03/07/2014

Série Palácios de Lisboa - 10 - Palácio dos Condes de Alva ou do Bichinho-de-Conta

Aspecto das janelas que anteriormente faziam parte do jardim que dava para meia-laranja do largo do chafariz. Rua do Século.

O que resta da entrada nobre do Palácio do Bichinho-de-Conta, nome por que passou à história Dona Juliana de Sousa Coutinho

No terceiro piso existiam duas elegantes e altas chaminés que na pressa da demolição foram também sacrificadas. "Enter" é o nome do atelier de arquitectura que, aparentemente, não teve qualquer cerimónia em desfazer um palácio seiscentistas numa das ruas mais carismáticas de Lisboa: a antiga Rua Formosa, actual Rua do Século

Mais uma fachada muda. Segura por mega-braçadeiras. nenhum cartaz nos informa daquilo que virá a ser o Palácio Alva. Condomínio, hotel? parte da fachada foi rasgada para abrir a inevitável garagem. O espaço roubado para isso, foi o espaço do jardim. Filipe Folque, na sua planta de Lisboa, desenhou o espaço que o antigo jardim ocupava. Agora é um buraco na carcaça daquele que foi a morada de uma das mais obstinadas personagens da história de Portugal, a dita Bichinho-de-Conta.

Antiga entrada, notam-se possíveis abaixamentos de tectos.

Mais alto falam as gruas do que a razão. Neste palácio foi celebrado o contrato de casamento entre o filho do Marquês de Pombal e Dona Juliana de Sousa Coutinho que resistiu à vontade férrea do marquês e nunca consomou o casamento, vindo a casar sim com o Duque de Palmela, o noivo que sempre quis. Aqui habitou a família Wagner, notável geração de músicos. Aqui desenha-se uma das mais extraordinárias ruas de Lisboa, a do Século. Toda ela merecia uma sorte diferente. mas para isso seria preciso que a cidade onde se encontra fosse, também ela, diferente. 

4 comentários:

Anónimo disse...

A archi tetura poor tuguesa está mais uma vez de para biens!

Filipe Melo Sousa disse...

Leiloem o património. As nacionalizações republicanas e um século de gestão do estado trouxeram a ruína do prédio. O estado é o pior gestor.

Rui disse...

FMS disse:

"As nacionalizações republicanas e um século de gestão do estado"

Mas olhe que o jardim, as chaminés altas, assim como os estuques que lá estavam, não foram destruídos nem por uns nem por outros.

Anónimo disse...

1. que eu saiba, o edifício não era estatal. nos anos 80 não era de certeza e nunca ouvi falar de que tenha sido comprado pelo estado.

2. as obras começaram há cerca de 4 anos. pararam, voltaram, tudo sempre em câmara lenta

3. diz-se que o objectivo do prédio muda à medida que muda o proprietário: condomínio, hotel ... ; na verdade, não está lá nada a informar...

NC