Dr. André Caldas
C.c. PCML, AML, APAP, EMEL e media
No seguimento da recente colocação de estaleiro e afixação do cartaz em anexo nas portas de vários edifícios da Avenida dos Estados Unidos da América, anunciando o início iminente de obras de requalificação nos logradouros comuns aos edifícios daquela avenida, do nº 10 ao 48; que resultam do projecto original dos arquitectos paisagistas Gonçalo Ribeiro Telles e Miguel Jacobetty Rosa e executado pela CML (http://arquivomunicipal2.cm-lisboa.pt/xarqdigitalizacaocontent/Documento.aspx?DocumentoID=1113608&AplicacaoID=1) no desbravar dos quarteirões do Plano de Alvalade, projecto aliás inserido no conjunto merecedor do Prémio Municipal de Arquitectura (1956);
Somos a felicitar essa Junta de Freguesia por, finalmente, dar início à recuperação daqueles baldios - causa que se revela urgente desde há pelo menos 10 anos a esta parte e que é comum ao conjunto de logradouros do mesmo lado da avenida, acima da Av. Rio de Janeiro, e que tem levado este Fórum a emitir sucessivos alertas e a enviar vários pedidos de esclarecimento, até hoje sem resposta.
Face à informação agora divulgada pela Junta de Freguesia de Alvalade, relevam alguns pontos que se nos afiguram poder vir a desvirtuar o projecto original de Ribeiro Telles e Jacobetty Rosa, o que certamente não será intenção de V. Exa., numa altura em que todos temos por seguro o reconhecimento público da obra de ambos no panorama do nosso urbanismo-paisagismo.
Assim, apelamos à Junta de Freguesia de Alvalade para que, na sua qualidade de dono da obra, assegure desde já, a manutenção naqueles logradouros (e nos logradouros acima da Av. Rio de Janeiro) do que lá existe e existia do projecto original, a saber:
· A manutenção dos 2 parques infantis existentes (na realidade eram 1 parque infantil e 1 juvenil), com o desenho e os equipamentos então concebidos (o foguetão, o escorrega, etc.) e os que ainda existem (pedras da macaca, etc.) e a sua manutenção nos mesmos locais, e não a sua deslocação como é agora proposto;
· Os hexágonos de betão desenhados pelo Ribeiro Telles para garantirem a infiltração das águas;
· As várias centenas de arbustos (foram arrasados na última intervenção da CML, vai para 6 anos);
· A manutenção dos muretes em pedra e dos caminhos do projecto original;
· A existência de várias árvores monumentais (choupos, tipuana, bela-sombra, etc.), essencialmente nos logradouros entre a Av. Rio de Janeiro e a Av. Roma, que importa preservar a todo o custo;
· Finalmente, a necessidade de preservar, recuperando-as, obviamente, as colunas de iluminação de marmorite, da Cavan, que resistem desde o projecto original.
Solicitamos ainda a melhor atenção de V. Exa. para o seguinte:
· O plátano transplantado do Areeiro já morreu, por falta de rega;
· As nogueiras transplantadas da Av. Rio de Janeiro Estão em vias de morrer, também por falta de rega;
· O “recinto de mesas” agora proposto é perfeitamente possível no lote calcetado vago imediatamente ao lado do local agora proposto, o que resultaria numa muito mais adequada estética de conjunto;
· O péssimo estado da generalidade dos “relvados”, pelo que se aconselha que lavrem a terra e corrijam a acidez e a argila;
· A necessidade de se ponderar a remoção abrupta do estacionamento automóvel existente nos impasses, uma vez que isso poderá acarretar sérios problemas junto aos prédios vizinhos, e não se vislumbra como será possível fazer desaparecer todos os automóveis ali estacionados, muitos deles pertencendo a moradores que se vêem sem alternativas para estacionar. Assim, sugere-se a criação de algumas bolsas de estacionamento reservadas aos moradores nesses impasses (eventualmente dedicados aos moradores com filhos ou dificuldades de locomoção), com solução paisagística adequada. Repare-se que as ruas limítrofes (Raul Brandão, Epifânio Dias, Francisco Lourenço da Fonseca), por não disporem de estacionamento pago e fiscalização da EMEL, que deveria ser alargado, já têm durante o dia (mas também à noite) dezenas de automóveis estacionados ilegalmente em cima de passeios, esquinas ou em segunda fila, situação que só se poderá agravar se o presente projecto for avante sem correcções. .
Contem V. Exa. e essa Junta sempre connosco para o bem do Bairro e da qualidade de vida dos seus moradores, no respeito integral da obra urbanística e paisagística que Alvalade tão bem ainda representa no nosso quotidiano.
Melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, José João Ralha, Fernando Jorge, Inês Beleza Barreiros, Martim Galamba, Jorge Pinto, Rui Martins, Miguel de Sepúlveda Velloso, João Filipe Guerreiro, João Leonardo, José Amador, Nuno Caiado, Fátima Castanheira e Maria Ramalho
2 comentários:
Ora tem graça... nos bairros históricos a cidadania Lx zomba dos moradores que não têm onde estacionar. Aqui já defendem :"A necessidade de se ponderar a remoção abrupta do estacionamento automóvel existente nos impasses, uma vez que isso poderá acarretar sérios problemas junto aos prédios vizinhos, e não se vislumbra como será possível fazer desaparecer todos os automóveis ali estacionados, muitos deles pertencendo a moradores que se vêem sem alternativas para estacionar."
Tem razão o anónimo...ainda mais graça tem o facto dos bairros históricos estarem cheios de parques públicos de estacionamento, estações de metro, autocarros, ser fácil andar a pé, ou de bicicleta, e os bairros das avenidas novas e alvalade não terem metro, autocarros, ser um inferno andar a pé nos passeios estreitos e velhos, e impossível sequer usar bicicletas. coitados dos moradores, que remédio senão terem carro mesmo à porta
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