31/03/2014

LISBOA MEDIEVAL: Praça da Figueira




Imagens e denúncia chegadas por email; é a placa central da Praça da Figueira, imunda... principalmente após o mercado mensal. Os cheiros? Urina, cerveja, vinho e etc...

Elogio da Arquitectura «Autista»: Travessa da Fábrica dos Pentes


Aqui temos um exemplo perfeito de um certo Elogio da Arquitectura «Autista» tão ainda em voga em Lisboa. Parece um daqueles prédios da pobre década de 70 do século XX mas mais não é que construção recentíssima. Este exemplar, na Travessa da Fábrica dos Pentes torneja Rua de João Penha (atrás do Jardim das Amoreiras) foi elaborado, com indiscutível violento primor, pelo Arquitecto João Luís Carrilho da Graça. Aleluia, Aleluia. Aleluia.

28/03/2014

Mais um no martirizado Bairro Andrade:


Chegado via Facebook:

«E esta já sabiam? Rua Andrade. Vende-se. Projecto de ampliação aprovado.
Cláudio Dias»

...

Ou seja, isso do «Eixo Prioritário da Almirante Reis», «PISAL», «S.O.S. Azulejo», espremido, é muito pouco, é válido mas não chega a incomodar o «mercado».

Artigo de opinião Filipe Pontes no Jornal de Lisboa, n.74 de Abril14

Mais uma loja de bairro que fecha: Agência de Viagens TAGUS na Praça de Londres

Informamos que hoje, dia 28 de Março, encerra a agência de viagens TAGUS na Praça de Londres. Este estabelecimento fazia parte da vida do bairro há mais de meio século. Aniquilar uma loja assim é uma lamentável prova de falta de respeito por uma relação e lealdade que se construiu ao longo de muitas décadas com os clientes. Esta é claramente uma decisão tomada em "gabinetes" e por "chefias" sem conhecimento directo dos clientes. Esta direcção dada ao negócio denuncia uma perspectiva redutoramente teórica e mercantilista. Mas quando se ignoram as outras dimensões associadas a uma marca o resultado raramente é positivo. Esta loja era afinal já "histórica" porque perfeitamente integrada na vida do bairro do Areeiro. Se a mudança não é motivada por falta de clientes ou por falta de visibilidade, porque razão se encerra um estabelecimento que atende, cuida, ajuda e cria clientes há mais de meio século?

27/03/2014

LISBOA MEDIEVAL: esgoto a céu aberto no centro de Lisboa!

O cheiro é nauseabundo, o esgoto escorre pela calçada a baixo na Travessa do Arco a Jesus, junto da Academia das Ciências! A CML está informada deste problema desde 2013 mas segundo os moradores da zona, nada foi feito ainda. Lisboa Medieval!

Palácios de Lisboa - 5 - Palácio Marim-Olhão/ Correio-Velho, Lisboa, 20 de Março de 2013

Fachada do Palácio do Correio-Velho. Nada nem ninguém se rala com o aspecto sujíssimo desta fachada nobre de grande qualidade e presença. São raros os palácios lisboetas que dispoõem de varandas com balaustrada. O comum são janelas que podem ser de sacada, ou não, com varandas de ferro forjado. Este palácio localiza-se numa zona incomparável de Lisboa em valores patrimoniais: Largo do Calhariz, Calçada do Combro e Rua do Século. Correspondia a uma colonização da zona ocidental da cidade. Com o nascimento do Bairro Alto, muitas famílias nobres optaram por edificar aqui as suas residências. por exemplo Palácio Palmela, palácio Valada-Azambuja, Cabral, Mesquitela, Murça, Condes de Alva, Pombal, Ratton, etc, tornando esta zona da cidade um ex-libris.

Aspecto geral da fachada que dá para a Calçada do Combro. Há décadas neste estado e neste estado incapaz de granjear apoios, mecenas, acções dos cidadãos, da CML para que se lhe devolva a nobreza perdida.

Aspecto actual do pátio. Serve hoje como parque  de estacionamento dos carros dos funcionários da leiloeira "Palácio do Correio Velho". Ao fundo vê-se a escadaria nobre de mármore com vários lances.

Quando se pensa que já se viu todos os sinais de desprezo pelo património, chega-nos este para colmatar o espanto. Anexo cosntruído no magnífico vão da escadaria monumental do palácio do Correio-Velho. Noutras cidades há livros sobre os palácios que nela existem. São motivo de orgulho dos seus habitantes e dos respectivos municípios. Só em Lisboa eles são vítimas da inépcia da CML, da indiferença da sociedade civil, da alegada e pacóvia modernice com que se gere os destinos de Lisboa. 

Fachada que dá para a Rua do Século. O reboco já nada protege o que também ninguém tem interesse em proteger

Outro aspecto do mesmo pano de fachada. As janelas fechadas são uma excepção. 

Haverá aspecto mais degradante do degradado Palácio Marim-Olhão? Fachada tardoz de uma das mais emblemáticas residências aristocráticas de Lisboa. Poderá a CML dizer-nos o que pretende fazer com este património que é de toda a cidade?

26/03/2014

PASSEIOS DE LISBOA: Rua Dr. Nicolau de Bettencourt




Era uma vez um Palácio na Rua de O Século



Como se pode facilmente verificar, já pouco resta do palácio... nem o logradouro escapou - estão a retirar todo o solo do jardim! É lamentável que este tipo de intervenção ainda possa ocorrer em Portugal, num imóvel classificado (IIP) e em zona histórica de 1º grau.
Era um palácio, com interiores originais de diferentes épocas, protegido pela Lei do Património da República portuguesa. Mas apesar disso todo o interior foi partido, triturado e remetido a um vassadouro! Os portugueses são cada vez mais avessos ao «restauro», a tocar com cuidado e respeito a Arquitectura do passado; é quase sempre à bruta como neste vergonhoso exemplo. Lisboa, Capital Europeia da Demolição?

A Petição «Pela Manutenção da Calçada Portuguesa na Cidade de Lisboa!"» será entregue amanhã na A.R. pelas 16h


25/03/2014

Assembleia Municipal recusa fecho de hospitais na Colina de Santana sem alternativa


Depois de cinco sessões de debate sobre o futuro desta zona de Lisboa, a assembleia aprovou uma proposta com acções concretas a desenvolver.

Por Inês Boaventura, Público de 25 Março 2014

Foto de Ana Ramalho

A Assembleia Municipal de Lisboa aprovou esta terça-feira uma proposta sobre a Colina de Santana, na qual se defende que mais nenhum hospital desta área deve encerrar sem que esteja a funcionar o novo Hospital de Todos os Santos. Foi ainda decidido que os órgãos autárquicos irão exigir ao Ministério da Saúde a divulgação do plano para a reorganização da rede hospitalar da cidade.
A proposta foi aprovada, na generalidade, com os votos favoráveis do PS, PSD, CDS, MPT, PNPN (Parque das Nações Por Nós) e dos deputados independentes que representam o movimento Cidadãos por Lisboa, com a abstenção do BE e os votos contra do PCP, PEV e PAN. Seguiu-se uma votação na especialidade de alguns dos artigos da proposta, tendo todos eles sido aprovados por maioria.  
“O que conseguimos hoje aqui foi o consenso máximo possível”, sintetizou no final da reunião da assembleia municipal a sua presidente. Helena Roseta sublinhou que esta proposta, que representa o culminar do debate temático sobre a Colina de Santana iniciado em Dezembro de 2013, contém algumas “conquistas” significativas face àquilo que chegou a estar previsto.
Entre elas, a definição de que a Câmara de Lisboa terá de submeter à apreciação da assembleia municipal os objectivos do Programa de Acção Territorial (PAT), “instrumento estratégico e calendarizado” que se pretende que venha a ser desenvolvido, com a participação do Ministério da Saúde, Secretaria de Estado da Cultura, universidades, Santa Casa da Misericórdia e Estamo (a imobiliária de capitais públicos proprietária dos terrenos em causa).
Além disso, ficou assente que “todos os pedidos de informação prévia”, como os que foram já apresentados para os hospitais de São José, Santa Marta, Capuchos e Miguel Bombarda e cuja apreciação se encontra suspensa, “ou de controle prévio de operações urbanísticas” terão “de se conformar com os objectivos do PAT que forem aprovados”.   
Helena Roseta congratulou-se com esses dois pontos, mas admitiu em declarações aos jornalistas que o caminho que agora é preciso percorrer “vai ser difícil”. “A experiência que há com Programas de Acção Territorial não é grande coisa. É difícil garantir que os parceiros alinham”, reconheceu a presidente da assembleia municipal.
A proposta aprovada esta terça-feira inclui ainda a criação de um Gabinete da Colina de Santana, “com um figurino participativo” e com a participação das juntas de freguesia de Arroios e de Santo António, e a preparação de “uma ou mais” Operações de Reabilitação Urbana Sistemática para este território.
A assembleia decidiu também recomendar à Câmara de Lisboa que incentive o surgimento de “uma percentagem adequada (25%) de habitação acessível e social nas áreas a construir e a reabilitar na Colina”.
Quanto ao património, ficou definida a criação e um grupo de trabalho que identifique, “com celeridade”, as medidas necessárias para o cumprimento de duas medidas: “a criação de um ou mais museus, núcleos museológicos ou centros de interpretação, a alojar nas antigas cercas dos hospitais” e a “manutenção e desenvolvimento adequado do museu de Arte Outsider no Hospital Miguel Bombarda”.
Não acolhida pela proposta aprovada foi a posição do PCP, que recusa o fecho anunciado das unidades hospitalares da Colina de Santana. O deputado Carlos Silva Santos sublinhou que isso mesmo foi defendido por grande parte dos participantes que intervieram nas cinco sessões do debate temático promovido pela assembleia municipal.
“Os deputados ficaram longe de acompanhar o sentimento demonstrado pelos munícipes”, constatou o deputado comunista, afirmando que estes não poderão deixar de estar desapontados. Também o MPT se pronunciou contra o encerramento dos hospitais, enquanto o PAN sustentou que um deles deveria manter-se aberto e com uma urgência em funcionamento.
“Os cidadãos foram fundamentais para termos conseguido negociar o que conseguimos. Não fomos provavelmente tão longe como alguns deles gostariam mas sem eles não teríamos chegado aqui”, disse por sua vez Helena Roseta, reagindo às críticas de alguns dos deputados municipais.  
Costa defende novo hospital
O presidente da Câmara de Lisboa defende, tal como se diz na proposta aprovada pela Assembleia Municipal, que nenhuma unidade hospitalar da Colina de Santana deve fechar até à inauguração do novo equipamento anunciado para a zona oriental da cidade. “Não podemos voltar a ter no centro situações em que o Estado abandona terrenos, sem destino, sem uso previsto, a aguardar sabe-se lá o quê. O que aconteceu em Arroios não pode acontecer na Colina de Santana”, frisou António Costa. O autarca socialista acrescentou que o Hospital de Todos os Santos representa “uma oportunidade de criar uma nova centralidade e, de uma vez por todas, unificarmos Marvila ao centro da cidade”.  


Carta aberta: o Arquivo Histórico Ultramarino, a democracia e o conhecimento

Mais de uma centena de professores universitários e investigadores portugueses e estrangeiros assinaram uma carta aberta, enviada na quinta-feira ao ministro dos Negócios Estrangeiros, contra a integração do Arquivo Histórico Ultramarino na Universidade de Lisboa.
in Público, 21 Março 2014

Salão Pompeia no Palácio da Ega

Em 1931, depois de um debate que se estendeu por mais uma década, foi criado o Arquivo Histórico Colonial, no âmbito do Ministério das Colónias, para “guardar, inventariar e catalogar os documentos que interessem ao estudo e conhecimento da história política, administrativa, missionária, económica e financeira da colonização portuguesa”.
Seria constituído “a) Pelos documentos manuscritos de natureza histórico-colonial actualmente na posse do Ministério das Colónias e suas dependências; b) Pelos documentos de idêntica natureza que existirem nos arquivos dos governos coloniais […]; c) Pela cartografia portuguesa […]; d) Pelos documentos que de futuro derem entrada no Ministério das Colónias, depois de decorrido o período de 10 anos”.
Eram ainda incorporados na nova entidade, sita no antigo Palácio dos Condes da Ega, à Junqueira, os documentos históricos do extinto Conselho Ultramarino (1642-1833), do Arquivo da Marinha, e outros, oriundos das colónias, cujo conjunto formara o denominado “Arquivo de Marinha e Ultramar”, sob a guarda da Biblioteca Nacional de Lisboa desde 1889.
A 1 de Janeiro de 1974, o então denominado Arquivo Histórico Ultramarino (AHU) foi integrado na Junta de Investigações Científicas do Ultramar (JICU), organismo de coordenação da investigação científica relativa às colónias, dependente do Ministério do Ultramar. Após as descolonizações, o AHU continuou na dependência da JICU, renomeada em 1982 Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT), sob tutela do Ministério da Educação e das Universidades.
O seu objectivo era fazer investigação sobre as regiões tropicais. Não estava, portanto, vocacionado para a salvaguarda, descrição e comunicação de arquivos históricos. Apesar disso, teve também o encargo da conservação de outros relevantíssimos acervos, tais como os da Comissão de Cartografia (1883-1936), das expedições científicas às ex-colónias (1936-1974) e da Comissão Executiva da Junta de Investigações do Ultramar (1936-1974).
Em 2012, a tutela do IICT passou para o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), depois de uma fugaz transição pela Presidência do Conselho de Ministros, a partir do Ministério da Ciência e do Ensino Superior (2009-2011). O MNE, no orçamento de 2014, infligiu enormes cortes ao IICT, comprometendo a sua existência. O ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou há semanas no Parlamento que o IICT será integrado na Universidade de Lisboa. A 11 de Março, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação reuniu com o conselho directivo do IICT, e confirmou a decisão. Quanto ao futuro do AHU, disse apenas estar ainda em estudo.
O AHU é um arquivo de Estado e património nacional
O AHU conserva património arquivístico nacional: documentação produzida e acumulada por órgãos do Estado português no âmbito das actividades relativas à gestão do Império, da América do Sul às ilhas atlânticas, dos territórios na África aos no Índico e no Pacífico. Património arquivístico que deve estar acessível a todos os cidadãos. Dada a sua abrangência, interessa também, directamente, aos países de língua oficial portuguesa, e constitui uma parte importante dos recursos disponíveis para o conhecimento de todo o processo de expansão europeia. Por conseguinte, o AHU é um polo de atracção da comunidade de pesquisadores de todo o mundo, e altamente potenciador da internacionalização da produção científica portuguesa em ciências sociais e humanidades.
O presente momento convida-nos a reflectir sobre a tutela que melhor se adequa à natureza e à missão do AHU. Na Europa, há uma clara e enraizada resposta a essa questão: os “arquivos coloniais” são arquivos de Estado. No Reino Unido, os arquivos administrativos do antigo império integram os Arquivos Nacionais. Em Espanha, integram os Arquivos Estatais, no Ministério de Educação, Cultura e Desporto. Em França, os arquivos do ultramar pertencem ao Serviço interministerial dos Arquivos, da Direcção Geral dos Patrimónios, do Ministério da Cultura e da Comunicação. Nos Países Baixos, os arquivos coloniais integram os Arquivos Nacionais, do Ministério da Educação, Cultura e Ciência. Na Alemanha, encontram-se num polo dos Arquivos Federais. Na Itália, estão no Arquivo Central do Estado, do Ministério dos Bens Culturais.
Uma forma de comemorar o 25 de Abril de 1974, a democracia e o fim do colonialismo é criar condições para que o AHU, integrando os restantes acervos históricos do IICT, tenha os seus fundos integralmente inventariados e abertos à consulta, para o desenvolvimento de trabalhos de investigação e divulgação científica. Isso implica que o AHU passe a ser tutelado pelo sector da administração pública dedicado à Cultura e ao Património, na dependência dos Arquivos Nacionais, onde os seus fundos documentais poderão ser sujeitos a procedimentos técnicos normalizados e internacionalmente sindicáveis.
Defendemos que os documentos ora existentes no Palácio da Ega, assim como aqueles dispersos por todas as outras instalações do IICT, sejam não apenas salvaguardados, mas devidamente tratados, valorizados e disponibilizados para consulta pública, sob a guarda directa do Estado, como ocorre, sem excepção, em toda a Europa.
Lisboa, 19 de Março de 2014.

Residência de estudantes no Intendente

O projecto, apresentado pela Estamo à Câmara de Lisboa, prevê 239 quartos, espaços comerciais, "áreas de estar, de leitura, de estudo e de refeições".
Por Inês Boaventura, Público de 25 Março 2014


A Câmara de Lisboa discute esta quarta-feira a construção de uma residência de estudantes, com 239 camas, no Intendente. O vereador da Reabilitação Urbana, Manuel Salgado, considera que este é “um projecto importantíssimo”, porque vai permitir “trazer gente nova para a Mouraria”.
O pedido de licenciamento para esta operação, nos números 57 e 58 do Largo Intendente Pina Manique, foi apresentado ao município pela Estamo, a imobiliária de capitais exclusivamente públicos. Para o local chegou a seu anunciada a instalação do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, projecto que o presidente da câmara anunciou em 2012 que tinha sido abandonado.
Na proposta que vai ser discutida quarta-feira diz-se que o novo equipamento vai ter “uma diversidade de espaços destinados a comércio (loja/bar/cantina), recepção, área administrativa, 239 quartos, áreas de estar, de leitura, de estudo e de refeições”, numa área de intervenção de cerca de 1700 m2.
O edifício em questão, um palacete pombalino, está classificado como Imóvel de Valor Concelhio. Na memória descritiva do projecto diz-se que haverá lugar à “manutenção da actual fachada, inalterada e recuperada como uma ‘memória’ do antigo revestimento em azulejo, funcionando como ‘grande cenário’, atrás do qual se monta um edifício de características bastante regulares, de revestimento em superfícies de vidro e reboco”.
Nesse documento acrescenta-se que “a iluminação posterior da fachada a manter, com efeito cenográfico e a aposta em fundações pontuais e estrutura metálica, garantem grande celeridade de montagem, leveza e menor interferência com a vivência do largo onde se insere”.
A Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) deu um parecer de aprovação condicionada a este projecto. Os técnicos desta entidade consideraram que “a obra proposta se harmoniza em termos volumétricos com a envolvente e não prejudica a fruição visual dos bens imóveis classificados próximos”, tendo determinado que “o local deverá ser objecto de trabalhos arqueológicos com plano a aprovar pela DGPC”.
Em declarações ao PÚBLICO, o vereador da Reabilitação Urbana frisou que este é “um projecto importantíssimo” para o “rejuvenescimento” da Mouraria.
Em Abril de 2011 o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, mudou o seu gabinete de trabalho da Praça do Município para o Largo Intendente Pina Manique, com o objectivo anunciado de imprimir a esta zona da cidade “a dinâmica de regeneração” de que carecia.  


Estaleiros de obras nos passeios de Lisboa vão deixar de ser a regra e passar a ser a excepção


Câmara discute na quarta-feira o Regulamento de Ocupação da Via Pública, que prevê uma "discriminação positiva" de quem cobrir os andaimes com "instalações artísticas".

Por Inês Boaventura, Público de 25 Março 2014

A câmara quer melhorar a qualidade ambiental da cidade, incluindo a sua imagem
Imagem de José Fernandes

A Câmara de Lisboa quer que a ocupação da via pública com estaleiros de obras deixe de ser a regra e passe a ser a excepção e que se opte por “estruturas sobrelevadas” sempre que possível. Além disso, o município propõe-se atribuir reduções de taxas quando as telas que cobrem os andaimes reproduzirem as fachadas dos edifícios ou apresentarem “instalações artísticas”.
Isto mesmo consta da proposta de Regulamento de Ocupação da Via Pública com Estaleiros de Obras, que vai ser discutida na reunião camarária desta quarta-feira. Depois de aprovado, o documento, que visa substituir aquele que está em vigor desde 1992 e que foi alterado pela última vez seis anos depois (e que se intitula Regulamento sobre Ocupação de Via Pública com Tapumes, Andaimes, Depósitos de Materiais, Equipamentos e Contentores para Realização de Obras), deverá ser submetido a discussão pública por um período de 30 dias.
“Atenuar os impactos negativos” dos estaleiros de obras e “simultaneamente melhorar a qualidade ambiental da cidade, nomeadamente a sua imagem”, são os principais objectivos do novo regulamento, como explica o vereador da Reabilitação Urbana e do Espaço Público.
Manuel Salgado defende, em declarações ao PÚBLICO, que esta era uma medida “urgente”. Porquê? “Porque o regulamento em vigor está manifestamente desactualizado relativamente às exigências que se colocam hoje em dia ao nível da segurança dos peões e da libertação do espaço público”.  
O que se pretende é que daqui para a frente os estaleiros fiquem localizados “no interior da parcela ou lote de terreno onde decorre a obra”. Quando isso não for possível, diz-se na proposta de regulamento, “pode ser excepcionalmente autorizada a ocupação da via pública ou de outros espaços públicos, preferencialmente com estruturas sobrelevadas, para que não seja prejudicada a utilização daqueles espaços públicos, ao nível térreo”.
“Como se faz em muitas cidades por este mundo fora”, constata Manuel Salgado. O autarca acrescenta um outro dado: quando a ocupação da via pública for autorizada a ideia é que se reduza o tempo de permanência do estaleiro “ao mínimo necessário” e que a área ocupada vá sendo libertada faseadamente, à medida que a obra avance.
Está ainda previsto que, em articulação com o Regulamento Municipal de Taxas Relacionadas com a Actividade Urbanística e Operações Conexas, haja “uma discriminação positiva”, como lhe chama o vereador, quando os estaleiros forem cobertos com telas que reproduzam as fachadas dos edifícios. Ou quando apresentarem “instalações artísticas, que qualifiquem a imagem do andaime e desde que não coloquem em causa a segurança e a funcionalidade do mesmo”.
Na Baixa Pombalina e nos “arruamentos principais da cidade”, incluindo as avenidas da Liberdade, Fontes Pereira de Melo, da República e Almirante Reis, a intenção do município é que a reprodução da fachada seja a regra sempre que o tempo de permanência dos andaimes se prolongue por mais do que nove meses.
Quanto aos jardins e outros espaços verdes públicos, o documento estabelece que “só em casos excepcionais” é permitida a sua ocupação “com estaleiros e depósitos de materiais”. A emissão de uma licença para esse fim “fica condicionada à prestação de uma caução, de valor a definir pela Câmara Municipal”. Essa caução, explica Manuel Salgado, destinar-se-á a “recuperar o que não tenha sido recuperado pelo empreiteiro”.
Do novo regulamento, o vereador destaca ainda o facto de este definir que todas as obras deverão passar a ostentar uma placa, colocada “à altura dos olhos” dos peões, com informações como “quem é o promotor, o que é que vai ser feito, qual o prazo previsto para a conclusão da obra e para a retirada do tapume, e qual o contacto a usar, por exemplo para denunciar o não cumprimento de regras de segurança ou saber mais sobre a obra”.
Manuel Salgado reconhece que algumas das novas determinações do município se vão traduzir em custos acrescidos para os promotores das obras. “É preciso bom senso. Precisamos de reabilitar mas também temos de ter em conta os cidadãos comuns, não os podemos sujeitar aos riscos de acidentes. Tem de haver equilíbrio”, justifica.

23/03/2014

Reporte de avaria de rampa elétrica de viatura afeta ao serviço regular da Carris


Chegado por e-mail:

«1. À CARRIS:
Apresento a minha 17.ª reclamação deste ano (ver pdf anexo), relativa à avaria da rampa elétrica de acesso para cadeiras de rodas da viatura 1776, afeta à carreira 794 – “Terreiro do Paço – Gare do Oriente”, facto ocorrido cerca das 20h50 de hoje, dia 21, na paragem situada no Campo das Cebolas/Rua dos Arameiros. Como habitualmente, era por demais evidente, no funcionamento deficiente da rampa elétrica, a falta de manutenção da mesma, pelo que não encaixou, não me permitindo entrar no interior.


2. À CML E À CARRIS:

Para cúmulo do sucedido, hoje foi um dia de pluviosidade intensa. Não havendo qualquer abrigo para os passageiros das carreiras 711 e 794 no Campo das Cebolas / Rua dos Arameiros, apesar das minhas insistências.
Assim, nem a CML solicita à concessionária de colocação de abrigos que seja colocado um naquele local, nem a Carris altera a localização daquela paragem terminal para outro local onde já haja abrigos instalados.
Entretanto, dezenas de Munícipes por dia, dezenas de Clientes da CARRIS por dia terão de aguardar o transporte público nas condições atmosféricas que lhes estiverem reservadas, sem qualquer forma de proteção.
Enquanto o novo interface daquela zona não se tornar uma realidade, hão de passar mais um (?), dois (?), cinco (?) períodos invernosos, durante os quais - volto a frisar – Munícipes de Lisboa e Clientes da CARRIS, em número certamente não despiciendo, terão de aguardar o seu transporte público, sujeitos às condições atmosféricas mais ou menos adversas. Entrementes, as duas instituições permanecerão, certamente, convictas do mais excelente e inegualável serviço público prestado.

Boa noite e obrigado!


Cumprimentos,
João Miguel Simões»

22/03/2014

POSTAL DO CHIADO: Calçada Mal Amada...



Há ou não hotéis a mais projectados para a Baixa Pombalina?

O vereador Manuel Salgado defende "uma mistura" de usos para esta zona da cidade.
Por Inês Boaventura, Público de 22 Março 2014



Numa altura em que muito se tem falado numa suposta febre hoteleira na Baixa Pombalina, Manuel Salgado diz que não compete à Câmara de Lisboa “fazer uma regulação do mercado”, algo que em seu entender nem sequer seria “desejável”. O autarca acredita que se os promotores avançam com os projectos é porque haverá procura e recusa a ideia de que se esteja a roubar espaço para a habitação.
“Não lhe sei dizer isso”, respondeu Manuel Salgado, quando o PÚBLICO lhe perguntou se não haverá um excesso de oferta quando todos os hotéis que têm vindo a ser licenciados para esta zona da cidade estiverem abertos. “Eu não sou hoteleiro mas também não acredito que alguém se ponha a investir uns milhões a construir um hotel e não tenha feito as contas”, acrescenta, lembrando que “na maior parte das cidades os hotéis tendem a estar concentrados no centro”.
O vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa admite que a opção por um equipamento desta natureza implica que haverá menos um edifício de habitação, mas sublinha que “são raros os hotéis que são construídos de raiz”, surgindo “a maior parte” deles em prédios que já tinham esse fim ou que eram pensões e foram entretanto reabilitados.
Além disso, afirma Manuel Salgado, é preciso que haja na Baixa, onde há 79 edifícios total ou parcialmente devolutos, “uma mistura” de usos, com residentes, emprego e comércio. A esse respeito, o autarca admite que se está a assistir a “uma coisa perversa” nesta zona: à transformação de “muita habitação” em habitação de curta duração.

Quanto à questão da preservação das lojas históricas, debate antigo que surgiu recentemente a propósito da ameaça de fecho da Ginjinha Sem Real, o vereador diz que “legalmente” a câmara “não tem mecanismos” para fazer mais. E apela à sociedade civil para que se organize para intervir nesta área, dando como exemplo Covent Garden, em Londres, onde “há uma associação de comerciantes que adquire espaços e os arrenda”.   

"Não podemos manter tudo em formol", diz vereador da Reabilitação Urbana de Lisboa

Em entrevista ao PÚBLICO, Manuel Salgado afirma que nos casos em que não é possível preservar as fachadas originais dos edifícios "se calhar é melhor fazer uma coisa diferente, e não macaquear o que lá estava".

Por Inês Boaventura, Público de 22 Março 2014


O vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa, entidade que vários especialistas e cidadãos têm acusado de promover uma reabilitação em que só as fachadas dos edifícios são preservadas, garante que essa não é “de maneira alguma” a política que defende para a cidade. Ainda assim, Manuel Salgado sublinha que nem tudo pode ser conservado “em formol”.
“Tem que haver aqui bom senso. Não podemos manter tudo em formol”, afirmou o autarca, numa entrevista ao PÚBLICO à margem de uma conferência em que participou no âmbito da Semana da Reabilitação Urbana.
Manuel Salgado considera que o município tem feito aquilo que está ao seu alcance para evitar a proliferação de situações em que a frontaria dos prédios permanece mas o seu miolo não. E acrescenta que mesmo quando isso acontece há bons exemplos a assinalar, como o do número 240 da Avenida da Liberdade, onde no último verão se instalou a loja da Cartier. “Eu acho que ficou um excelente edifício. A fachada foi mantida e o interior foi refeito porque estava completamente podre”, descreve o autarca.
Diferentes são os casos, como aquele com que se confrontou na passada quarta-feira, em que os promotores de operações de reabilitação para as quais foi determinada a manutenção dos edifícios originais se dirigem ao município pedindo-lhe que autorize a demolição mas assumindo o compromisso de mais tarde reproduzir a fachada original. “Para quê? Para ganhar 20 centímetros a toda a volta porque as paredes são mais estreitas”, explica Manuel Salgado, acrescentando que “o Plano Director Municipal não o permite”.
Quanto às situações em que a frontaria não pode efectivamente ser preservada, por estar “completamente podre” ou por não haver “hipóteses técnicas de a manter”, Manuel Salgado diz que “se calhar até é melhor fazer uma coisa diferente, e não estar a macaquear o que lá estava”. “Nalguns casos tem-se admitido pura e simplesmente arquitectura contemporânea”, refere, reconhecendo que “infelizmente nem todos os exemplos são excelentes”.
O vereador, que acumula os pelouros do Planeamento, Urbanismo, Reabilitação Urbana e Espaço Público, defende que seria importante para a cidade que se apostasse em contratos de arrendamento de curta duração, à semelhança do que acontece noutros países da Europa e nos Estados Unidos da Europa. O objectivo é que os edifícios possam ter ocupações provisórias, enquanto os proprietários não têm condições para os reabilitar, evitando-se assim que estejam devolutos e que a sua degradação se vá acentuando.   
Segundo Manuel Salgado, nos últimos anos a Câmara de Lisboa investiu 130 milhões de euros na reabilitação, e os privados 600 milhões de euros. Números muitíssimo abaixo dos oito mil milhões de euros que o município divulgou anteriormente, por ocasião da discussão da Estratégia de Reabilitação Urbana para o período entre 2011 e 2024, ser o valor necessário para pôr toda a cidade como nova.
O autarca, eleito pelo PS, defende que a câmara deve contribuir para alcançar esse patamar essencialmente como “facilitadora, dinamizadora, reguladora”. “Não nos podemos colocar numa posição passiva de estar à espera que os investidores privados nos batam à porta a perguntar se podem fazer assim ou assado”, afirma Manuel Salgado.
O vereador destaca o trabalho já feito ou em curso em zonas de Lisboa como Avenida da Liberdade, Mouraria, Bica, Ajuda, bairros Padre Cruz e da Boavista, Marvila, Alfama e Castelo. “Mas tudo isto sabe a pouco porque a necessidade de reabilitação estende-se a toda a cidade”, reconhece Manuel Salgado.
Mesmo no centro, admite, há “bolsas de pobreza extrema”, casas com “condições de habitabilidade inaceitáveis”, “situações de graves ao nível da saúde pública” e um número significativo de edifícios total ou parcialmente devolutos. A solução que Manuel Salgado preconiza passa pelo lançamento de operações de reabilitação sistemáticas, juntamente com o desenvolvimento no terreno de programas de intervenção comunitária.
O vereador também sublinha a importância de se apostar na área da mobilidade, através da criação de “uma rede de percursos pedonais inclusivos” e de “meios mecânicos nos grandes saltos de quota”, como “elevadores públicos, eléctricos e funiculares”.
Na intervenção que realizou no âmbito da Semana de Reabilitação Urbana, que decorre em Lisboa até ao dia 26 de Março, o autarca defendeu a necessidade de se encontrar “um novo modelo de financiamento à habitação”. Se tal não acontecer, diz, “tudo continuará a ser como dantes”.
“Não devíamos voltar a ter um financiamento à compra de casa própria, devíamos ter um mercado de arrendamento forte e saudável”, explicitou Manuel Salgado ao PÚBLICO. O autarca admite que esse financiamento “foi importante porque permitiu resolver rapidamente um problema de habitação e permitiu que as empresas começassem a laborar e a criar empregos”, mas lembra que também teve “efeitos perversos”.

Como exemplo da “irracionalidade urbanística” a que a facilidade concedida nos empréstimos para a aquisição de habitações levou, o autarca aponta a Área Metropolitana de Lisboa, que “cresceu em mancha de óleo, cada vez mais longe”. “Primeiro houve crescimento nos concelhos à volta de Lisboa, como Amadora, Loures e Odivelas. Depois começou a haver mais longe, em Sintra, Vila Franca, Cascais. E agora já é em Mafra, Torres Vedras”, constata Manuel Salgado, lembrando que isso se traduz em mais tempo e mais energia gastos nas deslocações.   

21/03/2014

Campanha publicitária agressiva da marca Continente por ocasião da abertura de uma loja na Rua João Saraiva, Bairro de Alvalade








Hoje, dia 21/03/2014 a zona de Alvalade compreendida entre o cruzamento Avenida Estados Unidos- Praça do Santo António/ Avenida da Igreja-Rotunda em frente à igreja de S. João de Brito/Avenida Rio de Janeiro e Rua João Saraiva, amanheceu com este aspecto: Pendões publicitários em todos os candeeiros da Avenida de Roma no intervalo mencionado; Pendões móveis-bamdeirolas em todas as ruas referidas, colocados em frente de todas as lojas e do Pingo Doce da mesma rua: balões nos espelhos dos carros; placas nos espaços ajardinados; meninos e meninas de segway, de bicicleta, a pé a distribuir panfletos, setas direccionais fixas, pelo menos seis já inundam o bairro. Uma campanha tão atroz como inútil: já toda a gente conhece o Continente, já toda a gente sabia que ia abrir a loja. Tudo isto para além de já ocuparem os omnipresentes outdoors e de passarem na televisão spots da famigerada abertura.

Esta presença provocou da parte do Pingo Doce uma resposta também com meninas e meninos com tarjas móveis gigantes, com bandeirolas junto da sua loja, com uma carrinha estacionada com quatro piscas na rotunda em frente à igreja. Uma guerra comercial infantil, grotesca, superflua.

Nem a CML, nem a Junta sabiam que a coisa iria ter esta dimensão. Nós, os habitantes do bairro, também não. 

O novo espaço público do Bairro dos Sargentos (Ajuda)


Chegado por e-mail:

Alerta e fotos por MF

20/03/2014

Candeeiros de Lisboa: R. Capitão Renato Baptista

Imagem chegada por email, com a informação de que as colunas de iluminação desta rua não são alvo de pintura ou manutenção há mais de 2 décadas... Os moradores também se queixam que o Departamneto de iluminação da CML não responde aos pedidos de intervenção de restauro... estarão a planear o abate das colunas?

O que têm em comum o MUDE e as instalações da Autoridade Tributária na Rua do Comércio?

No âmbito da Semana da Reabilitação Urbana, João Appleton, Bárbara Coutinho e Vítor Cóias deram a conhecer projectos que consideram ser um bom exemplo de reabilitação na Baixa Pombalina.
Por Inês Boaventura, Público de 20 Março 2014

A Semana da Reabilitação Urbana decorre entre 19 e 26 deste mês. 
Foto de João Cordeiro

O que têm em comum a sede do Banco de Portugal, um conjunto de prédios na Rua do Arsenal que vai ser convertido num hotel, o MUDE (Museu do Design e da Moda) e as instalações da Autoridade Tributária e Aduaneira na Rua do Comércio? De acordo com João Appleton, Bárbara Coutinho e Vítor Cóias, que esta quarta-feira fizeram de guias no passeio LisNova-LisVelha, estes são bons exemplos de reabilitação urbana na Baixa Pombalina.
O passeio é uma das muitas iniciativas da Semana da Reabilitação Urbana, que decorre entre os dias 19 e 26 de Março. Durante esse período, o LisNova-LisVelha vai realizar-se diariamente mas, ao contrário do que aconteceu na sua estreia, a participação terá um custo de dez euros e é possível que vários dos edifícios em causa só possam ser vistos por fora.
Excepcional foi também a presença de João Appleton, engenheiro civil com um vasto currículo na área da reabilitação, de Vítor Cóias, presidente da associação Grémio do Património (GECoRPA), e de Bárbara Coutinho, directora do MUDE. Esta quinta-feira, foram eles os guias de serviço, mas daqui para a frente isso será feito por um historiador e um arquitecto ao serviço da empresa Lisboa Autêntica.  
Como primeira paragem, João Appleton escolheu o quarteirão do Banco de Portugal. O engenheiro destacou a “importância desta operação de reabilitação” por três razões: por ter sido “uma oportunidade excepcional para intervir de maneira homogénea num quarteirão inteiro da Baixa”, por ter permitido o regresso da administração do Banco de Portugal a uma zona “abandonada desde há muitas décadas” e por ter incluído a criação de um espaço museológico - o Museu do Dinheiro, que ainda não abriu as portas.
No interior do imóvel, João Appleton destacou que foi restaurado “tudo o que era possível” e que toda a obra teve subjacente a ideia de “deixar marcadas as cicatrizes que as intervenções sucessivas foram deixando”. O grupo de mais de 30 pessoas que participou nesta visita pode apreciar a Igreja de São Julião, hoje transformada em “sala de visitas” e de “eventos” do Banco de Portugal, segundo a explicação do engenheiro.
O ponto seguinte do percurso, que se prolongou muito além das três horas previstas, foi um conjunto de prédios na Rua do Arsenal que vai ser convertido num hotel, projecto que se encontra em apreciação pela Câmara de Lisboa. João Appleton revelou que no local foi descoberto um troço da muralha fernandina, construída entre 1373 e 1375, e de uma torre da mesma.
O engenheiro destacou que esses achados arqueológicos, que os presentes puderam observar através de um buraco aberto no chão de um dos prédios, “vão ser musealizados e integrados no átrio do hotel”. João Appleton considerou que isso é revelador de “uma nova forma de olhar para as coisas”, resultante da percepção de que “o mais interessante para Lisboa é tirar partido do que temos de notável”. E em grande parte isso é, defendeu, a coexistência no mesmo espaço de “memórias antigas meio perdidas no tempo com coisas recentes”.
Já Vítor Cóias levou o grupo ao número 31 da Rua do Comércio, que alberga serviços da Autoridade Tributária e Aduaneira, depois de ter estado abandonado durante cerca de 20 anos. Aqui, explicou o engenheiro civil, foi seguido “o princípio da intervenção mínima”, por forma a “não perturbar o valor patrimonial do objecto”. Em simultâneo foi feita uma aposta no reforço da resistência sísmica do edifício e na melhoria das condições de conforto que oferece a quem lá trabalha.
O presidente do GECoRPA destacou que um dos problemas sentidos nesta intervenção foi o de ela não abranger a totalidade do quarteirão, o que levanta dificuldades quando se pretende fazer intervenções estruturais com vista ao aumento da segurança. “Um sismo não quer saber se um edifício pertence à Autoridade Tributária e outro à Estamo”, ironizou.