19/12/2019

“É uma violência sobre os cidadãos ver a morte de árvores”

Um dos muitos belos trabalhos com que Lisboa tem sido acariciada. Aqui em 2017 no Palacete Mendonça.


"Falta menos de um mês para Lisboa se tornar Capital Verde Europeia e para a Plataforma em Defesa das Árvores chegou o momento de a câmara voltar a assumir total responsabilidade sobre o arvoredo da cidade. Fernando Medina não concorda, mas admite que o muito polémico Regulamento Municipal do Arvoredo seja revisto.

Em nome da Plataforma, Inês Beleza Barreiros foi esta quarta-feira à reunião pública da autarquia expor os “três problemas fundamentais do arvoredo que não têm melhoras” e que, no seu entender, até foram agravados com a entrada em vigor do regulamento: podas, abates e plantações.

“Continuam a ser agendadas pelas juntas de freguesia grandes empreitadas de podas em ruas inteiras, destruindo árvores muitas vezes com 50 e 60 anos, como se uma poda anual fosse uma operação de rotina”, denunciou. “As diferentes empresas contratadas não actuam de uma forma concertada e o resultado, para além de muitas vezes ser danoso para o arvoredo, que fica mutilado, espelha descoordenação.”

A munícipe foi dando vários exemplos, como os lódãos na Av. Luís Bívar “podados de forma completamente irracional” ou o grande choupo na Escola Básica Teixeira de Pascoaes, que a junta de Alvalade quer podar, o que considerou “chocante”. “É uma violência sobre os cidadãos ver constantemente a morte de árvores no espaço público ou a sua mutilação”, afirmou.

Com o novo regulamento, aprovado pela assembleia municipal em 2017, as juntas de freguesia passaram a poder gerir todo o arvoredo dos seus territórios, a menos que ele esteja classificado como estruturante (caso em que a competência continua a ser da câmara municipal).

Ora, o regulamento que saíra dos Paços do Concelho em 2015 previa que podas e abates estavam sujeitos “a parecer vinculativo da câmara municipal, de forma a determinar os estudos a realizar, medidas cautelares e modo de execução dos trabalhos”. Dois anos depois, quando finalmente saiu da assembleia, o parecer da autarquia já não era vinculativo e as juntas também estavam autorizadas a dá-los.

Como muitas juntas não têm equipas próprias para tratar do assunto, “as árvores estão na mão de empresas contratadas por outsoursing que muitas vezes não têm só essa especialização”, disse Inês Barreiros. “Ficam nas mãos de pessoas que têm muito pouco conhecimento sobre árvores.

“Nesta matéria a política da câmara não funcionava bem. O próprio facto de ser chamado à presidência da câmara o abate de árvores específicas é prova de que alguma coisa na estrutura da câmara não funcionava bem”, disse Medina, aludindo a um despacho de António Costa que colocava directamente nas mãos do presidente a decisão sobre abates.

O autarca reconheceu que tem havido “erros” recentes, mas disse igualmente que “durante anos” não houve podas na cidade. “Eu posso-lhe dar a listagem de todas as queixas, reclamações e indemnizações da câmara por falta de poda de árvores”, afirmou.

Medina prometeu “fazer um debate alargado e sem nenhum preconceito” já no “primeiro semestre” do próximo ano, envolvendo todos os interessados – incluindo munícipes, associações, juntas e assembleia municipal."

In Publico. 2019-12-19
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A profunda incompetência dos responsáveis vai continuando. O problema não se resolve....arrasta-se.
....e por favor deixem de chamar "podas" a mutilações executadas por absolutos incompetentes.

3 comentários:

Anónimo disse...

Lisboa ser a "Capital Verde Europeia" é verdadeiramente hilariante!

Anónimo disse...

Devemos aproveitar o inusitado galardão que recebemos da Comissão Europeia para tentarmos mudar o paradigma dos lisboetas em relação aos seus espaços verdes, congregando os esforços da Câmara Municipal de Lisboa, Assembleia Municipal, Juntas de Freguesia, Associações e cidadãos em nome individual na defesa e engrandecimento dos nossos espaços verdes.

João Pinto Soares

Anónimo disse...

É inacreditável que quanto mais precisamos de árvores mais estas são cortadas ou maltratadas. Em Lisboa e Sintra então é marcar e cortar.


Paulo