07/10/2009

Discuta-se os peões VII

Mais um exemplo invisível de como o peão é mal tratado. Note-se que é apenas relacionado com o planeamento da cidade.
Todos os cruzamentos são feitos de forma a minimizar o tempo que um automobilista tem que esperar. O peão, desde que tenha uma forma de atravessar de A a B e por mais longa que ela seja, pouco interessa. No vídeo abaixo (apenas 1min) temos um exemplo como tantos outros, um pequeno cruzamento da Av. Roma - logo uma zona central e cheia de peões - onde o peão é obrigado a esperar 3 vezes para fazer uma simples travessia. O automobilista nunca espera mais de 1 vez.
Quando pensamos que um percurso a pé demora muito tempo não nos apercebemos que isso não se deve à sua velocidade mas ao planeamento anti-peão da cidade. Assim se promove o automóvel nas pequenas deslocações causando congestionamento, ruído, poluição e problemas de estacionamento (em Bruxelas 25% das deslocações são inferiores a 1km, imagine-se Lisboa).

O que acharão as candidaturas do desenho urbano que afasta activamente os peões dos cruzamento, mesmo os mais pequenos e centrais?

9 comentários:

Miguel Carvalho disse...

Com este vídeo, alguém ainda terá a lata de se queixar dos peões que não respeitam os semáforos (aliás há muitos a fazê-lo no vídeo)

Rodrigo disse...

e no saldanha é igual, uma vergonha

Anónimo disse...

Apesar de não ser exactamente o tema do post, gostaria de chamar a atenção para o seguinte:

- sou condutor e peão e tenho-me por pessoa civilizada;
- enquanto condutor dou prioridade aos peões nas passadeiras como é meu dever;
- enquanto peão chego à passadeira, páro, olho e depois atravesso.

Infelizmente a maioria dos peões (cada vez se vê mais, sejam eles novos ou velhos) vão no passeio e de repente atiram-se, pura e simplesmente, para a estrada/passadeira sem que nada o fizesse prever.Uma passadeira NÃO dá ao peão o direito de ter esta conduta: está errada e pode ser multado (deixa-me rir)! É também assim que por vezes se dão atropelamentos (e não estou a desculpar algumas bestas condutoras).

Ainda há bem pouco tive de parar eu e outros condutores para deixar passar uma idosa que atravessou, com toda a calma e nada preocupada, uma artéria c/bastante trânsito, com o SINAL VERMELHO PARA OS PEÕES. Felizmente nada de mal aconteceu.

Anónimo disse...

Bem, afinal a mania de utilizar o carro em pequenas deslocações não é só dos portugueses : 25% p/deslocações inf. a 1 km e 65% para inferiores a 5 km em Bruxelas.
Quem diria, hein? Mas que pessoal tão pouco civilizado. Ou será que estes 80% são todos "tugas"?

Miguel Carvalho disse...

anónimo das 3.04

Tem uma interpretação curiosa das passadeiras. O que um automobilista deve fazer quando se aproxima de umas passadeiras - onde o peão tem prioridade - é tomar atenção aos peões que poderão querer atravessar. Tal como acontece num cruzamento sem sinalização, quando alguém vem da direita.

Já agora, aconselho vivamente a leitura deste post (é curto), que lhe dá uma ideia de como as obrigações do automobilista perante o peão são totalmente diferentes no Norte da Europa.
http://menos1carro.blogs.sapo.pt/180902.html

Anónimo disse...

Meu caro sr., se eu não tivesse cuidado (abrandar ainda mais) e se não estivesse sempre com "um olho no burro e outro no cigano" já tinha atropelado alguns, garanto-lhe.

Com a sua resposta parece-me que está de acordo com a atitude do peão se atirar para a estrada de qualquer maneira (sem olhar, nem parar). Deve saber que isso não está correcto, mesmo tendo o peão prioridade nas passadeiras. O peão tem direitos, mas também tem obrigações, ou não ?
Cumprs.

Anónimo disse...

Quanto ao post que refere, lamento mas discordo.

Certamente que quem conduz um carro está mais protegido que um peão ou ciclista, mas isso é dar direito a que os mesmos possam fazer todos os disparates que lhes der na cabeça, que muito dificilmente serão responsabilizados. Levando o assunto ao extremo, então eu poderia ir numa estrada num pequeno carro, fazer uma ultrapassagem mal feita a um camião TIR, havia um acidente e se não morresse, o TIR é que era o culpado, pois tinha o triplo ou quádruplo do tamanho do m/carro.

Não, não é por aí. As pessoas têm que ser responsáveis e responsabilizadas.

Miguel Carvalho disse...

Caro anónimo,
eu estou de acordo com a atitude do peão tal como estou com a atitude de quem vem da direita e passa sem parar. É o automobilista que se aproxima da passadeira, tal como o automobilista que vem da esquerda, que tem que estar atento.
Colocando a coisa de outra forma, na sua óptica para que serve a passadeira?

Quanto ao post, tem todo o direito de discordar. Só lhe queria fazer ver como é tratado o peão em países mais desenvolvidos. Países onde a banalização do automóvel surgiu décadas antes, e países onde há uma enorme tradição de estudos técnicos destas matérias.

Anónimo disse...

Caro sr., se está de acordo com a atitude do peão (descuidada e irresponsável), aconselho-o a reler ou ler o n/código da estrada, que diz no Art.103, ponto 2 - cuidados a observar pelos condutores - o seguinte:

"Ao aproximar-se de uma passagem de peões.... que não está regulada nem por sinalização luminosa nem agente, o condutor deve reduzir a velocidade e, se necessário, parar para deixar passar OS PEÕES QUE JÁ TENHAM INICIADO A TRAVESSIA DA FAIXA DE RODAGEM."

Como vê, a passadeira NÃO é uma extensão do passeio como, infelizmente, a maioria dos peões pensa que é e utiliza como tal. Pelos vistos, o senhor também.

Todos sem excepção (condutores, ciclistas, peões) têm de ter uma atitude civilizada, responsável; todos têm de ser responsabilizados pelos erros que cometem. Todos e não só alguns.

Cpts. e bfs.