07/09/2011

Reabilitação Urbana sem Crescimento Económico e sem Atractividade é igual a zero.

Está em discussão a nova Estratégia de Reabilitação Urbana de Lisboa. Como o nome indica, a reabilitação irá aumentar o número de fogos disponíveis na capital, principalmente destinados a habitação, e em menor número destinados a comércio e serviços. Numa fase em que é público o excesso de oferta em relação à procura, e estimado um período de mais de 3 anos para escoar o parque imobiliário existente neste momento, se estivessemos num período de crescimento económico, o que não é o caso, é desajustado falar de reabilitação sem falar precisamente de crescimento económico e atractividade. O resultado será apenas o aumento do número de fogos vazios, e investimentos sem retorno.

As grandes questões são : Como atrair mais pessoas para Lisboa? Como atrair mais empresas para Lisboa de forma a criar emprego? Quais os objectivos da cidade?

Sem responder a estas perguntas, as possibilidades de sucesso de uma estratégia de reabilitação urbana são nulas. Mais grave, já não existem hoje “zonas de refúgio” onde o investimento imobiliário tem retorno garantido, tal como acontecia a cerca de 6/7 anos nas Avenidas Novas, Lapa ou Chiado. Basta estar atento à quantidade de edifícios com apartamentos e lojas por vender à mais de 3 ou 4 anos nestas zonas. Nem vale a pena de falar na Expo, Telheiras, Alta de Lisboa entre outras.

É pois prioritário definir exactamente como vamos fazer crescer a população residente da capital, e com isso encontrar os utilizadores dos fogos reabilitados ou construídos de novo.

Para se perceber a falta de um objectivo e estratégia para a cidade de Lisboa, partilho exactamente o que se passa neste momento em Singapura.

Singapura é uma cidade-estado localizada no extremo sul da península malaia. Tem apenas 710 km2 e cerca de 5 milhões de habitantes. Tem um PIB per capita de 57238 USD o que a coloca no 4º lugar a nível mundial.

Tendo falta de recursos naturais e vulnerável às alterações climáticas, a cidade enfrenta desafios difíceis em relação ao desenvolvimento de soluções energéticas. A reacção do governo foi orçamentar por um período de 5 anos (2009-2013), 566 milhões de Euros, para serem gastos em iniciativas de desenvolvimento sustentável e tornar este sector estratégico para a cidade.

Com a aposta estratégica na indústria das tecnologias limpas, a cidade estima um retorno para a economia de cerca de 3,4 biliões de dólares, e a criação de 18000 empregos até 2015. Singapura está a investir no desenvolvimento do sector das tecnologias limpas que abarca as energias limpas, o ambiente e a água. Em relação à energia limpa, o foco é colocado na energia solar. Acreditam que a especialização nas áreas das engenharias e semi-condutores são uma vantagem competitiva assim como o aproveitamento das horas de sol. Recentemente várias empresas líderes a nível mundial no mercado da energia solar estabeleceram-se no local. A nível da tecnologia relacionada com a energia hídrica várias empresas foram convidadas para estabelecer em Singapura as suas sedes regionais. É isto uma estratégia de atractividade bem delineada, que permite criar emprego a longo prazo. E é isto que falta a Lisboa.

A nossa cidade hoje, não é mais que uma capital com algum enfoque no turismo. Mas ao contrário de Paris e Milão, “capitais” da moda, Londres ou Nova York, “capitais” financeiras, Genebra ou Zurique, “capitais” da gestão de fortunas, Las Vegas ou Macau, “capitais” do jogo, Lisboa não é reconhecida sob qualquer aspecto. Poderá ser no turismo, mas falta-lhe qualidade no nível de serviço. O potencial está presente. Falta o foco.

3 comentários:

Xico205 disse...

Tanta casinha mesmo a jeito para ser ocupada. Parece que os tempos do PREC vão voltar. :)

Quem semeia vento colhe tempestades, e quem ficou na miséria graças aos politicos se vive na rua é estupido. Tanta casa de luxo fechada porque ninguem tem guito pa elas.

A solução passa pela ocupação massiva conforme acontece à muitos anos com as casas da câmara e com as casas dos bancos.

Julio Amorim disse...

Pois, pois,....o "foco" é ela mesma. Porque Lisboa reabilitada de uma maneira séria, seria uma autêntica galinha dos ovos de ouro. Mas a 5:a coluna que sempre nos governou teve outras preocupações Ficamos um bocadinho sem rumo....para quem outrora viajou por mares desconhecidos.

Carlos Medina Ribeiro disse...

Talvez fosse uma boa ideia começar por resolver alguns dos problemas simples documentados [AQUI]...