21/07/2008

TUDO DE BRANCO: Rua Pascoal de Melo, 130-132




Recentemente foram realizadas "obras" num imóvel situado no antigo Bairro da Estefânia, na Rua Pascoal de Melo, 130-132 (Residencial S. Pedro). Esta residencial, instalada em elegante prédio revestido de azulejos dos finais do século XIX, pintou toda a fachada de branco. O problema é que foi mesmo TUDO DE BRANCO:

-os azulejos antigos que revestiam a fachada;
-as molduras de pedra dos vãos da fachada (janelas e portas);
-as varandas de pedra, incluíndo todos os elementos decorativos;
-os gradeamentos de ferro artístico das varandas.

Para além dos erros já enunciados, comuns em países de terceiro mundo, foram também instalados os tão amados estores de plástico (branco claro!) em todos os vãos da fachada. O prédio está desfigurado. Por ignorância do proprietário e por falta de fiscalização da CML. Este imóvel, assim como os 2 imóveis seguintes, fazem parte da Carta Municipal do Património no PDM:

«44.38 - Conjunto de 3 edifícios de habitação plurifamiliar / Rua Pascoal de Melo, 130-132, 134-136 e 138-138A»

Segundo informação da CML, esta intervenção urbanística foi ilegal. Será que o Pelouro do Urbanismo vai fazer cumprir a lei para que o património da cidade seja salvaguadado?

E agora? Agora, é neste edifício desfigurado, verdadeiro catálogo do que não se deve fazer num imóvel património, que os turistas que nos visitam ficam hospedados. E se desejarem ver os antigos azulejos que revestiam a fachada da residencial, terão primeiro de pedir ao room-service uma faca para raspar a tinta branca.

13 comentários:

daniel costa-lourenço disse...

Qualquer Câmara Municipal deste país rem regulamentos específicos quanto ao aspecto exterior dos edifícios, muitos deles inviabilizando a atribuição de licença de utilização ou de obras se não for respeitado...

A capital não tem?!

E no meio de milhares e funcionários, onde está a fiscalização?

vergonhoso...

Arq. Luís Marques da silva disse...

Eu conheço bem este caso; foi de um momento para o outro que fizeram este "lindo serviço".
Fiscalização? Regulamentos?
Ora meus caros, na CML devem pensar que estes edifícios como são mesmo para destruir, situações destas até são para louvar. Com uma "borradela" de tinta branca na fachada, aguenta até que entre um processo de demolição.

daniel costa-lourenço disse...

Pois, eu sei...gosto de perguntas de mera retórica...

Anónimo disse...

Eu nem acreditava se não fossem as fotos! Santa ignorância! Isto é mesmo Africa! Estamos no fim de um ciclo horrível! O que vai restar da identidade de Lisboa depois de milhares de obras deste tipo?!

Filipe Melo Sousa disse...

Muito melhor de branco do que aqueles azulejos saloios que se vê nas fachadas de Lisboa, esses sim a lembrar motivos mouriscos de países de terceiro mundo.

O empreiteiro sabe o que faz. As pessoas que vão comprar os apartamentos não são propriamente o imigrante da casinha saloia com azulejos na fachada. Azulejos azuis.. bahgr.. há gente que continua amarrada ao século passado.

Anónimo disse...

MUITO BEM FILIPE MELO SOUSA!!!
MUITO BEM!!!
APOIADO!!!
NOBEL PRÓ FILIPE MELO SOUSA!!!
NÃO, MAIS QUE O NOBEL: A MEDALHA DE OURO DO CIRCO DE MONTECARLO!!!
FORÇA FILIPE!!!

Tem piada, esta coisa do branco faz-me lembrar... ora dexia cá ver... onde é que há imensos edifícios brancos... muita construção... ah, já sei! No Algarve! e aquilo está bonito, não está?

Lesma Morta disse...

Já tivemos tantos estilos arquitectónicos, como o cássico, o medieval, o renascentista, o moderno, o pós-moderno, o contemporâneo e agora surge um(mais uma vez por mão dos portugueses que há séculos reinventaram o medieval com o manuelino), o inigualável "estilo frigorifico".
Parabéns aos autores de tamanha façanha.

Anónimo disse...

"O empreiteiro sabe o que faz. As pessoas que vão comprar os apartamentos não são propriamente o imigrante da casinha saloia com azulejos na fachada. Azulejos azuis.. bahgr.. há gente que continua amarrada ao século passado."

Vai ler novamente o post, porque o prédio não foi "lambido de branco" por nenhum empreiteiro para vender os apartamentos. O prédio está 100% ocupado por uma Residencial! E viva ao Turismo de qualidade em Portugal! Viva os saloios! Em que século vives tu? Da maniera que falas só pode ser o "Século Filipe"?

Anónimo disse...

Em todas as "côrtes" há um bobo e nós aqui temos o nosso,felizmente,vai-nos divertindo.(Tratemo-lo bem,para que não se vá).
Sériamente,a questão de pintar cantarias em pedra (de lioz)no exterior e no interior(chaminés de cozinha)existe há muito. Pintar azulezos de cozinha e de casa de banho é um absurdo corrente,infelizmente.Até há tintas "recomendadas" para o efeito.
Porém, pintar uma fachada inteira de azulejos,não tinha conhecimento!!
Claro que há regulamentos contra isto e, sobretudo Normas Técnicas
contra estes disparates. Mas a indisciplina,a incultura,a insolvência e a instabilidade vigentes na CML repercutem-se depressa.
Os maus exemplos vêm de cima,o desrespeito está instalado( e as dívidas tb).
Será uma espécie de "grafitti" contestatário gigante ?
Será que a CML é estranha a este episódio?


22-7-08 Lobo Villa

Anónimo disse...

Esqueceram-se, que também existe tinta branca....para vidros.
Bem, o "Prémio Parolo 2008"....já está atribuído.


JA

FJorge disse...

O Departamento de Urbanismo confirmou que as obras não foram licenciadas. Esta intervenção urbanística é ilegal. O gabinete do Vereador do Urbanismo foi informado deste caso mas até hoje ainda não deram 'sinal de vida'. Quanto ao prédio, continua a "preto & branco", ao gosto das cabeças pequenas.

Anónimo disse...

Onde pára o Regulamento de Cores de Lisboa?
Dada a onda desreguladora que atravessamos há anos suspeito que no caixote do lixo.
Como não há regulamento apela-se ao bom senso estético. O resultado é a profusão de amarelos electricos e outras cores primáriasnas fachadas.
Mas desculpem. Isto não é fruto da Santa ignorancia de quem faz, mas sim fruto da santa ignorancia de quem deixa fazer (e em alguns casos ainda aplaude).

Anónimo disse...

Mas que raio vamos fazer a esta gente?! Isto ultrapassa aquilo que eu considerava serem os limites da inteligencia humana.