mas que ainda permite ler "Escadas equipadas com economizador de energia. Metro amigo do ambiente."

A demora no arranjo dos equipamentos é uma das principais queixas dos clientes da empresa. Na estação dos Olivais, existem três lanços de escadas que estão por arranjar há pelo menos meio ano. Os três elevadores também não funcionam. Em compensação, o metropolitano diz que há 13 escadas que funcionam correctamente e que, por isso, existem alternativas.


Inclinação não ajuda

No Rato, a situação é semelhante. Há uma escada rolante que está parada desde Outubro do ano passado, obrigando os utentes a descer três lanços de forte inclinação. A esta avaria juntam-se mais dois elevadores fora de serviço - um de acesso ao cais, outro para a superfície.

As avarias nos elevadores de acesso ao cais e nos de acesso à superfície - que nem sempre são os mesmos - distribuem-se de forma equitativa, ou seja, verificam-se em número igual na grande maioria das estações com problemas que o PÚBLICO visitou. Mais uma vez, a do Rossio é o caso mais flagrante: dois elevadores dão para o cais e o outro para a superfície. Porém, nenhum funciona.

Quanto à duração das avarias, a empresa diz que os três elevadores desta estação se encontram "parados desde Agosto e Outubro de 2010 e Janeiro de 2011". Esta é uma das estações com o dístico indicativo da mobilidade plena. Só que, se os equipamentos estão avariados, a promessa de acessos facilitados para os utentes com mobilidade reduzida não passa disso mesmo: uma promessa.

Ao PÚBLICO, a empresa garantiu que estão a ser celebrados novos contratos de manutenção, tanto para resolver os problemas nas escadas, como nos elevadores. E avança uma data para esse arranjo: "final do primeiro trimestre de 2011, início do segundo."»

6 comentários:

Anónimo disse...

Andar não mata.

Chas. disse...

Se os problemas são nos contratos, possivelmente devido ao custo de manutenção da actual operadora, porque não mudar de operadora?

Anónimo disse...

Pois ainda bem que não teve a sua mobilidade reduzida, ainda que temporariamente.

Anónimo disse...

Não seja idiota, anónimo das 7:57,

devia ter percebido que as escadas rolantes e elevadores são essenciais para quem tem mobilidade reduzida.

Anónimo disse...

"A transportadora diz que as avarias nestes equipamentos devem-se à sua "elevada utilização e horas de funcionamento" e ao "normal desgaste dos componentes que os integram"

Sabem onde fica em Lisboa, por exemplo, o El Corte Inglês? Querem comparar a utilização dos vossos elevadores com os deles (e que nunca vi avariados)?

Ao apontar estas causas para as avarias, das duas uma: ou são mentirosos, ou incompetentes (não sabem o que dizem). Qualquer das opções deveria ter uma mesma consequência...


"O PÚBLICO tem insistido, há largas semanas, nos pedidos de informação junto da empresa transportadora,.."

Para quê? Para não divulgar este desleixo grave, que afecta muita gente, sem primeiro avisar os amigalhaços e patrocinadores?


Ao inimputável das 07:57, perguntaria caso achasse que o mesmo tivesse o mínimo de inteligência, se sabe o que são cadeiras de rodas, cadeiras de bébé, trolleys, bicicletas, dificuldades de locomoção, invisuais,... Não sabe, pois não estão no seu campo de visão em redor do seu umbigo.

Anónimo disse...

"cadeiras de rodas, cadeiras de bébé, trolleys, bicicletas, dificuldades de locomoção, invisuais,..."

O Metro de Lisboa faz todos os possíveis para acabar com este tipo de utilizadores, pois dão muito trabalho, ocupam muito espaço e não dão dinheiro.

Só assim se entende (que é diferente de aceitar) que o acesso às plataformas para quem transporte volumes, ou crianças com menos de 4 anos, seja feito por um canal específico (guilhotina onde se valida o bilhete) mais largo, que se encontra permanentemente encerrado às entradas.

É preciso:

1. Adivinhar que numa coluna está escondido um intercomunicador, para supostamente contactar um funcionário. Como era de esperar, quase nunca ninguém atende, e quando o fazem a comunicação é praticamente ininteligível.

2. Dirigir-se a um guiché de atendimento, esperando na fila permanente pois normalmente só está um a funcionar. Já tentaram te apenas meio a funcionar, mas não conseguiram (ainda).

3. Solicitar ao funcionário, normalmente antipático mas pode ser azar meu (ou dele), que por favor faça o obséquio de temporariamente permitir a entrada pelo tal canal especial.


Para o mesmo fim, acho que estão a pensar obrigar ao preenchimento de um requerimento em papel de 25 linhas e reconhecido pelo notário.


Num país com valores, esta situação seria logicamente considerada discriminatória e proibida. Aqui, arrasta-se desde sempre com a cunivência* das pseudo-autoridades e afins.

* não é erro, é mesmo um "u".