In Público (5/9/2008)
Ana Nunes
«O regresso há muito reivindicado pelos lisboetas será concretizado no dia 15 de Dezembro. Logo a seguir voltam os maus cheiros ao Terreiro do Paço com as obras dos esgotos da cidade
Onze anos após ter sido desmontado por força das obras de prolongamento da linha Azul do Metropolitano de Lisboa, o Cais das Colunas será devolvido à cidade não mais tarde que 15 de Dezembro. Pelo menos foi essa a garantia ontem dada em conjunto pelo ministro das Obras Públicas, Mário Lino, e pelo presidente do Metropolitano, Joaquim Reis.
"Devemos fazer um grande esforço e dar o nosso melhor para que o cais seja recuperado o mais cedo possível", admitiu ontem Mário Lino durante uma visita ao local. Para o governante, a fixação da data é "essencial, para cumpri-la" e "o impossível deve ser feito". Opinião partilhada por Joaquim Reis, ao afirmar que "nada irá impedir a conclusão da obra no prazo previsto", acrescentando que "os trabalhos estão a decorrer ao ritmo do compasso". A intervenção no local prevê a reposição do piso "respeitando o traçado original, com pedra oriunda da mesma pedreira de onde se julga ter sido retirada a original", garantiu o presidente do Metro. Mário Lino admitiu que "houve um grande estrago ao longo dos anos", sendo "parte das obrigações do Metro não só repor o que estava, mas corrigir, emendar e substituir o que estava degradado". Para tal, foram substituídos vários degraus que já não constituíam a escadaria primitiva, pois apresentavam inúmeras erosões, fracturas e lacunas, frequentemente preenchidas com argamassa de base e cimento.
O projecto de reposição daquele cais, objecto de aprovação prévia por parte do Instituto Português do Património Arquitectónico, está orçado em 937 mil euros, e diz o responsável do Metropolitano que "visa substituir e não cair nos erros do passado". Joaquim Reis afirmou que "de acordo com os especialistas, ao longo do século XX foram muitas as intervenções mal realizadas". Como tal, a desmontagem do cais foi alvo de "uma intervenção rigorosa em que não foi descurada a inventariação, catalogação e conservação da pedra". Desde a desmontagem, o material removido encontrava-se nas oficinas do Metropolitano. Todo o processo levou o vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa, Manuel Salgado, a mostrar-se satisfeito com a obra de restauro já realizada.
Achados no lodo
Ao longo da obra de recuperação das colunas que dão nome ao cais no topo sul da Praça do Comércio - construção que remonta aos finais do século XVIII e é constituída por um conjunto com duas escadarias laterais que levam a uma central, onde podem ser vistas as colunas -, os técnicos descobriram no rio, enterradas no lodo, as pedras pertencentes à coluna em falta e, mais recentemente, a esfera que encima essa mesma coluna.
Quanto à concretização das obras que tiveram origem no projecto de alargamento do Metropolitano até Santa Apolónia, as intervenções no local irão continuar, embora a cargo de outras entidades. Carlos Martins, engenheiro das Águas de Portugal, explicou que a empresa SimTejo se encontra a fazer no local uma obra de intersecção dos esgotos que só estará pronta dentro de nove meses. Mais tarde, embora ainda sem data definida para o arranque, será a vez da sociedade Frente Tejo, liderada pelo arquitecto João Biancard da Cruz, iniciar o trabalho da reabilitação da frente ribeirinha.
As obras que se seguem no Terreiro do Paço, de intersecção de esgotos, da responsabilidade da Águas de Portugal, destinam-se a conduzir até à ETAR de Alcântara as águas residuais que até agora eram descarregadas directamente no Tejo. Segundo Carlos Martins, daquela empresa, aquelas águas serão conduzidas por uma estação elevatória entre o Largo do Chafariz e Alcântara. Diz o técnico que a obra em Alcântara "já se encontra bastante adiantada", sendo "complexa por se tratar de algo que já existia, mas que está a ser demolido ao mesmo tempo que se mantém ao serviço". »
Vamos ver, vamos ver se o cais continua cais ou se será decoração do aterro ali construído.
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2 comentários:
A colocação do Cais das Colunas, é uma precipitação, consequência de obras mal planeadas e de costas voltadas para o municipio. O municipio por outro lado não sabe o que fazer apesar das várias tentativas, e de vários iluminados.
Mais uma vez perdemos oportunidades, devido à ignorância de responsáveis e governantes.
Óptima noticia!! finalmente...
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