08/07/2008

Quem....

(foto roubada no Lisboa S.O.S.)

.......é que anda por aqui a brincar às cidades......?

12 comentários:

Arq. Luís Marques da silva disse...

Enquanto continuarmos a permitir que a intervenção no território, seja feita pelos particulares e o estado, em sede de ordenamento e planeamento, se demita das suas funções; enquanto tivermos um estado que se deixa manietar por interesses, que sobrepõem á qualidade do espaço urbano, os interesses meramente especulativos, permitindo gastos de dinheiros públicos em planos e projectos avulsos, não havendo interligação entre eles; enquanto existir Estado que não o é, vamos tendo este tipo de situações.
É um atroz suburbanismo, reflexo de uma fraca cultura e, pior que tudo, sintomático de um baixissímo nível de exigência dos cidadãos.

Anónimo disse...

Caro Luís...não tenho nada a acrescentar, senão: Como raio é que se vão inverter estas situações ?

JA

Arq. Luís Marques da silva disse...

Fazendo o que se faz em alguns países, a começar pela alteração da legislação, não permitindo aos particulares a possibilidade de efecturem operações urbanisticas; essas são para o estado, que assim consegue impôr certas regras ao nível do planeamento urbano, nomeadamente os parâmetros que definem as volumetrias; as tipologias; as cérceas, materiais e os próprios custos, controlando assim a especulação.
A criação de planos estruturais, baseados numa nova ideia de sustentabilidade, que devem ser coordenados a nível intermunicipal, onde deverão ficar defenidas as redes viárias e todo o sistema de transportes, respectivos interfaces e os estacionamentos periféricos (para que as pessoas possam deixar os "pópós"); a uma escala mais pequena, por exemplo, na Av da República, o plano deveria prever a possibilidade de transferências de áreas de construção, de imóveis que se querem preservar ou classificar, para locais onde se pode construir mais á vontade, nomeadamente o terreno da antiga "Feira Popular" (já existe a chamada perequação).
Nada disto é novo nem inventado, nem cabe aqui, num comentário desta dimensão, uma explanação muito maior sobre o assunto, mas é necessário encontrar rápidamente uma política metropolitana de ordenamento que acabe com esta permissividade de cada um fazer o que bem entende no seu terreno.

Arq. Luís Marques da silva disse...

Ops, esqueci-me do abraço Júlio...

Anónimo disse...

Peço desculpa de meter a colherada, mas como ex-funcionário municipal, que levou muitas na cabeça por se opor a muitos políticos mandões, ignorantes e trafulhas, custa-me ouvir (ler) por vezes, que a culpa disto é do urbanismo, do Estado ou das leis.
Não concordo na totalidade. poderá sê-lo em alguns casos, mas na maioria estas questões passam quase exclusivamente pelo modelo político que nos rege e que coloca o lucro acima de tudo (mas de tudo mesmo). Muitos dos autarcas com poder o mais próximo que estão do urbanismo é saber alguma coisa de imobiliário, isto é, compra e venda de propriedades.
Quanto aos particulares poderem fazer urbanismo, (a menos que o sempre surpreendente Sócrates o tenha autorizado e eu não tenha sabido), até agora não era permitido. O subterfúgio estava em o fazerem chamando-lhe "loteamentos" e sempre com a cumplicidade dos dirigentes políticos, que até por vezes conseguiam pareceres de juízes(!) afirmando serem legais estas práticas.
Para quem não saiba, esta foi uma das principais razões para a queda da Câmara de Lisboa, relativa á gestão Santana Lopes.
Concluindo,pois o espaço é curto. A culpa não é do urbanismo, é de quem o detesta porque é um empecilho.

Arq. Luís Marques da silva disse...

Guilherme, parece-me que dissemos mais ou menos o mesmo; o particular não deve poder mexer no territorio a seu belo prazer e para isso, os instrumentos de planeamento territorial, não podem estar á sua disposição, nem que sejam camuflados sob o nome de operação urbanística ou seja, a antiga figura do loteamento.
É que um loteamento, quer queiram quer não, é um pequeno plano de promenor e isto faz com que o particular faça a gestão da construção em função do seu interesse, em deterimento do bem comum...
Concordas?

Anónimo disse...

"o particular não deve poder mexer no territorio a seu belo prazer"

Na minha ignorância, pergunto-me... não será o particular, com interesses habitacionais, económicos, recreativos, mais bem talhado que as entidades oficiais para dizer, pensar, agir, no que toca ao planeamento urbano? Até que ponto pode um organismo oficial, hierarquizado e piramidal, chegar a todos os cantos, mesmo quando são situações óbvias e gritantes, como esta? Que eu saiba, essa é uma característica dos cefalópodes, não da CML.

Basta ver o que ao longo dos anos foi feito em Lisboa, basta ver o que se fez para delapidar o património e sujar a face da cidade.

A cidade é do povo, a administração da cidade cabe ao povo, nomeadamente a quem investe, quem injecta dinheiro (para ganhar mais em troca, óbvio, mas não há nada de mal nisso, não foi por querer trabalhar mais que o homem inventou a roda), quem tem interesses.

A gestão pública é um cancro. Encham a cidade de parqueamento subterrâneo, aumentem o policiamento e a iluminação, tratem de meter caixotes do lixo e criar um sistema de recolha eficiente, e corram de uma vez por todas com a quantidade idiota de sem abrigo e pedinchões que poluem socialmente Lisboa. Tudo o resto, entreguem ao sector privado, sempre com a salvaguarda de uma entidade independente que vise manter a traça fundamental dos bairros, etc.

E daqui não há que fugir.

Arq. Luís Marques da silva disse...

Pois e foi com esse pensamento que o povo se lixou e foi todo viver para a periferia, para bairros massificados de betão e com passeios em terra batida, com infraestruturas deficientes ou inexistentes e isto porque os investidores têm, segundo a sua bela teoria, que ganhar o dinheirinho justo.
Ganhar dinheiro é justo mas escusavam de ter abusado e agora tem um território todo destruído tipificado e generalizado ao gosto Sto António dos Cavaleiros ou Buraca.
É disto que gosta?
Ou talvez prefira ao gosto do agora novo AllGarve, com o território todo retalhado em loteamentos e mais loteamentos sem qualquer regra definida nem interligação?
Repare que me referi sempre a operações urbanisticas ou loteamentos enão ao licenciamento de edifícios.
Entretanto, pensa em criar mais um organismo supervisor, mais burocracia portanto... Afinal em que ficamos?
Então as autarquias não deveriam elas ser o garante do ordenamento do território? Claro que sim, bastando para tal que fossem compelidas a tal atravês de instrumentos que as obrigasse a isso.
E mais, não podem ser eficazes instrumentos de planeamento que demoram, a ser aprovados e rectificados, anos a fio porque, quando estão disponíveis, já passaram de validade...

Anónimo disse...

"Até que ponto pode um organismo oficial, hierarquizado e piramidal, chegar a todos os cantos..."
Assim é, noutras terras com o território bem ordenado.

Quanto aos "sem abrigo" e "pedinchões", é outra face da mesma moeda, numa sociedade individualista onde, demasiados tratam exclusivamente de fazer o (melhor?) para bem próprio. Os resultados são bem visíveis....um pouco por todo o lado.

JA

Anónimo disse...

"Pois e foi com esse pensamento que o povo se lixou e foi todo viver para a periferia, para bairros massificados de betão e com passeios em terra batida, com infraestruturas deficientes ou inexistentes e isto porque os investidores têm, segundo a sua bela teoria, que ganhar o dinheirinho justo."

Se há culpa de alguuma entidade neste êxodo, essa culpa só pode ser assacada ao estado e à sua lei do arrendamento urbano.

Arq. Luís Marques da silva disse...

...E quem lhe disse que esse êxodo não foi propositado e concertado, para libertar o centro de Lisboa á livre especulação?
Ao mesmo tempo permitiu-se aos empreiteiros a criação de um suburbio monstruoso onde se tornou a especular, ao vender apartamentos a preços muito altos, tendo em conta a relação custo do terreno/construção/qualidade(?).
Foi o negócio da China: especular duas vezes...
É o preço que se paga quando o estado se demite das suas responsabilidades de moderador.

Anónimo disse...

...e quando o "êxodo" mudar o rumo (o que já aconteceu em muitas capitais da Europa), outra vez para dentro da cidade, vai ser pago a preço de ouro. Depois fica o circuito fechado...mas a cidade, já foi há muito sacrificada e mutilada.

JA